quarta-feira, maio 31, 2006

ECD - adenda

Deixo aqui o documento-síntese que esteve na origem do desafio lançado no fim de semana (foi feita a solicitação no Aragem).
Será preciso ter em conta que se trata de um roteiro orientador resumido (o debate ampliou a abrangência dos aspectos focados, estendendo-os para além do aqui referido e incluindo outros olhares) que leva em conta a visão do seu autor - já estava redigido aquando da ideia do desafio- completada a posteriori com outros contributos que nela se enquadravam.
Não é um documento acabado (o tempo foi escasso). (Está já na posse da M.Ed. por solicitação desta após o debate.)
Agora é preciso fazer crescer a argumentação e unir esforços no sentido de combater os absurdos desta proposta de ECD.

http://www.saborsaber.com/ECD.doc

Teia de força

Pois... o que dá ter um Herr Macintosh na teia é a descoberta de pequenas magias digitais...

Vejam esta:

Vão até http://blog.wired.com/monkeybites/ e depois procurem Site Tag-O-Graphy.

Sala at the Aharef blog has created a Java applet that will give you a visual representation of your site's HTML tag hierarchy. The graphs use colors to represent the different HTML tags (blue for links, green for divs, yellow for forms) that your site uses to lay out your content. It's a useful tool for seeing how your site is arranged. And, um... also how many tables you're still using, tsk tsk.

Aqui poderão encontrar a teia "de força" que ajudam a construir...

VER

Tempo de teia é assim... e evolui (experimentem com as vossas páginas!):


terça-feira, maio 30, 2006

Para aclarar a discussão...

Imprescindível.


outróòlhar

com luz por dentro em

http://escvef.com.sapo.pt/ECD.doc

Elo(s)

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www.terrear.blogspot.com - TERREAR
Desde Abril mais uma voz. Mais um professor. Mais um elo nesta cadeia forte.
Outra teia cúmplice para ouvir com atenção.

Tem aberto portas para dar voz a outras vozes, por outros caminhos.
Hoje, terça-feira, vai ser a nossa voz.

Foi esta a razão do desafio.
Sendo apenas o primeiro dia do resto das nossas vidas de professores e, por isso mesmo, ainda tão pouco, foi o possível em tão escasso tempo...
Estaremos por lá. E teremos de continuar a estar (por todo o lado) nos dias que se seguirão.
Sempre.


"ME apresenta novo Estatuto - O TESTE FINAL

Uma profunda revolução paira nos modos de regulação da actividade docente. Como é público desde 27 de Maio, o ME apresentou uma proposta de novo estatuto profissional. Prevê-se o fim da carreira única, a criação de duas categorias de professores (os professores e os titulares), prova nacional de acesso à profissão, provas públicas de acesso à categoria de titular, forte restrição de acesso (apenas um terço dos docentes podem ser titulares), redução de escalões (3 em cada categoria), avaliação de desempenho anual de inspiração semi-burocrática, aumento da carga lectiva para os professores do secundário, diferimento das reduções para os 50 anos, diminuição de horas de redução por tempo de serviço (de 8 para 6), fim de compensação monetária por exercícios de cargos, desvalorização objectiva das lideranças intermédias, reforço dos dispositivos de autoridade, criação prémios de mérito, contingentação de atribuições de avaliações mais elevadas. Numa palavra: o exercício da profissão docente vai tender a ser ainda mais complexa, mais intensa, mais simbolicamente desqualificada, mais caótica, mais conflituosa (na disputa dos bens escassos), mais des solidária, mais competitiva, mais individualista, mais burocrática, mais impossível.

Digo-o com a autoridade de quem, desde há trinta anos, vem defendendo (na acção concreta, em intervenções públicas e múltiplos escritos) que é preciso pôr termo à tentação do rebanho, acabar com a cultura do ‘mínimo burocrático’, com a funcionarização proletária, com o desleixo e a impunidade. Que é preciso valorizar e promover os melhores, as lideranças com capacidades transformacionais, reforçar a presença e a voz dos pais. Que é preciso reconhecer e promover o mérito mas numa lógica da confiança, transparência e auto-regulação.

A proposta que está em cima da mesa tem, certamente, alguns fios que merecem uma aceitação exigente. Mas, em nome da educação das nossas crianças, em nome da dignidade profissional, em nome de um clima mobilizador, era bom que muitas das disposições mais gravosas fossem revistas.

Para os professores, este é o teste final. Que vai exigir o máximo de lucidez, unidade e exigência. Porque o jogo que se configura bem pode ser o último de uma profissão." (José Matias Alves)


imagem: office clipart

segunda-feira, maio 29, 2006

ECD - O que faz falta...

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... é, pelo menos uma vez, dar as mãos e tecer uma força conjunta e inteligente (inteligível) para combater os absurdos de uma proposta, sem deixar de ajudar a construir uma mudança de visão que nos permita ser melhores, desejar ser melhores e conseguir ser melhores.

No ARAGEM, continua a tecer-se a argumentação de cada olhar para uma visão comum que possa chegar mais longe. Este desafio será até ao final da tarde de hoje. Mas já lá foram colocados outros desafios...

Dar as mãos, portanto, faz falta.
É, diria, absolutamente URGENTE.


office clipart

domingo, maio 28, 2006

Desafio - proposta de ECD

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Se puderem, vão até ao ARAGEM
para responder a um desafio que lá deixei...
(Desculpem a imposição de prazo. Desta vez tem mesmo de ser.)

Este é um momento crítico e teremos de fazer ouvir a nossa voz.

Avancem, pois, e digam de vossa justiça.

Prémio Nacional de Ilustração - Gémeo Luís

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Hoje o Público tem uma notícia (p. 42 - Cultura) que quero trazer para aqui. Vão perceber porquê.

O livro O Quê Que Quem, ilustrado por Gémeo Luís, venceu o Prémio Nacional de Ilustração relativo a 2005. Com texto de Eugénio Roda, a obra é bilingue e a versão em inglês é da autoria de Ana Saldanha, escritora de livros para crianças.
Gémeo Luís tem 41 anos e é professor na Faculdade de Belas-Artes do Porto e na Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos. Em 2002 e 2003, obteve menções especiais deste prémio pelas ilustrações de Grávida do Coração, com texto de Paula Pinto da Silva (Campo das letras), e O que é um Homem Sexual, escrito por Ilda Taborda (ed. Colégio Primeiros Passos).
Recorrendo a técnica de recorte em papel kraft, o trabalho do ilustrador, natural de Maputo, resulta em imagens dinâmicas e que não seguem de perto a narrativa que acompanham. A ilustração deve criar diálogo com o texto e desafiá-lo, não pode ser seguidista, tem de manter uma narrativa própria", disse ao PÚBLICO. "gostos de lançar novas pistas ao leitor e de trabalhar no domínio dos etc."
A edição do livro premiado (Ed. Eterogémeas) é também da responsabilidade de Gémeo Luís, que assina igualmente o design gráfico, aí com o seu verdadeiro nome: Luís Mendonça.
O Prémio Nacional de Ilustração é atribuído pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas, em colaboração com a Associação Portuguesa para apromoção da Literatura Infantil e Juvenil, desde 1996, "para incentivar o trabalho de artistas no domínio de livros para crianças em Portugal". (...)

Rita Pimenta
Público, 28, MAio, 2006

Parabéns Luís!
Parabéns Emílio (Eugénio)!

(Lembram-se de ter falado dele na teia e da sua apresentação na nossa escola? Não?
Então vão até aqui.)

sábado, maio 27, 2006

Agenda dos dias que foram...

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Ponto da situação... para viver Domingo quase sem recordações, deixando-as aqui como oferta para que sejam recordações de outros.

- A preocupação a confundir-se progressivamente no tempo com a alegria, cada vez mais desta e menos daquela. Segunda definitivamente saberemos se o empenho e tempo postos na ajuda à cura têm o final feliz desejado.

- O mesmo para outro bichinho de que não falei... e pensei que perdia. A minha Chinchila macho padece de uma condição dentária crónica que requer atenção/medicação permanente e, pelo menos uma vez por dia, alimentação suplementar com seringa. Foi uma má semana e o peso desceu vertiginosamente. Pensei ter chegado a hora de decisão... mas com paciência vencemos mais esta crise e hoje parece bem melhor.

- Breve reflexão: o professor é por natureza um curador? Um médico de almas? Ou é vício meu esta aflição permanente, esta tendência para o natural esquecimento do que preciso e concentração naquilo de que os outros precisam? É do ser professor? Será de mim? Preciso tanto de ver todos bem à minha volta... É condição para a felicidade dos dias.

- Os gatinhos vão-se despedindo um a um e encontrando as casinhas de que precisavam. Quase dois meses depois. A tarefa não tem sido fácil. Mas quem disse que o fácil é que é bom? A Pantera ajusta-se à casa, parece feita à medida... guardaremos essa decisão para quando for o tempo certo. Primeiro haverá que garantir que não voltará a andar perdida pelos caminhos, barriga cheia de vida com futuro de morte garantido. Trataremos do que for preciso. Depois acho que sei o que vai acontecer.

- Professora, podemos usar a aula de FC para em conjunto decidirmos a música que vamos colocar no blogue? Podem sim. Foi um prazer ficar sentada e assistir à forma madura e organizada como delegado e delegada (de sub não tem nada) orientaram a turma nesse percurso de sugestão - registo de ideias - votação. Exercício de cidadania ao vivo. Que melhor conteúdo? A Diana Krall constava na lista (acho que a culpa é minha). Ganhou a Melanie C, mas fomos logo verificar se era possível. Não era. É disco recente. Ficou Roger Blunt - You're beautiful. Outras competências-universo TIC.
São lindos. Vocês são realmente lindos. Vou ter uma saudade imensa dos vossos sorrisos nas minhas aulas... Mas já estou a preparar-me para não vos largar. Se tudo correr como desejo, mudarei para a casa do Centro de Recursos com as minhas horas de estabelecimento e as supervenientes... e vamos viver outras aventuras. Mas juntos, sempre juntos. Quero ver-vos crescer de perto...

- Na aula de AP continuámos a preparar com carinho a festa de dia 19, dedicada aos pais... Acertámos agulhas, ouvimos, ensaiámos... Vou ter de acertar tempo hoje, tenho passado parte da manhã a "ouvir e a acertar". Ainda não consegui. Lá em baixo o portátil trabalha sem mim. Só depois posso gravar os 40 CDs (não revelo mais, que há pais aqui na teia e a surpresa é a alma do negócio!)

- Avaria no PC resolvida por minha conta. Satisfação pela conquista. Ego para cima depois de algum desespero.

- Conselho Pedagógico curtinho... um milagre que me soube bem.

- Aula de apoio. Os miúdos gostam e regressam. Avançamos e a professora diz da Dina que parece outra nas aulas. Ainda bem. A minha falta de crença nos apoios regenera-se. Às vezes é possível. Mas depende sempre do elemento humano...

- Pelo meio livros, palavras, música. Borboletas, regas, cuidados. Cerejas sobradas. Amoras. Amor. A energia inspirada... A escrita, sempre a escrita. A poesia. A cabeça em efervescência sempre. A alma também. Mil vidas. Quem me oferece mil vidas? Todo o tempo do mundo? Tenho tanto que fazer. Tanto ainda por criar!

- Matemática em prática, as aulas desta semana. Trabalho em grupo, muitos problemas para resolver. Ontem foi tão doce ver os alunos a apresentar formas diferentes de resolver um problema não fácil... Numa aposta de totoloto (2€) o Luís entrou com 1,50 € e a Ana 0,50 €. Ganharam 450 €. Como distribuir o prémio? Deliciei-me a ouvi-los. Alguns tentaram a proporção, mas não era fácil. No fim depois de todas as formas de resolução validadas, uma aluna corrigiu a proporção e, finalmente introduziu os 2 € nela. Os outros usaram caminhos interessantíssimos a provar que o que interessa não é o conteúdo exacto do contexto em que o problema surge, mas a forma como se relaciona o que já se sabe... Não consigo reproduzir aqui sem vos maçar, mas surpreenderam-me com tanta criatividade... Professora, o Luís entrou com 75% da aposta e a Ana 25%, portanto era isso que tinham de receber, essa percentagem do prémio. Professora o Luís entrou com 3 quartos do preço e a Ana com 1 quarto (mas isso é o mesmo dizia o primeiro, o das percentagens) portanto dividi por 4 o prémio e dei três partes ao Luís e o resto à Ana... Professora agora já sei a proporção! É 150 está para 200, assim como 450 está para o dinheiro que o Luís tem de receber. Depois é só dar o resto à Ana. Professora, eu dividi ao meio o prémio como se recebessem o mesmo. Mas não podia ser e então dividi outra vez ao meio e depois é que dei três vezes 112,5 ao Luís e o resto à Ana. Porquê? Desafiei... discutiram... porque se fossem 4 moedas de 50, o Luís tinha usado 3 e a Ana só tinha usado uma... Uff

Foi uma bela maneira de terminar a semana (aula das 17 às 18:30, sexta, calor abrasador, algumas naturais quebras de ritmo, mas saldo tão tão positivo.)

A semana que passou... Mais uma no meu rol de colheitas perfumadas e doces. Esta semana já ninguém me tira.
Tudo o que foi mora no coração para sempre.

(Mas prendo tudo primeiro numa Agenda muito especial, cheia de doces palavras de Rubem Alves, e depois aqui na teia, antes que a cabeça dê lugar a mais chocolates por chegar...)

sexta-feira, maio 26, 2006

Adenda: Quem me ama, sabe...

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O Pai enviou-me estas fotos...também ele se perde, pois. Filha de peixe...
As das cegonhas são especiais, pois foram tiradas no "jardim" do meu mano na Guarda (há anos colocaram um poste e um estrado... teceram as promessas e seduções bem tecidas e este ano, finalmente, a surpresa da aceitação. Um dia conto a história melhor...) Esta família é toda assim... estão a ver o porquê?


Fotos de EdMartinho

Do que eu gosto...

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Não gosto de anéis, jóias, carros, roupas caras...

Sou uma aranha simples que aguarda na teia por prendas especiais que alimentem o melhor de si.





As imagens que o meu Cara-Metade traz de viagem para depositar na minha teia, sabem ao sabor bom de quem sabe o que oferecer. De quem pensa em mim quando tantas vezes não posso estar...
Hoje saíu por breves instantes e regressou com supresas.
Sou uma aranha, mas não lhes faço mal. Alimento-me delas apenas no essencial. Permanecem vivas no mundo.

(Não conseguimos identificar. Enviámos à TAGIS foto. Alguém sabe o que é?)

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Pyronia cecilia

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Vanessa cardui




Sou uma aranha simples que aguarda na teia por prendas especiais que alimentem o melhor de si.
Belas imagens chegam para me colorir o dia...

um beijo
flores
(crianças com sede de mundo)

música
e livros.


Quem me ama sabe.

quinta-feira, maio 25, 2006

Comendo e dormindo (e lendo...)

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Gosto da história zen em que o discípulo perguntou ao mestre:
"Mestre, como se põe a iluminação em acção? Como se pratica na vida diária?"
"Comendo e dormindo", respondeu o inquirido.
"Mas, mestre... toda a gente come e dorme."
"Sim, mas nem todos comem quando comem e nem todos dormem quando dormem."
É daqui que vem o famoso provérbio zen:
"Quando como, como, e quando durmo, durmo."

O livro tibetano da vida e da morte
Sogyal Rinpoche


E quando leio, leio.
Boa noite. Não esperem mais de mim hoje. Preciso de ir.
Promessa de prazer que me fiz: tenho um livro para ler...

quarta-feira, maio 24, 2006

Uma lagartinha é apenas lagartinha...

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Depois de uns dias meio insanos de imenso trabalho (que vão continuar ao mesmo ritmo), acompanhamento do meu gatinho (que vai melhorando de dia para dia... mas ainda sem se saber se definitivamente - só mais tarde com novas análises - e agora com dois momentos de verdadeira guerra durante o dia: a toma dos medicamentos, e vários momentos de passeio pela trela para que feliz regue e queime as minhas plantinhas e eu possa controlar o estado de funcionamento do seu sistema urinário - que falhou...) e o quase colapso do meu PC que perdeu o acesso à net, depois de uma tentativa de instalação de um antivírus devorador de bichos e ficheiros do sistema a que se haviam prendido (hoje resolvi ir para os fóruns dos esclarecidos, depois de tudo tentado e falhado, em busca da correcção do erro que me era anunciado. Menos mal, compensou o tempo. Consegui chegar a bom porto com uma coisinha chamada Winsockfix e a minha cabeça e a internet voltaram ao lugar. Mais a internet que a cabeça... "síndroma do pensamento acelerado", conhecem?) lá consegui reencontrar alguma paz, breve, mas paz. (Mas que parágrafo enorme, não se perderam? Eu quase me perdi!)

Felizmente consegui criar disponibilidade interior para comer umas cerejas do Japão, umas amoras e descobrir que do ovinho já nasceu a primeira lagartinha de papilio machaon. A reportagem havia ficado prometida. Assim, aqui deixo cerca de 4 mm de vida com promessa de voo. Desenhadas, as lagartinhas, para parecerem um dejecto de passarinho. É o que lembram assim pretinhas e com aquela pinta branca. Os predadores deixam-se enganar (embora nem sempre... desejo-lhe sorte, pois não a vou recolher). Comove-me a magia simples da natureza.



Dou comigo a pensar: que complicados se tornaram às vezes os nossos dias... (Sem mágoa, porque reconheço tantas virtualidades coloridas em tudo o que vou aprendendo e fazendo...)


Aí, de repente, a Matilde do Canto do Vento deixa-me esta prenda de Fernando Pessoa – Alberto Caeiro num comentário doce junto ao ovinho de há uns dias atrás, agora inexistente, comido por aquela a quem deu colo (o ninho é o primeiro alimento... metáfora saborosa).

"Passa uma borboleta por diante de mim

E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor."



E eu penso (mas não devia sequer pensar em nada):

a lagartinha está mais perto de ser borboleta e não pensa nisso.
Existir sem ter que pensar. Amar sem perguntar.
Ser, sem ter que explicar. Assim estarei hoje. Não me procurem. Às vezes é preciso ser apenas o que se é. De preferência feliz.

Cansada, mas feliz.

terça-feira, maio 23, 2006

PEE, PCE, PAE, PCT: Do vazio das siglas........ à acção possível (4)


Pois... Esqueçam os temazinhos para o colorir, para o disfarçar de quase nada, (com o argumento da unificação), que se tornam grilhões às vezes roçando o absurdo.
Pensemos juntos... o que queremos para as nossas turmas, os nossos meninos? O que nos diz o bom senso? Que melhor pensamento comum que o de desejar (e ajudar a concretizar) o maior e melhor sucesso para todos, medido como se pode (que nestas coisas os critérios e os indicadores são o que são), tendo por base um currículo sem rosto no qual se desenha uma face: a da nossa turma? Entendendo este sucesso, é claro, de forma global e harmoniosa. É preciso que eles cresçam o melhor possível em todos os sentidos, enquanto estão à nossa guarda, e conquistem armas para poderem continuar a fazê-lo sem nós. Isso será realmente um PCT onde todos os implicados devem ter participação activa e assumir os compromissos estabelecidos.

Os "papéis/materiais" que se divulgam na actualização do SOS podem ajudar ou não... mas não fazem o trabalho por nós. Tenham isso sempre presente.


Ficam as ligações:

PCT - índice de apoio


PCT- 2ºC

PCT - 3ºC


Caracterização da turma - Ficha CRIAPASA

Tratamento de dados da caracterização - pág1

Tratamento de dados da caracterização - pág2

segunda-feira, maio 22, 2006

PEE, PCE, PAE, PCT: Do vazio das siglas........ à acção possível (3)

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Plano Anual de Escola

No livro Gestão Escolar – Participação.Autonomia.Projecto Educativo da Escola, de Jorge Adelino Costa, Texto Editora, podem encontrar uma proposta possível de índice de conteúdos (adaptado de Mur e Riu, 1989), embora com necessidade de actualização.

Só para dizer que o Plano Anual de uma Escola, pensemos lá, não pode ser a (tão habitual) colagem de actividades extracurriculares e visitas de estudo propostas pelos Departamentos... Pois não?

Então por que razão quase sempre nos referimos ao PAE como sendo apenas isso?

O PAE é, afinal, exactamente aquilo que acontece em cada ano numa escola, por todo o lado dela. É a sua respiração anual, o que a mantém a funcionar e bem viva. Está disperso por uma série de documentos/dossiers que materializam as opções desse ano particular (planificação das aprendizagens, horários, professores, formação, orçamentos, projectos específicos, apoios educativos , plano de ocupação, directores de turma, funcionários, calendários de reuniões, parcerias, eventos e visitas de estudo previstos, constituição dos grupos disciplinares, clubes...). Em suma, tudo o que realmente constrói esse ano, dando-se assim cumprimento na prática à orientações expressas no PCE e levando a escola a aproximar-se, faseadamente, do futuro ambicionado que inscreveu no seu PEE. (Sendo desejável que estes dois documentos tenham uma expressão mais empírica do que teórica).



Por outras palavras. Não é preciso ter um papel (lista) a que chamamos Plano Anual para provar que se tem um. É preciso ter a escola a funcionar no bom sentido.
É claro que é uma boa ideia estruturar, prever, organizar a construção de mais um ano, de forma sensata e realista, com a pitada de sonho necessária ao tempero dos dias. Mas concentar a aflição numa lista que vai e vem até ser aprovada em CP lá para Outubro ou Novembro... (Dezembro?), parece algo absurdo. A escola, quando (re)abre as portas, já preparou grandemente esse ano no final do anterior... faltará apenas acertar alguns pormenores e trabalhar os sabores inesperados.


(Escola que não tivesse PAE ofereceria silêncio em Setembro...)

domingo, maio 21, 2006

Notas soltas de Domingo...

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O primeiro ovinho:



Para quem tem acompanhado a aventura das minhas borboletas, eis que descobri hoje dois ovinhos de papilio machaon (só que depois perdi de vista o segundo... tão pequeninos, cerca de 2 mm). Pela cor (pinta castanha e anel em volta) faltam poucos dias para eclodir. De amarelo muito clarinho no início, vão passando por várias fases até ficar muito escuros, próximo do momento de eclosão da lagartinha.
Este ano, com menos tempo, talvez não recolha ovos para criar no borboletário... Deixarei as estatística da natureza funcionar... as que se aguentarem irão sendo fotografadas in loco.
Não está muito numerosa esta postura de Primavera, correspondente à primeira geração (costumam ser três gerações - três momentos de postura, quando o clima é favorável). Ou talvez não se tenha iniciado ainda verdadeiramente.


Sabor e Saber

Actualização (atrasada) uma semana depois do que me havia imposto (semanalmente). Mas o tempo não chega para tudo. Talvez seja uma meta mais realista apostar no "quinzenal"... Pelo menos até sobrar algum tempinho.

Sala 16

Em grande actividade. Publicados os últimos textos. Mais para vir. E uma novidade. Uma aluna do A-Team ganhou o 1º Prémio do concurso de poesia da escola. Parabéns Ana! Vamos divulgar o poema na Sala 16.


Cerejeiras e Amoreira

A cerejeira grande já teve cerejas, pois já... Os melros descobriram o petisco. Este jardim é uma festa. Comem eles e eu fico a olhar. Gosto de os ver no jardim. Banho, minhocas, fruta. Encontram banquete e atendimento de luxo. A culpa não é deles... Eu se fosse melro também aproveitava.
Mas das cerejas da cerejeira do Japão parece que não gostam. Gosto eu! E as amoras? Há que chegue para todos seus gulosos!

sábado, maio 20, 2006

Havia uma flor...

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Desde as 5 a cuidar da vida em torno de mim.
Toda ela. Do jardim aos amigos espalhados pela casa. Da alma ao outro para além de mim. Dou.
No silêncio e no escuro da quase manhã, sensação de privilégio.
De alegria infantil. Tanto tenho. Por isso tanto posso dar.
Bebo algumas músicas para iluminar o dia. Recolho cerejas, morangos e poemas.
E sirvo-me das palavras de outro para dizer o que quero dizer.
(Porque hoje é sábado.)




Havia uma flor!
Nem eu sabia
onde é que a flor havia
mas tanto fazia.

Talvez houvesse
onde ninguém soubesse
ou fosse uma flor de estar a haver
só na minha imaginação,
ou não fosse uma flor, fosse uma canção.

Nem a flor sabia
que existia.
em qualquer sítio, sem saber, floria.
E se fosse uma canção cantava e não se ouvia.

E isso acontecia
no meu coração.
Não sei se era uma flor se uma melodia,
era qualquer coisa que havia,
e cantava e floria
dentro de mim sem razão.

ia pela rua e ninguém diria.
As pessoas passavam
e eu dizia:
"Bom dia!"
E ninguém suspeitava
o bom dia que fazia
em qualquer sítio
que dentro de mim havia!
Só eu sabia e sorria,
Levando-te pela mão.


Manuel António Pina
O TÊPLUQUÊ e outras histórias
Edições Afrontamento

sexta-feira, maio 19, 2006

PEE, PCE, PAE, PCT: Do vazio das siglas........ à acção possível (2)

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Não se iludam com tudo o que forem encontrando por aqui.
Impus-me algum dever de sistematização, mas não perco de vista o que é essencial: a Escola, a sua cultura muito própria, a sua forma especial de respirar, "apesar" dos papéis que ambicionam orientar a sua acção.
Eu sei que não são os papéis. Nunca foram. Já ando há anos suficientes "nesta vida" para não acreditar no suave milagre das palavras escritas e arrumadas dentro de gavetas.

Por isso ainda sonho com o sermos capazes de um sonho. Um sonho que se pudesse capturar num papel muito simples. Como se fosse um poema que todos conseguissem ler e que se levasse bem no coração, no bolso e na memória. Isso seria um Projecto Educativo comprometedor da acção, por se reduzir à essência e se despojar de tudo o que fosse ambíguo, desnecessário, cansativo.
Um projecto Educativo que fosse assim uma espécie de pássaro azul (Maria Rosa Colaço sabia: o amor é um pássaro azul... e o filme perdido pelo passado com a Shirley Temple, também sabe da magia de que falo nessa busca pelo pássaro azul da felicidade). Deixo-vos, no final, uma imagem do que poderia ser esta libertação pela entrega a um sonho... Para que não seja só o cinzento a pairar nos vossos olhos. Não seria a minha teia sem esse mimo final que oferecesse algum repouso ao olhar e à alma na porta de saída.)

O PEE como sonho. O PCE como orquestrador da prática.
E aqui volta a querer-se o bom senso, a adequação às intenções, a coerência clara e límpida do que é verdadeiramente essencial e promove a mudança que se sonha.
Por mais guiões, textos de apoio, livros lidos que se acumulem à nossa frente... não querer equivale ao cumprimento frio das obrigações incontornáveis e ao desleixo das que ficam no limbo do não observável, do não avaliável.
Equivale a nada.

Por isso, o que se segue, nada será sem esse querer conjunto, o mais alargado possível. Esse comprometimento envolvido, sem o qual a acção nunca passará de acumulação de retalhos em manta que nem sequer ficará bonita.

Podem dizer-me que os tempos não ajudam. Concordo (há dias em que me apetece, até a mim, mudar de profissão, de direcção...). Podem dizer que tudo tem sido feito para nos recolocar no casulo de um isolamento triste e revoltado que não produz sinais de esperança ou luta. Concordo, mas aí tento, como posso, pôr a nossa voz no mundo. Dar nome ao melhor que vamos fazendo. Vejo muitos a fazê-lo. É uma força que nos damos uns aos outros.
Desistir não pode ser verbo colado às mãos dos professores.
Se houver realmente uma hipótese de conquistar alguma autonomia, uma pequenina hípótese que seja, então temos de a agarrar com unhas e dentes. Transformar papéis estéreis em vontades claras e tão bem argumentadas que obriguem os outros a ver o que nós vemos.
Mas temos de ver alguma coisa... todos... (pelo menos a maioria).
Ou definharemos.

Posto isto, fica claro que o que se segue é muito menos do que nós somos. Do que a escola pode e devia ser.
Tal como foi dito nos comentários à última entrada... realmente as escolas são obrigadas a fazer aquilo que quem tutela não faz nem apresenta: um Projecto Educativo, uma visão pensada e reflectida, com todos os parceiros, para a Educação no nosso país. (Este é outro sonho).



Como construir um Projecto Curricular de Escola?(Adaptado de Roldão, 1999)


GUIÃO PARA PROJECTO CURRICULAR DE ESCOLA (M. C. Roldão)

1. Definição clara da ambição estratégica que estrutura o projecto (em ter­mos da especificidade da oferta face à população).
1.1. Que pretende a escola alterar no período do projecto?
1.2. Em que direcção e em que campos vai investir especialmente?
2. Indicação clara de algumas opções e prioridades curriculares (2/3) tradu­zíveis em melhoria das aprendizagens (cognitivas, sociais, metodológicas, etc.).
3. Explicitação das aprendizagens específicas que esta escola pretende integrar no currículo nacional.
4. Indicação clara da concretização de estratégias previstas – Como vão fazer?
4.1. a nível da escola e das aulas, no plano curricular;
4.2. a nível organizativo/funcionamento;
4.3. a nível dos espaços e dos tempos;
4.4. a nível do trabalho conjunto dos professores;
4.5. a nível de formação – interna e externa.
5. Previsão de resultados esperados em termos de melhoria da aprendiza­gem dos alunos.
6. Previsão/explicitação dos mecanismos de avaliação/verificação/controlo:
7. dos processos desenvolvidos;
6.2. dos resultados da aprendizagem;
6.3. das práticas dos docentes.

7. Calendarização de tempos e modos de apreciação e reformulação do desenvolvimento do projecto – previsão dos intervenientes.

g e s t ã o c u r r i c u l a r
F u n d a m e n t o s e P r á t i c a s

Maria do Céu Roldão


Outro Guião
Proposto no Fórum do DEB aquando do início da reorganização curricular (secção das perguntas mais frequentes)

Objectivo do PCE - Adequar o Currículo NAcional À EScola (definição das prioridades curriculares), sendo o suporte para a elaboração dos PCT's
Responsabilidade - Do Conselho Pedagógico
Conteúdo:


OPÇÕES CURRICULARES

  • Distribuição da carga lectiva;
  • Organização das aulas/blocos;
  • Especificações sobre o desdobramento de aulas e o seu regime de funcionamento;
  • Orientações sobre a atribuição, ou não, do meio bloco (a decidir pela escola);
  • Actividades de enriquecimento curricular aprovadas, objectivos e regime de funcionamento;
  • Orientações para alunos com necessidades educativas especiais;
  • Orientações para apoios e actividades de recuperação.
  • Orientações para actividades de recuperação (apoio, sala de estudo, tutoria)

ORIENTAÇÕES PARA O PLANO DE OCUPAÇÃO (acrescentei esta)

CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO LECTIVO, INCLUINDO A DEFINIÇÃO DO PERFIL DO DIRECTOR DE TURMA E DOS PROFESSORES PARA AS ÁREAS CURRICULARES NÃO DISCIPLINARES

ARTICULAÇÃO DAS COMPETEÊNCIAS ESSENCIAIS POR CICLO E POR ANO COM OS RESPECTIVOS CONTEÚDOS DISCIPLINARES (PROGRAMAS/ORIENTAÇÕES CURRICULARES) INCLUINDO AS ESTAPAS E METAS ATINGIR

ORIENTAÇÕES PARA AS ÁREAS CURRICULARES NÃO DISCIPLINARES (NAC) E PARA AS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO GERAIS, POR DISCIPLINA E PARA AS NAC'S E TIC

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO Despacho Normativo n.º 50/2005 (acrescentei esta)


Se é mais fácil assim? Nem por isso.

Por tudo o que já disse...

Mas se deixarmos um pássaro azul acompanhar-nos na viagem... Há uma luz possível.

quinta-feira, maio 18, 2006

PEE, PCE, PAE, PCT: Do vazio das siglas........ à acção possível (1)

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Nunca foi fácil e continua a não ser.

Como ando em círculos, em espirais e em passeios mais ou menos (de)sorganizados, outra vez em torno de tudo isto, partilho apenas alguns documentos dispersos (sem visão crítica, que, por ora, é só o que o corpo aguenta) encontrados perdidos aqui e ali, enquanto vou organizando um dossier com a informação mais relevante.

PROJECTO EDUCATIVO DE ESCOLA, PROJECTO CURRICULAR DE ESCOLA. PROJECTO CURRICULAR DE TURMA. O QUE TÊM DE COMUM? O QUE OS DISTINGUE? Carlinda Leite

Do extinto forum do DEB - Apoio à reorganização curricular, encontrei este guião (divulgado, na altura, na secção de perguntas mais frequentes)

Projecto Educativo de Escola

Objectivo - Definir a política educativa para a escola e para um período de três anos
Conteúdo - Para além da política educativa deverá incluir:


  • A caracterização da escola e do seu meio envolvente;
  • Problemas e potencialidades que possam influenciar as decisões tomadas ou a tomar;
  • Orientações para a construção do Projecto Curricular de Escola.

Textos de síntese com interesse:
Para um projecto educativo
Vítor Manuel Tavares Martins

É vasta bibliografia sobre o assunto em diversas colecções de educação de diferentes editoras. Fácil de procurar também... Não consigo fazer aqui uma lista exaustiva, portanto, estão por vossa conta. Nela podem encontrar-se informações úteis e guiões mais pormenorizados para elaboração de um PEE... mas diz-me a experiência, e quem sabe destas coisas, que quanto mais simples melhor... (menos é mais?).

O importante será o envolvimento da comunidade e a capacidade da escola em manter vivo o seu PEE como instrumento de referência, de forma a garantir a coerência interna das acções explicitadas no Projecto Curricular de Escola que decorre daquele e em cada um dos Planos Anuais que operacionalizam faseadamente as estratégias previstas.

Apropriação. (PEE na gaveta é que não!)

Na velhinha revista NOESIS - IIE ( lembram-se?) Existe um conjunto de artigos com interesse

  • Sugestões para o início da realização de um PEE - Jul-Out 1994 - Maria Beatriz Bettencourt Canário
  • Do projecto Educativo à planificação e gestão estratégica da escola - Jul-Out 1994 - João Barroso
  • A importância da participação na escola e aconstrução do seu PEE - Jul-Out 1994 - Ana Cristina Costa

Há muito mais... mas fico-me por aqui. Por um lado tenho de rever as notas sobre a apreciação/revisão das proposta de PEE em construção na escola e, por outro...
... há quem aguarde os meus cuidados.
Em representação de todos os que reclamam a minha atenção, o Jasmim torna-se visível e desespera sobre o "scanner"... Será que ela não percebe que eu tenho fome?




A seguir virá o PCE...

quarta-feira, maio 17, 2006

Arqueologia dos Sentimentos

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Divulgado no suplemento nº 69, 1 de Maio, do Correio da Educação... apontei-lhe uma seta, por pressentir que precisaria dele... fechei os olhos, acho que pedi um desejo, e pronto... Como por magia está nas minhas mãos. (Sorrio, que faz falta sorrir.)

Não resisti a uma visitinha breve, porque são já tantos os livros acumulados para as férias, que vou matando a sede como posso... Abri-o, portanto, e demorei-me um bocadinho mais do que podia, um bocado menos do que queria...

Adeus, até já meu livro. Quase já. (Será que resistirei? Mas há outros ali que decerto ficarão com ciúmes se me aninhar mais tempo em ti...). Tenho o Rubem à espera... (A Boa Nova dos Dias)

Um bocadinho dentro dele que me soube bem, perceberão porquê, foi este:

Necessidade da arqueologia dos sentimentos (p.17,18)

O que esteve soterrado durante muito tempo pode, um dia, converter-se numa fonte de interesse, de valor, de beleza, de felicidade. É, pois, necessário estarmos conscientes do enorme potencial que constitui, tanto para cada indivíduo, como para a instituição escolar, esse incalculável tesouro dos sentimentos e das emoções. Sentimentos para consigo próprio, para com os outros, para com a escola, para com a sociedade. Sentimentos gerados e desenvolvidos na escola. Sentimentos em relação a todos os que a integram.

(...)

A arqueologia contém uma importante dimensão pública. É que esse património, essa riqueza, não pertence, exclusivamente, a cada indivíduo considerado isoladamnete. pertence a toda a colectividade, a toda a sociedade. Os tesouros apenas o são, devido a acordos consensuais entre quem os descobre, analisa, expõe e contempla.

São objecto de estudo, não apenas os conteúdos das emoções, como também os procedimentos e métodos existentes (e que podem ser inventados) para os conhecer com rigor e os trabalhar de uma forma exigente.

Sentimos orgulho nos nossos tesouros, desfrutamos deles, protegemo-los. O sentir não é a única forma de prazer. Pode também existir prazer no conhecer, no descobrir, no partilhar.

Não faz sentido vivermos de costas voltadas, indiferentes e desdenhando riquezas tão deslumbrantes como os sentimentos e as emoções de todos os membros da comunidade educativa."

Miguel Santos Guerra
Arqueologia dos Sentimentos
Estratégias para uma educação de afectos
Edições
ASA - Março de 2006

E percebam, também, o meu sentimento por este autor. Não tenho pudor de o confessar. Por isso regresso tantas vezes aos seus ninhos de palavras.

terça-feira, maio 16, 2006

Desaprender a ser professor...

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Não sei por que razão me lembrei disto hoje...

Talvez por andar enredada em leituras que me têm feito pensar. Talvez porque sou propensa à inquietação, à insatisfação, talvez porque nos vejo um pouco sem rumo, zangados, e definindo objectos de luta pequenos, uns contra os outros, sem sintonia que se veja. Custa-me esta dispersão de esforços. Não somos completamente culpados quando nos tentam distrair com tudo o que são tarefas burocráticas, sem respeito pela necessidade de tempo no acto de criação de um professor... mas seremos se nos deixarmos ir nesta maré de afogamentos que nos suga a alma toda e cospe o caroço no fim.
Quero acreditar que há um caminho que podemos fazer. Mesmo que não seja fácil. Mesmo que, para isso, precisemos de abdicar um bocadinho de nós para nos colocar no lugar do outro.
Há um caminho, eu sei que há. Tem de haver.

O texto que se segue foi retirado de uma pequena publicação de que fui responsável, durante o funcionamento de uma oficina de formação (sobre desenvolvimento e avaliação de competências, em 2004). Chamei-lhe Sementes, porque era de semear e plantar pequenos possíveis que a nossa união era feita, Foi bom partilharmos uns com os outros sonhos, visões, diferenças, desejos. Tudo permanece tão actual...
O tempo não se recupera, eu sei. Mas sinto uma secreta saudade, admito, de gente disposta a lutar lado a lado por outras formas de olhar as coisas.
Não quero matar esta saudade... portanto, partilho-a e faço-a vossa.
Um pequeno rebento de esperança?



Passar da teoria à prática é um salto complexo, assustador.
São anos e anos de hábitos, uma vida inteira de coisas (aparentemente) no lugar, (aparentemente) certas, feitas de uma experiência pessoal que nos ajuda a manter o rumo, a acreditar que não é possível fazer diferente.


Depois as leituras, a partilha, a reflexão, o desequilíbrio, uma vontade secreta de mudar, de contornar as desculpas, de se entregar a novas aventuras. Sem rupturas, sem exageros. Aproveitando os velhos recursos, a energia de que ainda se dispõe, procurando na continuidade fazer diferente, fazer melhor, pensar sobre o que se faz, pôr em causa convicções antigas, construir crenças simples, novas, com a ajuda dos alunos.
Este é, sem dúvida, o maior desafio da formação: provocar desconforto, levar à acção, ajudar cada um a encontrar novos sentidos para a mudança de ofício.


Recordemos as palavras de um pedagogo brasileiro, Ruben Alves, publicadas no Público - 29 de Abril de 2001 - e chegadas à oficina num dos muitos momentos de partilha. Palavras que nos provocam, que definem um horizonte ainda muito longínquo, mas não nos podem deixar indiferentes:

Ruben Alves é docemente subversivo. O pedagogo brasileiro elogia uma escola de relações humanas e discursos amorosos. Sem currículos, programas, horários fixos e turmas. É a vida e a sua imprevisibilidade que ditam as palavras que desfazem o giz no quadro negro...

“ O corpo carrega duas caixas, ambas essenciais para a vida. De um lado é a caixa das ferramentas, onde estão todas as coisas úteis. (...) Nós não somos seres apenas de utilidades, também carregamos dentro de nós a caixa dos brinquedos. Esse baú guarda o que realmente importa para dar significado à vida humana. Todas as coisas que não podem ser acomodadas na caixa de ferramentas, nem na caixa dos brinquedos, são esquecidas. Porque o corpo é sábio.

(...) os currículos são construídos no pressuposto de que a gente tem de aprender todas as ferramentas possíveis. O que ocorre nas nossas escolas é que houve um momento em que se pensou que os saberes poderiam ser organizados abstractamente num programa e que esse programa poderia ser ensinado numa sequência lógica. Mas a vida não tem sequência lógica. Nós não podemos programar as experiências de vidas. Há, então, um descompasso entre os programas e a vida. (...)

Uma das coisas mais importantes da aprendizagem não é aprender a ferramenta, mas aprender a encontrar a ferramenta quando necessário. Não é possível carregar o tempo todo todas as ferramentas.

(...) acredito que, em qualquer escola, é preciso desaprender a ser professor. Existe a ideia de que o professor tem uma série de saberes e a de que vai transmiti–los. (...)

(...) a escola também deve ser uma forma de compartilhar a vida e, à medida que ela acontece, a gente vai estudando. E, nessa situação, o professor não é mais aquele que sabe de todas as coisas. Todos pesquisam e, frequentemente, os alunos descobrem coisas que os próprios professores nunca descobriram. (...)

A memória é como um escorredor de massa, retém aquilo que é vital e deixa passar o que não tem significado.”

Sei que nem tudo pode ser possível... Mas gosto da doçura deste jardineiro de sonhos...

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segunda-feira, maio 15, 2006

O verdadeiro diário virtual...

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Hoje foi mais ou menos assim:

Manhã no veterinário. Assunto grave. O tempo destinado para trabalhar, sempre trabalhar pelos recantos possíveis adiou-se.
O meu gato Clóvis não está bem e vou precisar de tempo que não tenho.
Até sábado serei comedida.
Perdoem-me alguma ausência, menos visitas. Tenho o coração distante.

As aulas começam ao princípio da tarde. Um prazer, sempre.
Que durou pouco hoje (CP extraordinário).

O 6º A publicou textos novos na sala 16 a partir do Clube de jornalismo. Sinto a despedida a chegar. A autonomia a crescer. É bom e, contudo, já o disse, vou sentir-lhes a falta.
Contruímos algo bonito durante dois anos. Ficará para sempre em nós.
(E nem sonham os pais a surpresa preparada para o final do ano...)

Novo CP para continuar a aprovar matrizes.
Estamos tensos, cansados.
Não foi fácil e às vezes esquecemos que precisamos, mais do que nunca, de caminhar juntos.
Um apelo nesse sentido. O melhor bocadinho.
Tenho de sugerir que se institua a partilha de um poema, um sorriso, qualquer coisa boa em cada uma destas reuniões. Precisamos de nos mimar, (unir?), ou afundaremos sós. Tristes.

E, depois... 2ª reunião:

Eu aplico
Tu aplicas
Ele aplica
Nós aplicamos
Vós aplicais
Eles aplicam


Aplicaremos


E seguiremos em frente em busca do que é verdadeiramente importante.
Depois do dia de hoje, já me bastaria ver-nos remar, mesmo divergindo no sonho, num sentido com sentido para todos.
A nossa maior fraqueza é esta dificuldade em cantar afinados, mesmo a várias vozes, quando as dificuldades apertam...



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domingo, maio 14, 2006

1 mês e 1 semana e meia depois...


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Ao Domingo às vezes parece que gostava de poder descansar assim...


Perdida apenas entre brincadeiras e sorrisos...



Mas há um lado de mim que nunca descansa
porque gosto de cuidar com mimo e com as minhas mãos de tudo o que tenho à minha volta...



essa vida boa que me faz sorrir por fora...

... e também por dentro.

(Mesmo quando o tempo foge.)

sábado, maio 13, 2006

Risos, muitos!

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As imagens de um dia feliz dizem as coisas sem palavras.
O som dos risos pode adivinhar-se...

(Tão bom!)




sexta-feira, maio 12, 2006

Eu ensinei, mas...

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"(...) Acabo de ler num livro que será publicado em breve, com o título O Ego Docente, esta história significativa:
Num congresso sobre o ensino (...) um orador (...) começou o seu discurso comunicando ao auditório um logro impressionante: 'Ensinei o meu cão a falar e tenho-o aí fora.'

Os que assistiam soltaram murmúrios perante a originalidade da proposta e a importância da questão. Todos desejavam ver o que parecia impossível.
'Ensinei-o a falar e está à espera lá fora', reiterava o comunicador muito seguro de si mesmo. Finalmente, saiu da sala e entrou, imediatamente, com um cão. O orador colocou sobre a mesa o animal, visivelmente assustado. Rodeando-o, dezenas de expressões assombradas esperavam que dissesse algo. Os olhares humanos e os do animal cruzavam-se. Do cão não saía uma palavra. Agora os olhares dirigiam-se para o orador, que, imediatamente, esclareceu: 'Eu ensinei-o, mas ele não aprendeu'. (...)"

citado por Miguel Ángel Santos Guerra
No Coração da Escola - Estórias sobre educação
CRIAP ASA 2003

O mérito do encontro com este livro e estas estórias não é meu.
Recolho avidamente cada sugestão de leitura que me é feita.
Quando gosto, partilho.
(Hei-de cá voltar...)

quinta-feira, maio 11, 2006

A cor do dia - adenda de esperança

Olá Prof!
Estamos muito bonitos!;)

Olhe lembra-se daquela "aulinha" que deu sobre os blogs na escola?
Já consegui colocar o clip da música num post!

Beijocas,M

P.S:.Utilizei aquele truque das datas. (O texto da Joana está a ser passado.)

Acabou de chegar este comentário à teia (entrada de ontem).
Porque ontem em AP avançámos na formação sobre os blogs. Querem saber os segredos todos. Links, música, outras dúvidas...Uns digitalizam, outros passam textos, alguns ilustram... Há 9 blogs individuais neste momento, mais uns quantos em perspectiva. A vida não pára e estou a prepará-los para o dia (próximo, tão próximo... ai a saudade!) em que entregarei nas suas mãos a gestão da sala 16. No sétimo ano serão donos e senhores desse espaço e eu terei cumprido a minha missão.
Num instante aprenderam. Uma Mãe dizia-me que de tanto se oferecer para passar os textos dos colegas para o blog, a filhota dá cada vez menos erros de português. Alguém tem dúvidas de que vale a pena? Eu não.

Isto é a cor do dia. E só gostava de ter mais tempo para pintar com ela...

(Estão a ver a vantagem de ter um pássaro na cabeça? Preservei-me e assim ainda consigo descobrir a luz que o dia também tem.)

Basta imaginar...

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Eu hoje não quero dizer do cansaço nem da tristeza de tantas horas gastas sem ganhar algo em troca que pudesse oferecer aos meus meninos amanhã.

É o efeito de reuniões longas, longas, longas... de nos ver e sentir perdidos numa floresta que não tem encanto. Segundo dia no labirinto.

Continuo a recusar que me prendam nesta gaiola cada vez mais apertada.
(Tenho sempre comigo "o pássaro da cabeça" que não deixo ninguém roubar.)

Basta imaginar,
um pássaro para o aprisionar,
e depois imaginar o ar para o libertar
e imaginar asas para ele voar
e imaginar uma canção para ele cantar.

Manuel A Pina - O pássaro da cabeça


Suspiro de alívio: consegui ser princesa, passeei num jardim que não era meu, assaltei navios, saltei de história em história. Resisti, mais uma vez, ao cinzento. Como me foi possível. E contem comigo amanhã para recusar o que nos querem fazer.
Encontrar formas de sobreviver ao dia, sim. Adormecer é que não.
Eu sonho, imagino e viajo de olhos muito bem abertos, com atenção ao caminho.

(Isso faz toda a diferença.)


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quarta-feira, maio 10, 2006

"O insustentável peso de ser"

"Às vezes é a leveza de ser. A leveza de um saber pedagógico que é sempre precário, contextual, conjectural. A leveza de uma relação fluida, fugidia, entrecortada. A leveza do tempo, sempre escasso, sempre breve, sempre fragmentado.

Outras vezes é o peso de ser. O peso de uma ordem que desconfia, menoriza, oprime. O peso da sobrerregulamentação, das rotinas e da inércia. O peso de um mandato social claramente excessivo, claramente impossível. O peso de uma arrogância que tudo sabe, tudo prescreve, quase tudo ignora. O peso de um vazio e de um retrocesso. O peso de uma pobreza de pensamento que se diz ao serviço da democratização, da igualdade de oportunidades. Que se diz emergente do verdadeiro diálogo social.

Às vezes é difícil ser professor. É difícil acreditar num discurso cheio de promessas. É difícil agir em contextos tão solitários, tão desconexos, tão centrífugos. Ser professor entre o peso e a leveza.

Às vezes surge a tentação de desistir. Mas não nos resta outra alternativa que não seja persistir na reinvenção de dias mais claros. Persistir na procura das soluções concretas, na procura das soluções possíveis. Exigir mais de nós mesmos. Exigir mais dos poderes públicos. Em nome das crianças e dos adolescentes. Em nome de uma profissão que se tem de reencontrar."

José Matias Alves
O primeiro de todos os ofícios
Cadernos do CRIAP - 17
ASANovembro de 2000

E, apesar do escuro que invadiu este dia (novamente matrizes, exames e manuais de aplicadores lidos ao professor em voz alta de cima a baixo por superior ordem, como se, de repente, o professor já nem soubesse ler), encontrei nele as minhas claridades e a energia para não baixar os braços:

- na alegria dos alunos, ao distribuir finalmente as tão desejadas t-shirts concebidas no primeiro período, aquando do desenvolvimento dos trabalhos sobre saúde em Área de Projecto. Fui buscá-las ontem em segredo. Tudo com direito a bolo de aniversário (professora podemos fazer uma surpresa à A.? Podem sim...)

- em doces breves leituras e ensinamentos que, partilhados nos intervalos possíveis do dia, o coloriram e me fizeram, apesar de tudo, desejar outros dias.



terça-feira, maio 09, 2006

A ler...

Vale a pena ler... e reflectir.

É no Chora-Que-Logo-Bebes

e pode ler-se aqui:

Não sou eu que digo, mas subscrevo!

Trata-se de um texto de Eduardo Prado Coelho publicado no Público.

Um excertozinho para abrir o apetite e convidar ao passeio para ler tudinho:

(...)O problema reside em considerar os professores como meros funcionários públicos e colocá-los na escola em sumária situação de bombeiros prontos para ocorrer à sineta de alarme. Mas a multiplicação de reuniões sobre tudo e mais alguma coisa não permite que o professor prossiga na sua formação científica. Quando poderá ler, quando poderá trabalhar, quando poderá actualizar-se? Não é certamente nas escolas que existem condições para isso. Embora na faculdade eu tivesse um gabinete, sempre partilhado com mais quatro ou cinco pessoas, nunca consegui ler mais do que uma página seguida. Não existem condições de concentração.(...)

(A propósito... sou naturalmente Professora Aplicadora das provas de aferição que irão decorrer em Maio. Isso não tem qualquer problema. Já estou munida do célebre Manual do Aplicador - ai ai - que explica tin tin por tin tin tudo o que você precisa de saber, e fazer, e dizer, durante a aplicação... Só não consigo perceber a necessidade de fazer duas reuniões - está dito no Manual - para conseguir levar a bom porto algo tão simples. Pois amanhã às 18 lá estarei para uma, depois de outra às 15 para exames e matrizes - lembram-se? Na semana que passou já lá havia passado a tarde no mesmo, agora segunda dose... e estarei depois onde e quando quiserem que eu esteja para a segunda dose de reunião de aplicadora. Que eu sou professora aplicada. Dada a simplicidade de aplicação da coisa em causa - que, mesmo assim, justifica tanta reunião - e a complexidade, por exemplo, do ensino da matemática, nem sei como me deixam dar as aulas sem ter, pelo menos, uma reunião semanal antes de cada uma... e sem ter um manual de aplicador de aulas de matemática. Mistérios insondáveis.
Qualquer dia já estou como dizia o outro: deixem-me trabalhar!)




super teacher

http://school.discovery.com/clipart/clip/superteacher.html

No tempo dos Piratas...

1992 - Piratas do Silêncio
Teresa Marques, Cristovão Martinho, Francisco Santana, Carlos Sequeira, Rui Rosado, Filipe Martins, Helena Mendes
Com
Amandio Costa Bastos - técnico de som
Fernando Júdice da Costa e Manuel Faria - Produtores (na altura elementos da banda Trovante)

Playlist EntreMarés no Youtube 










...........................................................................................................................................................
(Som em http://www.myspace.com/3zamar )

Para me provar a mim própria que não foi um sonho.
Aconteceu mesmo... há muito tempo.

Embora dê comigo a hesitar... já passou tanto tempo que não levarão a mal este desfiar de lembranças... É uma história como tantas outras. Tive sorte que esta fosse minha.
O que sou, como sou, enquanto professora, tem tudo a ver com este ávido desejo de coleccionar aprendizagens/experiências e de as ir partilhando e transformando em coisas que possa oferecer aos alunos. Está para além do meu controlo e é coisa que deixou de me preocupar. Aceito.

Ora bem...

Na festa de final de ano, no primeiro ano em que efectivei (EB na altura 2 de Luísa Todi... 24 anos), logo a seguir ao estágio - 85/86, participei compondo o Rock da Matemática e coloquei o quarto grupo a cantar...
Os miúdos acharam graça ver os seus professores, ao som da melodia do Blue Suede Shoes, a repetir dançando: A matemática, oh não! A matemática oh yeah!
Fiquei imediatamente perdoada por ter obrigado os DTs a trabalhar tanto (fui coordenadora nesse ano...) e ainda ganhei um bónus: um colega (guitarrista e professor de educação musical - o Carlos) convidou-me para fazer uns testes de voz para o grupo a que pertencia (Disto e Daquilo, já com um LP gravado) pois estavam sem vocalista.

Fui. Fiquei. Ajudei a compor. Escrevi letras de canções. Cantei.
Mudámos o nome para Piratas do Silêncio e virámo-nos para o pop-rock, com influências da música tradicional portuguesa.

Um dia o Tozé Brito (na altura da Polygram), "descobriu-nos" e "levou-nos" com ele. Logo de seguida foi convidado para dirigir a BMG... e lá fomos nós com ele outra vez para o catálogo desta editora, que estava a começar na altura.

Produtores: Manuel Faria e Fernando Júdice dos Trovante. Aprendi tanto! Ainda conservo cópia de um livro sobre como escrever "boas canções". À boca do estúdio, em gravação, discutiam-se pormenores, reflectia-se sobre a intenção dos poemas... Foi real? Acho que foi. Foi sim.



Tudo isto, acreditem, praticamente sem uma falta às aulas... durante a semana de gravação pedi autorização para faltar por conta do período de férias. E ainda uma ou duas faltas, não mais, para os programas do Porto (gravávamos logo tudo para os indirectos e fazíamos os directos num dia).

Com o tempo, foi-se tornando difícil conjugar tudo. Ensaios até à meia noite, levantar de madrugada, aulas cedo, muito trabalho. Logo que foi possível pedi para ser substituída. Entretanto os elementos do grupo, naturalmente, entre família e trabalho acabaram por se ir afastando e o projecto terminou.

Mas foi uma experiência muito especial que guardo com carinho no meu álbum de memórias de outros tempos...


Ensaiávamos num sótão do extinto Círculo Cultural de Setúbal (foto de 1989)




CD gravado (1992), eis que começa a promoção. Antes, é claro, fizemos espectáculos... coisa que, posso dizer, não me agradava (uma vez bicho-do-mato... sempre bicho-do-mato...). Era assustador e raramente conseguia estar completamente à vontade à frente de tanta gente.

Na TV era mais fácil... e a quantos programas fomos? Muitos: Júlio Isidro mais do que uma vez, Manuel Luís Goucha no Porto, mais do que uma vez, programa TOP + (ainda com a Catarina Furtado, lembram-se?), programas diversos que existiam na altura (um destes dias, na RTP memória, dei connosco a tocar meia hora num programa que se chamava na altura "Notas em Si"). Foi uma risota aqui em casa! Estivemos no top 25 da RFM, divulgado no Blitz, (do 20º ao 10º durante várias semanas, com a canção "Entre marés", que dava nome ao álbum. Entrevistas nas rádios, RFM, Antena 1, Renascença, RDPi, Rádio Azul... outras mais que não lembro (havia menos na altura) até aos Açores fomos! Notícias em revistas, jornais, críticas... tudo bem recortadinho a provar que o passado existiu (neste recorte estávamos em 10º lugar).


Espectáculo de apresentação? Aula Magna com Carlos Paredes.


Um espectáculo que ficou na memória? Festa CE emitida em directo em Lisboa e no Porto. Nós estávamos no Porto e os parceiros de espectáculo em palco eram os Trovante, a Mafalda Veiga e um grupo da Galiza - Lua Extravagante.




Ah e o espectáculo das festas de Verão em Lisboa... por alguma razão consegui descontrair e correu tudo muito bem.

Resolvi, há dias, pesquisar no Google: Piratas do Silêncio... tive uma surpresa engraçada. Dei com este arquivo da fonoteca municipal de Lisboa:

segunda-feira, maio 08, 2006

Actualização SOS

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Consegui mesmo à justa.
Coloquei três documentos à disposição no SOS.
Agora vou partir...