O ano começou com breve diagnóstico confiando na sua sinceridade.
Não me espantaram as respostas. A maioria não gostava de matemática, havendo pontos onde o terror se concentra(va): problemas, reduções... divisões...
Pedi que atribuíssem pontos à sua relação com a disciplina:
1 - Não gosto nada, dir-se-ia até que detesto,
2 - Não gosto... mas enfim... aguenta-se
3 - Gosto, mas não morro de amores
4 - Gosto bastante, mas há coisas de que gosto mais...
5 - Adoro matemática! Sou fã!
Foram MUITO honestos e, claro, como já vos disse há tempos, lá ganhei eu um desafio...
Quase dois meses depois, a evolução é visível e fazem questão de mo ir comunicando. Estão a gostar mais, vão perdendo alguns receios, ainda que outros persistam e precisem de atenção continuada.
Eles são 28, o que em nada facilita a tarefa. Gostava de ver alguns dos "teóricos" numa sala de aula a trabalhar com estes meninos todos, algumas poucas vezes por semana, e a tentar fazer algum tipo de trabalho diferenciado e individualizado com todos a chamar por nós... Claro que não consigo "correr" à velocidade que devia... (quem sabe não serei um dia prejudicada por não cumprir o programa exactamente como ele devia ser "cumprido", seja lá o que isso for!)
Alguns dos trabalhos em torno das planificações de vários sólidos tiveram sucesso (que é visível no cuidado posto na execução e decoração)... e a investigação sobre planificações do cubo, para alguns alunos, tornou-se num prolongamento da técnica que lhes ensino para fazer dos seus cadernos verdadeiros laboratórios de estudo prático (permitindo passar do plano às três dimensões num gesto simples). Dizia a S., a propósito de uma aula em que, em conjunto, íamos descobrindo e testando planificações do cubo, tendo por base a pesquisa individual proposta como TPC: Isto é divertido! Até parece que estamos a fazer experiências!
E, claro, quando sobram uns minutos no fim, lá ensaiamos o nosso hino, ou lemos um poema...
Podem encontrar os materiais que permitem reproduzir a actividade com alunos (ou filhotes) em:
http://www.saborsaber.com/INDEX/MATEMATICA/5/mat5.htm
http://www.saborsaber.com/INDEX/MATEMATICA/fichamatsolidosA4.jpg
http://www.saborsaber.com/INDEX/MATEMATICA/5/fichas5/solidosinstrucoes.doc
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As imagens que se seguem são exactamente o que dá cor e forma à luta que é preciso continuar.
A metáfora provando que é possível erguermo-nos com dignidade sempre que o desejarmos, por muito que nos queiram submersos, aplanados, submissos, esmagados...
É possível sermos professores a "três dimensões"...
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ADENDA: Ao tentar emendar um endereço que estava longo demais, perdi parte importante desta entrada... remendei o que pude mas não consigo reescrever o texto original que desapareceu e que era longo (não tinha nada gravado, pois é ao sabor da pena... riscos!). Pena... Nem tempo já, nem capacidade para tanto...
Na essência transmitia a minha intenção de continuar a lutar e a manifestar o meu desagrado/desgosto pelo estado de coisas, da forma que me é possível, nos próximos dois dias (explicando por que acreditava que os pais não ficariam aborrecidos). Claro que eu não consegui dizer isso em duas palavrinhas... as palavras são como as cerejas...
Recordação
Há 5 anos
5 comentários:
Permiti-me referir este teu post no meu cantinho, pois especialmente a parte inicial transportou-me para as minhas memórias. Ou seja, foste 'responsável' por eu me pôr a escrever quando ando sem paciência, a refugiar-me em intervalos. Espero que não te importes, pois, a seguir à referência ao teu post, derivei para 'outras questões'.
Claro que não me importo! Pelo contrário! Fui até lá ler-te e deixar umas palavrinhas.
Obrigada!
Beijinhos
Já «aqui» não vinha há uns tempitos... (tenho andado demasiado ocupada para ter tempo para mim) É sempre bom «ler-te», a ti e à ternura que deixas transparecer da tua relação com os alunos e com a escola.
Um professor a três dimensões... gostei muito da ideia...
Bj.
Obrigada emn... estás como eu... lá se aproveita um niquinho ou outro... tudo a correr... E Tit... há por aí muitos profs 3D... felizmente!
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