domingo, abril 30, 2006

Almirante Vermelho

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Estreia absoluta: descobri entre as 15 e as 16 horas uma Vanessa atalanta (conhecida por Almirante Vermelho) de volta das flores de uma das laranjeiras. Ainda só havia visto duas de fugida no ano anterior (durante breves segundos), mas esta deixou-se fotografar sem problema durante muito tempo, inebriada pelo néctar que o nosso jardim oferece. Li que no primeiro ano se conseguem atrair algumas borboletas... no segundo muitas mais e assim sucessivamente...
Elas traçam a rota colocando na memória cada jardim feito a pensar nelas...
E regressam sempre (ou, pelo menos a sua descendência) para mais uma gota.


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Mais informação em:

http://www.leps.it/indexjs.htm?SpeciesPages/VanesAtal.htm

http://www.butterfly-guide.co.uk/species/nymphalids/uk12.htm

http://waste.ideal.es/vanessaatalanta.htm

http://borboletas.net/nymphalidae/nymphalinae/vanessa-atalanta/1/

http://www.zoologi.su.se/research/wahlberg/nymphalidae/Nymphalinae/atalanta.htm

...

"Cultivating futures"

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Hoje descobri que, na BBC Prime, Alan Titchmarsh regressou às 10:30 com a sua meia hora de absoluto prazer (quer se goste de jardinagem quer não) "How to be a Gardener" (novos episódios).

Humor, poesia, beleza. Chega-me perfeitamente ao Domingo.

E porque esta faceta dos ingleses me fascina, deixo-vos alguns fios de teia para este mundo.
Prestem especial atenção ao documento que se segue, da Royal Horticultural Society:





Excerto:

Growing for the future

Gardening – the growing of plants – brings benefits to people, the communities they live in, and the wider environment. It strengthens health in body and mind, and taps our talents for nurturing and creativity. Our wider society benefits too: gardening helps to bring people together, and instils a shared sense of pride in a place, which helps build strong communities. Horticulture has an important part to play for people and places everywhere. In Britain, a nation of gardeners, we have the potential to enrich everyone’s life. At the RHS, we’ve always worked hard to nurture horticultural knowledge and skills. Now, in our third century, we want to capture the imagination of more people across the country, and inspire them to get their hands dirty.
(...)
Every child should have the opportunity to grow and enjoy plants. We want to inspire an interest in plants among children and help young people understand their place in the natural world. We are developing our school and family learning programmes to ensure that as many children as possible can take part. We are engaging young children by extending and enhancing our Schools Membership Scheme, through more outreach projects such as the RHS Flourish Campaign, which supports a diversity of schools, and by encouraging even more schools to visit our gardens around the country. We are doing more in our gardens, and beyond, to help families enjoy exploring the world of plants together. Every opportunity is being taken to encourage hands-on participation, so that each child can have a go at growing plants.

http://www.alantitchmarsh.com/Home.asp
http://www.crocus.co.uk/
http://www.bbc.co.uk/gardening/

Livros do Alan

sábado, abril 29, 2006

Página em branco...



Sem inspiração para coisas elaboradas...
Coisas úteis, necessárias...
Apenas porque o dia está bonito...
Porque preciso de fazer outras coisas...
Porque é sábado e tudo o que parece não ser importante é ainda mais importante nestes dias nossos.

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A primeira palavra
não aparece
não se compadece
não me visita.

E agora?

Sem ela
como vou vestir,
aquecer, colorir
a página vazia,
esta mancha fria?

O branco é,
muitas vezes,
a cor que o silêncio tem.

...

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(E, às vezes,

sabe tão bem...)

sexta-feira, abril 28, 2006

A aranha na rosa...

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Passei a manhã a tratar das minhas flores...
Quais?
Os alunos e os seus blogs.
Digitalizar imagens, corrigir histórias, publicar entradas nos das turmas. Escrever à Emília, enviar textos novos. Espreitar, comentar aqui, mimar acolá nos cantos dos meninos.
A tarde será inteirinha de aulas.

Envolvê-los, motivá-los, caçá-los para o mundo onde o trabalho e o empenho nos trazem coisas boas. Um mundo que eu sei nem sempre é assim perfeito. Mas é preciso atraí-los para os aromas do melhor lado das coisas. Assim terão forças para enfrentar, depois, os recantos menos claros da vida.
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Pelo meio do trabalho tive de ir até ao jardim. Porque as rosas estão a despertar numa orquestra interminável de cor e cheiro que me inspira com uma melodia forte que não me sai dos olhos, mesmo quando deixa de estar à minha frente. Valem, as minhas flores, cada arranhão, cada gotinha de suor, cada mimo entregue. Elas e os meninos. E a vida. São o meu melhor alimento.
Foi aí que, subitamente, tive uma visão clara do que sou (ou penso que sou).
Uma aranha que se serve da rosa para atrair (quem se deixe tentar) à teia onde se aprende que crescer dói, exige disciplina e sacrifício, esforço, entrega, dedicação. Amor. Nunca foi nem será diferente. Onde se aprende que morar lá nesse lugar a que gostamos de chamar felicidade só é possível depois de cada cabo dobrado, em cada dia.
A aranha na rosa.
(Fotografei-a como se fotografasse o espelho onde me estive a ver.)
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Alimento-me tanto de vocês, que se deixam atrair, como vocês de mim.
Cada um que vem faz-me crescer pelo espanto de mais qualquer coisa que não conhecia. E ofereço esse alimento que me é dado (também por uma visão do belo, uma leitura especial, um beijo, um pensamento...) ao visitante seguinte. Seja ele a família, um amigo, um aluno, alguém que não conheço, uma flor do jardim, uma borboleta por nascer, um animal sem casa, um poema, uma história, algumas palavras soltas, uma canção, uma aguarela, um livro...

Trago em mim, confesso, esse quê solitário, esse quê de espera, esse quê de contemplação, de não saber o quê nem para quê, esse quê de confinamento, de ninho, de casulo, de fuga ao assustador espaço do mundo. Mas já nem quero saber se é bom ou mau viver assim dentro de uma rosa que desenhei exactamente como queria.

Viajo pouco. Mas viajo muito. Não guardo para mim tudo o que recebo.
E assim acho que vou crescendo...
(Sem engordar.)


quinta-feira, abril 27, 2006

Três semanas depois...

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Crescer é, também, aprender a olhar...

Muitas horas de reunião...

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If one learns from others but does not think,
one will be bewildered.
If, on the other hand, one thinks but does not learn with others
one will be in peril.

Confucius, Analects Book II

quarta-feira, abril 26, 2006

Viagens

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"Feriado 25": ver testes.

Manhã de 26: aulas.
Tarde de 26: ler a versão provisória do Projecto Educativo para sugerir o que parecer necessário.
Amanhã 27: aulas das 8:30 às 16 seguidas de Conselho Pedagógico com PE na ordem de trabalhos.
Depreende-se que o tempo será pouco.

Então, com pouco tempo, o que se faz?

Deixo apenas sugestões de viagem hoje e um provável suspiro amanhã.




Porque talvez haja professores que não conhecem... e gostem de saber que está por aí à nossa mão.

Philippe Perrenoud - um eduquês, dirão alguns. Esses alguns não precisam de ir até onde este fio leva. Os outros podem arriscar. Muito e bom material à disposição de quem precisar.

Philippe Meurieu - outro... dirão outros. Ela hoje está com pouca imaginação. Pois sim. Mas quem se deixar levar, vai perceber.


Bons e educativos passeios!

Viagens - adenda

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Deixo-vos aqui uma janela para aquele que brevemente será um servidor educativo (eDigital) da responsabilidade do professor de História e Língua Portuguesa (2ºC) Joaquim Lopes - Escola EB 2,3 de Luísa Todi (Setúbal).




E porque dentro do professor não deve existir um vazio, mas sim habitar alguém, o primeiro teste ao eDigital é uma visão interior (guardam-se os projectos e aventuras de carácter educativo para depois). Porque muito antes de se ser professor, é-se pessoa. E todos nós temos "jardins" especiais de que tratamos com devoção e carinho... (é neles que renasce em cada dia a energia da dádiva).


Viagem que aconselho.

terça-feira, abril 25, 2006

O Tesouro

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Edição comemorativa do 31.º aniversário do 25 de Abril (21.ª edição do livro - 1.ª edição na Campo das Letras) 2005

"O Tesouro" foi publicado em 1.ª edição, em 1994, pela Associação 25 de Abril e pela APRIL, com o alto patrocínio do Presidente da República, Dr. Mário Soares. A ilustração foi da responsabilidadde de Manuela Bacelar.

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Em 1999, assinalando os 25 anos do 25 de Abril, "O Tesouro" deu origem ao filme “Se a memória existe”, de João Botelho (selecção oficial da secção “New Territories” do Festival de Cinema de Veneza de 1999).

"Os corações exultaram de alegria e as janelas encheram-se de bandeiras e de cravos vermelhos: os soldados puseram cravos vermelhos nas espingardas e as mulheres esqueceram-se do jantar e das limpezas da casa e correram para a rua com os filhos ao colo e cravos vermelhos ao peito, chorando e rindo, comovidas e confusas; as pessoas que tinham sido expulsas e obrigadas a refugiar-se longe regressaram; as portas das cadeias abriram-se e os presos voltaram a casa..."


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Partilho um livro neste dia. Um livro com cravos dentro.

Porque é pelo conhecimento que verdadeiramente nos vamos libertando.
(E ainda nos falta fazer muito caminho...)

segunda-feira, abril 24, 2006

O caminho menos percorrido...

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Águas passadas não movem moinhos…

E as portas fechadas que ficam
para trás
será que vão dar a alguns caminhos?



JL não resistiu a esta pergunta e "respondeu" com o poema de Robert Frost. Mas, desta vez, não se reservaram para os comentários as citações a propósito... Com a sua licença, veio para a ribalta este conjunto de palavras tecidas com mestria por este poeta, que aflora o mistério das portas abertas e das portas fechadas no seu poema:

O caminho menos percorrido

Duas estradas separavam-se num bosque amarelo,
Que pena não poder seguir por ambas
Numa só viagem: muito tempo fiquei
Mirando uma até onde enxergava,
Quando se perdia entre os arbustos;

Depois tomei a outra, igualmente bela
E que teria talvez maior apelo,
Pois era relvada e fora de uso;
Embora, na verdade, o trânsito
As tivesse gasto quase o mesmo,

E nessa manhã nas duas houvesse
Folhas que os passos não enegreceram.
Oh, reservei a primeira para outro dia!
Mas sabia como caminhos sucedem a caminhos
E duvidava se alguma vez lá voltaria.

É com um suspiro que agora conto isto,
Tanto tempo já passado:
Duas estradas separavam-se num bosque e eu -
Eu segui pela menos viajada
E isso fez a diferença toda.

Robert Frost
Tradução de José Alberto Oliveira e foi
publicada em A Rosa do Mundo 2001 poemas para o futuro,
Ed. Assírio e Alvim, 2001

Não satisfeito, JL ainda avançou com:
Nada ou seja o que for existe sem mim ou para além de mim.
Os átomos do universo poderão ser contados, mas não tanto as minhas manifestações;
pois para sempre faço criar inúmeros mundos.


Srimad Bhagavatam (no mesmo livro)

Se as portas que ficam para trás vão dar a algum caminho?

Permanece a certeza da dúvida.

Certo é que o caminho menos percorrido é um caminho solitário, um caminho não fácil, um caminho de aprendizagem, de sofrimento também. Porque as escolhas se assumem pelo que oferecem na essência e não pela superfície que apresentam. Mas é o nosso caminho, a nossa escolha, que faz a diferença, em cada momento, entre o que podia ter sido e o que será. Alguém se referia a isto mencionando a teoria dos mundos paralelos... Srimad evoca-o: cada escolha possível cria cenários de mundos paralelos também eles possíveis. No fim, apenas restará os que se concretizarem, para o melhor e para o pior. Quererá isto dizer que encontrámos a resposta?

"A vida é difícil. Esta é uma grande verdade, uma das maiores verdades. É uma grande verdade porque, uma vez que vejamos realmente esta verdade, transcendemo-la. Quando sabemos verdadeiramente que a vida é difícil - quando o compreendemos e aceitamos verdadeiramnete -, a vida deixa de ser difícil. Porque assim que é aceite, o facto de a vida ser difícil deixa de ter importância. (...) A vida é uma série de problemas. Queremos lamentar-nos ou resolvê-los? Queremos ensinar os nossos filhos a resolvê-los?(...) é neste processo de confrontação e resolução de problemas que a vida adquire significado. (...) Os problemas apelam à nossa coragem e à nossa sabedoria; na verdade, criam a nossa coragem e a nossa sabedoria. É unicamente devido aos problemas que crescemos mental e espiritualmente.(...)"

Quem disse isto? M. Scott Peck E em que livro? O Caminho Menos Percorrido. (Não terá sido por acaso a escolha do título.)

O poder de um professor é, frequentemente, excessivo de levar aos ombros. Quantas vezes muitos caminhos para escolher o que fazer, o que dizer, como dizer, sem conhecer o mundo futuro que resulta da decisão? Os mundos perdidos por cada uma? O poder dos pais é idêntico. Maior, suponho. E quantas vezes as decisões se tomam sem tempo para reflectir, para escolher com calma o caminho a percorrer? É condição da vida ter de a viver assim, sem que o tempo abrande, de escolha em escolha, de porta em porta, de problema em problema, de desafio em desafio. Por isso, quem escolheu de alma e coração o caminho de ajudar os outros a crescer, fez uma escolha que cruza mais de perto os caminhos dos outros e que, por isso mesmo pode fazer mais diferença. Gostaríamos de pensar que será sempre para o melhor...

... Essa é a nossa esperança por cada entrega, por cada dádiva, por cada porta aberta, por cada porta fechada.


E não há resposta, ainda. Ou talvez haja. Mas não queremos pensar muito nela...

No original:

Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;


Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,


And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.


I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I--
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.


The Academy of American Poets - http://www.poets.org/poet.php/prmPID/192
American Poems - http://www.americanpoems.com/poets/robertfrost/
The Literature Network - http://www.online-literature.com/frost/
O poema: http://www.bartleby.com/119/1.html.
Com "som": http://www.poets.org/viewmedia.php/prmMID/15717

Pesquisa feita por JL.

imagens - office clipart

domingo, abril 23, 2006

Manter a lembrança viva...

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http://www.hsus.org/protect_seals.html

http://babyseals.care2.com/

http://ecodefense.com/marine/seals/index.html

http://ecodefense.com/marine/seals/help.html

http://observer.guardian.co.uk/international/story/0,6903,1318571,00.html

http://www.caft.org.uk/factsheets/commercial-seal-hunting.html

(e há muito mais...)



A Ana deu o mote em Vida de Professor .
Se acharem que devem, assinem a Petição .
A tristeza e vergonha que sinto desde que a barbarie começou, não convidam a grandes textos. Estes animais eu não posso acolher por aqui. Posso apenas partilhar sentimentos e acções. Parece-me tão pouco... e, todavia... melhor do que nada.
Quando tudo começou a divulgação foi muita... agora a dormência e o esquecimento instalaram-se. É preciso manter viva a lembrança desta absurda e violenta realidade em pleno século XXI, para que no próximo ano se evite a repetição do massacre. E não me venham com explicações ecológicas. Não há explicação possível para aquilo a que se tem assistido.


Neste mundo encontramos o melhor e o pior: céu e inferno convivendo como se nada fosse...
(A matança das focas é disso um exemplo... e, infelizmente, há muitos mais.)

Um Livro e Rosas Vermelhas

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O "Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge. Esta data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas UMA ROSA VERMELHA DE SÃO JORGE (Saint Jordi) e recebem em troca, UM LIVRO. Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exactamente a 23 de Abril. Partilhar livros e flores, nesta primavera, é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão.
Fonte: IPLB

Partilho convosco


um Livro (que é um filho acabado de nascer. Desculpem a ousadia. Hesitei. Mas depois achei que não levariam a mal este desvario de "Mãe")



ilustrações Emílio Remelhe

Provérbios Repenteados

texto 3za éme, ilustrações Emílio Remelhe, apresentação José António Gomes direcção de edição e design Luís Mendonça, colecção Notas à Solta e a Ieltsar se vai ao longe, edição Éterogémeas e IELT, Instituto de Estudos de Literatura Tradicional

Contacto: luismendonca@netcabo.pt - Rua do Rosário 223, 4050-PORTO, Portugal

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Águas passadas
não movem moinhos…


E as portas fechadas que ficam
para trás
será que vão dar a alguns caminhos?

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e partilho também rosas vermelhas que o jardim me ofereceu...



sábado, abril 22, 2006

Mais flores...

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A minha turma A...
Bem, a minha turma A... como dizer?
É sempre Primavera por lá...

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O Pedro criou o seu blog recentemente.
Não se iludam com o título "O que é Wrestling"
http://oquewrestling.blogspot.com/ porque o Pedro quer dizer-nos muito mais do que o seu gosto por esta actividade... E disse-o numa entrada muito sentida e comovente a propósito da morte de Francisco Adam. Porque partilharam uma experiência idêntica: um violento acidente de viação.
O Pedro sobreviveu depois de muito tempo de luta. Não tem sido fácil para ele a recordação. A comparação.

Gostariam de conhecer o Pedro. A família dele. Eu tenho a certeza.
São um prazer renovado os encontros na escola com a Mammy Teresa (lembram-se dela nos comentários aqui pela teia?) e os filhos, sempre perto de si.
(Se quiserem ter um vislumbre desta magia, com direito a foto, primeiro visitem o Pedro e, depois, a mana Maria (8 anos) que criou hoje mesmo o seu blog http://amigosdzrt.blogspot.com/ :)


Quando a escola e a Família trabalham juntas... não há obstáculos intransponíveis. O Pedro tem sido disso um bom exemplo. As batalhas vencidas na escola resultam de uma união de esforços mas, sobretudo, de uma Família empenhada e atenta que ama, ama muito e orienta com disciplina e carinho.

Eu tive "sorte" com os alunos da minha direcção de turma também (sobretudo?) porque
eles têm Famílias extraordinárias.

Isso tem feito toda a diferença neste caminho de dois anos prestes a terminar.
(Se pudesse ser sempre assim...)

O Sam e o Som

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Continuando a antecipar o dia de amanhã...
Mais um livro fresquinho (de Abril):



O Sam e o Som é um livro bilingue (português e inglês) com um violoncelo como protagonista. Ou talvez não. Também se poderá dizer que o centro da história está na relação difícil de um rapaz com um instrumento a que não consegue arrancar uma nota de jeito. Depois de o rejeitar, o miúdo acabará por voltar ao sonho de tocar aquele instrumento imponente: "Abraçou-se a ele e jurou a si próprio que, desta vez, ia ensiná-lo a falar. Só precisava de aprender." Com ilustrações cheias de movimento e significado, o livro é lançado hoje às 21h, na Biblioteca Pública de Évora (Largo Conde de Vila Flor). Não necessariamente só para miúdos. (Público, 22 de Abril 2006)


Autores: Ana Saldanha e Basil Deane
Ilustrador: Gémeo Luís
Editor: Caminho

Sabor e Saber - actualização

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Finalmente terminei mais uma actualização do meu Sabor e Saber. Resolvi introduzir uma "faixa" que nos leva à página das novidades (que em si própria também é uma novidade), devidamente datada, para que o utilizador mais regular possa descobrir rapidamente se há algo de novo desde a última visita e o quê exactamente...



Para o resto, já sabem... o caminho é sempre o mesmo:

O limpa-palavras


Antecipando já a celebração do dia de amanhã, deixo-vos um livro especial, de um dos meus autores favoritos e um Poema que eu gostava de ter escrito...

Álvaro Magalhães, O limpa-palavras e outros poemas,
Ed. ASA


O limpa-palavras

Limpo palavras.

Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.

A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar
e é preciso fechá-la na arrecadação.

No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

A palavra obrigado agradece-me.
As outras, não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.

Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes um braço para apanhares
a palavra barco ou a palavra amor.

Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.

sexta-feira, abril 21, 2006

Do outro lado da 'net' há gente...

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Ontem à noite:

Cara Teresa:
Amanhã tenho de ir a Setúbal e lembrei-me de uma coisa. Adivinhas?
Estarás por aí na sexta-feira?
Mando o meu contacto, se puderes dá um toque.

Um abraço,
Emília.


Emília Maria Santiago Miranda
http://www.nonio.uminho.pt/netescrita
http://www.netescrita.blogspot.com

Telefonei de imediato. Nem podia acreditar! A Emília do Netescrita vinha do Minho até Azeitão! Combinámos um encontro para surpreender a minha turminha que tem estado a participar neste projecto tão especial...

(Recordem o que já foi dito aqui e aqui)

Hoje:

Encontro.Uma hora de animada cavaqueira com partilha de projectos, sonhos, ideias... A Emília é tudo o que imaginei: entusiasmo, entrega, empenho... aceleração gémea da minha. Parecia que nos conhecíamos de longa data! Fiquei a conhecer outros projectos seus (deixo aqui a capa de um dos seus livros da colecção Ler e Perceber, sobre a obra de António Mota), o que tem feito, o que ainda quer fazer...

Dali para a turma. A surpresa, o entusiasmo mútuo. É a Emília do Netescrita! Esta é que é a famosa sala 16? É sim e este é o armário mágico da nossa história! E vocês são os famosos A-Team!

A Emília falou da gente que está do outro lado da internet. Das possibilidades abertas por este instrumento poderoso, que bem utilizado permite construir mundos, ligações, desenvolver capacidades, fazer-nos chegar longe. Falou de si. Falou dos seus projectos, dos seus meninos, com palavras coloridas e doces que não voltarão a sair da nossa memória. Ela gosta mesmo muito de palavras...

Portanto, do outro lado da 'net há gente real. Gente muito real e bonita.

Hoje a Emília descobriu-nos a nós e nós descobrimos a Emília. (Melhor: nós já nos havíamos descoberto... confirmámos apenas as suspeitas de que era um ser humano maravilhoso...)

Obrigada por este momento, por esta lição tão especial que não mais esqueceremos! Volta sempre!

Uma história de quase nada


Era uma vez um um.
Ora isto não parece nada estranho, mas é.
Porque se começarmos a história assim, ficamos com a ideia de que há mais do que um um, o que não é verdade. Um há só um.
Portanto, recomecemos.
Era uma vez o um.
Pela mesma ordem de razões, já nem vou dizer que era uma vez um dois nesta história. Porque embora se trate de um dois, parecendo um número mais acompanhado do que o um, a verdade é que também só há um dois, o que faz dele um ser tão solitário como o primeiro.
O primeiro? Eu disse o primeiro? Não. Pensando positivamente, o primeiro será o zero (nada de pensamentos negativos, para evitar perder-me lá atrás no menos infinito, onde nem se sabe sequer como as histórias começam). Dizia eu, então, que o primeiro será o zero, embora pareça bizarro que coisa nenhuma possa ser o primeiro seja lá do que for e tenha tanta importância neste mundo. Mas é a verdade dos factos. Com isto tudo, já perceberam que o um é que é o segundo. E, claro, o dois é o terceiro.

Apresentadas as personagens, avancemos o possível com tão pouco...

Ora bem, os três, quero dizer (para não haver confusão), o zero, o um e o dois, encontraram-se para tomar chá e pensar nas coisas da vida.
Ai, dizia o zero, nada me corre bem! É espantoso como nenhuma coisa boa acontece, como ninguém me dá valor, como este vazio, esta (in)existência se prolongam sem qualquer solução à vista!
O um, compadecido com a posição do zero, (à esquerda, naturalmente, e sem capacidade absorvente), tentou animá-lo, mas com pouca convicção, pois também ele estava a passar um momento único e difícil sentindo-se completamente neutro e invisível: Oh zero, um dia destes vais descobrir que isto não é nada, que tudo se irá resolver num instante. Duma coisa podes estar certo, um amigo compreensivo é a única coisa que pode ajudar numa altura destas. E, olha, mais vale um um na mão do que um dois a voar...

O dois, farto daquele diálogo sem rumo, e acossado pela insinuação do um, furtou-se ao triálogo triste que poderia ter nascido ali e recorreu ao monólogo para expressar o seu duplicado enfado: Mas que par vocês me sairam! Que dupla inconsequente! Que tal o dobro da luta para sair do dilema? Lamúrias são só um dueto de queixumes... Eu cá vou-me embora desta história parada! Bom proveito para o duelo de lamentações! Quem sabe encontro por aí o três para uma sequência com futuro. Não há duas (dois) sem três... e dois olhos vêem melhor que nenhum ou que um, rematou em jeito de vingança, fazendo reverter a seu favor a sabedoria popular sempre à mão de qualquer um (ou dois, ou mais).

E esta história não tem um fim, porque seria preciso saber o que aconteceu ao dois e ao três, talvez ao quatro e assim sucessivamente... até mais infinito.

O melhor é não esperar... e ir com eles para ver! Para fazer acontecer...




Texto publicado no Correio da Educação

CRIAP ASA, nº256, 17 Abril de 2006

quinta-feira, abril 20, 2006

O tempo passa (muito) depressa.

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Duas semanas...



O tempo


Tic tac tic tac
Eu a ficar mais velha
ou o meu corpo a mudar?

Tic tac tic tac
Tudo o que já se foi
ou o que falta chegar?

Tic tac tic tac
Tudo o que aprendi
ou o que me falta estudar?

Tic tac tic tac
Perdi-vos pelo caminho
ou achei-vos noutro lugar?

Roubo a pilha ao relógio.

O tempo?
Não sei parar...

quarta-feira, abril 19, 2006

O que mudou realmente?

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A reorganização curricular propôs uma nova forma de olhar para as aprendizagens... Às vezes pergunto-me se alguma coisa terá mudado. Se é lícito acharmos que o que hoje corre mal decorre mesmo das reformas, reorganizações, experiências educativas sucessivas, (do famoso eduquês), sem avaliação das formas de implementação. Talvez não. Perdoem-me não poder juntar dados precisos que justifiquem ou fundamentem o que sinto, mas, realmente, parece-me que o que corre mal decorre do facto de serem tantas as propostas de mudança por cada cor que nos governa que já deixámos sequer de lhes prestar atenção e, pelo seguro, vamos perpetuando as formas de trabalhar de sempre, sem mudar uma linha. Falo, naturalmente, de um modo geral. Mas é o geral que produz estatísticas e não a excepção do particular.
E não apontem já o dedo ao professor, como se, mais uma vez, ele fosse culpado de não conseguir mudar. Não ter sequer vontade de o fazer. Contam-se as infinitas vezes em que mudei instrumentos, fichas, materiais, os adaptei a novos objectivos, novos conteúdos, competências... Que comprei o livro "da moda", reuni documentos, fui ouvir este ou aquele falar, fiz fotocópias, fiz formação a ver se me entendia com a mudança. Que li despachos, interpretei leis, mudei regras. Depois veio a net. Lá dei comigo a "visitar" os países da frente, a tentar perceber e aprender o que se fazia, como se fazia. O que podia eu acrescentar para melhorar a minha função. (Confesso que por páginas de alguns Ministérios de Educação de outros recantos do planeta, tenho encontrado mais ajuda que no meu). Imprimo materiais, ideias, actividades. Tenho dossiers e dossiers espalhados pela casa, que não deito fora, porque nunca se sabe a reforma seguinte, prateleiras cheias de livros, a cabeça sempre em mal contida ansiedade... Estarei a fazer bem? Estarei a fazer mal? Ai que não consigo cumprir o programa! Ai que tenho é que desenvolver neles competências para resolver problemas!...
O quê? - dizem-me vocês - Que tem mesmo de ser assim? Que tudo muda assim mesmo, todos os dias? Que essa instabilidade é boa para a educação e para os alunos? Que é o sinal dos tempos?

Os projectos educativos com mais sucesso têm-se apoiado em reformas seguras que se foram prolongando com ajustes mas sem convulsões, a partir de uma ideia muito precisa do que se desejava lá ao fundo do túnel do futuro. Não se construiram sem desígnio, remendo ali, retalho acolá, esclarecimento por um lado, por outro correcção, agora sim, agora já não... Congela agora, agora descongela. Ficas nesta escola. Oh não, no terceiro período vais para outra. Pára aqui. Avança. Não, pára outra vez...

Talvez seja isso que nos falte. Uma visão estratégica. Um alvo/futuro ambicionado. Alguma formação sobre prospectiva estratégica. Um sonho comum com sentido, que nos una em torno de uma missão possível. Condições criadas para lhe dar corpo.

Enquanto isso, vamos fingindo que mudamos, mas realmente vamos conseguindo resistir e deixar tudo na mesma. Não por falta de desejo de mudar, ou por falta de vontade de sermos algo mais. Acredito que queremos e podemos ser melhores. Mas como não sabemos, quando estamos a caminhar para norte, se não nos vão fazer recuar para sul muito antes da viagem chegar a meio, pelo sim pelo não, mantemo-nos no centro que é para estarmos mais perto de caminhar para qualquer lado e, frequentemente, ficamos parados a marchar sem sair do mesmo lugar, quantas vezes com um número excessivo de turmas e alunos a nosso cargo, rodeados por papéis, muitos papéis. Esses sim, mudam e crescem exponencialmente por cada ano que passa. (Estamos precisados de um SIMPLEX - salvo seja - na educação. Muito urgentemente.)

Mas, por favor, chamem-lhe outra coisa qualquer...
(E pensem todos bem nesse alvo, com a nossa ajuda, antes de fazerem sair mais um despacho ou uma reforma... que é tudo encarado como se do mesmo se tratasse.)

Por favor não leiam uma única gota de desalento em nenhuma das palavras anteriores. É apenas um espanto infantil. Uma espécie de acordar da dormência. Um ver de dentro para fora cheio de que nos olhem sempre de fora para dentro sem saber o que realmente acontece dentro da cada um de nós, dentro das salas de aula. E, ainda por cima, passei a minha hora de direcção de turma a fotocopiar papéis, arrumar justificações, pôr em ordem o dossier onde já não cabe quase nada (onde vou guardar ali o período inteiro que falta para terminar o ano?) . Ao ver-me, uma colega disse: estás com um ar muito sério para quem começou agora... Ri-me e respondi que me apetecia de tudo, estar com os alunos, escrever um poema, criar algo novo para as aulas, ler um livro onde pudesse encontrar um bocadinho de resposta às minhas dúvidas... tudo menos estar ali a arrumar papéis...

Será possível ser professor sem "papéis"? É cá um sonhozito que eu tenho... uma escola onde apetecesse estar a todas as horas em gestos de criação verdadeiramente úteis... Uma escola que conseguisse realmente mudar alguma coisa "que se visse" depois.

(Hei-de persegui-la sem desistir... contem com isso. Baixar as armas não está na minha vocação de tecedeira.)

terça-feira, abril 18, 2006

edutopia

O mérito não é meu. JL, aliás Herr Macintosh, é uma pessoa incansável nas suas buscas pela internet e, sobretudo, na partilha do que de melhor vai encontrando. Tenho a sorte de ser um dos destinos dessas ofertas quase diárias de artigos, textos, pensamentos, locais com interesse na internet...
Vem isto a propósito de uma partilha recente (entrevista com
Seymour Papert) que me transportou a um sítio na internet fértil em pontos de vista sobre a educação. Ali encontramos entrevistas e debates com os mais conceituados especialistas, em paralelo com outros contributos relevantes que nos obrigam a pensar. Não se explora em alguns minutos, mas é um local de referência pelas mais diversas razões e pode constituir-se um excelente recurso para qualquer um de nós, em qualquer momento.


Em particular, gostei do espaço dedicado às entrevistas (audio/imagem) mas, para além delas, há um mundo imenso a explorar... com tempo e paciência. Vou regressar muitas vezes.



Gosto do nome edutopia.
Faz-me lembrar a importância dos sonhos nas conquistas do Homem.

Vejam o que se pensava de Papert e dos seus sonhos ( http://www.papert.org/ )

People laughed at Seymour Papert in the sixties when he talked about children using computers as instruments for learning and for enhancing creativity. The idea of an inexpensive personal computer was then science fiction. But Papert was conducting serious research in his capacity as a professor at MIT. This research led to many firsts. It was in his laboratory that children first had the chance to use the computer to write and to make graphics. The Logo programming language was created there, as were the first children's toys with built-in computation. The Logo Foundation was created to inform people about Logo and to support them in their use of Logo-based software for learning and teaching.
Today Papert is considered the world's foremost expert on how technology can provide new ways to learn. He has carried out educational projects on every continent, some of them in remote villages in developing countries. He is a participant in developing the most influential cutting-edge opportunities for children to participate in the digital world. (...)


No início da minha carreira, por alturas do Minerva, desenvolvi (em colaboraçao com outra colega) uma experiência interessantíssima com o LOGO, que culminou na escrita de um livrinho onde se partilhavam as conquistas feitas. Quase sem recursos, com turmas difíceis numa escola nas "margens" da Setúbal mais pobre, percebi que Seymour Papert era um visionário, sim, mas era, sobretudo, um homem cujo entusiasmo se comunicava à distância e se transformava em acção. Um exemplo que procuro não esquecer.
O seu sonho tinha esse poder.
Os sonhos têm esse poder.

Acho que é possível muita coisa que (ainda) não está a acontecer...

Às vezes partilhar sonhos e outras formas de olhar ajuda. Edutopia?

segunda-feira, abril 17, 2006

SOS do Professor - actualização

O Sonho. O Jardim. O Jardineiro

Hoje na caixa do correio tinha uma mensagem de alguém que admiro (e que semeia palavras claras e fortes no Correio da Educação), com a divulgação de um livro de Rubem Alves a caminho (A Boa Nova dos Dias) e a partilha de uma palavra mágica para um reino encantado:

Multiplico essa partilha aqui como se multiplicam as plantas do jardim. Deixando sementes que levam até este homem especial que é Rubem Alves. Estava já previsto falar-vos dele, mas não por este caminho. Foi melhor assim: primeiro é preciso conhecer "a sua casa..." (Escolhi o jardim para vos envolver em fios de seda e levar até ele... por que teria sido?)

Em época de regresso aos dias com Escola pelo meio, sabe bem toda a doçura que este ser humano especial coloca à nossa disposição de forma generosa. E dar, dádiva, oferta... são a essência do ser educador. Que melhores palavras para recomeçar?


http://www.rubemalves.com.br/jardim.htm :
Depois de uma longa espera consegui, finalmente, plantar o meu jardim. Tive de esperar muito tempo porque jardins precisam de terra para existir. Mas a terra eu não tinha. De meu, eu só tinha o sonho. Sei que é nos sonhos que os jardins existem, antes de existirem do lado de fora. Um jardim é um sonho que virou realidade, revelação de nossa verdade interior escondida, a alma nua se oferecendo ao deleite dos outros, sem vergonha alguma... Mas os sonhos, sendo coisas belas, são coisas fracas. Sozinhos, eles nada podem fazer: pássaros sem asas... São como as canções, que nada são até que alguém as cante; como as sementes, dentro dos pacotinhos, à espera de alguém que as liberte e as plante na terra. Os sonhos viviam dentro de mim. Eram posse minha. Mas a terra não me pertencia.

O terreno ficava ao lado da minha casa, apertada, sem espaço, entre muros. Era baldio, cheio de lixo, mato, espinhos, garrafas quebradas, latas enferrujadas, lugar onde moravam assustadoras ratazanas que, vez por outra, nos visitavam. Quando o sonho apertava eu encostava a escada no muro e ficava espiando.
Eu não acreditava que meu sonho pudesse ser realizado. E até andei procurando uma outra casa para onde me mudar, pois constava que outros tinham planos diferentes para aquele terreno onde viviam os meus sonhos. E se o sonho dos outros se realizasse, eu ficaria como pássaro engaiolado, espremido entre dois muros, condenado à infelicidade.
Mas um dia o inesperado aconteceu. O terreno ficou meu. O meu sonho fez amor com a terra e o jardim nasceu.
Não chamei paisagista. Paisagistas são especialistas em jardins bonitos. Mas não era isto que eu queria. Queria um jardim que falasse. Pois você não sabe que os jardins falam? Quem diz isto é o Guimarães Rosa: "São muitos e milhões de jardins, e todos os jardins se falam. Os pássaros dos ventos do céu - constantes trazem recados. Você ainda não sabe. Sempre à beira do mais belo. Este é o Jardim da Evanira. Pode haver, no mesmo agora, outro, um grande jardim com meninas. Onde uma Meninazinha, banguelinha, brinca de se fazer Fada... Um dia você terá saudades... Vocês, então, saberão..." É preciso ter saudades para saber. Somente quem tem saudades entende os recados dos jardins. Não chamei um paisagista porque, por competente que fosse, ele não podia ouvir os recados que eu ouvia. As saudades dele não eram as saudades minhas. Até que ele poderia fazer um jardim mais bonito que o meu. Paisagistas são especialistas em estética: tomam as cores e as formas e constróem cenários com as plantas no espaço exterior. A natureza revela então a sua exuberância num desperdício que transborda em variações que não se esgotam nunca, em perfumes que penetram o corpo por canais invisíveis, em ruídos de fontes ou folhas... O jardim é um agrado no corpo. Nele a natureza se revela amante... E como é bom!
Mas não era bem isto que eu queria. Queria o jardim dos meus sonhos, aquele que existia dentro de mim como saudade. O que eu buscava não era a estética dos espaços de fora; era a poética dos espaços de dentro. Eu queria fazer ressuscitar o encanto de jardins passados, de felicidades perdidas, de alegrias já idas. Em busca do tempo perdido... Uma pessoa, comentando este meu jeito de ser, escreveu: "Coitado do Rubem! Ficou melancólico. Dele não mais se pode esperar coisa alguma..." Não entendeu. Pois melancolia é justamente o oposto: ficar chorando as alegrias perdidas, num luto permanente, sem a esperança de que elas possam ser de novo criadas. Aceitar como palavra final o veredicto da realidade, do terreno baldio, do deserto. Saudade é a dor que se sente quando se percebe a distância que existe entre o sonho e a realidade. Mais do que isto: é compreender que a felicidade só voltará quando a realidade for transformada pelo sonho, quando o sonho se transformar em realidade. Entendem agora por que um paisagista seria inútil? Para fazer o meu jardim ele teria que ser capaz de sonhar os meus sonhos... (...)



http://www.rubemalves.com.br/ojardineiro.htm :
Faz tempo ganhei um presente maravilhoso: por conta da Fundação Rockefeller passei um mês na “Villa Serbelloni“. A “Villa Serbelloni“ é um palácio, em tempos idos morada de príncipes e princesas. Dizem as – não sei se boas ou más - línguas que o presidente John Kennedy teve um encontro amoroso com Sophia Loren naquele lugar. Se teve, o lugar foi bem escolhido. Hoje ela está destinada a fins menos românticos: é um centro de estudos e conferências. Para se ganhar presente igual ao meu basta que se tenha um projeto acadêmico passível de ser realizado em um mês. Se for aprovado o candidato passa um mês na “Villa Serbelloni“...

Quando cheguei foi um deslumbramento! Lá embaixo, o lago de Como, azul, suas margens pontilhadas com pequenas vilas. Ao fundo, os Alpes cobertos de neve. Ao redor, bosques e jardins – dezessete quilômetros para se caminhar em meio à beleza. E a cada quarto de hora se ouviam os sinos, os mesmos sinos que eram tocados há séculos. A beleza era prenúncio de um mês de felicidade!

Mas, passados uns poucos dias, a tristeza bateu. A beleza dos bosques e jardins era a mesma mas não me dava alegria. Comecei a ter saudades do meu jardim, jardinzinho que podia ser atravessado com duas dúzias de passos. Os jardins do palácio eram lindos, lindíssimos, muito mais lindos do que o meu. Mas não eram o MEU jardim. Eu não os amava. O jardim que eu amava era aquele onde estavam as plantas que eu havia plantado.

Senti-me igual ao Pequeno Príncipe. No seu pequeno asteróide ele tinha um jardim com uma rosa só. E ele imaginava que sua rosa era única, não havia nenhuma igual em todo o universo. Agora, caído nesse mundo, longe da sua rosa, ele estava aflito. Sozinha, quem cuidaria dela? Havia o perigo de que o carneiro a comesse... Foi então que, andando pelo mundo, ele passou por um mercado de flores. E lá ele viu o que nunca imaginara ver: centenas, milhares de rosas, todas iguais à sua rosa, sendo vendidas aos maços. O seu primeiro sentimento foi de espanto. “-Então, minha rosa não é a única! Ela me mentiu quando me fez acreditar que não havia outra igual... “ Ao espanto seguiu-se a tristeza: rosas, centenas, milhares... Seu jardinzinho era ridiculamente pequeno... Levou tempo para que ele compreendesse que sua rosa lhe dissera a verdade. “– Não! Essas rosas não são iguais à minha rosa. Não são iguais porque a minha rosa é a rosa de quem eu cuidei! Tirei as lagartas de suas folhas – nem todas é verdade, por causa das borboletas - , eu a reguei e pus uma mordaça na boca do carneiro, para que ele não comesse as suas folhas...“

Os adultos têm dificuldade de entender. As crianças são mais inteligentes, elas têm a inteligência do coração. Quando morre um cachorrinho e a criança chora, os grandes se apressam em consolar: “- Não chore! Vamos comprar um outro cachorrinho igualzinho ao seu!“ Só a criança sabe que nenhum outro cachorrinho do mundo será igual ao seu cachorrinho que morreu...

Foi assim que me senti em meio aos jardins da “Villa Serbelloni“: eu queria voltar para casa para cuidar do meu jardinzinho! Aprendi então a primeira lição da jardinagem. Jardins bonitos há muitos. Mas só traz alegria o jardim que nascer dentro da gente. Vou repetir, porque é importante: só traz alegria o jardim que nascer dentro da gente. Plantar um jardim é como parir um filho. É preciso que o jardim se forme primeiro, como sonho. Li isso pela primeira vez nos escritos do místico Angelus Silesius: “Se você não tiver um jardim dentro de você, é certo que você nunca encontrará o Paraíso!“ Traduzindo: se o jardim não estiver dentro o jardim de fora não produzirá alegria.

Rickert tem um poeminha que diz assim: “Nossos dias são curtos mas com alegria os vemos passando se no seu lugar encontramos uma coisa mais preciosa crescendo: uma flor rara, exótica, alegria de um coração jardineiro... Uma criança que estamos ensinando. Um livrinho que estamos escrevendo.“ Se tivermos um coração jardineiro a passagem do tempo, a velhice chegando, a morte espreitando, deixam de ser uma experiência de dor. Plantar um jardim é uma liturgia para exorcizar a morte. Eu me alegro olhando para as árvores pequenas que estarão grandes depois que eu ficar encantado. (...)

Voltaremos a ti Rubem.

domingo, abril 16, 2006