Depois de uns dias meio insanos de imenso trabalho (que vão continuar ao mesmo ritmo), acompanhamento do meu gatinho (que vai melhorando de dia para dia... mas ainda sem se saber se definitivamente - só mais tarde com novas análises - e agora com dois momentos de verdadeira guerra durante o dia: a toma dos medicamentos, e vários momentos de passeio pela trela para que feliz regue e queime as minhas plantinhas e eu possa controlar o estado de funcionamento do seu sistema urinário - que falhou...) e o quase colapso do meu PC que perdeu o acesso à net, depois de uma tentativa de instalação de um antivírus devorador de bichos e ficheiros do sistema a que se haviam prendido (hoje resolvi ir para os fóruns dos esclarecidos, depois de tudo tentado e falhado, em busca da correcção do erro que me era anunciado. Menos mal, compensou o tempo. Consegui chegar a bom porto com uma coisinha chamada Winsockfix e a minha cabeça e a internet voltaram ao lugar. Mais a internet que a cabeça... "síndroma do pensamento acelerado", conhecem?) lá consegui reencontrar alguma paz, breve, mas paz. (Mas que parágrafo enorme, não se perderam? Eu quase me perdi!)
Felizmente consegui criar disponibilidade interior para comer umas cerejas do Japão, umas amoras e descobrir que do ovinho já nasceu a primeira lagartinha de papilio machaon. A reportagem havia ficado prometida. Assim, aqui deixo cerca de 4 mm de vida com promessa de voo. Desenhadas, as lagartinhas, para parecerem um dejecto de passarinho. É o que lembram assim pretinhas e com aquela pinta branca. Os predadores deixam-se enganar (embora nem sempre... desejo-lhe sorte, pois não a vou recolher). Comove-me a magia simples da natureza.
Dou comigo a pensar: que complicados se tornaram às vezes os nossos dias... (Sem mágoa, porque reconheço tantas virtualidades coloridas em tudo o que vou aprendendo e fazendo...)
Aí, de repente, a Matilde do Canto do Vento deixa-me esta prenda de Fernando Pessoa – Alberto Caeiro num comentário doce junto ao ovinho de há uns dias atrás, agora inexistente, comido por aquela a quem deu colo (o ninho é o primeiro alimento... metáfora saborosa).
"Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor."
E eu penso (mas não devia sequer pensar em nada):
a lagartinha está mais perto de ser borboleta e não pensa nisso.
Existir sem ter que pensar. Amar sem perguntar.
Ser, sem ter que explicar. Assim estarei hoje. Não me procurem. Às vezes é preciso ser apenas o que se é. De preferência feliz.
Cansada, mas feliz.
4 comentários:
É preciso é viver, respirar o ar, palpitar o coração... :)
Bjs
"simplesmente ser"... pois - e não é que não é fácil? devia, não era? ;)
Beijinho, Bom Trabalho, as melhoras para o Clóvis e, para as lagartinhas, Benvindas!
Faz-me sempre muito bem viajar estes nanosegundos que os bits demoram a percorrer a distância entre dois pontos que, somados, constituem um novo sítio de observação, análise e reflexão.
É bom observar a simplicidade aparente como a Natureza segue a sua marcha programada ao infinitamente pequeno, mas permitindo que os nossos olhos a possam ver, obrigando-nos a reflectir, a acalmar a nossa ansiedade...
Boa tarde...
Quero parar por hoje o meu trabalho de toc... será que o conseguirei? Quero, tenho que o conseguir.
António
Obrigada a todos pela visita e pelas palavras... Ando um bocadinho afastada mas já sabem a razão... Abraço!
Enviar um comentário