sexta-feira, outubro 17, 2008

Objectivos individuais - 1

Como prometido, aqui estou eu a partilhar o primeiro dos "ois"
Inicio "o documento" com a descrição do serviço distribuído e algumas características de certos alunos que integram as turmas e dos próprios grupos-turma. Aqui dispenso-vos dessa parte e avanço para a partilha do texto do primeiro Objectivo Individual (ainda poderá vir a ser melhorado, ou ligeiramente enriquecido, mas esta versão primeira pode dar-vos já uma ideia da tónica... do timbre... da sonoridade... da ideia...)

a) melhoria dos resultados escolares dos alunos

Despite the formidable difficulties, I remain optimistic, perhaps because there is to me a contradiction in being simultaneously pessimistic and an educator.
(A Place called School – John Goodlad, 2004 [1984], p. 361)
*

Fica clara nas palavras de Goodlad a minha expectativa para mais este ano lectivo, a mesma expectativa que trago sempre para TODOS os meus alunos no arranque de qualquer ano lectivo: proporcionar-lhes as condições necessárias para experienciarem crescimento e sucesso pessoal (não se confunda com sucesso escolar – níveis superiores a dois) levando em conta as suas características individuais, as suas necessidades e as suas solicitações.

Todos conhecemos a história de Einstein... aluno com insucesso de acordo com os critérios estabelecidos pela norma, todavia...

Por que razão estabeleço esta meta optimista? Fica claro em qualquer documento sobre a avaliação diagnóstica que ela não tem por missão nem meta o estabelecimento de patamares quantitativos, nem tão pouco indicadores numéricos de base para a definição de metas de sucesso quantificáveis, que não sejam sempre de 100%.
Não faz qualquer sentido definir à partida que a expectativa de um professor para uma turma seja a de... vir a reprovar alguns alunos, baseando-se em dados que têm de ser ajuizados com perspectiva crítica e alguma reserva, pois nada dizem sobre o que vai ser o futuro daqueles alunos nas mãos daquele professor, com o trabalho que irá ser desenvolvido naquele ano, nos contextos de vida que a criança experienciará pessoalmente e na escola. O processo de avaliação diagnóstica ou de diagnóstico apenas faz sentido se for regular e estiver sempre integrado no processo de avaliação formativa que é necessariamente diário.
Reforço o que acabo de dizer com o texto da lei:

Despacho Normativo n.o 1/2005 – Avaliação dos alunos
Avaliação diagnóstica: 18 — A avaliação diagnóstica conduz à adopção de estratégias de diferenciação pedagógica e contribui para elaborar, adequar e reformular o projecto curricular de turma, facilitando a integração escolar do aluno, apoiando a orientação escolar e vocacional. Pode ocorrer em qualquer momento do ano lectivo quando articulada com a avaliação formativa.


A este argumento, acrescentam-se outros não menos importantes para fundamentar a minha opção de definir uma meta simples e comprometida de professor empenhado no sucesso de TODOS os alunos, admitindo que TODOS devem ter igualdade de oportunidades e que a avaliação diagnóstica mais não fez do que fornecer orientações que permitirão ao professor orientar o seu trabalho de forma a servir as reais necessidades dos alunos, propiciando-lhes “a realização de aprendizagens bem sucedidas”, sem excluir ninguém à partida, como se se tratassem apenas de números, percentagens e estatísticas. Os alunos são Pessoas. As Pessoas mais importantes de todo este processo.

Lei n.º 3/2008 – Estatuto do Aluno Artigo 13.º Direitos do aluno
a) Usufruir do ensino e de uma educação de qualidade ... em condições de efectiva igualdade de oportunidades no acesso, de forma a propiciar a realização de aprendizagens bem sucedidas;


O ECD, que enferma de graves problemas e incorrecções por não permitir aos professores as condições e direitos que lhes permitam cumprir os seus mais básicos deveres, deixa pelo menos claros alguns desses deveres essenciais para com os alunos. Não estaria a cumpri-los se abdicasse de uma expectativa positiva para TODOS os meus alunos que pudesse ferir a minha acção, apenas para salvaguardar o estabelecido no normativo referente ao processo de avaliação dos docentes – artigo 10.º (Em todos os parâmetros de avaliação em que haja lugar à fixação de objectivos individuais nos termos do artigo anterior, o grau de cumprimento desses objectivos constitui referência essencial da classificação atribuída) e evitar, com expectativas baixas sobre os alunos, uma classificação penalizadora pela diferença entre o desejado e o eventualmente conseguido (em termos de valores quantitativos, já que há sucessos não mensuráveis que fazem dentro da criança toda a diferença para o resto da sua vida.)

Decreto-Lei n.o 15/2007 – ECD Artigo 10º-A Deveres para com os alunos
a) Respeitar ... as diferenças culturais dos alunos valorizando os diferentes saberes e culturas, prevenindo processos de exclusão e discriminação;
b) Promover a formação e realização integral dos alunos, estimulando o desenvolvimento das suas capacidades, a sua autonomia e criatividade;
c) Promover o desenvolvimento do rendimento escolar dos alunos e a qualidade das aprendizagens, ...atendendo à diversidade dos seus conhecimentos e aptidões;
d) Organizar e gerir o processo ensino-aprendizagem, adoptando estratégias de diferenciação pedagógica susceptíveis de responder às necessidades individuais dos alunos;


Em síntese, espero conseguir motivar todos os alunos para darem o seu melhor, crescerem harmoniosamente e, de acordo com a aplicação dos critérios de avaliação estabelecidos na escola, atingirem TODOS o desejado sucesso escolar (quantificável).

Como o farei?

- Tornando prioritárias as tarefas que envolvem directamente o trabalho relacionado com os alunos na gestão do cumprimento do número excessivo de tarefas exigidas para o exíguo tempo de componente não lectiva disponível (actualmente ainda mais reduzido pela quantidade imensa de tarefas de natureza burocrática e o excesso de reuniões);
- Desenvolvendo estratégias e materiais enriquecedores das experiências do aluno, adequados às características de cada um e do grupo, que cativem a atenção e promovam o envolvimento no trabalho, a vontade de melhorar o desempenho e ultrapassar dificuldades e promovam a sua integração na turma (caso dos alunos que não dominam a língua portuguesa ou que chegaram de novo aos grupos), encaminhando-os a todos para uma maior realização individual com reflexo nos resultados escolares;
- Acompanhando criticamente o seu percurso, valorizando e reforçando sem exagero as conquistas pessoais (é importante que o aluno desenvolva uma motivação intrínseca não dependente dos elogios exteriores) e utilizando o erro e as dificuldades como intrumentos para ajudar o aluno a construir caminhos autónomos de recuperação, apoiados à medida pela acção do professor.
- Avaliando formativamente de forma regular e nunca desligada de todo o processo de construção do conhecimento, oferecendo constante retorno de informação ao aluno, que lhe permita auto-regular a sua acção e desenvolver a sua autonomia no processo de auto-avaliação.

uff!

Um já está... (hoje estou o dia inteiro na escola, mas entro ligeiramente mais tarde... aproveito sempre, como posso, os finais de madrugada e inícios de manhã...)

Hoje:

Alunos - 1 (Geração Best) + 1(aulas o dia todo)= 2

Grelhas - 1

Descanso e repouso necessários - 0

Testes - 0

(Simplex? Só para despachar? Não contem com isso... Não se combate um monstro dormindo ou deixando-nos engolir por ele... Temos de ser nós a estar acordados e a ABRIR bem a boca... assinando por baixo.)
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Já chegou, e recomendo (a vocês que aqui chegam com mapa, ou perdidos navegando sem destino, e a outras pessoas que pensam tudo saber sobre este Lugar chamado Escola... :)
A Place Called School
de John I Goodlad - 2004
(edição comemorativa dos 20 anos
passados sobre a primeira edição)

A Place Called School, 2nd edition

10 comentários:

Luis Neves disse...

Frases sobre educação que tirei um jornal -folha do café de mafra.

"Se teus projectos forem para um ano, semeia o grão. Se forem para dez anos, planta uma árvore. Se forem para cem anos, Educa o povo"
(proverbio chinês)

"O objevctivo da educação é a virtude e o desejo de converter-se num bom cidadão"
(Platão)

"Diz-me , e eu esquecerei. Ensina-me e eu lembrar-me-ei. Envolve-me, e eu aprenderei!"
(Autor desconhecido) ?Não foste tu 3za que inventas-te esta frase?

"Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros - É a Única!"
(Albert Schweitzer)

"Para falar ao vento bastam palavras, para falar ao coração são necessárias obras."
(Padre António Vieira)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Pois eu numa formação disse que um dos meus objectivos para este ano lectivo é contribuir para que todos os alunos passem, logo estabeleço à partida, como meta, os 100% de positivas...

questões que eu própria me coloco:
1. se fizer isso, provavelmente não chegarei a ser uma boa professora porque o sucesso escolar depende grande parte do QUERER e da FORÇA de VONTADE dos alunos...
2. se coloco um valor inferior, não estou a ser verdadeira comigo e isto tudo é uma farsa...

Independentemente das minhas dúvidas existenciais, chamaram-me UTÓPICA...

henrique santos disse...

3sa, para começar os oi está ao melhor nível como seria de esperar de ti. Vou acompanhar e divulgar.
Abraço

Anónimo disse...

Só em Janeiro terei de entregar os OI. Decidi que até lá não me desgastarei com os OI: é caso para dizer que estão numa espécie de limbo. ;) Mas agora que me deixei enlear por uma das tuas pontas, irei aproveitar a tua (envolvente... é redundante eu sei) escrita para separar o trigo do joio. :)

Teresa Martinho Marques disse...

POis é Daniela... mas muito do querer e da vontade de muitos alunos passa pela expectativa positiva do professor e pela sua vontade e o seu querer (com os mais pequenos é nítido... se afrouxamos eles afrouxam logo...)
:)Miguel... grande sorte! JAneiro!... eu cá tenho o prazo bem marcadinho: 30 de Outubro... Não houve como escapar... :\
Obrigada Henrique... a ideia é essa... A ver se os oi tb se transformam num exercício de luta e cidadania responsável, em vez de serem mais uma coisa que se tem de fazer e à qual nos conformamos acefalamente...

EMD disse...

Parafraseando, pois :)
Bom fim de semana

Teresa Martinho Marques disse...

:) Bom fim-de-semana!

Anónimo disse...

concordo contigo Teresa... como concordo!! Indo de encontro a isso criei os "5 mandamentos" que exploro nas aulas sempre que oportuno, aplico princípios e técnicas da "educação positiva" com eles e desenvolvo o projecto "Educar pelo Exemplo" com os adultos. Acordei tb com um colega nosso de Vagos para dar uma aula de "motivação e definição de objectivos e metas" para os alunos... são estratégias que espero que resultem, nem que seja a longo prazo! Quero que eles acreditem nas suas capacidades e no seu valor, que não tenham medo de tentar, de arriscar, que encarem os erros e fracassos como fantásticas oportunidades de aprender e que sintam o medo como "Mais Energia para Dobrar Obstáculos"... objectivos: auto-confiança e auto-estima e amor-próprio vindo de dentro para fora.

bjinhos e um excelente fim de semana!

Teresa Martinho Marques disse...

Pois...
Beijinhos e bom fim-de-semana!