terça-feira, abril 01, 2008

Matemática, estatística, fracções, um fado e um jogo...

O reencontro com a turminha TurBêturma (6º ano) depois das férias...
Professora tenho aqui um trabalho, posso apresentar?
Professora nós as duas também fizemos um jogo sobre fracções nas férias, podemos mostrar à turma?

Queixo-me de muita coisa na educação
Não me queixo de falta de surpresas nem de monotonia nas aulas, não me queixo dos alunos, dos pais dos meus alunos.
Sou uma pessoa com sorte, estrela no caminho, anjo da guarda, sei lá, qualquer coisa assim.

Começou a T (blogue pessoal recentemente criado em http://conversaseconversetas.blogspot.com/)...
Sabe professora, como eu gosto de fado, resolvi fazer o trabalho de estatística sobre um CD da Ana Moura que é a minha cantora favorita...

(Esta história começou bem antes... Podíamos recuar ao dia, ainda no 5º ano, em que naqueles momentinhos muito doces e nossos, um grupo de alunas da turma se deixou ficar comigo para as conversas de intervalo. Podemos mostrar uma coisa à professora? Elas sabem que já cantei, que canto, que continuo a gostar de o fazer. E cantaram... E eu fiquei presa ao chão e pedi que repetissem... e registei na teia o momento. E a T partilhou esse registo com amigos e familiares. Aos poucos, com mais uns projectos desenvolvidos ao longo do ano, fomos valorizando estes encantos e sonhos, estas aptidões, em momentos vários - um deles, o de escrita colaborativa com o poeta JoãoPedro Mésseder - que envolvia canções de Zeca, dos Trovante e até a Canção do Mar... Este ano a partilha de um reportório cada vez maior onde o fado se vem instalando na T como clara vocação apoiada pelos atentos e carinhosos pais.
Antes de partir para as férias da Páscoa, a T partilhou connosco algo belo que lhe enchia a cara de brilho e sorrisos: sabe professora, eu fiz anos e os meus pais fizeram a surpresa de me levar a jantar à casa de fados da Ana Moura. Quando fomos pedir autógrafos a minha Mãe disse à Ana que eu cantava. O guitarrista e a outra fadista ouviram e quiseram que eu cantasse. E essa deu-me o xaile dela. Cantei com elas e sozinha e as pessoas aplaudiram muito. Sabe, professora, a fadista explicou-me que havia uma tradição no fado: quando alguém passa o xaile a outra cantora tem de passar a ser a sua madrinha do fado. Agora já tenho uma! E depois indicaram aos pais a melhor professora de fado da Europa e eu vou começar a ter aulas com ela em Lisboa uma vez por semana...
Comovi-me... porque a T, agora com 12 anos, continua a menina empenhada, humilde e excelente colega que sempre foi. Sei que ouviremos um dia falar dela. E que provavelmente se tornará médica e cantora...)

Regressando ao fio da partilha de hoje...
A T mostrou o seu trabalho sobre estatística, falando de como tinha aproveitado os tempos de duração das músicas para fazer um gráfico 3D e um trabalho escrito com os conceitos mais importantes e os cálculos para determinar a duração média de cada canção...

Preparava-se para ir embora, mas eu não deixei: nem penses que te vais assim tão facilmente. Riu, percebeu logo o que eu queria. Queremos ouvir-te cantar um fado da Ana Moura como conclusão da apresentação do trabalho. Não é turma?

Ainda não eram 8:30 da manhã... voz não aquecida. Escutem com atenção.



Logo de seguida a R e a I apresentam o seu complexo e bem elaborado jogo que fez sucesso entre os presentes. Regras claras, muito bom material a acompanhar. Aproveitámos logo ali as perguntas feitas pela dupla para iniciar um momento de revisão da matéria... Eu deliciada a olhar, a escutar, e já com uma saudade imensa que antevejo nos tempos de conjugação futura sem a presença deles, que pressinto nos tempos em que passarão para outros colos.
Vai-me custar. Custa-me sempre.
Tento aproveitar cada minuto com eles até ao fundo do copo. Desde o primeiro dia em que os acolho no regaço. Não existirão arrependimentos depois... só mesmo a portuguesa saudade.




Se acabou por aqui?
Não... era dia das mentiras e eu havia combinado com os alunos do apoio de ontem (e mais os que o frequentam voluntariamente) algo para fazer à turma...
Outro momento especial que terei de contar noutra página.
Hora e meia de encantos a que se seguiu hora e meia de mais encantos, desta vez na aula de Ciências com os mesmos alunos, seguida de mais quase uma hora de mais encantos com a GTurma, praticamente sem intervalos de permeio... a que se seguiu tentar captar parte dos encantamentos do dia aqui na teia, a que se seguirá reunião à tarde do Plano de Matemática...
Não fosse quem manda em mim achar que não temos direito a tempo para aprofundar as relações e os encantamentos, a vida na escola poderia, em alguns casos (como o meu) estar próxima da perfeição...

4 comentários:

Anónimo disse...

Que bom que é passar aqui na tua teia, ver e sentir o que os pequenos miudos e tu fazem, e como transformam a vida e o seu espaço numa grande casa comum para aprenderem com tanta entrega e afecto.
É fácil perceber os sorrissos com que ficam os teus alunos quando vão contar aos pais ou aos amigos como lhe correu as aulas de matemática.

Ouvi a tua aluna a cantar o fado, e tem dentro dela um grande talento.
Vou deixar aqui uns versos da minha fadista preferida Mafalda Arnauth da música "Os meus lindos olhos"

"Meus lindos olhos, qual pequeno Deus
Pois são divinos, de tão belos os teus.
Quem os pintou, com tal feição
Jamais neles sonhou criar tanta imensidão.
...
Este fado que aqui canto
Inspirou-se só em ti
Tu que nasces e renasces
sempre que algo morre em ti
Quem me dera poder cantar
horas dias, tão sem fim
quando pedes só pra mim
Por favor só mais um fado."

Para a Prof Teresa e para os seus alunos.

Teresa Martinho Marques disse...

sorriso agradecido...

Beatriz disse...

Bem a Telle canta tão bem.

Teresa Martinho Marques disse...

Oh minha querida Gabia, que bom ver-te aqui! Estás uma verdadeira blogueira a passear e a comentar! Beijinhos!!!