quinta-feira, novembro 30, 2006

CONVERSA DE LIVROS E SOPA DE NÚMEROS, PIRATAS E GATOS

A não perder, hoje à noite, a apresentação da turma B do 5º ano na Feira do Livro, em homenagem aos convidados. (Aqui podem ler... lá podem apreciar o desempenho ao vivo!)
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CONVERSA DE LIVROS E SOPA DE NÚMEROS, PIRATAS E GATOS
Turma B – 5º Ano Escola Básica 2,3 de Azeitão
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Madalena E - Eu quero uma nova palavra,
diferente das outras palavras
que cansei de repetir,
uma palavra de vento,
uma palavra que o tempo
seja incapaz de ferir.

Inês: Os sonhos não pertencem ao lugar onde acontecem. À chegada ao seu lugar de sonho, o sonhador desilude-se e regressa, preferindo sonhar no seu lugar.

Francisco CB.
Há palavras
feitas p'ra voar
num céu de Maio.
Leves palavras
ao colo do vento,
construídas
com o papel
colorido
dos teus sonhos.
Tomas uma
e soltas o fio
que a prende
à tua mão.
Madalena E : Eu quero uma nova palavra,
mistura de sol e de frio
de barcos descendo um rio,
cheia de céu e de mar.
Inês: Os sonhos são terras prometidas para cultivar desejos à mão de semear: sementes são desejos com certificado de garantia.

Manuel V.:
E a palavra
ganha asas,
eleva-se no ar
com o seu longo
ditongo
voador
Até encontrar
no mais alto
de ti mesmo,
um lugar
imenso
para morar.
Madalena E - Eu quero uma nova palavra,
aberta de par em par
como o rosto de um menino
com paisagens no ouvido
e cantigas no olhar.
Inês: Todos querem o que sonham e cada um sonha o que quer. Mas nada é, nem como se quer, nem como se sonha.

Turma - Nós somos a turma Bê
Beatriz N. - Bê de ler…é muito Bom
Beatriz P. - Bê de sopa…Biarrggg é o som
Adriana - Bê de números…Bichos piratas maus
Turma – ‘Bora atirar-lhes uns paus?
Patrícia - Bê de gatos Belos enroscados
Manuel V. - Bê de aventuras Boas
João B. - Bê de livros Bem misturados!

João F: Ora ouçam lá esta conversa de livros e sopa de números, piratas e gatos!
Jorge – (dedo no ar e livro na mão) Desculpem! Posso contar a história do Sr. Adiposino???
Turma – NNÃÃÃOOOOOO!!!!!
Manuel Lourenço – O livro do Sr. Adiposino é muito gordo e não cabe nesta conversa!!!!!
Turma – ssschlep ssschlep ssschlep ssschlep ssschlep ssschlep
Inês – Olhem lá! Vocês não conseguem fazer menos decibéis a comer a sopa?!!
Sara - Olhem lá! Vocês não conseguem fazer menos decibéis a comer a sopa?!!
Madalena E.O pai pôs a mesa (mal, mas pôs). A mãe pôs a sopa na mesa (fria como sempre). E o filho pôs-se à mesa a dizer que não queria comer a sopa (baixinho mas disse!).
Francisco N. – Eu não quero comer os números! Mas eu não quero comer os números! Não me obriguem a comer os números!
Salvador F. – Os números? A conversa não era sobre a sopa?!?
Francisco N. – Sopa, vegetais, números… é tudo a mesma coisa!!!
JoanaDois e dois, quatro: deram-me uns sapatos. Três e três, seis – não tenho vintém. Quatro e quatro, oito – um sapato roto. Cinco e cinco, dez – ai as dores nos pés.
Turma – Canção: Os números aos saltos fazem confusão, mas bem arrumadinhos na minha cabeça, parecem a letra de uma canção.
Eduardo – Alguém quer uma canjinha de galo?
Turma – NNÃÃÃOOOOO!!!!!!!
Eduardo – Porquê?
João G. – Porque para fazer canja de galo é preciso matá-lo. yo
PatríciaTens de a comer…toda!!!
João B.Eu até quero a sopa, a minha boca é que não quer comê-la.
CatarinaEntão come-a pelo nariz!
Salvador A. – Mas o meu nariz até se torce de a cheirar!
SofiaEntão come-a pelos olhos!
João F.Mas eles nem a querem ver…
Manuel V.Então come-a pelos ouvidos!
MarianaMas eles nem querem ouvir falar dela!
Manuel L.Se eles soubessem o que ela tem para dizer…
Rafael – E o que é que ela tem para dizer???
Francisco C.B.Da família dos piratas, só gosto mesmo é da nata. Dos que são a sério maus, como uns pássaros bisnaus.
Salvador A. – Dos que dão berros medonhos, tudo menos enfadonhos, dos que sospem no convés e nunca lavam os pés.
JoanaAi as dores nos pés!!!!
Teresa – Os pés? Os pés? Mas para comer sopa é preciso lavar as mãos!
Jorge – Desculpem! Sou eu outra vez…comi sopinha de legumes e andei a correr atrás das nuvens…será que já caibo na conversa?
Salvador F.Vamos lá ver se já consegue entrar…não ainda não! Tenha paciência Sr. Adiposino, fica para a próxima!
Jorge – Para a próxima? Estão a brincar comigo…
RitaBrincar é a mais divertida das coisas sérias!
PatríciaSério é tudo o que quisermos levar a sério!
João F. – A «sérrrrio»?
AdrianaA rainha da Roménia
RitaSegue o rasto do repasto
Adrianaque roda em roda da mesa
Ritapernas de rã, rabanetes,
Adrianarobalinhos, couve roxa,
Rita – rosbife assado com molho
Adrianarabanadas, rebuçados…
RaquelMeus queridos convidados, vá não se façam rogados
CatarinaCom este vinho do Reno ataquemos já a eito
RaquelE Deus queira que no fim nos conservemos direitos.
Miguel – Já estou a ficar confuso! Afinal esta conversa é sobre banquetes, sopa, gatos ou quê?
Turma – Os números trocados, são um desespero. Mas todos em fila, bem organizados, lembram uma orquestra depois de o maestro, ter bem afinado os desafinados!
Francisco N. – Números? Outra vez?
Madalena M.– Então e a sopa de letras?
MiguelQuando a sopa de letras apareceu já se falava de sopa há muito tempo.
João G.Vasculho no cesto das letras até encontrar um G.
MarianaContinuo a vasculhar até descobrir um A.
EduardoRemexo, remexo, remexo, até encontrar um T.
SofiaE lá no fundo de tudo descubro por fim o O.
Madalena M.Componho então a palavra...Mas p´ra não ficar sozinha, arranjo-lhe já companhia
RafaelFormando mais três palavrinhas:Telhado, Sol e Sardinha.
Beatriz N.– Sardinha……assada? Pescada……no mar? Por algum …… Pirata?
JoanaDa família dos piratas, eu gosto mesmo é da nata...
Sofia - Dos que são a sério maus, como uns pássaros bisnaus.
Teresa - Lá vêm vocês outra vez com a mesma conversa de gostar de piratas maus! Logo vocês que são tão boazinhas...
Sara - Dos que têm perna de pau e gancheta em vez de mão, dos que bebem em jejum meia garrafa de rum.
Todos: ssschlep, sschlep, ssschlep, sschlep…..
Inês - Olhem lá! Vocês não conseguem fazer menos decibéis a beber o rum?
Salvador F. - Olhem lá! Vocês não conseguem fazer menos decibéis a beber o rum?
Turma – NÃÃÃOOOO!!!!!!!
Beatriz P. – Ora bem! Ponto da situação! Menino Francisco, diga lá o que aprendeu com tudo isto!
Francisco CB – Bem... bem... deixem-me pensar... pois... o saber não ocupa lugar e cabe sempre em qualquer lado... agora que precisava dele, onde o deixei (des)arrumado?
Turma: brincar com os livros, na nossa cabeça, é fazer ginástica embora não pareça!
e quem muito lê, é um grande atleta! Insiste? Pratica? Um dois três, vai chegar à meta!
João F. – E será que já chegámos à meta?
Turma: NÃÃÃOOOO!!!!!!! Ainda falta muuuuuuuuito para chegarmos ao FFFIIIIIMMMMM!!!!!!!!!
Um a um vão dizendo a palavra fim...




Teresa - Este texto foi composto por nós, turma Bê do quinto ano, da Escola Básica 2,3 de Azeitão, nas aulas de Área de Projecto, tendo por base excertos de vários livros (itálico).
Os livros que entraram nesta conversa foram:

(vários alunos dizem os nomes dos livros, mostrando-os)

- «A Canção dos Piratas» de João Pedro Mésseder e Luís Henriques
- «ssschlep…» de Eugénio Roda e Gémeo Luís
- «Palavra que voa» de João Pedro Mésseder e Gémeo Luís
- «De que cor é o desejo?» de João Pedro Mésseder e José Miguel Ribeiro
- «Aventuras Domiciliárias III» de Eugénio Roda e Gémeo Luís
- «O G é um Gato Enroscado» de João Pedro Mésseder e Gémeo Luís
- «O Quê Que Quem – Notas de corrimão e de rodapé» de Eugénio Roda e Gémeo Luís
- «Trapalhadas Fantásticas» de Eugénio Roda
- «Canja de Galo» de Estevão Roque e vários ilustradores

- «Provérbios Repenteados» de 3za éme e Emílio Remelhe

quarta-feira, novembro 29, 2006

O mistério dos "links" desaparecidos...

Decerto alguns de vocês repararam no desaparecimento de links, nomeadamente nas teias cúmplices (mas não só).
Tal deveu-se a um problema ocorrido há pouco tempo em que perdi parte do template. Como a cópia de segurança não era muito recente, algumas das ligações mais frescas "foram-se"...

Prometo, aos poucos, ir recuperanto todos os endereços desaparecidos e repor tudo como estava!

Quem são...


...os nossos convidados de amanhã?




Eugénio Roda (Emílio Remelhe) nasceu em Barcelos, em 1965, e lecciona na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, onde se formou em 1990. Desenvolve trabalho no âmbito da pintura, desenho, ilustração, literatura e cenografia. Tem trabalhos publicados pela Campo das Letras, Livros do Oriente, Edições 10x24 Alma Dupla, Revista Macau, Revista Malasartes, Edições Eterogémeas, Revista Search, entre outras.
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João Pedro Mésseder (José António Gomes)


João Pedro Mésseder nasceu em 1957, no Porto. Assinou livros de poesia para adultos e livros para crianças e jovens e está representado em diversas obras colectivas. Tem colaboração poética dispersa em várias publicações portuguesas e da Galiza, tais como Alma Azul (Coimbra), Mealibra (Viana do Castelo), Rodapé e Pé de Página (Beja), Jornal do Centro (Viseu), o suplemento «Das Artes das Letras» de O Primeiro de Janeiro e Dorna (Santiago de Compostela).
José António Gomes nasceu em Vila Nova de Gaia, em 1956. É professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto, leccionando disciplinas de Literatura Portuguesa, Literatura para a Infância e Introdução aos Estudos Literários. Doutorado em Literatura Portuguesa do século XX pela Universidade Nova de Lisboa, Mestre em Literatura e Cultura Portuguesas pela mesma universidade e Licenciado em Filologia Germânica pela Universidade do Porto, fundou e dirige a revista Malasartes – Cadernos de Literatura para a Infância e a Juventude, é colaborador permanente do Expresso, da revista galega Fadamorgana e tem artigos dispersos em diversas publicações nacionais e estrangeiras (Colóquio/Letras, Vértice, Revista Internacional de Língua Portuguesa, Malasartes, JL – Jornal de Letras, Artes e Ideias, suplemento «Das Artes das Letras» de O Primeiro de Janeiro, Bookbird, European Bookseller, Peonza, Bulletin de la Societé Toulousaine d’Études Classiques, CLIJ – Cuadernos de Literatura Infantil y Juvenil, etc.). Além de antologias por si organizadas, editou obras nos domínios da história e da crítica literárias. Foi presidente da direcção da Associação Portuguesa para a Promoção do Livro Infantil e Juvenil (APPLIJ – Secção Portuguesa do IBBY), é vice-presidente da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto e membro da Associação Portuguesa dos Críticos Literários. (http://pwp.netcabo.pt/0446031601/)

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Gémeo Luís (Luís Mendonça) nasceu a 13 de Março de 1965 em Lourenço Marques. Lecciona na Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos e na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Recebeu a Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração 2002, pela ilustração do livro Grávida no Coração, Campo das Letras (2002). O g é um Gato Enroscado (texto de João Pedro Mésseder), cujas ilustrações executou, foi uma das doze obras destacadas pelo júri do Prémio Nacional de Ilustração - 2003. Obteve, em 2004, na 9ª edição daquele Prémio, uma Menção Especial do júri pela ilustração da obra O que é um homem sexual, com texto de Ilda Taborda e edição do Colégio Primeiros Passos.Ilustrou ainda textos de Alice Vieira, José-Alberto Marques, Luís Adriano Carlos, Matilde Rosa Araújo, Emílio Remelhe, Elliot Rain, Eugénio Roda, entre outros. Recebeu o Prémio Nacional de Ilustração (2005) pela ilustração do Livro O Quê Que Quem—Notas de Corrimão e de Rodapé com texto de Eugénio Roda.




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Não faltem!

Estaremos à vossa espera amanhã à noite.

terça-feira, novembro 28, 2006

Feira-Festa de Livros e de gente


Somos engolidos por esta avalanche de entusiasmo que tem sido a feira do livro. O tempo não chega para nada. Estar atento, resolver problemas de última hora, pedir livros que se vão esgotando.
Hoje o relato mais completo serve-se ali no blogue ao lado.
Quem ainda conseguir, pode viajar até:

http://creazeitao.blogspot.com/2006/11/festa-de-livros-e-de-gente.html

pequenas notas de viagem... fotos do dia de hoje na BE.

É só o que prometo.

Isso e um querer gémeo do querer do João Pedro Mésseder, que brevemente nos visitará:

"Eu quero uma nova palavra
diferente das outras palavras
que cansei de repetir,
uma palavra de vento,
uma palavra que o tempo
seja capaz de ferir.


Eu quero uma nova palavra,
mistura de sol e de frio,
de barcos descendo um rio,
cheia de céu e de mar.


Eu quero uma nova palavra
aberta de par em par
como o rosto de um menino
com paisagens no ouvido
e cantigas no olhar."


João Pedro Mésseder
In "De que cor é o desejo ?"






segunda-feira, novembro 27, 2006

Wallpaper self-service

O meu Cara-Metade, enquanto geólogo, viaja com alguma frequência pelo nosso país e pelo mundo...
Patagónia, Death Valley, Desertos da Califórnia, Alpes, Andes, Fiordes da Noruega, Marrocos, Brasil... o nosso jardim, e muito mais, são alguns dos locais por onde já passou e voltará a passar.

Desses caminhos que vai trilhando guarda pedacinhos do que vê. Pedacinhos muito especiais.

Finalmente conseguiu enganar o tempo e organizar uma forma de partilhar esse seu olhar sobre o mundo.
Chamou-lhe "Wallpaper self-service" e pode visitar-se aqui:

http://mywalls.googlepages.com

It's a wonderful world!
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sábado, novembro 25, 2006

Apetecia não ter...

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Maravilhoso


O JL, já perceberam, gosta de surfar pela internet e partilha com os amigos alguns resultados das suas viagens.
Este endereço foi partilhado apenas com uma palavra: espectacular.

Abri e nada me poderia ter preparado para a maravilha que me prendeu ao écran...

Julguem vocês. Disfrutem. Se tiverem crianças por perto, partilhem.
Porque hoje é sábado.

(Quando pensamos que tudo já foi inventado...)
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sexta-feira, novembro 24, 2006

edigital - comunidade educativa online

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Falei uma vez deste projecto quando ainda era um embrião. Foram 9 os meses que percorreu até se sentir pronto para ser apresentado ao mundo. Parece-me auspicioso: as coisas muito boas que nascem de nós demoram em média 9 meses a ficar prontas... projectos deste tipo não são excepção.
Porquê este desvelo? Este orgulho?
Porque, se tivesse continuado a viver naquela que foi a minha escola durante cerca de 20 anos, estaria decerto associada a ele directamente, ao professor que o concebeu e construíu, aos professores que a ele se juntaram para lhe ir dando corpo.
Mas a internet permite a existência de comunidades muito para além da presença física e, de certa forma, continuamos todos parceiros de aventuras. No projecto dos portáteis vamos entrelaçar recursos entre a EB 2,3 Luísa Todi e a EB 2,3 de Azeitão e assim nos vamos enriquecendo, crescendo. Mesmo sem projectos desta natureza o trabalho em equipa continuaria: velhos e bons hábitos não morrem.
Deixo a apresentação do projecto a quem melhor o conhece, o professor Joaquim Lopes (Herr Macintosh nos comentários da teia), colega que admiro e estimo há muito pelo empenho e dedicação à causa da educação e pelo profundo conhecimento na área das TIC. Sempre um passo à frente. Aprendi muito, continuo a aprender.
E sei que a metáfora da teia é real e que é ela que mantém os professores unidos e de cabeça levantada...
Até quando?





"O site da edigital começou por ser um espaço para partilhar os materiais que fui construindo ao longo dos anos sobretudo para História e Geografia de Portugal e os endereços que fui encontrando nas minhas viagens virtuais pela internet. Mas, à medida que ia juntando as coisas, fazendo umas leituras sobre e-learning, e, à boa maneira de Penélope, fazendo e desfazendo planos, começou a surgir a ideia de uma comunidade educativa.
Penso que a primeira vez que falei nisso foi num mail que te enviei no princípio de Março deste ano em que dizia “Lembrei-me que seria muito engraçado criar-se uma Comunidade Educativa Online que seria um espaço privilegiado para a partilha de experiências entre os professores e difusão de materiais para os alunos, criando-se, assim, um espaço de e-learning”. A ideia ficou e levou nove meses a ser concretizada, o tempo necessário para ir fazendo experiências com o servidor e lendo mais umas coisas.
O site não está, obviamente, terminado e talvez nunca o venha a estar. Há muitas ideias no ar (algumas quase, quase prontas) que não vou divulgar já. Mas do que se pode ver gostava de destacar três coisas: os recursos de História e Geografia de Portugal, formados essencialmente por materiais que concebi para as minhas aulas e a que irei acrescentado mais coisas ao longo do ano acompanhando a matéria leccionada; a Escola Virtual, uma aventura de um grupo de professores e alunos da Escola EB2,3 Luísa Todi pelo mundo do e-learning (seria mais correcto chamar-lhe blended learning, mas isso levava-nos muito longe) utilizando o Moodle e que pretende criar uma experiência educativa mais rica para todos os envolvidos; e as listas de difusão (ou mailing lists) que gostava que se tornassem um espaço de partilha de experiências e ideias.


Joaquim Lopes, Escola Básica 2,3 de Luísa Todi

Os endereços eram os seguintes:

Endereço geral:
http://www.edigital.homedns.org
Endereço dos recursos de HGP:
http://www.edigital.homedns.org/recursos/historia/
Endereço da Escola Virtual:
http://www.edigital.homedns.org/moodle/
Endereço das listas de difusão:
http://www.edigital.homedns.org/listas/ "

ADENDA:

ATENÇÃO! O endereço mudou!!!
A edigital mudou de casa: novo computador, nova versão do sistema operativo, nova estrutura, novas ideias... O novo endereço é
http://edigital.homeip.net .

Joaquim Lopes, Escola Básica 2,3 de Luísa Todi

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quinta-feira, novembro 23, 2006

Trás-os-Montes

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O Cara-Metade esteve por lá...
... e o que me trouxe?
O que se pode ver a seguir.
Disfrutem, que eu hoje não posso. Dia todo na escola, culminando com CP logo seguido da formação até às 21:30. Um mimo... (as fotos, claro!)











quarta-feira, novembro 22, 2006

Mind map


Um amigo partilhou...
... e eu estendo a teia.

http://freemind.sourceforge.net/wiki/index.php/Main_Page

http://en.wikipedia.org/wiki/Mind_map

http://www.mind-mapping.org/

Já instalei e tentei começar a usar (preciso de fazer o mapa do site da BE... e embora não seja exactamente a ideia, tem potencial para tal e graficamente é muito engraçado) mas precisarei de algum tempo (que por ora não tenho) para me ambientar.
Pode ser que por aí haja alguém interessado... e com tempo!
Divirtam-se...
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terça-feira, novembro 21, 2006

Regressaram as manias...

Fui desafiada pela Prof (Escola Revisitada) com um desafio antigo (lembram-se de Fevereiro?)... à volta das manias de cada um.
Desafiar alguém não desafio, que os pares por aqui já responderam todos ao dito, mas coloco link para essa entrada... http://tempodeteia.blogspot.com/2006/02/elos-e-manias-2-s-manias.html
É que, tristemente, o tempo passa mas as manias continuam a ser as mesmas... Já estou velha para mudar! E os novos incautos que se aproximam da teia, e não me conhecem bem, têm direito a perceber os riscos que correm... é justo. Assim podem fugir antes de serem contagiados!

Jornal da Escola - O Nosso Mundo


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No âmbito do projecto dos portáteis, em que somos parceiros, e enquanto coordenadora de projectos e desenvolvimento educativo (que também sou, por inerência do posto de responsável pela Biblioteca Escolar) dei uma pequena mãozinha na concepção do blogue do nosso jornal de Escola (um jornal com tradição e já premiado) e, agora, eles já voam por aí fora com uma qualidade que merece destaque!
Estão, também, a criar uma página paralela onde se divulgarão as edições antigas deste jornal que nos é tão especial... Prometo divulgar quando estiver pronta!

Parabéns à equipa, que é incansável, e aos alunos que participam com tanto empenho!

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segunda-feira, novembro 20, 2006

Um suspiro

...entre o traballho do dia e a formação que está prestes a começar.


http://www.vladstudio.com/home/

História Devida - Correcção

Esta entrada destina-se a divulgar a correcção (feita pela equipa do programa História Devida, através de comentário) à informação dada no dia 12 de Novembro.
http://tempodeteia.blogspot.com/2006/11/histrias-devidas-so-livro-da-asa.html


O Nuno Artur Silva e o Miguel Guilherme são os autores do programa, são quem teve a ideia e o concebeu (para além disso, o Miguel é, também, o leitor das histórias) e a Inês Fonseca Santos é a coordenadora do programa.

Dias úteis...


Pronto. É segunda-feira. Dia útil. Dia de partilhar uma ferramenta.
O meu amigo JL descobriu e eu divulgo...
Apresenta alguns problemas (como qualquer tipo de proposta desta natureza), mas é um trabalho feito com muita seriedade.
O formato dos exercícios é um pouco repetitivo e limitado, sendo bom o facto de permitir interactividade/verificação das respostas.
Pode ser útil como ferramenta de estudo... só é preciso verificar com calma por disciplina as limitações e as potencialidades...


Boas explorações!

http://www.deemo.com.pt/
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domingo, novembro 19, 2006

Coisa "inútil"

Um brinquedo
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http://www.vladstudio.com/home/

Brinquedos e ferramentas

Gosto do Rubem.
Preciso de regressar (com ele) à simplicidade das coisas. Diria mesmo que se está a tornar urgente...
O que vão ler de seguida, já o ouvi dizê-lo de viva voz. E é especial.

Escutem com atenção.
(Eu é que devia escutar com muita atenção... prometo que o farei!)

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Rubem Alves: A caixa de brinquedos

A idéia de que o corpo carrega duas caixas —uma caixa de ferramentas, na mão direita, e uma caixa de brinquedos, na mão esquerda— apareceu enquanto eu me dedicava a mastigar, ruminar e digerir santo Agostinho.

Como você deve saber, eu leio antropofagicamente. Porque os livros são feitos com a carne e o sangue daqueles que os escrevem. Dos livros, pode-se dizer o que os sacerdotes dizem da eucaristia: "Isso é o meu corpo; isso é a minha carne".

Santo Agostinho não disse como eu digo. O que digo é o que ele disse depois de passado pelos meus processos digestivos. A diferença é que ele disse na grave linguagem dos teólogos e filósofos. E eu digo a mesma coisa na leve linguagem dos bufões e do riso.


Pois santo Agostinho, resumindo o seu pensamento, disse que todas as coisas que existem se dividem em duas ordens distintas. A ordem do "uti" (ele escrevia em latim ) e a ordem do "frui". "Uti" significa o que é útil, utilizável, utensílio. Usar uma coisa é utilizá-la para obter uma outra coisa. "Frui" significa fruir, usufruir, desfrutar, amar uma coisa por causa dela mesma.

A ordem do "uti" é o lugar do poder. Todos os utensílios, ferramentas, são inventados para aumentar o poder do corpo. A ordem do "frui" é a ordem do amor —coisas que não são utilizadas, que não são ferramentas, que não servem para nada. Elas não são úteis; são inúteis. Porque não são para serem usadas, mas para serem gozadas. Aí você me pergunta: quem seria tolo de gastar tempo com coisas que não servem para nada? Aquilo que não tem utilidade é jogado no lixo: lâmpada queimada, tubo de pasta dental vazio, caneta sem tinta...

Faz tempo, preguei uma peça num grupo de cidadãos da terceira idade. Velhos aposentados. "Inúteis" —comecei a minha fala solenemente. "Então os senhores e as senhoras finalmente chegaram à idade em que são totalmente inúteis..." Foi um pandemônio. Ficaram bravos, me interromperam e trataram de apresentar as provas de que ainda eram úteis. Da sua utilidade dependia o sentido de suas vidas.


Minha provocação dera o resultado esperado. Comecei, mansamente, a argumentar. "Então vocês encontram sentido para suas vidas na sua utilidade. Vocês são ferramentas. Não serão jogados no lixo. Vassouras, mesmo velhas, são úteis. Uma música do Tom Jobim é inútil. Não há o que fazer com ela. Os senhores e as senhoras estão me dizendo que se parecem mais com as vassouras que com a música do Tom... Papel higiênico é muito útil. Não é preciso explicar. Mas um poema da Cecília Meireles é inútil. Não é ferramenta. Não há o que fazer com ele. Os senhores e as senhoras estão me dizendo que preferem a companhia do papel higiênico à do poema da Cecília..." E assim fui acrescentando exemplos. De repente os seus rostos se modificaram e compreenderam... A vida não se justifica pela utilidade, mas pelo prazer e pela alegria —moradores da ordem da fruição. Por isso Oswald de Andrade, no "Manifesto Antropofágico", repetiu várias vezes: "A alegria é a prova dos nove, a alegria é a prova dos nove...".

E foi precisamente isso o que disse santo Agostinho. As coisas da caixa de ferramentas, do poder, são meios de vida, necessários para a sobrevivência (saúde é uma das coisas que moram na caixa de ferramentas. Saúde é poder. Mas há muitas pessoas que gozam de perfeita saúde física e, a despeito disso, se matam de tédio). As ferramentas não nos dão razões para viver; são chaves para a caixa dos brinquedos.

Santo Agostinho não usou a palavra "brinquedo". Sou eu quem a usa porque não encontro outra mais apropriada. Armar quebra-cabeças, empinar pipa, rodar pião, jogar xadrez ou bilboquê, jogar sinuca, dançar, ler um conto, ver caleidoscópio: tudo isso não leva a nada. Essas coisas não existem para levar a coisa alguma. Quem está brincando já chegou. Comparem a intensidade das crianças ao brincar com o seu sofrimento ao fazer fichas de leitura! Afinal de contas, para que servem as fichas de leitura? São úteis? Dão prazer? Livros podem ser brinquedos? O inglês e o alemão têm uma felicidade que não temos. Têm uma única palavra para se referir ao brinquedo e à arte. No inglês, "play". No alemão, "spielen". Arte e brinquedo são a mesma coisa: atividades inúteis que dão prazer e alegria. Poesia, música, pintura, escultura, dança, teatro, culinária: são brincadeiras que inventamos para que o corpo encontre a felicidade, ainda que em breves momentos de distração, como diria Guimarães Rosa.

Esse é o resumo da minha filosofia da educação. Resta perguntar: os saberes que se ensinam em nossas escolas são ferramentas? Tornam os alunos mais competentes para executar as tarefas práticas do cotidiano? E eles, alunos, aprendem a ver os objetos do mundo como se fossem brinquedos? Têm mais alegria? Infelizmente, não há avaliações de múltipla escolha para medir alegria..

http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u877.shtml
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www.rubemalves.com.br
Rubem Alves é professor da Unicamp, psicanalista, escritor e um dos mais competentes e sensíveis estudiosos brasileiros do processo pedagógico.
Biografia: http://www.releituras.com/rubemalves_bio.asp

sábado, novembro 18, 2006

Respirar antes de atacar a tarefa 4...


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http://www.vladstudio.com/

Tarefa 4

Estou em formação até Dezembro (desde Outubro)... Estão lembrados...
Sim.
Apetecia-me uma sabática paragem para poder dedicar-me a aprender o que gostaria de aprender, sem atropelar tarefas e andar a tocar mais de imensas delas superficialmente, não conseguindo aprofundar nenhuma como quero.

Está quase sol lá fora...
Está.
E eu aqui dentro.

Mas a tarefa 4, a entregar até amanhã (para ser discutida na sessão de 20) chama por mim.
Foi pedida na segunda passada, à noite. Terça estive, sem interrupção, das 8:30 às 22:30 da noite em funções de escola (a última, uma reunião de CT com pais). Mais um bocadinho e fazia 35 horas num dia... :)
Quarta, tentei, numa magra manhã, preparar minimamente as tarefas a fazer com os alunos... avançar na preparação da feira do livro, cursos de monitores e mais mil coisas... a tarde com aulas e um bocadinho de BE-CRE... regressar a casa com testes para ver na mala. Mal consegui tocar-lhes para terminar as tarefas que se acrescentaram à lista durante o dia.
(Passo a publicidade: já experimentaram aqueles pacotes de raviolis congelados de requeijão e espinafre? Não? Bem... de há uns tempos para cá... é como se fosse a ração dos gatos... percebo agora a monotonia que deve ser comer quase todos os dias a mesma coisa...)
Quinta bem cedo na escola... aulas e BE-CRE até às 15... Depois reunião do Departamento de Matemática, até quase à hora da formação, para reformulação do Plano de Acção de Matemática - é a segunda reunião (este plano rouba tanto tempo à preparação de aulas e materiais para as próprias aulas de matemática, que ainda estou com dificuldade em perceber qual é a ideia...). Logo de seguida, sem jantar, formação das 18:30 às 21:30... bem gira por sinal... em torno das potencialidades do vídeo na animação de BEs e leitura e sei lá mais, na criatividade, na produção de materiais... nem consegui aprofundar o que queria (e se o assunto me interessa!), pois ainda tentei ver uns testes... adormeci tarde e levantei-me de madrugada para ir cedo à livraria (em Setúbal) escolher livros para a feira... depois, correr de seguida para a escola... aulas o dia todo e BE-CRE... noite: tentar avançar nos testes, mas sem conseguir acabar.

Hoje, sábado.
Agora vejo o sol a brilhar. Convidando.
Mais um fim-de-semana aqui fechada.

Sei qual seria a alternativa: deixar cair as metas que me impus enquanto coordenadora do CRE... nada de página na net, boletim, blogues, animações em grande escala, e fazer apenas os trabalhos rotineiros que assegurassem um funcionamento digno dentro das regras exigidas, guardando o tempo para as imensas reuniões, papelada e burocracias. Nada de muitos extras com as turmas: dramatizações, blogues, actividades de enriquecimento, visitas de estudo, apenas o estritamente necessário para aprenderem bem e depressa tudo, o programinha cumprido sem flores. Ficava mais tempo para as planificações de PCTs, as imensas reuniões, as burocracias... Ainda não sou (fui) capaz. Mas dêem-me mais uns anos de funcionalismo, de tarefinhas em lista acumuladas por ordem superior, de uma componente individual que não chega para coisa alguma (sempre consegui manter uma actividade pessoal de estudo e enriquecimento de competências didácticas e pedagógicas, de há dois anos para cá isso acabou) e, quem sabe?, para lá caminharei...
(Saudade de um tempo em que marcava horas extra do meu tempo com os meus alunos para ensaios, actividades de recuperação...trabalhava em tempos extra com colegas de grupo ou de projecto, gestão autónoma das actividades e necessidades... me dedicava ao estudo e preparação de materiais e estratégias mais inovadores em cada ano, agora esses tempos são gastos em apoios a outros alunos, em acompanhamento de turmas, que não as nossas... planos de acção de matemática sem que os professores do departamento de matemática tenham sequer tempo para reunir e articular, aferir estratégias e modos de avaliação... preencher fichas estéreis e sem sentido... Que culpa temos nós da existência dos que pouco faziam? Agora esses continuam emocionalmente afastados e a cumprir horário, os outros, que asseguraram durante muito tempo o funcionamento e a vida das escolas, estão a ficar fartos, cansados, à beira de se deixar esmagar e passar a cumprir o minimamente necessário... qual a lógica? Quanto tempo mais conseguimos resistir? )

Ainda testes para ver. Imensa coisa do CRE para dar "despacho". A casa, campo de batalha, e a tarefa 4 a gritar por mim. (E se grita alto. O prazo aperta-se. Amanhã, Domingo, é a data limite...)

Mas não foi preguiça, senhor formador, não foi. Vou tentar fazer o melhor ao meu alcance, mas não prometo conseguir.

Deixo aqui o que tenho de fazer, os materiais que terei de consultar para cumprir o que me é pedido.
Ajuize quem quiser, o que quiser. Isto não é nem foi uma lamúria. Não tenho feitio para lamúrias. Quando tiver de tomar decisões, tomá-las-ei. Foi um simples retrato do real. Pelo menos do meu real.
(sem foto... quem precisa de uma?).

Tarefa 4

De acordo com um dos modelos de classificação de atitudes, elaborar um questionário de atitudes sobre leitura no domicílio:
Dirigido a alunos
Elaborar entre 5 a 7 questões
Estabelecer as respostas possíveis de acordo com o modelo de classificação de atitudes utilizado
Em nota:
identificar o modelo classificação de atitudes utilizado
identificar o nível etário dos alunos a quem o questionário se irá aplicar
Nota: existindo vários modelos, seria melhor utilizar apenas um deles no questionário, servido aqui o modelo de Likert como modelo de trabalho pela sua simplicidade. No entanto outros modelos apresentam soluções igualmente interessantes e podem ser utilizados em alternativa.
Enviar para o e-mail do formador até dia 19 de Novembro.

Documentos de apoio
- em Materiais
Exemplo de aplicação da escala de Likert numa biblioteca escolar:Documento PDF: Student Learning Thr Through ough Ohio School Libraries:
oelma_report_of_findings.pdf (25 páginas)
- Documentos online:
Informação teórica sobre escalas de Likert e Thurstone: "Era da Medição de Atitudes"
www.hoops.pt/psicologia/psico2.htm (1 página)
Tânia Modesto Veludo de Oliveira - Escalas de Mensuração de Atitudes: Thurstone, Osgood, Stapel, Likert, Guttman, Alpert -
www.fecap.br/adm_online/art22/tania.htm (21 páginas)
- Recursos extra:
Atitudes e mudança de atitudes:
http://cwx.prenhall.com/bookbind/pubbooks/aronson/chapter7/deluxe.html
Processos duais da persuasão:
www.as.wvu.edu/~sbb/comm221/chapters/dual.htm
Persuasão e propaganda:
www.socialpsychology.org/social.htm#persuasion
Persuasão e características das mensagens:
www.as.wvu.edu/~sbb/comm221/chapters/message.htm

(contem vocês as páginas todas...)


socorro!





(E se houver aí alguém ironicamente a pensar: oh miúda! Então e o blogue da teia e o das poesias... não era melhor aproveitares essa meia hora em média por dia para adiantar tarefas úteis? Eu respondo: sufocaria. Preciso de alguma janela aberta para respirar... Às vezes meia-hora chega. Por enquanto.)


quinta-feira, novembro 16, 2006

Aqui há gato...

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Se é verdade que, com frequência, partilho o prazer da leitura em circunstâncias várias, com todo o tipo de pessoas e nos mais variados contextos (quantas vezes um poema de Pina na aula de Matemática? Um de Gedeão na aula de Ciências?), não é menos verdade que nunca me lembrei de o fazer com três companheiros a quem roubei o escuro e feridas de rua, oferecendo-lhes em troca cuidado e claridade.
Podem dizer-me: São gatos, ora! Faz algum sentido ler uma história a um gato? Talvez tenham razão... mas se falamos com eles, por que razão não faria sentido oferecer-lhes um som menos banal e funcional, um som que tenha sido escolhido com critério e cuidado para dar prazer a quem serve e a quem recebe o petisco?
Resolvi arriscar, mesmo antecipando a complexidade da missão.
Primeiro, escolher. História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar? O G é um gato enroscado? Percorri a prateleira e encontrei, quase escondido, o sabor certo pedindo para ter o prazer de ser recordado em voz alta: O Gato e o Escuro de Mia Couto. Creio que queria fazer com que a negra Pantera (a adoptada mais recente) não se sentisse a sombra da casa na cor e na alma (isto, claro, acreditando que em cada gato mora uma alma... ou até mais do que uma).
Texto escolhido na mão, dou o passo seguinte. Era preciso reuni-los todos à minha volta e sobre a cama (melhor sítio para ler). Depois mantê-los acordados... Ainda pensei em explicar-lhes que não era bonito adormecerem enroscados enquanto lesse para eles, mas decidi não o fazer. É responsabilidade minha não os deixar adormecer, pensei. Também consegui ceder à tentação de ter perto de mim, bem à vista, as suas guloseimas favoritas. Optei por confiar apenas no poder exclusivo da expressão genuína do meu prazer, sem envolver aromas paralelos com cor a chantagem.
Portanto, dispensando quaisquer acessórios ou explicações, comecei.
“Vejam, meus filhos, o gatinho preto sentado no cimo desta história...”. De soslaio, pareceu-me vê-los franzir os bigodes de estranheza: Gatinho? Ela disse Gatinho? Mas eu sou uma gata!... Por que razão está ela em cima da história e não nós os dois que somos mais antigos na casa? Mas podia ter sido apenas impressão minha. Tendência para interpretar os movimentos dos ouvintes a nosso desfavor, se a falta de confiança no sucesso da missão ultrapassar a entrega e o prazer...
Continuei, pois, cada vez mais esquecida deles e mais concentrada nesse prazer que sempre me oferecem as palavras deliciosaborosas do Mia. “... vou aqui contar como aconteceu essa trespassagem de claro para escuro...”. Eu olhava agora, sem ver, os olhos abertos dos ouvintes, sem perceber que o meu entusiasmo crescente se ia entranhando no pêlo deles, de forma diferente em cada um. A preta Pantera estava feliz por ver o escuro no centro das atenções, o branco Jasmim concentrava o azul safira dos seus olhos no sonho de brincar “nessa linha onde o dia faz fronteira com a noite”, o Clóvis, mais velho, imaginava-se Pai, em vez da mãe da história, a cuidar dos seus, a consolar tristezas, a pronunciar palavras sábias “dentro de cada um há o seu escuro. E nesse escuro só mora quem lá inventamos...” e a deixar o escuro “ataratonto” ao perguntar-lhe se queria ser seu filho...
As palavras do Mia sairam de si próprio a saber ao que ele mais gosta. Na minha boca passaram a ser mousse de chocolate (sobremesa favorita) e, mal fugiam de mim, transformavam-se no petisco preferido de cada um dos gatos. Eu era também, ao mesmo tempo, “mãe gata sorrindo bondades, ronroronando ternuras” não para o escuro, não para os meus ouvintes, mas para mim própria, lá no sítio onde se vive quando estamos a ler deslembrados do mundo. Tão bom esse deslumbramento...
E assim, lá acabámos por nos esquecer todos uns dos outros e perdemo-nos, cada um de nós, em cada um dos caminhos de sonho para onde as palavras nos conseguem arrastar. Desculpem, mas nem me lembro o que aconteceu depois. Deixo o relato sem conclusão.
Quem nos quiser encontrar, espreite bem dentro dos nossos olhos. O que é que vão ver? Não, não será “um gato preto enroscado do outro lado do mundo”. Não é. E nem vos dizemos o que pode ser visto. Nem onde estamos. Onde nos perdemos.
Não basta saber para sentir. É preciso sentir para saber.

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Texto elaborado para uma tarefa da Acção de Formação PPL - Promoção do Prazer da Leitura - Animação da Biblioteca Escolar - curso on-line, realizado na plataforma Prof2000, Centro de Formação de Oliveira de Azeméis. Formador: Paulo Izidoro.

quarta-feira, novembro 15, 2006

VLADSTUDIO

Sede de criar.
Parece um contrasenso. Sede deveria ser de beber... não de dar a beber de nós.
Mas é assim mesmo.
Não tem explicação possível. Quanto mais o tempo nos aperta, mais essa sede se instala e é preciso acalmá-la diariamente. Saciá-la contra toda a lógica, a qualquer inesperada hora.

Quando a sede é muita, os sentidos ficam desassossegadamente sensíveis...
Qualquer coisa inspira: música... sentimentos... imagens...

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Por conta de certas imagens em alguns "blog templates" de que gosto muito
http://www.pannasmontata-templates.net/

cheguei a um outro recanto
http://www.vladstudio.com
e perdi-me nele (num tempo que inventei por dentro do tempo que não há)

sobretudo nesta série, que é a minha favorita:
http://www.vladstudio.com/wallpapers/?keyword=two

Nasceu em segundos um poema para uma delas (depositei-o noutro recanto) ... e suspeito vêm mais a caminho. Para a mesma imagem... para muitas outras...

Ocorreu-me: material excelente para uma oficina de escrita criativa. Para muitas coisas mais. Sonho com ela... assim me deixem largar cargos de coordenação

e entregar-me a um sonho ou outro
lá bem acima das nuvens
onde o sol nunca se esconde!

Um dia...
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terça-feira, novembro 14, 2006

Pequenos diamantes...

Ainda sem a energia habitual, o dia hoje vai de muito cedo a muito tarde praticamente sem interrupção. Reunião de coordenadores de BEs com o SABE toda a manhã na Biblioteca Municipal de Setúbal (vamos mais cedo para montar mini-exposição... portanto, acordar às 6), ... corrida para a escola em Azeitão, aulas das 13:30 às 18:30, reunião de Conselho de Turma, com presença de pais, das 18:45 às 21:15 (começaram as reuniões intercalares)...

Retenho no olhar, como fonte de energia suplementar, algumas imagens que captámos no jardim Domingo de manhã... muitas mais há, escolhi duas.
Sim, orvalho sobre as roseiras.
Sim, a beleza pode ser coisa simples.
Sim, o mundo continua a espantar-me.
Até os dias mais difíceis nos oferecem sempre pequenos diamantes.
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(É bom não desistir de os procurar...)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Recursos - estilos de letras

Provavelmente alguns já conhecem este site... mas como tem sido para mim um recurso indispensável em muitos trabalhos gráficos para os alunos, e não só, divulgo.

http://www.fontgarden.com/

Nele podem encontrar a maior colecção que eu conheço de estilos de letras (e "letras" que não são verdadeiras letras, mas sim verdadeiras colecções de mini clipart... "tratáveis" como palavras).
É actualizado regularmente e o difícil é... escolher.
Tenho no meu PC uma colecção enorme e, de vez em quando, lá acrescento um dos novos estilos...

Para quem não conhece, aconselho a consultar o arquivo, fonts recentes, fonts do dia...

Se mais não fosse, os textos escolhidos para divulgar os estilos são magníficos e encontramos ali inspiração para "frases do dia" ou só motivo para um enorme sorriso (quando não é uma gargalhada).

Divirtam-se!
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domingo, novembro 12, 2006

Histórias Devidas são livro da ASA

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Há tempos, na teia, falei deste programa da RDP - Antena 1 e da forma como os meus pais participaram nele, escrevendo duas das histórias que foram seleccionadas para serem lidas ao público.

http://tempodeteia.blogspot.com/2006/09/histria-devida.html

As histórias enviadas pelos ouvintes, e seleccionadas para serem divulgadas no programa, estão agora, na sua maioria, compiladas em livro editado pela ASA. O lançamento foi ontem na FNAC do Chiado, em Lisboa.
Não podendo estar presente, pedi aos autores que melhor conheço (e estão representados no livro com duas das histórias) para me fazerem a reportagem.
Na mesa encontravam-se, da esquerda para a direita, Rui Pego (Director da Antena 1), Miguel Guilherme (actor e um dos autores do programa, também leitor das histórias), Inês Fonseca Santos (coordenadora do programa), Nuno Artur Silva (o outro autor do programa) e Manuel Valente (da editora ASA). Sala cheia, é claro!
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E assim, hoje, é com prazer e um orgulho muito especiais que divulgo esta obra tão doce feita de pedacinhos de vida de tanta gente… também da minha gente.

A não perder.
(Eu já tenho o meu exemplar, oferecido por dois dos autores…)

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Inês Fonseca Santos, Nuno Artur Silva e Miguel Guilherme, nos estúdios da Antena 1, durante as gravações de um dos programas d'A História Devida.

http://www.ahistoriadevida.blogspot.com/

sábado, novembro 11, 2006

'tá-se bem...


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A vida destes meus gatos é tão difícil...