Um Domingo típico de professor preguiçoso que "não deseja ser avaliado"...
Tenho aprendido coisas interessantíssimas sobre as novas formas de fazer investigação em ciências sociais... Isso vai-me ajudando a tentar contar a minha história (e dos meus meninos) com o máximo de rigor possível, mas reconstruindo de forma muito pessoal o modo de o fazer. A bibliografia tem pedras preciosas que me dão cobertura e é engraçado ter uma ideia... pensar com os botões "esta era uma forma engraçada de mostrar algo", esboçar um esquema e depois encontrar num livro recente o suporte para essa intuição. Gosto muito de aprender. Mas neste momento tenho a clara noção que devia estar apenas entregue a isto para o poder fazer de forma realmente completa e rigorosa. Os alunos sentem a minha falta no ciber-espaço (nos tempos extra que lhes oferecia e tive de reduzir) e notam o cansaço acumulado.
Como precisei descansar uns minutos, mas não vou a lado nenhum, aproveito para ir informando quem queira saber (d)as verdades e realidades. Quem já está esclarecido, não precisa de ler o que se segue. É mais do mesmo, bem sei, mas é importante ir reforçando as razões que me levarão a manifestar-me brevemente... Quero ser melhor professora (o ECD diz que a minha formação é um direito e um dever... pois...), quero poder ter mais tempo para o trabalho com os meus alunos. Coisas simples.
Pago a minha formação, os meus livros de estudo, a universidade (e as propinas extra por não conseguir dar resposta em tempo útil a tudo o que me falta fazer). Luto pelo respeito por direitos essenciais, de forma a poder cumprir correctamente os meus deveres. Coisas simples.
Ah! E gostava de ser avaliada com clareza e justiça...
Porque na dança dos lugares vagos nas cadeiras e tu já não cabes (sem lei, nem grei) gerou-se uma estranha mistura... quem avalia quem é assim uma espécie de jogo de sorte ou azar de escola para escola, de departamento para departamento... não assenta em critérios sérios nem em qualificações específicas para essa função.
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Recordo aqui a alínea f) dos objectivos individuais... pois à conta dela (se a avaliação continuar nestes moldes) terei ZERO pontos no espacinho D da grelha que o presidente do CE vai preencher sobre mim (participação do docente em acções de formação contínua - número de créditos) . Em contrapartida, no(s) espacinho C.4 e afins (C.4.1 e C.4.1.1) da grelha, referente à participação e dinamização de projectos de investigação, desenvolvimento e inovação educativa... ui! (Se é o que eu penso... conto resmas no meu desempenho!) :) Lá na grelha há um espacinho para a classificação desta coisa:... se acharem que evidencio sempre(!?) e sou excelente ... terei direito a 10 pontos... (hummmm... que evidências se observarão para classificar a coisa?) até podem achar que evidencio só quase sempre (?!) e vai daí são só 8 pontos... ou só evidencio(?!)...)... Mas será por causa dessa eventual razoável nota nessa coisa da inovação que o outro parâmetro da outra coisa dos créditos pela formação vai ser insuficiente... É que, desculpem lá senhores ministros, secretários e afins, ao contrário de vocês, super-homens e super-mulheres que nas vossas imensas grelhas sois avaliados em todos os espacinhos com "evidencia sempre excelentemente", eu cá sou apenas uma pessoa normal a tentar gerir as 24 horas do dia e que se levanta antes das 6 da manhã ao Domingo.
f) formação contínua adequada ao cumprimento de um plano individual
de desenvolvimento profissional do docente
Não apresento créditos obtidos em formação, pelas razões seguintes:
O meu processo de formação e desenvolvimento profissional ainda se encontra a decorrer (âmbito: Ciências da Educação - Tecnologias Educativas – TIC – Matemática – Investigação-acção em contexto de turma, no âmbito do Curso de Mestrado na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa – 2007/2009)
... resto AQUI (decidi encurtar a entrada)
Nota (apenas para quem não me conheça e não tenha acompanhado o trabalho na teia): no ano lectivo que passou faltei apenas uma vez a uma aula de Estudo Acompanhado para ir ao encontro das Palavras Andarilhas e a cerca de 4 reuniões de Departamento que coincidiram com aulas na Universidade (fui informada que isso me penalizaria ... deve ser nos espacinhos da minha colaboração com as estruturas disto e daquilo... embora eu seja dos professores que mais contribui com materiais para o trabalho do Dep...). A actividade do mestrado foi centrada nos alunos e eles e os pais adoraram a experiência (no final pediram que fosse eu a continuar com os seus filhotes...). Devido ao facto de me terem atribuído no ano lectivo passado 4 níveis, fora outras actividades, e ter um horário misto "esburacado", não consegui fazer tudo o que era preciso e, portanto, foi impossível entregar a tese - iniciada em Janeiro 08 - até 15 de Outubro. Já paguei perto de 500 euros no mês passado por mais meio semestre... mas pela forma como a nossa atenção tem sido desviada para os papéis... serão mais 500 depois de Dezembro.
Esta entrada é apenas um contributo (com rosto e nome) para a denúncia do que se está a viver. Às vezes preciso de interromper o fio da poesia...
9 comentários:
Teresa,
lá pelo teu estaminé (vulgo escola), já alguém te explicou o que é essa coisa da inovação em educação? É que eu já pedi que me explicassem bem explicadinho (como se fosse uma criancinha de três anos) o que é ser inovador (dando exemplos) mas ainda estou à espera.
Ah! E já não pergunto como é que posso ser inovador se passar o tempo a preencher vacuidades (perdão, grelhas, grelhinhas e outras coisas quejandas).
eh eh eh... reparaste nos meus (?!)... evidencia o quê? Em quê? Quem vê? E, sim, inovar como... se nos querem apenas aos papéis?
Mania de fazeres perguntas difíceis.....
Mas é tão divertido fazer essas perguntas. A malta não está à espera e, de repente, zás, sai uma pergunta...
Enfim, a pessoa e o professor bem se quer alhear das contradições do monstro, mas ele próprio e a sua interpretação nas escolas, fazem e farão mossa, principalmente nos mais dedicados e "desinteressados" pela carreira. Por isso é tão importante travar o monstro e não esquecer que, para além deste, há muito mais a combater...
A avaliação é só uma pata do monstro... se os problemas todos fossem (só) este.............
Esta aberração (perdão, avaliação) teve um enorme dom: trazer à tona a incompetência e sede de poder de alguns colegas que, nalguns casos, andava bem disfarçada.
Parabéns pelo seu trabalho inovador.
quando li o seu post, fiquei um pouco aliviada, peço desculpa pela expressão, mas faço, sempre fiz projectos com os meus alunos. Hoje mais do nunca sinto que os mesmos incomodam. Parece que agora todos querem participar em projectos, mas não sabem como, porque nunca o fizeram... por isso o caminho mais fácil é criticar o que os outros fazem.
O que há um ano atrás era tão giro, comentários dos mesmos, hoje tem defeitos para todos os gostos.
Pois...
Agora o que é importante é aderir à grelha... Projectos? Para quê?
É triste...
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