Como saber que estamos um pouco mais perto do destino?
Quando hora e meia passa depressa e se ouve (sabe tão bem ouvir) “O quê? Já?”.
Quando a Matemática passa de filme que nos aterroriza, a filme de aventuras preferido, onde queremos entrar como actores.
Quando o Miguel, sorrindo misteriosamente, comunica à turma que tem uma resposta diferente para o problema que acabámos de resolver do telefonema de Nova York para Lisboa (onde se pretendia saber as horas que seriam quando o Sr. Amaral atendeu, em Lisboa, a chamada do Sr. Morris): Era difícil ele atender o telefone exactamente a essa hora, a não ser que estivesse sentado mesmo ao lado do telefone... normalmente demoramos mais e a resposta dependia disso. Cá para mim era melhor mudar a pergunta para: “A que horas tocou o telefone?”
Quando o António, no problema do autocarro, contabiliza o esquecido (até por mim) motorista, ao responder à questão “Quantas pessoas foram transportadas naquele percurso?”
Quando a Rita deixa escrito no teste Professora, eu fiz este problema, mas o resultado não faz sentido! A menina não pode ter este peso. É impossível! Isto está errado mas já não tive tempo de o fazer outra vez...
Quando a Cátia, sem se lembrar de que para achar uma certa despesa bastaria multiplicar o preço unitário pela quantidade de produto adquirida, desenvolve um processo lógico mais demorado, mas chegando à solução correcta sem desistir (1m custa 2€... 3,5m custa quanto? Ora, 3m custam 6 €... se 0,5m é meio metro e custa 1€, logo a despesa deve ser 7€)
Quando o João corrige erros no Manual, depois do professor informar que existem e os desafiar a procurá-los numa determinada página.
Quando a Maria (a repetir o 5º ano, e que diz muitas vezes de si própria que é burra) ultrapassa autonomamente as dificuldades de procedimentos de cálculo, depois de lhe ter sido finalmente provado que ela era inteligente e capaz de resolver problemas complexos... só se enganava nas contas.
Quando os dedos se agitam no ar para explicar, para perguntar... Quando já não se desiste das tarefas. Quando nos apetece mais e pedimos mais. Sempre mais e nunca menos. Quando nos sabe bem a todos ir para a aula. Seguir em frente. Fazer “coisas” difíceis...
Quando...
Na Matemática, na Educação, na Vida, na Natureza de que fazemos parte... tudo se parece reduzir simplesmente a uma forma de estar, uma forma de ser, uma forma de conseguir enfrentar com eficácia e alegria o desafio de caminhar, o desafio de viver. Que se pode partilhar. Que é possível aprender.
E nunca é tarde de mais para começar.
Haverá uma boa razão para começar já hoje?
Seremos todos mais felizes assim.
TMM
Quando hora e meia passa depressa e se ouve (sabe tão bem ouvir) “O quê? Já?”.
Quando a Matemática passa de filme que nos aterroriza, a filme de aventuras preferido, onde queremos entrar como actores.
Quando o Miguel, sorrindo misteriosamente, comunica à turma que tem uma resposta diferente para o problema que acabámos de resolver do telefonema de Nova York para Lisboa (onde se pretendia saber as horas que seriam quando o Sr. Amaral atendeu, em Lisboa, a chamada do Sr. Morris): Era difícil ele atender o telefone exactamente a essa hora, a não ser que estivesse sentado mesmo ao lado do telefone... normalmente demoramos mais e a resposta dependia disso. Cá para mim era melhor mudar a pergunta para: “A que horas tocou o telefone?”
Quando o António, no problema do autocarro, contabiliza o esquecido (até por mim) motorista, ao responder à questão “Quantas pessoas foram transportadas naquele percurso?”
Quando a Rita deixa escrito no teste Professora, eu fiz este problema, mas o resultado não faz sentido! A menina não pode ter este peso. É impossível! Isto está errado mas já não tive tempo de o fazer outra vez...
Quando a Cátia, sem se lembrar de que para achar uma certa despesa bastaria multiplicar o preço unitário pela quantidade de produto adquirida, desenvolve um processo lógico mais demorado, mas chegando à solução correcta sem desistir (1m custa 2€... 3,5m custa quanto? Ora, 3m custam 6 €... se 0,5m é meio metro e custa 1€, logo a despesa deve ser 7€)
Quando o João corrige erros no Manual, depois do professor informar que existem e os desafiar a procurá-los numa determinada página.
Quando a Maria (a repetir o 5º ano, e que diz muitas vezes de si própria que é burra) ultrapassa autonomamente as dificuldades de procedimentos de cálculo, depois de lhe ter sido finalmente provado que ela era inteligente e capaz de resolver problemas complexos... só se enganava nas contas.
Quando os dedos se agitam no ar para explicar, para perguntar... Quando já não se desiste das tarefas. Quando nos apetece mais e pedimos mais. Sempre mais e nunca menos. Quando nos sabe bem a todos ir para a aula. Seguir em frente. Fazer “coisas” difíceis...
Quando...
Na Matemática, na Educação, na Vida, na Natureza de que fazemos parte... tudo se parece reduzir simplesmente a uma forma de estar, uma forma de ser, uma forma de conseguir enfrentar com eficácia e alegria o desafio de caminhar, o desafio de viver. Que se pode partilhar. Que é possível aprender.
E nunca é tarde de mais para começar.
Haverá uma boa razão para começar já hoje?
Seremos todos mais felizes assim.
TMM
Excerto de um texto publicado no Correio da Educação,
CRIAP ASA, nº214, 28 Fevereiro 2005.
8 comentários:
Fiquei preso nesta teia... é caso para dizer: ainda bem!
Bem-vinda à nossa companhia, Teresa.
Bem professora e mesmo verdade a nossa turma a dizer ohhhhhh ja vai tocar quando estamos todos entusiasmados com as viagens ao armario da profeesora eu que nao gostava de matematica agora e a minha dicsiplina favorita!!! beijinhos da marta do 6ºd
Ainda bem Marta! Fico contente!
Vai ficar tudo a pensar o que são essas viagens ao armário... Suspense... Depois um dia contas a história naquele blog "diferente" que vais construir...
Beijinhos
Acabo de descobrir este blogue graças ao Miguel Pinto e foi uma descoberta muito animadora para quem tem andado a pensar "mas porque não me reformei já?"
Bem-vinda, Teresa!
E... sobre o armário da professora e as viagens a esse armário, a Marta já me deixou cheia de curiosidade!
É este enredo, esta teia que dá o sentido certo às coisas... De uns para outros, passando palavra.
A algum lado conseguiremos chegar!
Obrigada Isabel. Não te reformes já... continua a partilhar as memórias e outras histórias connosco. O armário pode ser entreaberto em www.sala16.blogspot.com (numa turma diferente da da Marta, que mora ao lado e também acredita em magia e em viagens no tempo). Coisas.
Obrigada Miguel!
Já agradeci n'outróòlhar, mas faltava aqui também.
Gostei de visitar este teu espaço,é bom sentir que há pessoas assim e é importante continuar.
Também acontece nas minhas aulas: os alunos acham que o tempo passou sem se dar por ele
que a aula é pequena e muitas vezes oiço a frase mágica - afinal já gosto de matemática. Só que, parece-me, esse gosto depois perde-se quando vão para o terceiro ciclo.
Obrigada pelas tuas palavras! Tens toda a razão no que dizes... especialmente se o professor que se segue não der continuidade ao trabalho por nós iniciado. Mas para alguns alunos, vai persistir o gosto conquistado. Temos de acreditar que sim!
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