... um pratinho bem apresentado faz toda a diferença. Eu sei.
Vende-se melhor e mais depressa. Eu sei.
Mesmo que a verdade apregoada seja mentira.
Que o bom sabor antecipado depois de saboreado desiluda.
A seguir, só nos pode valer a memória.
Para não voltar a cair no engano. No engodo. Na armadilha.
A memória já não é o que era. Eu sei.
Procuro sempre desenvolvê-la nos alunos - decorar poemas e textos para recitar e canções para cantar... Faz-lhes bem.
Eu insisto. Não se compreende de cabeça vazia. A seguir ensino como se abrem os olhos.
Como se vê em vez de se olhar.
Não quero que um dia lhes aconteça o que nos acontece frequentemente a nós.
Esta coisa de cobra em cesto à frente de flauta.
Uma amnésia anestesiante que nos faz esquecer que temos dentes. E temos razões.
Tipografia, sim. Eu sei.
Bonito. Convincente. Parece fazer sempre um qualquer artístico sentido. Mas procurem o conteúdo abaixo da superfície.
Olhem mais longe. Mais fundo. Escutem o não dito.
A mentira engole-se mesmo sem darmos por nada.
Mas vamos sempre a tempo.
Desculpem esta bulímica sugestão: dedos na garganta
(depois a verdade já tem espaço para entrar).
Recordação
Há 5 anos
2 comentários:
PORQUE
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen dedicado ao seu marido Sousa Tavares.
E eu dedico aqui à Teia Resistente da 3za.
Este mês de Novembro no Blog Leitura Partilhada vamos ler a poesia de Sophia,
se quiseres, partecipa! És muito bemvinda! :)
:) Obrigada... Bela iniciativa a vossa!
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