Dia de olhar para rótulos alimentares. Procurar nos rótulos que trouxeram de casa palavras-chave que determinam a definição de lixo alimentar... alimentos que não devem ser consumidos se certos ingredientes os conspurcarem: gorduras hidrogenadas, glutamatos, sulfitos, nitritos... e outros aditivos (a consultar em tabelas de confiança que já havia colocado à sua disposição nos blogues das turmas). Depois os assim-assim, a controlar, com consumo muito muito moderado... gorduras saturadas, edulcorantes (aspartame, acesulfame K, xilitol das pastilhas elásticas - fontes de fenilalanina que as crianças não deviam consumir... excepção feita a certos portadores de certas doenças como a diabetes de tipo 1 - sim eu sei Cisne, tu precisas por vezes destas ajudas - fora isso nunca). Mais outros de que falámos e, ainda, dos desequilíbrios nutricionais: excesso de gorduras ou açúcares em alimentos aparentemente inofensivos.
Oh professora e eu bebo tanto esta bebida (light)! Mas tem essas coisas! Então light não é bom? Depois na mão de outro uma aparentemente inofensiva sopinha de pacote com massinhas.... oh professora... agora é que eu vi... tantos aditivos duvidosos e mais essas coisas da gordura hidrogenada e dos glutamatos!
Oh professora... este leite com chocolate também tem porcarias! E este iogurte de frutas também!
Procurem optar por produtos simples sem sabores... necessitam de menos conservantes e outros aditivos para se manterem.
E a descoberta espantosa que produtos similares da mesma empresa podem ter diferenças abismais entre si: dou o exemplo e mostro produtos de marcas conhecidas e consideradas de qualidade - os cereais podem ter uma composição aceitável, mas depois os pequenos snacks em forma de bolachinhas e barritas... apresentam aditivos duvidosos... alguns são verdadeiro lixo alimentar. E há vinagres "mais limpos" e vinagres com corantes e com nitritos e outras coisas adicionadas. E muitos mais exemplos que nos obrigam a estar atentos a tudo, independentemente do tipo de alimentos, ou da marca que os produz. Não se deixem enganar com os lights, os saudáveis, as marcas, os biológicos, procurem com olho de lince os ingredientes-lixo! Podem estar no alimento mais insuspeito... O rótulo está lá para nos ajudar. Se for verdadeiro o que diz, devidamente controlada a informação.
Nós fazemos o gesto. Nós decidimos. Nós temos o poder.
Para eles é sempre uma surpresa atrás da outra em cada ano.
Vão para casa e falam aos pais. Uns escutam. Outros não.
Hoje disse-lhes que lhes falava não como filhos de alguém, mas como futuros pais e mães de família, com a tremenda responsabilidade de gerir as aquisições para os seus filhos no futuro. Antes os vossos pais não tinham acesso a este conhecimento... vocês agora não podem usar desculpas... fingir que não sabem...
Alguns escutam, outros não.
À saída encontrei a C., da aula da manhã, com um pacote de fritos bizarros na mão... procurava escondê-los atrás do seu corpo disforme e volumoso.
O facto de querer esconder o pacote dos meus olhos foi significativo: reconhece o erro. Falta o gesto. Falei uns minutos com ela sem recriminações.
Nós escolhemos. Nós temos o poder. Não nos queixemos depois.
Mas há muitos que escutam. Que percebem que a "matéria trabalhada" serve exactamente para perceberem por que têm mesmo de mudar. Regularmente aqui vos conto, sempre que passo por esta unidade, os avanços familiares de alguns. Este ano decidi criar uma forma de envolver as famílias no processo, reforçando e celebrando as mudanças de sentido que os levam para caminhos mais saudáveis - o diploma de família (já explico). É que chegam-me tantas histórias engraçadas do género: passei a tomar pequeno-almoço, agora a Mãe está feliz porque nunca mais disse que não à sopa, o Pai diz que eu estou muito mudada, porque já como salada e ontem até comi bróculos! Lá em casa passámos a usar o atum sem gordura e deixámos de comprar sumos com muitos aditivos e bolachas daquelas. Eu agora só bebo água em casa e já não peço porcarias e doces nas idas ao supermercado... Desfiam o rosário de conquistas e, com esses, sei que ajudei a fazer a diferença. Porque os pais atentos perceberam a importância de agarrar a oportunidade. Aconteceu-me este ano um Pai vir pedir-me que ajudasse o filhote a perceber a importância do pequeno-almoço e da refeição ligeira a meio da manhã. Ele ficou convencido e mudou por completo os hábitos (é mais fácil escutar um professor do que os pais).
Então que diploma é este?
Se realmente aconteceram mudanças consistentes, apenas no aluno ou até na família toda, terão de ser registadas num documento bonito e especial (feito com a ajuda de todos em casa) que ateste as mudanças acontecidas... Pode ser feito em computador, à mão, com pinturas, colagens, como desejarem... contando tin-tin por tin-tin tudo o que mudou lá em casa depois de trabalharem esta unidade.... e, muito importante, todos na família assinam, comprovando o testemunho dessas alterações nos hábitos de vida. Também assina o cão? Claro que sim... e o pasarinho e o gato... Rimos.
Claro que quem não mudou nada não faz o diploma. E isto não é um trabalho para "avaliação"... é um trabalho para registo e celebração de conquistas!
Já me disseram que alguns diplomas estão em construção com pais e mães... e eu morro de curiosidade para ver o resultado. Iremos fotografar os diplomas e depois divulgamos nos blogues das turmas.
Enfim...
Os meus objectivos individuais são simples. Sempre foram. Mas é na acção e muitas vezes na criatividade de um improviso não previsto no início do ano, que se cumprem.
De boas intenções está o inferno cheio.
Prefiro, ao tempo gasto a escrevinhar intenções, mais tempo para as acções que fazem realmente a diferença, estejam elas previstas ou não logo no início do ano. Ser professor é assim uma espécie de arte onde nem tudo pode ser nem objectivo, nem planeado. E com as devidas condições, com tempo para fazer realmente o nosso papel como deve ser feito, centrado nos nossos alunos, temos um poder que está a ser completamente desperdiçado com o desvio de energias para tudo o que menos interessa.
À hora do almoço na TV dizia-se que os acidentes vasculares eram a maior causa de morte em Portugal. Acrescente-se que, na maioria dos casos, as causas são os nossos gestos.
Ai sim?
Pois...
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Há 6 anos
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