quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Um dia longo

Reunião de Conselho Pedagógico.

Já é noite e gastei as palavras pelo dia...

Jaime Salazar Sampaio emprestou-me as suas, que encontrei aninhadas no livro "O Viajante Imóvel".
Eu agradeço-as. E partilho-as.
Mais não consigo.


há a música, os discos - solidão sonora.
e os riscos no papel: desenhos, palavras.
garatujas. uma vida? ... um equívoco.
em breve, o regresso ao mais alto silêncio.



até hoje, ninguém conseguiu ainda dizer coisa
que se visse, a quem quer que fosse.
nunca! porém, entre as formas conhecidas
do silêncio, a palavra continua
a disfrutar de um relativo prestígio.
escrevemos e o mundo torna-se
por instantes, habitável.

p.109



4 comentários:

Anónimo disse...

Que coisas que valem tanto a pena vou descobrindo através de ti! Jaime Salazar Sampaio... Não conhecia, mas já gosto do pedacinho que li, até na contracapa, até no borrão.
Quão verdade esta coisa da palavra escrita tornar o mundo um pouco mais habitável. Quantas vezes não o/a faço, mesmo quando ela é só desabafo como se escrever me fizesse sentir melhor comigo e com o mundo. E faz!

Teresa Martinho Marques disse...

Tive o prazer de conhecer este escritor pessoalmente por volta dos meus 17 anos pela mão de uma excelente professora de Português que tive no liceu... Ele, o poeta, gostou dos meus escritos da altura, que, confesso, vagueavam entre Eugénio de Andrade e as ousadias e liberdades de forma do próprio JSS. A dedicatória que este livro tem para mim refere exactamente isso... ele diz lá que gostou em particular de um determinado poema meu. Tanto em casa, como na escola, través de vários professores, o meu amor pela literatura foi sempre aumentando (e não esquecer que, no liceu, eu estava numa "alínea de Ciências"). Reencontrei esta professora há pouco tempo... ela é actualmente a Presidente da Sociedade de Língua Portuguesa e fui, a seu convite, fazer na sede uma pequena palestra (hei-de falar disso um dia). Não sei por que me lembrei dele ontem... apeteceu-me talvez, recuar no tempo e voltar a ser só aluna com todo o tempo do mundo. As responsabilidades acumuladas de professor-aluno, que todos somos, ou devíamos ser, às vezes tornam-se pesadas e esta não foi uma semana fácil (não estou a dizer que foi "má"... foi antes muito densa em trabalho), mas o fruto do trabalho da secção de avaliação deu alguma flor no CP de ontem e vai prolongar-se, pois convidámos todos a amadurecer as ideias e a estar connosco daqui a 15 dias numa tertúlia informal para os retoques finais...
Já viste como eu misturo tudo? Começo numa ponta e acabo noutra... Acho que a vida e a escola são uma só... talvez seja isso... Não consigo saber onde acaba uma coisa e começa a outra...
Beijinhos Amiga. Gosto de te saber por perto. (Curioso, lembrei-me agora de como nos cruzámos -partilho-o com o mundo - também foi por causa da poesia... e da escola... tudo misturado nesse dia mágico do lançamento dos livros na Escola D. Manuel Martins... Curioso... Está realmente tudo misturado ou é só impressão minha?)

AnaCristina disse...

Já conheço o livro e partilho contigo a satisfação de o ler.

Ando cansada! Nem tenho tido tempo pra ler...

Um abraço

Teresa Martinho Marques disse...

Partilhamos isso e muito mais! Só por curiosidade... qual a história deste livro nas tuas mãos? Como chegou a ti?