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Não resisti a mais umas palavrinhas sobre os livros. Melhor, sobre o leitor, novamente pelos olhos de Daniel Pennac. Nenhuma novidade. Apeteceu-me recordar alguns direitos... Mesmo assim trabalho pela calada para que a vontade de ler dos alunos ganhe, com distância convincente, à vontade - direito - de não ler. Porque o professor, às vezes, consegue dar aos livros aromas apetecíveis... E esse é um dever de que não abdico (não há direitos sem deveres...)
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"(...) Passemos ao leitor.
Porque, mais instrutivos ainda do que os modos de tratar os livros, são os modos de os ler.
Em matéria de leitura, nós, os "leitores" temos todos os direitos, a começar pelos que recusamos aos jovens que pretendemos iniciar na leitura.
1) O direito de não ler.
2) O direito de saltar páginas.
3) O direito de não acabar um livro.
4) O direito de reler.
5) O direito de ler não importa quê.
6) O direito de amar os "heróis" dos romances.
7) O direito de ler não importa onde.
8) O direito de saltar de livro em livro.
9) O direito de ler em voz alta.
10) O direito de não falar do que se leu.
Parei arbitrariamente no nº 10, primeiro porque é uma conta redonda, depois porque é o número sagrado dos famosos Mandamentos, e também porque é agradável, pelo menos uma vez, servir para uma lista de autorizações.
Porque se queremos que o nosso filho, a nossa filha, a juventude leiam, é urgente outorgar-lhes os direitos que outorgamos a nós próprios."
Daniel Pennac
Como um Romance
Ed. ASA
Votos de Boas Festas
Há 6 anos
5 comentários:
Adorei este post... principalmente porque adoro saltar de livro em livro e às vezes até...(corei nesta parte!) vou ler o fim porque não aguentei ficar sem saber...
Ler é como ouvir música portuguesa! (na minha opinião, claro) O que interessa é ler e ouvir...
Ontem encontrei por acaso uma citação sobre os livros, que achei interessante - deixo-a aqui:
"Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões do seu corpo. O microscópio, o telescópio são
extensões de sua visão; o telefone é a extensão de sua voz; em seguida temos o arado e a espada, extensão de
seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação."
Jorge Luís Borges
Bjnho
É bem verdade Ana! Não vale a pena corar que eu já o fiz muitas vezes! (A última foi com o Intermitências da morte do Saramago... confesso que me apetecia tanto saber o que a morte ia fazer... nem digo o quê para não vos estragar o prazer...). E, Tit, linda a citação. Não conhecia e gostei imenso! É tão bom chegar a casa e ter-vos por aqui...
Beijinhos!
Aqui há uns bons doze anos, num encontro com alunos sobre a temática da leitura, comecei por lhes ler estes direitos.
A eles, tive-os presos até ao fim, mas houve colegas que me rebateram. Não me lembro quem. Também não interessa.
Pois... apesar de tudo, arrisco-me a dizer, é mais fácil "agarrar" os pequenos...
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