Mas não encontrei o ângulo.
Gosto dela, da imagem
mas não consegui escolher...
Ser o escuro, igual a todos os outros escuros? Ser o desencanto repetido, a norma, o não sorriso?
Não me apetece.
Olhando para girafa ainda pensei que... mas não. Poderia parecer presunção dizer que sim, mais alto era melhor, a cor era melhor, ver longe era melhor. Poderia até parecer que queria dizer-me girafa alta acima do resto, coisa que claramente não sou, nunca fui, nunca serei. Ao olhar para a gravata assustei-me: parecia a norma outra vez, mais colorida sim, mais perto do céu e tal, mais a parecer coisa fresca pela cor de sol, mas exactamente sentada no mesmo lugar, a fazer as mesmas coisas... só que no piso acima.
Não. Decididamente, também não consegui ser a girafa.
Poema triste. Morreu antes de nascer.
Olhando com mais atenção acabei por perceber.
No azul escondia-se o segredo.
O azul para onde olham: a lagoa que os atrai. O azul que os envolve: a fuga para o mar. Estradas e jangadas de fugitivos em todo o mundo procurando uma fresta por onde entre um azul que se consiga respirar.
Talvez este poema tivesse de ser exactamente assim: um espreitar o azul necessário, não importando o lugar, a posição, o momento, a altura, o local que escolhemos...
Encontrado o ângulo, agora vai ser mais fácil escrever...
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