segunda-feira, novembro 17, 2008

Infidelidade normativa disfarçada de clarificação e simplex...

Que eu conhecia o conceito de infidelidade normativa, lá isso conhecia. Mas era mais assim uma coisa das organizações em reacção à tutela, que, nas margens da sua indizível e mal traçada autonomia, tomavam "certas liberdades" de não cumprir exactamente a lei à letra da lei, para salvaguardar objectivos importantes, metas estabelecidas e usar da sua inteligência intuitiva para corrigir disparates que não eram aplicáveis na prática porque, se o fossem, gerariam efeitos nefastos indesejáveis.
Todavia, ultimamente, ando eu (e andamos muitos) avessa a essa coisa da infidelidade e o que me (nos) apetece realmente é expor os disparates em vez de andar a dar golpes de cintura e coluna a remendar o irremendável, protegendo a tutela da opinião pública. Desta vez, a coisa é tão inaplicável que, ou cai, ou não se pode remendar por iniciativa da organização, mesmo a mando oculto e indirecto da tutela em reuniões, formações e afins. Desta vez escolhemos um outro caminho para proteger os que estão ao nosso cuidado.

Eis então que, por não conseguirem obrigar-nos a ser infiéis, surge no horizonte um novo conceito/efeito sócio-político: a infidelidade normativa praticada pela própria tutela. Que é como quem diz gastar o tempo (mesmo ao Domingo) a laborar em despachos para corrigir disparates de outros decretos e despachos e leis... mas alegando que se destinam a clarificar e simplificar, ou até a justificar a existência de dois pesos e duas medidas consoante e tal... Quantos mais estarão por chegar numa tentativa de salvar a face sem deixar cair o monstro?
(Acabei de recordar o célebre Despacho que permite aos avaliadores faltar a aulas suas para assistir às dos colegas que têm de avaliar... É que a assiduidade conta para a avaliação dos professores, mas... mas... há razões "muito boas" para faltar, devidamente estabelecidas na lei para dar cobertura a outras leis... em nome do interesse dos alunos e da educação, claro... Coisas realmente muito bem pensadas e articuladas e alinhadas e plenas de uma insuspeitável coerência e justiça!)

Em jeito de síntese, para que se compreenda a sequência dos mui frescos e recentes acontecimentos:

Dislates.
Não sei se hei-de rir…
(Via outrÒÓlhar)

A Bem Da Verdade
E Isto Não É Uma Vergonha?
(Via 'Umbigo)


ADENDA:

O Despacho altera a lei (como se pode ler aqui)... não a clarifica. Deixem-se de eufemismos na ânsia de explicar o inexplicável. Convinha alguma seriedade nestes momentos de iluminação em que a opinião pública começa a ficar clarificada sobre as leis, releis e desleis produzidas nos últimos anos por esta equipa. Não há volta a dar, por mais que tentem. Alguma comunicação social também podia aproveitar o momento para ficar mais "esclarecida e clarificada" sobre as situações, desmontando os truques e evitando discrepâncias entre a informação prestada e a realidade.

2 comentários:

Luis Neves disse...

Conferência sobre ensino da Matemática; Gulbenkien; 17 Nov. e 18 Nov.
Dá em directo no site da Gulbenkien!
http://live.fccn.pt/fcg/
e
Programa em:
http://www.gulbenkian.pt/index.php?object=160&article_id=640

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada pela partilha! :)
Divulgarei...