Com as provas de aferição e os exames a caminho, acordei com a cabeça cheia de perguntas paras as quais, confesso, ainda não tenho respostas que me agradem completamente...
Cruzamos os braços e esperamos que algo mude? Agimos com o que temos? O que é que temos? O que é que podemos fazer? Cabeças bem cheias ou cabeças bem feitas? O que é uma cabeça bem feita? É uma “cabeça cheia de competências”? O que privilegiar e porquê? Quem decide? A escola? E no Currículo Nacional... Não está tudo decidido? Competências essenciais... Serão mesmo as essenciais? Essencial é o quê? Quando? Para quem? Teremos margem para alterar na escola o que se considera essencial? Conseguiremos uma solução de compromisso que respeite a proposta nacional mas simplifique linguagens e procedimentos? Que ligação entre as competências específicas e as gerais na proposta nacional? Serão necessárias tantas competências específicas? Se os programas não mudaram, e parece que têm de ser cumpridos, se o tempo não se alargou... Se os professores continuarem a fazer o que sempre fizeram... O que mudou afinal? O que é possível mudar? O que é “cumprir” o programa? O que é "dar tudo"? Será que dar tudo = receber tudo sem aprender nada?
E o currículo nacional dos países que parecem estar na linha da frente (PISA)? Que diferenças? Que semelhanças? Queremos ser semelhantes? Queremos continuar a ser diferentes? Queremos apenas ser nós... Mas melhores do que somos agora?
O que é ser melhor?
Por favor, por favor, uma rosa para cheirar... para desacelerar o pensamento...
Pronto. Agora com mais calma... onde é que eu ia?
8 comentários:
Ias nas perguntas... naquelas que nos enchem a cabeça, o estomago... e tudo o resto... :(
Respostas... pois... "é aí que a porca torce o rabo"...
Um beijinho 3za... Obrigada pela Rosa... [Vou ter com os meus meninos :)]
Hoje a nossa professora apareceu-nos com uma surpresa. Era um CD de canções tuas.Todos ficámos admirados por conseguires fazer tantas coisas maravilhosas.
Eu gostei mais da canção do rock da matemática.
Igor
Pois eu também me perdi nessas perguntas, quiçá não tão bem colocadas como tu tão bem sabes fazer, mas faço-as. A insensibilidade para estas questões é paradigmática no caso da geografia, que reduziram a carga semanal da disciplina mas o currículo continuou igual. Como é que os colegas dessa disciplina podem ser colegas de sucesso?
Pois é Matilde... as respostas... essas fugidias respostas. MAs temos de ir encontrando as soluções, uma a uma para vencer a batalha.
Igor, meu querido, fiquei tão contente por encontrar aqui um menino da turma da professora imaz (já sei o nome mas não digo)do blog que eu tanto gosto de visitar para ler os vossos trabalhos! Obrigada pelas tuas palavras tão doces. Eu cá também confessso que gosto muito do rock...e sabes porquê? Foi a primeira canção que escrevi (há cerca de 20 anos... não digas nada a ninguém que até parece que sou muito velha). Espero que as aprendam todas e gostem de as cantar! Beijinhos.
Miguel... não podem realmente e o sentimento de desânimo lá vai aumentando... alguma coisa vai ter de mudar e começa a parecer-me que tem de ser de dentro para fora das escolas... Se ficarmos à espera acredito que será difícil chegar a algum lado. Não sei bem como, mas acho que teremos de nos unir um pouco mais do que habitualmente andamos. Às vezes sinto que há professores a combater o "inimigo errado"...
A rosa veio passar as perguntas para 2º plano... :)
Bjs
Confesso, Teresa, que acho que não há que matar tanto a cabeça com procura de respostas às perguntas, pois não são alguns professores que podem remediar os disparates que se andam a fazer. Hoje tive reunião de departamento, de positivo só os colegas quererem reuniões extra para o ano na componente não lectiva para que nalgum sítio se possa discutir o essencial: as aulas, as estratégias, etc., dado que a reunião foi mais uma vez cheia de pedidos de mais papeis, informação de mais papeis para as reuniões de avaliação final, relatórios para o ME a justificar retenções acompanhados de todos oa materiais e descrição de estratégias que os profesores com certa percentagem de negativas usam, a ministra anda em reuniões com os presidentes e estes não abrem boca, eu até disse (para a acta, pois estou a perder o respeito pela passividade da maioria dos professores)que propunha que nos ocupássemos de burocracia e viessem os funcionários auxiliares e administrativos dar aulas.
Tens razão na pergunta, todos os conteúdos dos programas são necessários ou adequados? Mas está estabelecido que os manuais vigorem por 6 anos, o que quer dizer que não se pensa em mexer em programas (além de bradar aos céus que certas disciplinas não precisem de actualizações durante 6 anos).
A falta de respeito e atitudes atrevidas de pais está a crescer face à imagem que se propaga dos professores. A ministra também já transmitiu o que o Sócrates apreendeu na Finlândia: o insucesso é da responsabilidade da escola.
Em suma, o que eu sugiro é que os professores que sempre foram dedicados e responsáveis continuem a fazer o que faziam (ou mais, mas só porque os alunos estão mais difíceis), mas passando ao lado de angústias que não lhes cabe, deixando que os que estão a criar um clima impossível venham eles a remediar as consequências, a nossa acção tem limites.
Só uma nota sobre as provas de aferição, que a minha escola tb vai ter no 6º ano. Já as tivemos uma vez, os professores vigilantes contaram que os alunos não ligaram nenhuma, não se esforçaram, e acho que não se vai pedinchar a eles que façam um esforço como se a prova fosse para entrar na avaliação deles só para que a escola ou professores não fiquem mal vistos, eles têm direito a serem putos e quanto a mim as provas de aferição não avaliam coisa nenhuma a sério.
Como sempre, escrevi demais e se calhar o que não devia, mas confesso que tenho as minhas turmas a funcionar normalmente (indisciplinas ultrapassadas), dou-lhe as aulas com gosto e num forcing de trabalho no 9º porque com provas globais, feriados e férias de ponto o tempo é escasso e temos que rever 7º, 8º e 9º, mas já não posso com o resto da escola exactamente por achar que os professores estão a cair passivamente nesta grande ratoeira (não me refiro a professores como tu nem a outros que aqui na blogosfera sentimos empenhados). Os bons professores só têm que continuar a sê-lo calmamente, os que têm sentimentos de culpa não mudarão com tanta papelada a querer controlá-los, simplesmente não contribuirão para reter alunos para não terem que fazerem estendais de justificações.
P.S. Também digo que a rosa passa as perguntas para 2º plano ;)
Pois é, perguntas e mais perguntas que muitos vamos colocando e as respostas sem aparecerem... vamos cruzar os braços? NÂO... Os alunos que temos à frente, ao lado,no coração vão impedindo que desistamos e, por isso, continuamos a trabalhar e a acompanhar cada pequeno passo que valorizamos por mais pequeno que seja... mas é claro que todos temos dias em que nos apetece desistir e nada melhor que o nosso jardim, as nossas flores..."para desacelerar o pensamento..."
Têm razão... Às vezes é preciso parar e seleccionar. Há perguntas que não nos levam por caminho nenhum, há certezas que não o são, convicções sem comprovação real... ideias feitas que contribuem para um estado de ansiedade desnecessário. A inquietação faz falta e é necessária para progredir... com conta peso e medida, pois de mais torna-nos dormentes e perdemos de vista o "essencial"... Por isso sim... as rosas, os jardins (sejam eles quais forem) põem em segundo plano o excesso de interrogação e permitem ver claramente o que é importante. Os alunos à nossa frente e as suas necessidades aqui e agora . É dessa visão que não nos podemos perder. O caminho assim levará sempre a qualquer lado onde vai valer a pena estar.(E consegue-se a energia necessária para vencer os dias menos fáceis). O resto... o resto são cantigas (nem sempre de boa qualidade...)!
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