quarta-feira, junho 06, 2007

Titulares: (mais) perversidades, (mais) perplexidades?

Chamemos-lhe professora A. É real. É-me próxima.
Mulher doce e empenhada.
Perto da reforma, obviamente não se concentram nos seus últimos 7 anos aqueles com mais cargos. O muito que deu à carreira.
Resultado?
94 pontos. Nem mais um. Pelas contas da lei, embora no 10º escalão, não poderá candidatar-se a titular.
Falta-lhe exactamente 1 ponto.

Soube ontem na minha escola que, como eu não me candidato, as 5 vagas são suficientes para absorver todos os que desejam tornar-se titulares e que estão no 8º e 9º escalões. Voltaram a perguntar-me. Voltei a responder. Que não. Que avancem. Eu não o desejo. Assim sendo, os 5 interessados esgotarão as vagas disponíveis.
E ocorreu-me perguntar: então a situação de A? Como fica? Ela pode candidatar-se no grupo dos 8º e 9º escalões? A resposta não foi conclusiva mas aponta num sentido que me assusta, me perturba. Que não, que são dois concursos separados, que ela só poderia candidatar-se no criado para os professores de 10º escalão.

Será possível? Quero acreditar que não. Se alguém me souber dizer...
Pode realmente estar a acontecer isto? A única professora de 10 escalão do Departamento, que deseja tornar-se titular, não o conseguir e todos os seus colegas de 8º e de 9º acederem sem maiores dificuldades?

Se realmente vier a acontecer o que receio confirma-se, mais uma vez, esta minha impressão de profunda injustiça provocada por um sistema concebido pelas piores razões possíveis.
E acho que nem encontro mais palavras para expressar o meu desapontamento, a minha desilusão pelos rumos educativos de que vamos sendo forçadas testemunhas.
Pelos absurdos a que continuamos a assistir.
Melhor ficar por aqui. (Vos direi depois se realmente se confirmou o meu receio relativamente à situação de A.)


4 comentários:

Miguel Pinto disse...

Lamentavelmente, não pode Teresa.

étoile disse...

Lamentável. Este sistema é preverso.

CCF disse...

Parabéns pela tua resistência! Como tu, só conheço até agora mais uma professora em posição de recusa ao sistema. Títular de quê? È uma imitação do ensino superior onde se pode trabalhar 5, 10, 15 anos sem qualquer garantia e, de um momento para o outro e sem justificação, sair. E no Superior sem sequer ter direito a subsídio de desemprego. Eu sou pela avaliação e pela competência mas não me parece ser esta a justa medida.
~CC~

Teresa Martinho Marques disse...

Exactamente. Avaliação e competência... Tudo dito. Este concurso não promove nada disso...
Talvez um dia se perceba como fazer bem feito...