quinta-feira, dezembro 11, 2008

Há quem esteja cansado por umas razões...

... eu cá estou cansada por outras.

E depois dos exercícios literários do ME (cartas, pressões, desmitos, bondades várias e afins) e dos simplexes de várias cores que vão fazendo com que, pela calada, alguns (quantos? quero acreditar que poucos...) que assinaram documentos onde assumiram que não o fariam, acabem por entregar, pela calada, (receosos? envergonhados? pouco convictos? só porque tem de ser? porque não vale mais a pena resistir? e afinal de contas agora até é mais fácil?) os seus ois aos presidentes (que passaram a ser os colectores em vez dos avaliadores)...

... continuo convicta das minhas razões. Mais do que nunca.

Só que a tristeza agora é também maior. Sobra a continuação da resistência individual. A única onde damos a cara ao invés de sermos apenas mais um corpo perdido por entre uma manifestação ou uma greve. Não recrimino nada que não nasça da coerência inteira do princípio ao fim (ainda que não concorde com as razões), mas sentirei um desencanto sem nome se aqueles que ergueram a voz e assinaram a defesa da Escola e da Educação, acabem por ceder à tentação do simplex (venha ele de onde vier), mais uma vez, na esperança de ver este ano resolvido a contento e de forma fácil, tal como foi fácil contar pontos e aceder a titular sem ter de se provar coisa nenhuma. Adiando a esperança, perdendo tempo, menorizando a revisão do ECD, a crença de que há melhores, mais exigentes e justos meios... oferecendo uma imagem de classe que... (não me apetece continuar o pensamento).

No final das contas se contará a história destes tempos...

E por que insisto? Porque nesta avaliação ninguém se interessa genuinamente pelos alunos, por mim ou pelo que faço. Sequer interessa se o que se faz (incluindo a avaliação dos docentes assim cumprida) traz melhor sucesso (do bom, denso e real). Ninguém tem tempo ou paciência para me escutar, ou escutar os outros. A preocupação predominante é cumprir "a lei", salvar a face, fazer o impresso que alguém mandou fazer e preenchê-lo, sem pensar, em conformidade com coisa alguma a fingir rigores que não há. As pessoas assumem que o farão desta forma desimportada... ninguém (a maioria?), mesmo que o faça, levará a sério o que está a fazer e isso a mim, se me deixasse levar, magoaria como murro no estômago. Fingir? Não está no meu feitio. Cumpro o meu trabalho de forma exigente e séria, respeito o meu tempo e o dos alunos. Procuro manter a lucidez e um sorriso, a bem deles.

Não me sobra, pois, a mim, nenhum desse tempo para brincar às (experiências com as) escolinhas faz-de-conta. Hoje isto, amanhã aquilo. Estou cansada, estou. Mas da ignorância atrevida, da arrogância, da prepotência, da falta de estratégia e visão para o essencial. Cansada de trabalhar muito e sempre, cada vez mais, com e pelos alunos, e isso pouco valer. Não sei fazer coisas por fazer, sem convicção, sem rigor e sem exigência.

Não é teimosia, é persistir em levar a sério aquilo que parece ser, para alguns, uma simples brincadeira legitimada por papéis que se sobrepõem em resmas avulsas falhas de sentido e conhecimento... falhas de paixão e genuíno interesse pelos problemas da educação...

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A propósito da falta de seriedade (que não é um mito):

Ortodoxias - Dos 10 mitos sobre a avaliação de desempenho docente Terrear

A Avaliação Explicada Aos Professorzecos A Educação do meu Umbigo

2 comentários:

IC disse...

3za, na primeira parte do teu texto parece-me perceber algo que tenho estado a temer que comece a acontecer (ou já esteja a acontecer) nas escolas. Não explicito porque posso estar enganada (oxalá esteja), mas a unidade ou união dificilmente será mais do que momentaneamente aparente quando o que sempre observámos é que há... 'uns', e 'outros', e 'outros'. Lutar a sério e com determinação é coisa que não se compadece com medos ( e até há muitos medos inconsistentes ou por ignorância) ou com a tentação do mais cómodo.
Desculpa se não te percebi, mas mesmo que não tenha percebido acho que isso não invalida o que estou a imaginar e a recear.
A tua coerência é exemplar. Só te posso dizer que nunca me arrependi de fazer da coerência um dos meus intransigentes lemas, porque não há nada que valha mais a pena (acho eu, e já vivi a vida quase toda) do que estarmos bem connosco próprios, ainda que isso não deixe de ter custos ou nos faça sentir por vezes a lutar sozinhos.
Um grande beijinho

Teresa Martinho Marques disse...

Penso que será.... talvez... ela por ela... Mas começo a duvidar que a expressão das assinaturas das moções (pelo menos por aqui) tenha paralelo nos gestos finais. Volto a repetir que nada tenho contra quem, desde o princípio, segue uma linha coerente de acção, mesmo que seja diferente da minha, mesmo que sinta que colocarão em risco um futuro maior e que isso se acabará por virar contra eles também. Mas tenho exactamente essa tua sensação... de que pelo caminho acabarão por ficar uns quantos (espero que poucos - essa contabilização acabará mais tarde ou mais cedo por ser feita)... seja por medo, seja por realmente ser cómodo aproveitar as brechas e não pensar mais no assunto... As razões podem ser várias... Só que reaalmente me entristece a oportunidade não agarrada... Em síntese... não me entendeste mal... mas acredito que muitos na minha escola se manterão firmes nos seus propósitos... quantos? Não sei nem pergunto...
Muitos beijinhos