A edigital mudou de casa: novo computador, nova versão do sistema operativo, nova estrutura, novas ideias... O novo endereço é http://edigital.homeip.net . (J.L.)
As coisas tristes da educação fazem-nos por vezes esquecer as coisas bonitas da educação.
E como já afirmei: escolho não me esquecer de nada. Portanto. Falemos de coisas boas (com uns pós das coisas absurdas pelo meio)...
Um dos colegas que mais admiro pelo seu carácter, entrega, inteligência, profissionalismo, rigor, exigência, conhecimento profundo das coisas e imenso entusiasmo pela educação e pela escola (um daqueles com quem se brincava: dormiste cá?), que tem marcado a diferença numa escola degradada sem recursos, inspirador deste meu gosto e capacidade de uso das TIC numa perspectiva de verdadeira mudança de "paradigma" (não gosto lá muito desta palavra, mas que dá jeito lá isso dá...), foi um dos professores que, embora com muitos mais pontos do que o necessário para passar a titular em muitas escolas, não conseguiu chegar a titular na sua escola. Se tivesse sido feita uma análise curricular rigorosa e olhados todos os seus projectos e contributos ao longo de TODA a carreira, e se ele desejasse o papel de "inspirador e líder" (não gosto do rótulo de avaliador), com certeza que acederia rapidamente ao topo e nele eu reconheceria o mérito para me poder continuar a ajudar a ser melhor professora (é para isso que eu acho que serve a avaliação e não para me rotular apenas). De bom grado reuniria (como sempre fizemos, eu, ele, a nossa querida colega e Amiga Dora e tantos outros, de livre vontade no tempo em que havia tempo para isso) não para preenchermos grelhas, mas para discutir práticas, processos, inovações, novo conhecimento, criar projectos que trouxeram muitos recursos para a escola... De bom grado partilharíamos aulas e escutaria sugestões para procurar melhores caminhos, ensaiar outras possibilidades, corrigir defeitos... crescer. E ele também me escutaria, sei. Coisas de respeito e admiração mútuos. Estou profundamente cansada do discurso FALSO sobre o prémio do mérito. FALSO e sem qualquer RIGOR. De uma vez por todas assumam que foi uma coisa fruto de ACASO que definiu, através da regulamentação de um ECD sem sentido (mas intencional - não acredito em distracções), quem era titular e quem não era para começar às pressas e sem reflexão o jogo do quem avalia quem. Aborrece-me a mentira, aborrece-me a desinteligência, aborrece-me a desinformação. Felizmente a opinião pública, a comunicação social, alguns comentadores e pessoas influentes começaram a despertar... Gostaríamos que tivessem acreditado em nós há mais tempo...
Felizmente, mais de uma dezena de anos de trabalho em conjunto, antes deste cinzento fabril, celulósico, acriativo e sem nexo, chegaram para depositar no meu banco as tais reservas de energia e conhecimento que ainda estou a usar. Assusta-me, todavia, a ideia de nunca mais podermos regressar ao trabalho criador, inovador e exigente, que devia sustentar a actividade da docência. Assusta-me a imensa falta de sorrisos na escola. O que nós sorríamos a imaginar projectos para os alunos, o que nós gostávamos de gastar tempo a inventar formas de os servir melhor - uma população complicada de Setúbal com vidas indescritíveis no lado marginal do mundo mais escondido da pobreza e da degradação... as conquistas que fizemos para eles! Os sorrisos e genuíno sucesso que levámos a tantas crianças sem esperança!
(Optimismo Maria 3za! A luz pode sempre regressar!! Melhor: a luz VAI regressar.)
Portanto, o JL (professor de História, Língua Portuguesa, TIC, formador credenciado de professores há muitos anos, um curioso fascínio pela Matemática e até pelas Ciências, uma sede de conhecimento muito infinita...) não chegou nem chegará brevemente a titular, tão pouco verá o seu mérito premiado durante muito muito tempo, de acordo com os novos filtros infalíveis do ME. Resta até saber se alguma vez isso acontecerá. Vai ele também iniciar a jornada universitária (que adiou, como eu, em nome da escola) mas, já sabemos, isso na Escola não interessa nada, até o vai prejudicar, tal como me tem acontecido... E ele, tal como eu, gostaria de ver o mérito premiado com a intenção de lhe ser concedido tempo, autonomia e confiança para desenvolver projectos que podem ser embriões de inovação para a escola. Desejamos consequências muito mais úteis e importantes do que subidas na carreira (eu já não posso subir mais - presa ao 5º escalão de professora para a eternidade, enquanto este ECD estiver em vigor - e ele, veremos...).
Agora é mais um professor desiludido, trabalhando marginalmente a desoras para poder manter vivos os sonhos e projectos em mãos, que servem os seus e muitos outros alunos de outras escolas. Afinidades que nos juntam nesta luta contra todos os absurdos.
E o que faz ele nas desoras que ninguém lhe concede?
O que sempre fez.
Alunos e Escola sempre no topo das prioridades.
O seu projecto continua e cresce. Várias pessoas me pediram ajuda, porque o anterior endereço do EDIGITAL mudou e não conseguiam aceder. É por isso que aqui estou hoje. Para partilhar novamente este excelente projecto do JL... Professor exemplar em todas as dimensões, que não viu o seu mérito reconhecido por se encontrar na escola errada à hora errada... Percebem por que a divisão da carreira é algo sem sentido? Porque é prioritário combater o ECD onde nasceram todas as injustiças e desvarios?
Gosto imenso de poder partilhar com ele a condição de "apenas professora", embora na minha escola fosse fácil aceder a titular... apenas 6 professores para 5 vagas... eu não quis, TODOS os restantes candidatos - quem estava no 8º e 9º o são hoje). Não me sentiria bem comigo se me soubesse "acima" dele apenas por um acaso injusto...
(E, já agora, ficar acima da minha colega Alzira que, na altura, no décimo escalão, 60 anos, e por terem desaparecido uns papéis - que agora apareceram - não chegou a titular por lhe terem sido contabilizados apenas 94 pontos... menos um do que o requerido, enquanto pessoas com menos pontos do nosso departamento tiveram lugar e vão poder avaliá-la a ela, pois nos 8º e 9º escalão o que contava eram as vagas e não o número de pontos. Um ponto teria sido suficiente para ser titular...)
Desculpem repetir-me, mas é preciso NÃO ESQUECER e manter a MEMÓRIA ACORDADA...
O ME, apercebendo-se do erro, em vez de acabar com o ECD e as assimetrias e injustiças criadas por ele, criou novo concurso - remendos do erro já habituais - para possíveis arrependidos (aqueles que se recusaram a concorrer... na minha escola, uma das resistentes acabou por ceder) e para os injustiçados do 10º escalão. Não resolve o problema. Como simplificar também não o resolve, pelo contrário.
Remendo a remendo se comete um erro ainda mais tremendo...
As coisas tristes da educação fazem-nos por vezes esquecer as coisas bonitas da educação.
E como já afirmei: escolho não me esquecer de nada. Portanto. Falemos de coisas boas (com uns pós das coisas absurdas pelo meio)...
Um dos colegas que mais admiro pelo seu carácter, entrega, inteligência, profissionalismo, rigor, exigência, conhecimento profundo das coisas e imenso entusiasmo pela educação e pela escola (um daqueles com quem se brincava: dormiste cá?), que tem marcado a diferença numa escola degradada sem recursos, inspirador deste meu gosto e capacidade de uso das TIC numa perspectiva de verdadeira mudança de "paradigma" (não gosto lá muito desta palavra, mas que dá jeito lá isso dá...), foi um dos professores que, embora com muitos mais pontos do que o necessário para passar a titular em muitas escolas, não conseguiu chegar a titular na sua escola. Se tivesse sido feita uma análise curricular rigorosa e olhados todos os seus projectos e contributos ao longo de TODA a carreira, e se ele desejasse o papel de "inspirador e líder" (não gosto do rótulo de avaliador), com certeza que acederia rapidamente ao topo e nele eu reconheceria o mérito para me poder continuar a ajudar a ser melhor professora (é para isso que eu acho que serve a avaliação e não para me rotular apenas). De bom grado reuniria (como sempre fizemos, eu, ele, a nossa querida colega e Amiga Dora e tantos outros, de livre vontade no tempo em que havia tempo para isso) não para preenchermos grelhas, mas para discutir práticas, processos, inovações, novo conhecimento, criar projectos que trouxeram muitos recursos para a escola... De bom grado partilharíamos aulas e escutaria sugestões para procurar melhores caminhos, ensaiar outras possibilidades, corrigir defeitos... crescer. E ele também me escutaria, sei. Coisas de respeito e admiração mútuos. Estou profundamente cansada do discurso FALSO sobre o prémio do mérito. FALSO e sem qualquer RIGOR. De uma vez por todas assumam que foi uma coisa fruto de ACASO que definiu, através da regulamentação de um ECD sem sentido (mas intencional - não acredito em distracções), quem era titular e quem não era para começar às pressas e sem reflexão o jogo do quem avalia quem. Aborrece-me a mentira, aborrece-me a desinteligência, aborrece-me a desinformação. Felizmente a opinião pública, a comunicação social, alguns comentadores e pessoas influentes começaram a despertar... Gostaríamos que tivessem acreditado em nós há mais tempo...
Felizmente, mais de uma dezena de anos de trabalho em conjunto, antes deste cinzento fabril, celulósico, acriativo e sem nexo, chegaram para depositar no meu banco as tais reservas de energia e conhecimento que ainda estou a usar. Assusta-me, todavia, a ideia de nunca mais podermos regressar ao trabalho criador, inovador e exigente, que devia sustentar a actividade da docência. Assusta-me a imensa falta de sorrisos na escola. O que nós sorríamos a imaginar projectos para os alunos, o que nós gostávamos de gastar tempo a inventar formas de os servir melhor - uma população complicada de Setúbal com vidas indescritíveis no lado marginal do mundo mais escondido da pobreza e da degradação... as conquistas que fizemos para eles! Os sorrisos e genuíno sucesso que levámos a tantas crianças sem esperança!
(Optimismo Maria 3za! A luz pode sempre regressar!! Melhor: a luz VAI regressar.)
Portanto, o JL (professor de História, Língua Portuguesa, TIC, formador credenciado de professores há muitos anos, um curioso fascínio pela Matemática e até pelas Ciências, uma sede de conhecimento muito infinita...) não chegou nem chegará brevemente a titular, tão pouco verá o seu mérito premiado durante muito muito tempo, de acordo com os novos filtros infalíveis do ME. Resta até saber se alguma vez isso acontecerá. Vai ele também iniciar a jornada universitária (que adiou, como eu, em nome da escola) mas, já sabemos, isso na Escola não interessa nada, até o vai prejudicar, tal como me tem acontecido... E ele, tal como eu, gostaria de ver o mérito premiado com a intenção de lhe ser concedido tempo, autonomia e confiança para desenvolver projectos que podem ser embriões de inovação para a escola. Desejamos consequências muito mais úteis e importantes do que subidas na carreira (eu já não posso subir mais - presa ao 5º escalão de professora para a eternidade, enquanto este ECD estiver em vigor - e ele, veremos...).
Agora é mais um professor desiludido, trabalhando marginalmente a desoras para poder manter vivos os sonhos e projectos em mãos, que servem os seus e muitos outros alunos de outras escolas. Afinidades que nos juntam nesta luta contra todos os absurdos.
E o que faz ele nas desoras que ninguém lhe concede?
O que sempre fez.
Alunos e Escola sempre no topo das prioridades.
O seu projecto continua e cresce. Várias pessoas me pediram ajuda, porque o anterior endereço do EDIGITAL mudou e não conseguiam aceder. É por isso que aqui estou hoje. Para partilhar novamente este excelente projecto do JL... Professor exemplar em todas as dimensões, que não viu o seu mérito reconhecido por se encontrar na escola errada à hora errada... Percebem por que a divisão da carreira é algo sem sentido? Porque é prioritário combater o ECD onde nasceram todas as injustiças e desvarios?
Gosto imenso de poder partilhar com ele a condição de "apenas professora", embora na minha escola fosse fácil aceder a titular... apenas 6 professores para 5 vagas... eu não quis, TODOS os restantes candidatos - quem estava no 8º e 9º o são hoje). Não me sentiria bem comigo se me soubesse "acima" dele apenas por um acaso injusto...
(E, já agora, ficar acima da minha colega Alzira que, na altura, no décimo escalão, 60 anos, e por terem desaparecido uns papéis - que agora apareceram - não chegou a titular por lhe terem sido contabilizados apenas 94 pontos... menos um do que o requerido, enquanto pessoas com menos pontos do nosso departamento tiveram lugar e vão poder avaliá-la a ela, pois nos 8º e 9º escalão o que contava eram as vagas e não o número de pontos. Um ponto teria sido suficiente para ser titular...)
Desculpem repetir-me, mas é preciso NÃO ESQUECER e manter a MEMÓRIA ACORDADA...
O ME, apercebendo-se do erro, em vez de acabar com o ECD e as assimetrias e injustiças criadas por ele, criou novo concurso - remendos do erro já habituais - para possíveis arrependidos (aqueles que se recusaram a concorrer... na minha escola, uma das resistentes acabou por ceder) e para os injustiçados do 10º escalão. Não resolve o problema. Como simplificar também não o resolve, pelo contrário.
Remendo a remendo se comete um erro ainda mais tremendo...
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4 comentários:
Quem conhece a 3za sabe que ela é uma excelente pessoa e por isso não estranhará a adjectivação carinhosa com que me descreveu...
Como disse em 2006 quando a 3za apresentou a primeira versão da edigital, o site ainda está em construção mas desta vez a ideia é mesmo actualizá-lo todas as semanas com os materiais que vou dando aos meus alunos (este ano é o sétimo) e os recursos que vou encontrando na net para os ajudar. Haja tempo e a muito adiada base de dados com a cronologia da História de Portugal (iniciada há seis anos com uma turma) lá verá a luz do dia.
Ah! Só mais uma coisa. Em relação ao lugar de titular: concorri mas estou muito satisfeito por não ter ficado porque, com certeza lá me teriam arregimentado para avaliador, coisa que eu não quero mesmo, mesmo. É que o que eu gosto mesmo é de História (e de TIC e de mais algumas coisas que não vêm para o caso).
Em relação ao reconhecimento: o ano passado houve um grupo de pessoas lá na escola que me quiseram propôr para o "Lurdinhas de Ouro" (vulgo prémio de melhor professor). Soube, por acaso, desta corrente subterrânea e a minha resposta foi que eles deviam estar mas era malucos. Estas coisas faço-as para os alunos e porque me dão gozo. Não quero reconhecimento de um Ministério da Educação ao qual não reconheço competência ou honestidade e que me insultou a mim e aos outros milhares de professores. Sem grande reconhecimento público mas de cabeça erguida.
Conheço essa história do ouro... mas deste lado a resposta foi igual à tua. :)
3za
Olá professora.
Vá ver o meu blogue:
www.cisnedourado.blogspot.com
BJS CISNEDOURADO
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