sábado, novembro 15, 2008

Depois da reunião de ontem...

O que foi possível...

Resistências: Agrupamento Vertical De Escolas De Azeitão
(via Umbigo)

Embora já aqui divulgados, embora elaborados com intuito diferente do que me foi pedido, expressando toda a minha perplexidade, os meus ois estão na gaveta (não nas mãos do avaliador) e aguardam a evolução dos acontecimentos.

Não se adivinham tempos fáceis.
E, não, não temos o hábito de instrumentalizar as crianças.
Ontem, apesar da confusão à entrada, dei as aulas normalmente.
Na primeira turma faltaram 3 e tive de fazer uma participação de ocorrência por ter sido usado o meu nome nessa turma (boato do tipo: a professora apoiou a greve, disse-me que não marcava falta, disse que não ia dar aulas...) para levar colegas a ficar na rua. Curioso: eu não estava ainda na escola (entro às 10) quando alguém fez correr esse boato, alastrando-o também a outra turma. Isso gerou uma vaga de telefonemas aos pais... que, sorte a minha, me conhecem bem, tendo percebido rapidamente o equívoco e a fonte de toda a confusão. Já viram como podem nascer certas histórias? Estes professores tão ruins...
Não façam das crianças tontas... Elas vêem televisão... não são cegas , nem surdas. Na turma seguinte tinha 15 alunos (faltaram 11). Falo de alunos do 2º ciclo. Trabalhei normalmente de acordo com o previsto, gastando alguns minutos para serenar os ânimos e falar sobre direitos, deveres, idades, causas, conhecimento de causa... separando as águas.
Depois do almoço alguns disseram-me: professora, a revolução já acabou! À tarde vamos ao estudo acompanhado! Ainda sorri à conversa com algumas mães do lado de fora da escola, elas próprias aceitando as crianças a crescer (mas tendo telefonado para alguns filhotes com o célebre: livra-te de faltares às aulas! Mãe é Mãe...). E à tarde foram todos...
E pediram... para aprender as coisas que tinham perdido na aula de Matemática da manhã - correcção de um trabalho de casa importante, teste para a semana... deixei, claro. EA está ao serviço das suas necessidades. Mas falei de coisas como: assumir as consequências das nossas decisões e dos nossos actos.
Assim vão crescendo, com a ajuda de quem lhes quer realmente muito bem (ao contrário de outros) e não deseja instrumentalizá-los... Aprendem a explorar os caminhos da cidadania, como um dia aprenderam a andar e a falar.
Manipulação, medo, chantagem é outra coisa.
Na reunião geral, ontem, escutei esse medo na boca de alguns adultos.
É real. Sabem quem o instrumentaliza?



2 comentários:

EMD disse...

Oportuna e rigorosa, como sempre!Hoje é mpossível voltar as costas às outras coisas da vida, depois da semana que passou.
Faz do teu também o meu silêncio.
Beijinhos

Teresa Martinho Marques disse...

Farei. Fiz...
Foi bonito.