quarta-feira, outubro 01, 2008

Engenharia de papel...

... foi a coisa que hoje me tomou tempo demais e continua a tomar... e vai continuar a tomar... planos de acção e afins... disciplinas a dobrar, reuniões a dobrar todas as semanas e até tarde, (trabalho que continua noite fora, como se vê, mas preciso de arrancar isto de mim como um dente: depressa), papéis a dobrar, grelhas a dobrar... metas a dobrar... como, por exemplo, elevar em... uma décima o sucesso de (!)... e... os papelinhos têm de estar todos conformezitos e tal... para olhos internos e alheios (que vêm aí! ui que medo!)... e sempre mais qualquer coisita que falta fazer... mais um papelito para preencher...

...Não fosse a vontade de arrancar cabelos com tantas horas desperdiçadas, talvez me risse desta coisa sem nexo... talvez um dia ria, ou chore... ou quem sabe fuja antes (confesso haver momentos de profunda crise existencial... do tipo.. quem sou... donde vim... para onde vou... o que faço aqui...). Interrompi apenas para vir arejar o desalento.

Tanto tempo gasto a enunciar tudo o que vamos fazer de bonito e belo com os alunos... tão pouco tempo para fazer bem feitas essas coisas bonitas e belas minuciosamente enunciadas...
Paradoxos de uma escola pequena que não reconheço e onde não me revejo.

(O tamanho da letra é a condizer... O cinzento também)

Felizmente ainda há crianças na escola!

(Mas o papel almeja roubar-lhes o natural direito a um lugar de destaque... A bem dizer... o papel já tem, neste momento, o papel principal na escola... e não perdoo aos culpados a ignomínia, o opróbrio, o desdouro...)

4 comentários:

Anónimo disse...

" Felizmente ainda há crianças na escola"
Hoje e desde que começou este ano lectivo (2 semanas, só?!) sinto o mesmo, Teresa.
Sinto-me sufocada!
Parabéns pelo blog que visito diariamente ... e pela escrita belíssima que tem!
Sami

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada Sami... pena nestes encontros partilharmos tantas vezes (vezes demais) este sentimento de sufoco... Seria perfeito partilhar experiências, reflectir sobre práticas... Mas ao tempo que deixou de haver... junta-se a avalanche de coisa nenhuma com que nos levam o tempo que nem existe. Como fazer? Sinceramente... já nem sei bem... Abraço grande. Volta sempre... se conseguires...

Anónimo disse...

E se nos recusassemos todos a preencheros papeis?? Afinal não somos nós professores, alunos e funcionários que fazemos a escola?!

Tb ando tão revoltada Teresa... pq nos deixamos conduzir desta forma tão mansa?? Pq nao temos a coragem de transgredir em benefício das cianças?? Pq vivemos uma cultura de medo em vez de amor??

Desabafos...

Teresa Martinho Marques disse...

Nem sei que te diga Daniela...
Aceitámos muitas das regras do jogo que agora nos colocaram aqui... Pena...