Um amigo deixou-me este escrito no correio por conta do desabafo de ontem...
... pedi autorização e partilho.
(É que são palavras que estamos precisados de ouvir...)
Algumas palavras que disseste:
As crianças mudaram.../... desumanizou-se .../... massa anónima,
.../... ficar assim tudo bem à superfície.../... lavarem as mãozinhas...
.../... a culpa será sempre nossa.../... corrigir o incorrigível
.../... continuar na mesma linha economicista...
Custa-me estar a viver numa Escola onde agora apenas sou feliz quando
esquecendo tudo o que fica do lado de fora...
Contigo, percebi hoje que o problema não é do ensino, nem da Escola, nem da ministra, nem do País. Deve ser por isso que uma solução tarda. Porque isso que contas é o que se passa em todos os contextos que coloque sob escrutínio, acho.
Se brincares por momentos com as palavras e fizeres uma "construção" como a do Buarque, se substituires crianças, Escola e sala de aula pelos substantivos certos (ai, como se diz agora?), infelizmente consegues que faça sentido, no ambiente, na geopolítica mundial, na fome, ou até mesmo em áreas insuspeitas como a ciência e tecnologia e o showbizz...
É como se houvesse uma guerra surda, generalizada, em que o inimigo anónimo é um crescente manto negro de materialismo e insensibilidade que parece querer tomar conta de qualquer réstia de lucidez e de coisas boas que ainda haja no coração das pessoas.
Acho que percebi também por que é importante continuarmos a ter o tal ânimo que não sabemos muito bem donde vem.
Numa guerra, em qualquer guerra, surge o mais horrível da Humanidade. Mas também vem sempre à tona o melhor de nós, para nos trascendermos na ajuda e solidariedade a quem é apanhado pelo conflito. Ou para resistir.
Nós somos da Resistência.
Por cada criança ou adulto que ensinarmos a amar, a sonhar, a acreditar, demos mais um passinho, pequenino, mas seguro, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.
Por muito que nos custe não conseguir salvar todos, acho mesmo que não importa quantos não ensinámos, o que é importante é quantos ajudámos a ser boas pessoas. Quantos mais forem, maiores são as probabilidades de que a próxima geração consiga alcançar as tréguas com que sonhamos.
"Suddenly the world seems such a perfect place
Suddenly it moves with such a perfect grace
Suddenly my life doesn't seem such a waste"
Parece-te demasiado idealista e lírico, ou achas que faz algum sentido?
Acho que faz muito sentido.
Votos de Boas Festas
Há 6 anos
2 comentários:
Faz todo o sentido. Mas só para quem vê. Para quem crê.
... pois
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