Pensava eu que teria ficado na saudosa Luísa Todi aquela coisa de dar aulas em salas geladas.
A dor de garganta fortíssima com que acordei ontem (e hoje piorada) prova que não. Ainda assim aguentarei o suplício hoje de mais umas salas preservadoras da condição da carne, sem qualquer disposição para a missão. Adiante, que vem aí o fim-de-semana e o trabalho acumulado é tanto que nem sei como lhe dar a volta... mas pelo menos por aqui não tenho frio.
Ainda não chegou o Inverno e já nós e as crianças lutamos para sobreviver a manhãs passadas dentro de verdadeiros congeladores, neste caso os "barracões" do jardim, outras salas e a sala de Ciências que é mesmo apelidada o congelador da escola.
Pensava eu que já me havia habituado à congelação. Mas não.
É uma coisa muito magnífica trabalhar nestas condições, acreditem.
E só me ocorre a tutela muito bem instalada nos seus quentinhos gabinetes, enquanto aqui ponho os alunos roxos aos saltos dentro de uma aula de Ciências, porque me faz uma confusão imensa vê-los a tremer de casaco vestido.
Como uma vez disse um "engenheiro" da DREL que nos visitou por conta dumas obras necessárias e nunca mais feitas: era bom trabalhar assim num ambiente adverso, que boas condições a mais para trabalhar não faziam bem... Ele deveria querer referir-se ao provérbio na adversidade se tempera o carácter. Mas, ao fim de cerca de vinte e tal anos de adversidades, tenho o carácter mais que temperado e os meus meninos mereciam muito mais do que aquilo que lhe é oferecido. Posso temperar-lhes o carácter de outros modos com exigência, por exemplo. Poderem concentrar-se no que fazem sem me dizerem de cinco em cinco minutos oh professora estou cheio de frio já seria bastante bom.
Quem sabe podíamos trocar com o gabinete do senhor engenheiro. Melhor do que falar do que não sabem, era experimentar um pouco da dose de veneno que nos é impingida a todos, todos os dias. Aprender como, assim?
Mais uma vez chocada... e nem posso dizer que o choque hoje seja tecnológico... hoje é mesmo uma questão de choque térmico. Farta de dar aulas de luvas e cachecol.
Pronto. Já está. Tinha de ser dito.
É que hoje custa-me muito a engolir e, portanto, recuso-me a deglutir qualquer coisa que não seja um chá de gengibre e limão com mel, muito quentinho, para me preparar para um dia que não será fácil.
Este sapo da educação está cada vez mais gordo...
Lembrei-me do livro "O triunfo dos porcos": todos os animais são iguais... mas alguns animais são mais iguais do que outros.
(E tomar conta dos destinos do país é coisa tão importante que merece boas condições para o exercício das funções... ok. Já percebi. Desculpem lá o desabafozito.)
Votos de Boas Festas
Há 5 anos
5 comentários:
Essa saída do senhor engenheiro faz-me lembrar a resposta que o Conselho Directivo da escola de Castelo de Vide me deu quando perguntei porque é que a escola não tinha aquecimento central (não cheguei a perguntar por que é que as janelas tinham frestas de 5 mm): "Segundo o Ministério esta não é uma zona de frio"(?). Não sei se a escola já tem aquecimento central mas suspeito que não. Como dizes, talvez se resolvessem muitos problemas se os nossos queridos dirigentes tivessem de passar alguns dias no País real (também conhecido por Portugal profundo). Mas isso seria pedir muito.
As melhoras, principalmente!
Pois... obrigada... está difícil...
Na escola do meu filho nem vale a pena falar em aquecimento, pois se até a luz mandam apagar para poupar...(no final do dia)
Valha-nos o aquecimento global para termos Invernos curtos. As melhoras.
Paula, obrigada pela visita e votos! Aqui fechada em casa cheia de medicamentos e antibiótico a ver testes, a preparar as aulas da semana que vem, atentar adiantar o trabalho do mestrado... embora, na verdade, só me apetecesse dormir..............
São revoltantes as condições em que muitas crianças e professores são obrigados a trabalhar... Nem sei o que mais será preciso para que os govenantes percebam... enfim. Rankings e adiante, é o que lhes interessa...
Abraço
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