Alguém se lembrou de perguntar a MLR quem avalia quem e com que critérios foram definidos os avaliadores? Como foi arbitrária a divisão em professores e titulares (avaliadores) gerada por um ECD sem nexo (nas ilhas a divisão não aconteceu, o que é outro mistério insolúvel: um país e dois ECD) que contabilizou parâmetros absurdos de apenas sete anos, entre as dezenas que construiram o caminho dos professores e que, através das cotas em cada escola, permitiu a alguns chegar a titulares quando em condições idênticas ou muito superiores - o mais comum - o não conseguiram outros professores noutras escolas? Como é possível ter professores de uma área a avaliar professores de diferentes áreas que não a sua? A minha avaliadora (Ciências e Matemática do 2º Ciclo) terá de avaliar todos os professores de informática do 3º Ciclo. Se é anedota? É o rigor apregoado... Como é possível ter, em muitos (demasiados) casos, professores menos qualificados a avaliar outros com maior graduação e mais currículo? Como é possível ter parâmetros que só se aplicam a certos professores, sem que haja tratamento diferenciado dessas disciplinas, num claro atentado à mais elementar justiça do processo por colocar as pessoas em situação de desigualdade?
Alguém perguntou a MLR o que é isso de haver um Despacho que permite aos avaliadores faltar às suas próprias aulas para ir observar as dos colegas e lhes impõe a análise de dezenas de portefólios, materiais e reuniões com os avaliados em vez de preparar as suas próprias aulas? Que a "leizita" a permitir a delegação de competências está escondida na proposta de orçamento para "facilitar" e foi arranjadinha para calar as dúvidas legítimas dos professores sobre quem os vai avaliar?
Um erro laborado sobre uma imensidade de erros é o "único modelo disponível"? O único que conseguiram produzir?
Estou esclarecida.
Tanto quanto fiquei quando ouvi MLR num prós e (prós?) afirmar que não entendia a dificuldade dos professores avaliarem outros professores, pois sempre tinham avaliado alunos... Obviamente. Isto é tudo a mesma coisa. Daí a razão de se poder avaliar qualquer professor de qualquer disciplina independentemente da nossa formação e preencher umas grelhas mesmo que não se perceba o que significa o que lá está. E não há quem depois questione estes disparates quando os escuta. Inenarrável.
Muitas mais perguntas haveria para fazer...
Mas já estou cansada de as fazer.
Tenho sempre esperança que alguém as faça quando tem a oportunidade, mas perco-a em cada entrevista que escuto, em cada discurso político feito de generalidades apanhadas aqui e ali (sem ler e aprofundar os assuntos).
Mas isto sou eu a querer outra espécie de país, daqueles exigentes e não daqueles a fingir que o são, mas começo a achar que é difícil. E isto sou eu a evitar dizer que é impossível para tentar não deixar de acreditar em alguma coisa.
Ah! Renovo a promessa feita mais abaixo... colocando-a no meu espírito sempre à tona de tudo.
A quem vem efervescente e feliz da manifestação, desculpem o azedume... também fiquei contente com a vitória da mobilização... mas tive de escutar antes de vocês, em vários canais e várias vezes, as últimas palavras do dia, sem que ninguém estivesse à altura de fazer emergir a verdade da mentira. (Não fosse ter tomado apenas uma canjinha quente... teria tido uma forte indigestão.)
7 comentários:
Os jornalistas não só não se lembram (não estudam a lição) de fazer essas perguntas, como não sabem desmentir certas afirmações de MLR - ouvi duas que me deixaram atónita, tão atónita que nem sou capaz de adjectivar.
Nem sou capaz de escrever uma palavra no meu cantinho (acabo de pôr uma foto, mais nada).
Sabes, neste momento já nem me preocupo em tentar analisar as razões de cada parte, pois acho que uma coisa se sobrepõe a tudo: com os professores do país inteiro desmoralizados e desmotivados, isso deveria ser razão suficiente para que os governantes aceitassem pôr em causa a sua política educativa. Mas, claro, sei que em política isto é lirismo.
Que estejas melhor, põe-te depressa com a saúde recuperada.
Um beijinho
P.S.
São 23.48, finalmente ouvi na TV (Sic Notícias)algumas das questões que lembras, pelo JMFernandes, d. do Público. Nem gosto especialmente dele, mas ao menos estudou um pouco a lição.
Por isso falei da verdade da mentira... há poucas pessoas que consigam realmente deixar-me incomodada por serem capazes de fazer certas afirmações... Que as façam... nós já sabemos como são certos políticos a laborar nos seus próprios erros, não admitindo falhas "jamais"... Que ninguém os desminta logo ali, ainda me aborrece mais.
E o que dizes já o pensei várias vezes (viste a pista que o Luís deixou na entrada anterior, do De Rerum Natura?) pois... Quanto mais não fosse... era fácil perceber que com os professores neste estado, nada de bom pode acontecer nas escolas...
A ver se consigo ouvir essas perguntas reveladoras de lição estudada...
Enfim...
Um certo desconsolo...
O facto de o corpo estar em baixo também não ajuda... Lá vou andando... mas a falta de ar constante (abuso do inalador)e a tosse são chatas e desmoralizam tanto como certas coisas que ouvimos...
Valeu-me mesmo a tal canjinha: a Mãe do meu cara-metade, que é uma querida, sabendo que eu sozinha acabo por não comer lá grande coisa (ele está no campo), fez-me uma canja deliciosa e veio deixar-ma.
Se MLR tivesse assim o coração e mais alguma coisa do lado certo... percebia...
A senhora Ministra da Educação disse na RTP 1 que este modelo era o único porque levou dois anos a fazer, está na lei e há um documento assinado com os sindicatos. Explicação científica impar e que diz muito sobre a cultura política da responsável pela tutela da educação e sobre a sua competência científica na área da educação.
Com esta afirmação penso que devemos deduzir que a cidadã Maria de Lurdes Rodrigues, enquanto professora do ISCTE, aceitará qualquer trabalho que um aluno lhe entregue desde que: 1) O tema tenha sido aquele que ficou combinado; 2) Tenha levado muito tempo a fazer; 3) O aluno se tenha reunido com Maria de Lurdes Rodrigues. A qualidade será, obviamente, de somenos importância.
Ui!
inenarrável, doloroso, injusto...
As melhoras, Teresa (físicas e as outras que me parecem mais difíceis da alcançar)
Obrigada... tenho de me pôr boa depressa (fisicamente) porque a 15 quero estar no Marquês de Pombal... As outras maleitas é coisa mais complicada... Beijinho
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