sexta-feira, março 17, 2006

Tanto mar (Pouco mar?)

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também que é preciso, pá
Navegar, navegar



Dizia Chico Buarque num tempo sem teias. Um tempo de maiores distâncias. Oceanos mais vastos.


composição 3za - baseado em imagens do office clipart

Agora é assim:

Em OUTRÓÒLHAR, há tempos, esta adenda levou-me ao Brasil numa fracção de segundo.
Adenda: Vá ao outro lado do oceano para conhecer a

OFICINA DE PROJETOS.

Fui ao encontro das teias do Vicente e percebi que há mais quem tenha o sonho de fazer destes tempos, tempos de partilha, crescimento, apoio e construção de algo novo em educação. Tempo de pensar uma Escola sem muros.
O Vicente fez o percurso inverso e e navegou até este lado do oceano, deixando por aqui os seus sinais. O seu abraço.

Continua a fazê-lo e, para além da Oficina de Projectos, gostaria de divulgar aqui hoje outras teias suas que conduzem a outros caminhos educativos. Do outro lado encontro as mesmas preocupações, medidas que dificultam a tarefa educativa, queixas e reflexões gémeas das nossas, orientações e apoio ao trabalho do professor. É como olhar no outro lado do espelho...


Tique de professor / informes & reflexões
(antes TIC NA EDUCAÇÃO / CAPACITAÇÃO)

e

MATEMÁTICA NAS OITAVAS


O destino é assim.
Este mar agora já não nos separa. Aproxima-nos. Ele e a língua cheia de cumplicidades.

A teia vai crescendo. A seda chegando mais longe.


Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar


(Agora, estes belos versos poderiam referir-se apenas à distância entre o que sonhamos, cá e lá, para a educação e este presente conturbado que nos prende e puxa para trás.)

Sei também que é preciso, pá
Navegar, navegar

Naveguemos.

Porque navegar é preciso... (Embora viver também... não é preciso o extremo da anulação, embora o poema traduza um intenso sentimento de dedicação à causa, que é comum a muitos professores...)


Navegar é Preciso


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.

Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


Fernando Pessoa in Obra Poética


[Nota de
SF
"Navigare necesse est; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu]

4 comentários:

joão marinheiro disse...

Olá, vimaté aqui numa navegação recente, sou mais de água para navegar, mas existe sempre um "mas na minha vida...rs..."navego agora neste oceano, atraquei aqui, acho q cheguei a bom porto, gosto do som que escuto, uma maresia que entendo...Vou vir mais vezes, vou ler com calma, para já fica nos meus favoritos, o barco esse vai continuar atracado em descarga...Abraço com a imensidão oceánica.

Herr Macintosh disse...

OK, uma pequenina correcção ao latinório final: falta o verbum. A frase correcta é Navigare necesse est, vivere non est necesse. E agora, antes que alguém diga, como o Cícero, "Quosque tandem, Her Macintosh, abutere patientia nostra", retiro-me.

matilde disse...

Obrigada pelas sugestões Teresa. Concordo que é preciso, quer navegar, quer viver... A palavra Viver pode abarcar tanta coisa. Viver. Ser. Muito mais que simplesmente existir...
Hoje estou assim melancólica - a culpa é do ursinho Pooh...lol

Bjinhos e óptimo fim-de-semana!

[Ah, e cumprimentos tb à tua aranhiça do quintal e continuação de boas tecidelas para as duas :)]

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada lobodomar... já fui ao teu canto. Temos em comum a poesia. Gostei do que li...

Herr... correcção feita... eu é mais bolos... copiei da fonte... não sei dessas coisas... Obrigada!

Tit, obrigada pela visita... a melancolia às vezes é uma coisa tão doce... votos de um fim de semana excelente! (A aranhiça devolve os cumprimentos e atreve-se a dar-te beijinhos!)