terça-feira, dezembro 02, 2008

Digital (dedos, números, computadores)

Um dos meus dois blocos do Clube Scratch time está partido em dois tempos de 45 minutos dados em dois dias diferentes. Ao todo três sessões. Como a esses 45 minutos foram acoplados os 45 minutos de apoio (Matemática), de cada uma das duas turmas com alunos que deles usufruem, juntei o útil ao agradável e resolvi estender o tempo de clube... de forma a garantir que mais crianças pudessem aproveitar a oportunidade de trabalhar mais tempo no Scratch com os portáteis, enquanto eu, em 45 minutos da sessão, presto mais atenção aos que frequentam formalmente as aulas de APA.
Mais trabalho, claro. Mais sessões por semana, mais actualizações e projectos no blogue do Clube... enfim... invento. Mas pelos meninos ainda vou encontrando um fio de energia...

Podia estar sossegada apenas com os meninos do apoio, fazer 45 minutitos de Scratch e pronto (como se fosse possível... ligar os portáteis todos... nunca menos de cinco a dez minutos e voltar a arrumar tudo antes de sair... sobraria meia hora aos miúdos para trabalhar), mas é mais forte do que eu. E vê-los felizes a vir para a escola mais cedo, ou a escapar-se dela mais tarde, quase 60 alunos (total) nas três sessões, revela-me que estou no caminho certo. (Ainda vão aparecendo alguns meninos novos nesta altura...)

Tal como sempre faço, se detecto mais alunos com "esquecimentos" vários e falhas no cálculo escrito (ou outras) - as férias graaaandes são um magnífico apagador de procedimentos básicos, por falta de treino regular - sugiro que "apareçam" no apoio para trabalhar, esclarecer dúvidas e praticar alguns procedimentos. Gosto de aulas de apoio dinâmicas, heterogéneas, onde não estejam isolados apenas os alunos com muitas dificuldades.

Na GTurma, nesse tal bloco misto, muitos decidiram gastar parte do seu tempo (que seria para trabalhar com computadores) em actividades de lápis e papel... mesmo com os PCS ali à mão.
Às vezes, os outros (que não são obrigados a frequentar o apoio) pedem para ficar toda a hora e meia dedicada a actividades de matemática... dedos, dígitos, treino... não cedem à tentação do outro digital, pois vão aprendendo a estabelecer prioridades... e deixo bem claro que os computadores não resolvem tudo. Outras vezes dividem o tempo ao meio: metade do tempo praticam matemática, a outra trabalham no Scratch... mas com frequência em projectos de... matemática, que depois concluem em casa. Muitas vezes trazem projectos iniciados para concluir na escola, ou simplesmente para corrigir depois dos meus comentários e dos do ffred.
Como eram muitos, precisei de ajuda.
A M. ofereceu-se.

É a minha professora adjunta e põe os colegas a trabalhar de forma organizada e admirável. Inventa contas, ajuda, corrige, faz fichas que copia folha a folha, à mão, o número de vezes necessário para dar a todos os colegas uma ficha.
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As amigas e amigos gostam dela, respeitam-na e escutam-na.
Já criou um livro de ponto,
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vai fazer testes e já tem local para apontar notas e TPCs (que exige!)... (Não pedi nada disto, é tudo da sua exclusiva iniciativa).

É uma excelente pessoa, excelente aluna de Matemática, excelente programadora em Scratch (programa em casa e na escola) e muitas vezes, no Apoio/Clube consegue estar dedicada a ambas as actividades (noutras prescinde voluntariamente do computador para ajudar os colegas).
Se a família e o professor habituarem as crianças à presença regular do computador como uma ferramenta útil e exigente, que as convoca para a construção (ao invés do consumo), em vez de o tratarmos como um rebuçado atraente e divertido, para distrair do peso do trabalho, para estarem entretidas e não nos aborrecerem, elas aprendem facilmente a gerir a sua utilização e a organizar as tarefas de acordo com as suas necessidades. É precido formá-las, educá-las para esse conhecimento pessoal, esse auto-controlo que as leva a reconhecer as dificuldades e a procurar encontrar os meios para as ultrapassar... No fundo, voltamos ao mesmo, é o que aprendem com a resolução de problemas e com a construção de projectos de programação. Um ciclo feliz que, acredito, as ajuda muito para toda a vida.
É por isso que, quem entrar na sala, pode ver os meus pequeninos programadores sem computador à frente (embora fosse possível decidirem o contrário), agarrados a caderninhos (a C. até trouxe um novo para actualizar os sumários no livro de ponto da M.), resolvendo exercícios em papel.
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Um espaço mágico onde o digital se faz de todos os possíveis.
Onde as crianças também crescem imitando os adultos, aprendendo a difícil tarefa da responsabilidade e sentindo uma imensa disponibilidade de carinho e atenção à sua volta. Estão precisadas as nossas crianças. Vos digo. Sinto e sei. Coração de Mã... de Professora não se engana.
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Mas um espaço (a Escola com que sonho) com o tempo sempre contado, sempre fugindo, sempre a suspirar no final por mais um bocadinho...

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digital
do Lat. digitale

adj. 2 gén.,
relativo aos dedos;
que tem analogia com os dedos;

Inform.,
relacionado com dígitos;

relativo aos dados codificados ou convertidos em valores numéricos, utilizando o sistema binário (os dígitos 0 e 1, associados a impulsos eléctricos);

(...)

Priberam - dicionáro online

4 comentários:

Anónimo disse...

T.P.C.:chuac
:)

Teresa Martinho Marques disse...

:) :D

Anónimo disse...

Lindo trabalho, lindas crianças.

Não consigo dizer mais nada.

Teresa Martinho Marques disse...

São, Daniel, lindas. Mesmo quando as coisas correm menos bem. Houvesse mais tempo e não deixaríamos tantas pelo caminho. É só isso que dói...
Obrigada pela visita...