Hoje começo com o excerto de uma mensagem de JL - Herr Macintoch, (que tem por hábito enviar aos colegas/amigos "frases do dia" descobertas por entre as suas muitas leituras), para fundamentar algo em que tenho andado a trabalhar e que tenciono apresentar na próxima reunião do Departamento de Matemática.Tradução de JL:"Se continuares a fazer o que sempre fizeste, obterás sempre os resultados que sempre obtiveste."Excerto do segundo e-mail, depois de lhe ter pedido que me situasse:A frase original ("If you keep on doing what you always did, you'll keep on getting what you always got") é de W. L. Bateman que, de acordo com as minhas pesquisas, é/foi um autor que escreveu sobre educação. Uma das obras que descobri foi Bateman, W. L. (1990). Open to question: The art of teaching and learning by inquiry. San Francisco, Jossey-Bass Publishers.
A citação foi retirada de Kay Thorne, Blended Learning: how to integrate online & traditional learning; Kogan Page, 2003 (estou a fazer um apanhado de tudo o que já li sobre e-learning e encontrei esta pérola).
A proposta em que tenho estado a trabalhar, e que resolvi hoje deixar aqui (ainda a precisar de revisão e amadurecimento... mas acordei com necessidade de acção e portanto resolvi partilhar...) tenta ajudar a combater o insucesso da Matemática na vertente escola - desenho curricular, no quadro da actual organização dos estabelecimentos de ensino (ainda com esperança de que algo possa mudar e, também, que a Sra. Ministra leve para a frente a colocação em prática de algumas medidas resultantes da reflexão tida com os Professores de Matemática de todo o país, sobre o insucesso nos exames, tal como prevê em notícia do Público da passada sexta-feira... já depois de eu ter iniciado este trabalho que aqui deixo). Me desculpem as outras disciplinas. Trato do que é meu e do que toda a gente fala... até ver é a disciplina no centro das conversas, somos os professores mais convocados para reuniões de reflexão, os mais acusados de incapacidades... temos direito a oportunidades de diferença, para ver se é possível corrigir algumas coisas deste trajecto de insucessos acumulados. E, mesmo "a retalho", parece-me que a importância deste assunto merece uma atenção diferenciada... Se não acharem, peguem nos problemas das provas do 9º ano e tentem resolvê-los, todos vocês, professores de qualquer disciplina. Afinal...todos nós andámos na escola, ou não? O que ficou? Que competência matemática sobrou em todos nós? Vamos ter de começar por algum lado. É mesmo preciso fazer alguma coisa, se queremos que alguma coisa mude.
http://www.gave.pt/reflexao.htm
http://www.gave.pt/pebasico2005chamada1.htm
http://www.gave.pt/pebasico2005chamada2.htm
Talvez este exercício pessoal de nos pormos à prova ajude a perceber em que ponto estamos. Em que ponto a escola está. (Desculpem, eu estou impossível. Aqueles que já "visitei hoje", tiveram de me aguentar... e, agora, se não os tiver afugentado, aqui também têm a sua dose, ainda maior.)
Se ainda não desistiram de continuar... aqui vai a dita proposta. Volto a repetir que ainda estou a trabalhar neste documento. Sejam benévolos (aceito sugestões de correcção, e agradeço-as).
Proposta de reorganização do trabalho do Professor e da disciplina de Matemática
(Com a intenção de melhorar as condições da prática lectiva e de apoio ao trabalho dos seus alunos esperando-se, como consequência, a diminuição dos índices de insucesso nesta disciplina.)
- Considerando o elevado insucesso nesta disciplina e a reflexão que todos os anos é proposta ao nível do estabelecimento (a propósito da avaliação interna) e ao nível do país (a propósito da avaliação externa) sem que sejam alterados os aspectos que, na escola, constrangem a actividade dos professores (os que não se relacionam com a escola, deverão ser trabalhados noutros contextos).
- Considerando a especificidade e dificuldade da disciplina, bem como o estatuto de inacessibilidade que lhe é conferido socialmente e que afecta a motivação, o trabalho e avaliação dos alunos.
- Considerando a extensão dos conteúdos programáticos, por todos reconhecida.
- Considerando que se trata de uma disciplina sujeita a exame no final do ensino básico, mas cuja carga horária é inferior à de muitos países com maior sucesso.
Propõem-se as seguintes medidas a integrar o Projecto Curricular de Escola:
- Apenas seja atribuída direcção de turma aos professores que leccionam a disciplina de matemática, caso estes o solicitem.
- As horas supervenientes sejam marcadas num bloco (ou tempo) coincidente com tempos livres das turmas que lecciona, por forma a garantir um espaço de apoio pedagógico/estudo/recuperação/reforço leccionado pelo próprio professor (o que também garante, posteriormente, a existência de um espaço a ser usado na aplicação de planos de recuperação/acompanhamento de alunos seus e não de outros), concentrando-se assim a atenção e esforço do professor nos seus alunos, tornando mais eficazes as medidas de recuperação e compensação que vierem a ser estabelecidas e ampliando o tempo de contacto com a Matemática.
- As actividades nos tempos de estabelecimento (dependendo das situações) deverão ser canalizadas para trabalho com os próprios alunos (o que pode, por exemplo, significar organização de actividades de acompanhamento em caso de ausência, preferencialmente às turmas em que lecciona matemática ou de criação de espaços de animação/trabalho complementar da disciplina abertos, eventualmente, a outros alunos, se o professor assim o entender (numa perspectiva de diferenciação relacionada com o número de turmas e alunos a cargo de cada professor, número de alunos com necessidades educativas especiais, número de níveis de ensino leccionados e outros aspectos específicos do horário do docente em cada ano, não sendo de excluir a hipótese de diferenciação do tempo a atribuir à componente individual de trabalho – por uma questão de justiça, que não deve ser sinónimo de igualdade sem critério).
- Seja marcado um tempo (ou mais) de estabelecimento comum aos professores do mesmo ciclo - ou de ambos os ciclos, se possível, para propiciar a necessária articulação vertical - que se encontram a leccionar a disciplina, dentro do previsto para o tempo de estabelecimento, mas sempre sem prejuízo da componente individual de trabalho, para trabalho semanal de reflexão, preparação de materiais, articulação, partilha de estratégias, experiência e metodologias.
- Ao professor de matemática seja obrigatoriamente marcada aula de estudo acompanhado nas turmas que lecciona, devendo o trabalho nesta área curricular privilegiar o desenvolvimento/prática de métodos de estudo nas duas áreas prioritárias Matemática e Língua Portuguesa – sendo estabelecidas as necessárias pontes entre estes dois domínios básicos e as restantes disciplinas do currículo.
- O tempo a atribuir pela escola deve ser sempre colocado ao serviço da disciplina de Matemática até ao momento em que se avalie o resultado das medidas atrás expostas.
Propõe-se, ainda, que primeiro seja feito um estudo da exequibilidade das propostas antes da sua discussão em Conselho Pedagógico e que, no final do período de aplicação, caso sejam aprovadas estas medidas, se avalie com rigor a sua eficácia para se programar a continuidade do desenho curricular agora proposto, com ou sem reformulações.
Uff... Entre aulas, testes, enriquecimento pessoal/auto-formação, propostas para o Departamento, a minha teia, blogues dos alunos, reuniões de CP, reuniões de Dep, Oficina de Matemática, Direcção de Turma, Coordenação de Direcção de Turma, Visitas de Estudo, preparação da festa final da turma, Secção de Avaliação e Despacho 50, saída de um novo livro... etc. etc. compreendem quanto é difícil às vezes manter o ritmo sem alguma espécie de desespero... Até a Sra Ministra perceberia a impossibilidade de estender os dias ao infinito, de gerir os parcos tempos que nos sobraram quando o empenho existe. Gostaria de ver tudo andar mais depressa... mas eu própria luto para não me deixar atrasar.
Provavelmente, tudo o que será preciso é conseguir explicar, provar que temos razão... Gostava de acreditar na lógica de uma possibilidade com luz.
Estou mesmo a precisar de parar para cheirar a rosa...
