sábado, março 08, 2008

Por eles...

Acordei hoje para estas palavras, deixadas no meu correio electrónico pela madrugada... O destino tem destas coisas. Coincidência feliz.
Eles sabem que os meus gestos são por eles, sempre foram e serão por eles.


O último gesto não foi fácil porque nunca mais me permitirá progredir para lado nenhum na carreira, embora tenha 23 anos nela e me empenhe profundamente em dar o melhor todos os dias... Mas, ao decidir não concorrer a titular por não concordar com uma partição artificial da carreira (muito menos feita com critérios de acaso sem qualquer rigor e que não valorizaram nem currículos, méritos ou excelência de história de vida), protegi-me a mim e aos meninos de mais uns quantos excessos burocráticos e reuniões, que me teriam afastado de alguns dos melhores projectos que me encontro a desenvolver com os alunos este ano. Se, mesmo não sendo titular, já tem sido difícil encontrar tempo para o fazer com o nível de exigência a que me habituei... com as infinitas reuniões de que vou tendo notícia e todas as que virão, adicionadas às tarefas burocráticas dos avaliadores (para os quais existe já uma lei que lhes permite faltar às suas próprias aulas para assistir/avaliar as aulas de outros) teria sido completamente impossível.

Já respondi a esta doce cartinha. E, sim, o número devia estar errado o que atrasou este feliz reencontro (lembro-me tão bem dela, mesmo tendo já passado quatro anos...)

Para todos vocês, meus alunos, que me têm acompanhado ao longo de um já longo caminho, deixo o meu sorriso.
Ando sempre convosco ao peito. Vocês sabem...

(Hoje, dia 8, vão para a rua comigo.)


Olá professora Teresa Marques!

Vou pedir-lhe que recue um pouco no tempo, e viaje até à escola Luísa Todi, o que encontra por lá? A professora MJA (Professora de Português e História), a professora FB (Professora de Inglês), entre outros que tenho a certeza que a sua memória não falha.
Peço agora que vagamente se recorde de uma turma, 6º1ª, acredito que seja complicado, mas para a professora, que ainda guardo na memória nada é impossível.
Tentei várias vezes entrar em contacto consigo, tal como tinha prometido, o certo é que não lhe conseguia enviar mails, mas não desisti, como fiquei com o nº da professora FB, pedi-lhe que me tentasse arranjar o seu nº, assim consegui, mas as minhas chamadas nunca foram atendidas (acredito piamente que me tenha enganado no nº).
Anos e anos foram passando, alguns na nossa turma mantiveram-se e mantêm-se, outros tomaram rumos diferentes, mas não foram esquecidos, tal como professora que é relembrada entre nós, mas de uma forma especial.
Não sei o que lhe dizer para se tentar recordar de mim, penso que de forma alguma me tenha destacado e que possa referir esse momento aqui para ajudar a recordar.
Ainda tenho cá por casa um vídeo para enviar, da sua "festa" de despedida que com tanto carinho foi organizada. Pode-se dizer que foi uma despedida e uma comemoração, pelos espantosos livros que lançou e que ainda tenho na minha estante.
Nesta mesma noite estive a ver o video e fez-me procurar o seu nome no "google" e encontrei um blogue onde retirei o seu mail, espero que este mail chegue até si, gostava muito de lhe poder enviar o vídeo que lhe prometi.

Com muitas saudades,
I.P.

3 comentários:

Amélia disse...

São coisas destas que nos gratifi
cam pela paixão de ensinar que muitos de nós,como a Teresa, têm.Por essa paixão, vale a pena lutar e resistir!
Como em tempos já longínquos escrevi, « é bem verdade que bom professor não envelhece nunca... e não morre - porque fica a sua imagem bem viva na memória e no coração daqueles com quem e para quem viveu...»
E grito convosco - estou aposentada há 4 anos - o meu silêncio solidário. Hoje e sempre. Porque sou do ofício, que, mais do que um emprego é um trabalho que gratifica, se feito com paixão.Essa paixão que sucessivos governos dizem ter e não praticam.
Continue, mesmo se contra ventos e marés, a trazer os seus meninos ao peito.

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada, Amélia. Sei e sinto em si essa paixão. Hei-de chegar onde a Amélia está, sem arrependimentos, porque soubemos sempre qual o lugar que ocupavam no nosso coração todos estes meninos que passam como rio por nós, deixando a sua marca nas margens e no leito...

Raul Martins disse...

São doces estas teias porque elas foram tecidas com básidas sólidas e por isso não se quebra nuna. É verdade o que a Amélia diz, um professor nunca morre na memória e no coração daqueles a quem serviu com amor.