quinta-feira, dezembro 31, 2009

Recomeçar... (Continuar?)

Recomeça...

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga

Resoluções radicais...

O meu Paizão enviou-me a notícia (clicar para ampliar) que também encontrei AQUI.

Pois...

Sem radicalizar, realmente este foi o ano em que encerrei alguns espaços (o twitter e mais uns três). Já não tenho tempo para o SL (embora confesse saudade dos encontros de Educação promovidos pela Universidade de Aveiro). E não é mentira que, se não tivermos cuidado, acabamos encerrados nestes universos, sem que disso resulte algum bem para o mundo à nossa volta, ou para nós. Temos de os usar a nosso favor, não contra nós.

Utilizo pouco o telemóvel (desde criança que não gosto de telefones) e com excepção da Teia, do Sabor de Palavra (lazer), e dos espaços das turmas... (este ano Clube e turma D), os restantes (Muito mais e Facebook) alimentam-se dos principais e não me ocupam mais tempo do que uns minutos de actualização quando se justifica.

Ok. Também assumi criar e manter o site da ESE - programa de Formação - mas isso vou contabilizando na dádiva à causa da formação... podia ser de outro tipo, mas distribuímos o trabalho por todos e funcionamos bem. Para além de que não é um espaço onde precise de estar regularmente.

Estou a pensar em voz alta, já perceberam. A época é propícia... Uma resolução para 2010 é, decididamente, menos cadeira e mais acção (exercício, pois). O que pode implicar, realmente, menos tempo por aqui, por ali e acolá no digital. Estas coisas têm um tempo... têm os seus momentos... e tão depressa me apetecem rosas, como borboletas, ou nada disso. Os gastos de tempo agora são muito reais com as deslocações às escolas e há prioridades. Neste momento uma delas, para além dos meus meninos na escola, é a leitura e a aprendizagem pessoal (não apenas porque preciso, mas porque quero) e o feedback a formandos (ao vivo, ou digitalmente - tarefa exigente).

A melhor resolução? Continuar a manter-me fiel a mim. É quanto basta. Não preciso de mudanças radicais para isso. Vou-me ajustando e adaptando à evolução dos tempos e das tarefas... com a esperança de ver a Escola perceber que de nada serve ocupar até à exaustão os professores, com intermináveis burocracias, não criando as condições para lhes exigir que possam continuar a estudar, a reflectir, a progredir na sua missão... e recompensar realmente o mérito encontrando formas justas de o reconhecer.

Regressando às resoluções radicais... com o namorado espécie de marinheiro que arranjei, o meu único remédio é mesmo aproveitar bem o que o digital oferece (ainda me lembro de um tempo sem computadores e sem telemóvel onde ficava dias e dias sem saber nada dele).

Oh Lily, sem computador e sem telemóvel??? Nunca! :)

Despeço-me do ano velho...

... com algumas imagens que me chegaram hoje, juntamente com duas planificações e uma reflexão para apreciar (sim, que para o ano e para a semana lá regresso à roda-viva de acompanhamento de aulas de outros meninos - a parte mais saborosa desta coisa de ajudar os outros a crescer). Obrigada à Paula que me apanhou em flagrande junto dos meninos dela (1º ano) em duas aulas que fui acompanhar este ano. Boas imagens/memórias para uma despedida, porque ao virar da esquina nos iremos encontrar outra vez...
O livro da Liping Ma quase no fim. Ontem chegaram os livros que ainda aguardava (vou folheá-los ainda hoje). Ando a precisar de ler. Este tempo das Festas é ideal... Pausa, reflexão, crescimento. Algumas resoluções? Também.

Se era possível fazer tudo isto sem investir tanto tempo, dedicação, emoção?
Era, sim...

(Mas não era a mesma coisa... :)

Um Ano Novo com energia para encontrar boas e criativas soluções para todos os problemas que tivermos de enfrentar...






quarta-feira, dezembro 30, 2009

Saber e ensinar Matemática elementar


Falei deste livro há tempos, mas só agora encontrei os minutos necessários para o ir percorrendo (a par com outros caminhos de leitura e com a preparação do trabalho que se avizinha).

E por que razão o destaco novamente?

Porque está a ser uma boa fonte de reflexão e aprendizagem.
Recomendo...
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Mais informação AQUI

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Lá longe em terras de África

Trinta e dois anos depois regressou a Moçambique onde nasceu e de onde foi expulso por ter assumido nacionalidade portuguesa e ter surgido posteriormente uma lei que não lhe permitia ficar, não porque desejasse vir embora (ficou lá até ser empurrado).
Por um lado família, por outro o cheiro da terra e ainda/sobretudo a criação de protocolos de cooperação com a Universidade (na área das Geociências). Viagem muito desejada. Sarar todas as feridas.
Acabei de receber telefonema do Kruger Park... sim, fotos prometidas, mas sem internet. Ter rede já foi inesperado. Que já fotografou hipopótamos e outras criaturas. Pois. Passagem de ano em grande. Deixo aqui uns hipopótamos do dito parque, recolhidos na net, e fico à espera de receber os outros. Regresso marcado muito para além da altura em que eu regresso à azáfama do costume... Não falto a compromissos, pois. Por isso falo de lá, mas aqui...

domingo, dezembro 27, 2009

Uma árvore especial


Lá por casa nunca tivemos muito o hábito de fazer árvores de Natal, a não ser quando a nossa idade muito jovem o exigiu. Temos tendência a fugir à maioria das tradições... As prendas oferecem-se mal acaba o almoço de 24, porque é tudo gente que gosta de se deitar cedo... :)
As nossas crianças agradecem...

Mas este ano temos finalmente em casa dos Pais uma árvore à medida do que sempre desejámos (pormenores aqui). O mano Paulo fê-la com carinho para estar pronta o ano inteiro a confirmar a ideia de que Natal connosco é mesmo mesmo mesmo todos os dias.

Partilho...

[Árvore+de+Natal-2+01a.jpg]

sábado, dezembro 26, 2009

Azul - Blue - Bleu

foto aqui


Já tenho o meu e já ofereci pelo Natal...

Mais AQUI

sexta-feira, dezembro 25, 2009

Dia de Natal com asas e rosas









Os meninos e mimos de Natal...

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São quatro os meninos do Natal. Sobrinhos filhotes de irmãos meus. Um já entrou na Universidade (Bruno), outro está agora no 2º ano do 1ºC (Hugo) e os mais pequeninos (5 anos - João e Inês) pertencem ao universo doce da "escola infantil"... Os sobrinhos - três rapazes e uma menina são o espelho contrário de nós manos - três raparigas e um rapaz.
O Hugo e a Inês não vivem em Portugal. Os pais trabalham na Comissão Europeia há muitos anos. Desta vez, logo que chegaram, quiseram apresentar-nos a sua escolinha e os seus feitos. Mãos no teclado, voz explicando os trabalhos e animações que iam mostrando. Fotos das turmas...
Alegria. Esta é a minha professora! Esta é a minha! Pudessem todos os meninos sentir este prazer a falar assim das suas coisas de aprender.
Mais tarde... escutando uma conversa dos mais crescidos sobre as dificuldades de educar hoje (na família juntam-se três damas de vários ciclos de ensino: pré-escolar- Lena, 1º Ciclo - Mena e 2º ciclo - eu) e as nossas queixas sobre as dificuldades de participação organizada dos alunos a Inês explicou: lá na minha escola, quando eu quero falar ponho sempre o dedo no ar!
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Cantámos canções, recitaram poesia, instalámos uma câmara e ligámos o Pai/Avô Eduardo ao Skipe, criámos novo blogue para o mano Paulo (que para além do Madeira Viva, vai iniciar um espaço para divulgar quadros que desenha/pinta a propósito de histórias), o mano Vet. Paulo fez ainda uma consulta à cachorrinha - que faz onze anos em Janeiro - e todos escutámos o coração dela com o estetoscópio, montámos uma pista e brincámos com carrinhos, jogámos jogos sentados no chão, abrimos a arca dos sonhos que aninha os antigos brinquedos (meus e dos manos) que os Pais guardaram para os netos, os mais pequenos fecharam-se no escritório do Avô a preparar surpresas com papéis e canetas, saboreámos os mimos da Mãe e que a nossa mais que mana Mena da Guarda nos traz (a genuína Mãe Natal desde que entrou na nossa família há muitos anos), ai o salame de chocolate da Lena!, ai as broas da Teresa! (manas alfacinhas muito "preguiçosas"... não se comparam ao empenho e dedicação da Mena...), ficamos horas à conversa em volta da mesa, a Mãe sempre com o trabalho todo... mais um chá, mais uns mimos, querem mais alguma coisa? e os Pais com a casa para arrumar depois da confusão alegre de todos os anos.
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Os grandes trocam apenas uma prenda simples entre si (sorteio) porque desistiram há já três Natais de alinhar no frenesim consumista sempre em crescendo. Apenas os meninos têm direito a prenda. Embora os Pais caiam sempre em tentação e todos os Natais mimem os filhos com um bónus extra (aquele que me permite depois, no meu caso, comprar mais uns livros, investir aqui e acolá no enriquecimento do universo tecnológico da casa...). Ralhamos, mas agradecemos. Nada a fazer. Os Pais gostam de mimar os filhos e a verdade é que toda a vida fizemos bom uso de todos os seus investimentos (de vários tipos... :)...
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Simples os nossos Natais.
Os melhores do mundo para nós.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Há páginas...

... cheias de

Crónica de... Natal (Santana Castilho)


Oferendas vermelhas e doces de Natal...

No ano passado, por alturas do Inverno, ele e ela (toutinegras) adoptaram o jardim e as romãs que sobraram nos ramos da romãzeira. Depois partiram e nunca mais deram notícias.
Este ano regressaram fielmente em Dezembro, mas são poucas as romãs ainda penduradas, pois o tempo anda estranho e não esteve de feição.
Precisei de as recolher antes e guardei algumas para lhes oferecer pelo Natal.
Assim... mal começámos a vê-las, encontrámos uma forma de continuar a sedução do vermelho sabor.
Elas aceitaram as oferendas vermelhas e doces e tem sido um festim.

Até hoje ainda não havia sido possível captar imagens da gula. Não são as fotos fantásticas que se ambicionam sempre... mas fica a reportagem!




Santa, Baby... Been an awful good girl ...


Nunca fui pessoa de grandes tradições natalícias...

Natal para mim é apenas a melhor e mais bonita oportunidade de encontro com aqueles a quem quero muito e com quem não posso estar facilmente ao longo do ano. Já nos aconteceu (à minha família mais próxima - Manos e Pais) transferir o Natal para o Verão num ano em que não foi possível a reunião no tempo que o calendário reserva oficialmente para tal. Como vêem... para nós tanto nos faz a data e o Verão é frequentemente o nosso segundo Natal, pois oferece novamente a oportunidade de estarmos próximos.
A vida anda acelerada, o trabalho acumula-se... e o Natal acaba por ser também (sobretudo) um tempo para pôr ordem nos papéis, nas ideias, na vida e preparar as tarefas que continuam (sempre à velocidade da luz) no ano seguinte.
Assim, este ano nem tempo consegui ter para decorações. Estou a ficar verdadeiramente minimalista e preguiçosa, deixando o meu canto Natalício sempre pronto de um ano para o outro sem arrumar nada... acreditam? Os bonecos fazem-me companhia o ano inteiro, já parte integrante da decoração,lembrando que Natal é mesmo quando me apetecer e tiver tempo.
Queria ver se hoje ainda conseguia fazer as broas de mel da Avó (com a adaptação recente para raparigas do século XXI que não têm tempo para nada), dar banho à cachorrinha, organizar o trabalho que resultou da reunião de ontem na ESE e... acho que o dia não esticará para muito mais.

Dou conta agora que, com esta vida cada vez mais acelerada, nem me lembrei de fazer algum exercício de sedução a ver se conseguia que o Pai Natal reparasse em mim e não pensasse que me esqueço dele. Sim, eu sei... um poemazito aqui, outro acolá... Mas não sei se fui convincente...
Faço hoje mais uma tentativa desesperada em cima da hora... (estas modernices das tecnologias ajudam...)


Santa, Baby... Been an awful good girl... :)
Vais lembrar-te de mim?

Boas Festas a todos!



Santa Baby,
Just slip a sable under the tree
For me
Been an awful good girl
Santa Baby,
So hurry down the chimney tonight

Santa baby,
A 54 convertible too
Light blue
I'll wait up for you, dear
Santa baby,
So hurry down the chimney tonight

Think of all the fun I've missed
Think of all the Fella's that I haven't kissed
Next year I could be just as good
If you'll check out my Christmas list

Santa Baby,
I want a yact and really that's not
A lot
Been an angel all year
Santa Baby,
So hurry down the chimney tonight

Santa Honey,
one little thing i really need
The deed
To a platinum mine
Santa Baby,
So hurry down the chimney tonight

Santa cutie,
Fill my stocking with a duplex
And checks
Sign your 'x' on the line
Santa cutie,
and hurry down the chimney tonight

Come and trim my Christmas tree
With some decorations bought at Tiffany's
I really do believe in you
Let´s see if you believe in me

Santa Baby,
Forgot to mention one little thing
A ring
I don't mean on the phone
Santa Baby,
So hurry down the chimney tonight
Hurry down the chimney tonight
Hurry...tonight

terça-feira, dezembro 22, 2009

Scratch time! Reportagem no Público (hoje)

Destaque doce para as duas escolas que ficaram entre os 50 melhores projectos da Europa no Schoolnet elearning awards 2009. Uma delas a nossa, com o Clube Scratch time!.

Obrigada à Bárbara Wong e ao Daniel Rocha que nos visitaram 5ª feira que passou e captaram com imensa sensibilidade a essência do nosso trabalho...

Outro obrigada, ainda, pelo destaque dado pela jornalista Bárbara no seu blog "Educar em Português", reforçando o prazer mútuo de um encontro tecido pelas gémeas preocupações que partilhamos sobre as questões da educação e da família...

Clicando na imagem abaixo é possível aceder a um "clipping" da notícia original (com fotos sobre as duas escolas distinguidas) feito pela PTin e gentilmente cedido por Fausto de Carvalho (um dos grandes responsáveis pela chamada de atenção que colocou o Scratch time no centro dos olhares da empresa e igualmente responsável pela equipa que deu corpo ao portal Scratch no SAPO Kids integrando a aplicação Scratch numa versão portuguesa de excelência).
Obrigada!




O artigo também pode ser consultado online AQUI

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Gatos, gaivotas e o que os olhos vêem...

No Bairro da Bela Vista há sempre gaivotas a passear no céu. A pousar nos prédios.
Da última vez que lá fui, bem cedinho (8 horas da manhã), uma delas pousou no chão entre dois carros, do outro lado da estrada. Um gatinho pequeno e dourado aproximou-se sorrateiro e tentou a sorte. Mais pequeno do que a ave. Mais olhos que barriga? Acreditou que era possível. A gaivota levantou voo. Ele sentou-se calmamente a lamber as patas e a pensar (juro que lhe escutei o pensamento): na próxima não escapas...

Há meninos à espera que a escola abra as portas. Meninos de todas as cores, formas, tamanhos e feitios. Tem estado frio. Muito frio.
(Só pode gostar do Inverno quem não tem de tremer às mãos dele. Quem o saboreia no avesso quentinho da vida.)

Desde há algum tempo que no pátio central da escola se ergue uma enorme e bela árvore de Natal feita de lixo reutilizado com arte, oferecida por algumas escolas do primeiro ciclo à escola grande.
Contava-me uma das professoras dos meninos da escola grande que os seus alunos não gostavam daquela árvore: oh professora, nós sabemos que somos um bairro pobre... mas também não era preciso fazerem uma árvore de Natal com lixo...

Quando nascemos, somos assim uma espécie de cruzamento feliz entre gato e gaivota. Quando crescemos... por vezes a magia das coisas começa a desaparecer devagarinho. Ficamos cada vez mais gatos e cada vez menos aves. Ser só gato no chão não é uma coisa má. Desde que não se seja gato triste sem umas asas quaisquer que nos façam acreditar que estamos à altura de uma gaivota só aparentemente maior do que nós.

A vida não é sempre um caminho justo.
O lixo reutilizado pode ser arte, sim. Ou só lixo.
O Inverno pode ser poético e branco, pois. Ou só desaconchego e desalento.

No bairro da Bela Vista mora muita gente boa e forte com caminhos difíceis de fazer. Não tomemos o todo pela parte. Não ajuizemos à distância a parcela do que é geralmente mostrado.
A diferença está na vida de cada um e nos olhos que essa vida constrói.


Tem sido feito muito, ainda há muito para fazer.


Quando os meninos pequeninos das turmas de primeiros anos que tenho acompanhado (pintainhos muito amados pelas suas professoras tão especiais, com as quais percebemos uma ligação doce e profunda) correm para mim de braços abertos, lembrando e chamando em voz alta "Teresa!"... Quando os mais crescidos perguntam às suas professoras: quando é que aquela outra professora vem cá outra vez?... os meus olhos sabem as asas dentro deles, sabem a esperança...
(Mas é preciso muito mais ajuda... a ajuda certa... a ajuda continuada para a construção de ferramentas de conquistar mundo.)



sexta-feira, dezembro 18, 2009

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Ilustrar Pessoa...

CONVERSA COM PEDRO PROENÇA na livraria Papa Livros no Porto em torno do seu novo álbum ilustrado "Fernando Pessoa - antologia poética" (Faktoria, Kalandraka)

sessão moderada por Emílio Remelhe
18 de Dezembro às 18h30m


Prioridades...

Depois dos anos difíceis que passaram... onde estabeleci como prioridade o trabalho com os alunos, projectos que os envolvessem, a minha formação e crescimento profissional para melhorar conhecimentos e práticas (não gastando tempo com um modelo de avaliação sem nexo e com títulos sem sentido), posso agora fazer o balanço certo de algumas conquistas: a conclusão de um mestrado (de natureza prática... sala de aula... envolvendo os alunos e a escola), uma plataforma portuguesa de Scratch, o convite para a ESE - programa de Formação Contínua de Professores (a meu cargo 30 professores de 1º e 2º Ciclos), a acreditação como formadora certificada na didáctica da Matemática, o reconhecimento do projecto de trabalho na Escola com o Scratch no European e-learning awards, o carinho dos alunos e dos pais (o melhor e o mais importante) que se tem prolongado nas novas famílias das novas crianças a meu cargo (que os meus alunos mais crescidos ajudam no Clube como se fossem seus irmãos mais velhos, mantendo e reforçando os laços criados nos tempos que nunca lhes roubei para coisas muito desimportantes e absurdas)...

Ah... como as regras do jogo mudaram e agora todos foram mesmo avaliados, mesmo sem entrega dos ois ou FAA (optei por documento alternativo) e depois de notificação afirmando o contrário (afinal a razão estava do nosso lado), coube-me em sorte uma avaliação de Bom (8 pontos) por falta de alinhamento no processo... posto que para ter mais era preciso fazer tudo direitinho, cumprir as regras que permitiriam eventualmente trepar mais uns degraus, pedir aulas assistidas, provar mesmo mesmo que era mais que só boa professora e, depois, ter lugar nas "vagas"...

Arrependimentos?
Nenhum. Voltaria a fazer tudo como até aqui.
Uma questão de prioridades.
(Os meus alunos no topo de todas elas... Sempre.)

Tecendo...

... noutros recantos.


(Já cheira a Natal.)

quarta-feira, dezembro 16, 2009

domingo, dezembro 13, 2009

O Pai Natal e o Maiúsculo Menino - João Pedro Mésseder (Escritor) e Gabriela Sotto Mayor (Ilustradora)

Para ler e oferecer...

Construído como uma narrativa versificada, este texto dá conta, através das memórias e da reflexão de um narrador/sujeito poético de primeira pessoa, das modificações ocorridas na celebração do Natal, exprimindo uma certa nostalgia por um passado onde a festividade tinha mais conotações religiosas e afectivas, entretanto substituídas pelo consumismo. Desta forma, a imagem do maiúsculo Menino, correspondendo à figura de Jesus recém-nascido, conotado com um certo Cristianismo primitivo, opõe-se a imagem do Pai Natal, aproveitamento comercial e adulterado dessa realidade original. Sob a aparente leveza e acessibilidade do discurso, marcado pelo verso tradicional e pela rima, o texto, recorrendo à ironia e também ao humor, inclui críticas sociais duríssimas aos valores dominantes da sociedade contemporânea, denunciando o consumismo desmesurado, a injustiça na distribuição dos bens e da riqueza, a valorização da aparência em detrimento da essência, a desvalorização dos afectos e da família… As ilustrações, ainda que coloridas e pensadas como um todo coeso, não dão conta da leitura profunda do texto e das implicações ideológicas que a oposição Menino Jesus e Pai Natal conotam.
Ana Margarida Ramos (AQUI)


A exposição ainda pode ser vista até 18 de Dezembro...


sexta-feira, dezembro 11, 2009

Young mathematicians at work


Os livros vão chegando.
Uma espécie de prendas de Natal antecipadas.
A tentação de aprender é sempre tão grande.

Também vai chegando (finalmente) a vontade de regressar às leituras (interrompidas nestes dias).

E de as partilhar.

Bem vistas as coisas... tudo bons sinais.
(A cura deve estar cada vez mais perto...)

http://www.contextsforlearning.com/samples/YMaWBooksOverview.pdf


Mais AQUI

Emergindo, lentamente...

Fui submergindo aos poucos até ao ponto de vontade de coisa nenhuma. Dar razão a médico, família e amigos. Parar completamente.
Tudo concentrado apenas em conseguir arranjar ar suficiente para aguentar um tempo que parece sempre infinito sob o peso de uma coisa qualquer parecida com um mar pesado sobre o peito. Respirar parece de repente uma coisa tão urgente e necessária.
Hoje, embora a febre ainda espreite de noite, o primeiro dia em que tive vontade de duas palavras escritas.
Bom sinal. Muito bom sinal. E já me apetece conversar. Ar que chegue sem entrecortar as frases.
Chegar aqui e encontrar em comentário a sugestão de um leitor para "uma recuperação tranquila" (obrigada, Hugo!)
Exactamente o som de que precisava para me ir chegando à tona, para deitar a mão à superfície e me empoleirar nela outra vez. Assinalando a chegada, a quase emersão, partilho aqui esse som que é o que escuto na viagem sossegada de retorno.
Desta vez acho que aprendi uma lição qualquer. Espero é que a memória a preserve...

Ainda preciso de mais algum tempo. Dois dias chegam.
Dois dias.
E depois recomeçar devagarinho, com cuidado, a navegação dos dias.
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quarta-feira, dezembro 09, 2009

Desafio Natalício...

Aceitei o desafio da Isabel e passo-o a quem quer que aqui chegue, tenha um blogue e não tenha ainda sido desafiado :)
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1. Eu já... tive um aluno que me interrompeu subitamente a aula de Matemática, quase chorando, para me dizer: oh professora, ele está a dizer que o Pai Natal não existe, mas existe, não existe?

2. Eu nunca... deixei de alimentar sonhos das crianças à minha volta, mas sempre partilhando as melhores ferramentas e escadas para lá chegarem (as melhores prendas de Natal).

3. Eu sei... que preferia um Natal de Verão a ver se o calor dele aumentava...

4. Eu quero... que o Natal continue a ser o que tem sido até aqui: um tempo de encontro com todos bem à nossa volta.

5. Eu sonho... que o Natal dos outros seja simples e bom como o meu, onde as tradições se fizeram para não se respeitarem e todos os anos se acrescentam inovações que fazem as delícias dos mais pequenos...

imagem: http://www.vladstudio.com/

terça-feira, dezembro 08, 2009

A? B? C?


Diz o Médico que já nem vale a pena fazer testes, porque me trataria da mesma maneira:
estou de castigo até Domingo, por não ter juízo e esticar um bocadinho demais a máquina...
Estando eu a correr dezenas de escolas desde Novembro e em contacto com imensos meninos (de turmas onde o vírus atacou), espanta-me não ter sido mais cedo. Julguei que tinha super-poderes e que me aguentaria até ao Natal... mas não.
Como diz uma querida Amiga que me conhece bem: teres de faltar e ficar em casa é pior para ti do que a própria doença...
Pois...
(Os pais conhecem bem as birras de adolescente, bem doente, a querer sair de casa para não faltar a aulas e a testes... Há coisas que nunca mudam.)

sábado, dezembro 05, 2009

Home

Obriguei-me a parar para ver o filme completo no Canal 2, há uns minutos.

Deixo uma amostra.

Vale a pena reflectir...

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Podem ver o filme completo AQUI (também em HD)

Sou assim...

uma espécie de

www.vladstudio.com

terça-feira, dezembro 01, 2009

Matemática (e não só): profusão de recursos excelentes e actuais (Canadá - Ontário)





Expert Panel Reports / Guides to Effective Instruction
Note: Owing to copyright restrictions on online use, some material has had to be blanked out of the PDFs. In addition to those exclusions, the PDF files may contain other small discrepancies. The printed documents released to schools by the Ministry of Education are the complete and final versions of the Guides.


A Guide to Effective Instruction in Math, Kindergarten to Grade 3:
Number Sense and Numeration


A Guide to Effective Instruction in Math, Kindergarten to Grade 3:
Geometry and Spatial Sense

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(Já tenho os pdfs numa pasta do computador...)

segunda-feira, novembro 30, 2009

2010 formas de ser estar...




2010 FORMAS DE SER ESTAR
Dois mil e dez, mostra o que trazes nas mãos, vê onde poisas os pés.
O sopro vital anima seres, insufla o espaço, preenche o tempo: palavras, imagens, ideias, objectos, gestos, atenções, decisões… Viver na biodiferença, sobreviver na biodignidade.

2010 FORMAS DE SER ESTAR 2010 FREQUENTLY ASKING QUESTIONS
Agenda 2010.
Ano Internacional da Biodiversidade, Ano Europeu da Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social
... com 54 ilustradores de diferentes nacionalidades + texto de Eugénio Roda em português e inglês, tradução de Ana Saldanha, Edições Eterogémeas, 2009 (Colecção Desafios)
encomendas em www.eterogemeas.com

mais em:

http://emilioremelhe1.weebly.com/noticias.html

http://www.gemeoluis.com/editora/ie/trabs/des09.html

domingo, novembro 29, 2009

Pedacinhos de vida (de uma semana de caminhos)




Oh professora, se com dois triângulos fizemos duas figuras e com três fizemos quatro, então é sempre mais uma... acho que com quatro triângulos só conseguimos fazer cinco... Então quantas folhinhas queres que te dê para desenhares as figuras que vais descobrir? (perguntou a Professora)
Bastam cinco...
(aluno de 3º ano... ficaram encantados quando descobriram que podiam fazer mais de dez figuras com 4 triângulos isósceles justapostos com as regras indicadas...)
..............

Então? Ele já está muito atrasado! É sempre a mesma coisa (diz a Professora apontando para o relógio). Vou zangar-me consigo a sério! Passa mais de meia hora!
Oh professora... ele ontem molhou-se todo e nem traz a mochila nem as coisas... e, olhe professora, ele tem de se descalçar aqui na aula porque os sapatos estão molhados... é a ver se secam...
... a meio da aula...
Teresa, vê lá se os meus sapatos já estão secos...
Não, meu querido, continuam molhados... mas hão-de secar... (um par de sapatos, a minha alma entristecida, um sorriso na boca e uma festinha na cara dele)
(Professora, Mãe e aluno de 1º ano, num bairro difícil)
.............

Então? Quatro é maior ou mais pequeno do que dois?
É mais pequeno.
Mais pequeno?
Diz-me lá... preferias que eu te desse dois rebuçados ou quatro rebuçados?
Dois...
Dois?
Sim, preferia dois...
Não preferias quatro?
(Outro aluno: era melhor dois, porque os rebuçados fazem mal aos dentes)
Rimos ambas. Eles também. Eu pensei nisso mesmo antes deles o dizerem. É este hábito de olhar pelo outro lado. De não ver apenas o óbvio da questão.Têm razão, claro. E aquele menino não deve sequer estar habituado a comer rebuçados...
Pequei na palavra... oh vil metal!... Com euros resolvemos a questão. Ou quase.
(Estas crianças têm muito mais em que pensar. E não é no Natal... nem em rebuçados, nem em prendas...)
(Professora e aluno de 1º ano, num bairro difícil)
.......

Sentado na secretária da Professora, informou-me que se quer ir embora e não quer fazer nada... Soube que é deixado na rua sozinho até às 11h da noite, depois de acabar a escola (frequenta o 2º ano). Estão a tentar resolver a situação. Consegui que fizesse uma figura - parecia uma coroa - e um rei por baixo dela, consegui mais duas figuras. Depois, como não é possível estar o tempo todo alguém sentado ao lado dele, desliga e resolve fazer batuques ritmados com lápis sobre a mesa, até ao final da aula... novamente perdido...
Turma com 1º, 2º e 3º ano misturados. Mais de 2o. Juntaram-se a ela, à última hora, três meninas de quarto ano (mais crescidas, porque frequentam uma turma de percurso alternativo, onde parece que o comportamento não é famoso) cuja professora faltou (alunos distribuídos por várias salas). Pelo meio... uma criança com deficiência (pede-me: tira-me uma fotografia com a minha boneca! A única coisa a que presta atenção... penteando-a compulsivamente), outra menina com algum tipo de atraso (problemas de consanguinidade, droga, álcool... são vários os casos na escola)... nada compreende e anda atrás de mim pela sala a pedir que a ajude porque não sabe fazer, o menino que não quer estar ali, vários com dificuldades, um despachado de volta de mim a suplicar por atenção... e a descobrir entusiasmado tudo o que é preciso, ao ritmo esperado, imaginando objectos por cada figura construída.
Então este... é diferente deste?
É.
E porquê?
Porque neste eu pensei num chapéu e neste eu pensei num tubarão... (argumento infalível... mas, a verdade é que a figura obtida era a mesma... e, neste caso, não posso usar nem o argumento da rotação, nem o da reflexão... Na imaginação dele há uma diferença... a Matemática às vezes reduz tudo a um denominador comum pobre e descolorido... Expliquei-lhe... e percebeu a diferença entre os sonhos e a geometria do real e, também, a possibilidade de usar ambos, conforme o que lhe era pedido e a situação... Ficámos amigos à mesma e continuou atrás de mim... Agora este é um túnel... e este é uma carrinha... e este é um avião... :)

Professora da turma feliz, porque a tarefa correu bem... Tinha receio que não resultasse.... Mas esta é uma tarefa poderosa e rica, democrática... permite a todos a produção de algo com sentido... conexões variadas. Até a menina da boneca, ao ver a exploração livre inicial dos outros, largou a boneca e fez uma espécie de árvore de Natal com triângulos, desenhando-os ao seu jeito (a professora nem queria acreditar). A certa altura, uma delas pediu-me mesmo que desenhasse um trenó com o Pai Natal no seu desenho. Desenhei-o. Sorriso grande. Mais pedidos.
Expliquem-me como é possível este cenário... Por que razão há filhos e há enteados para poupar tostões e recursos (essencialmente humanos), sobretudo onde eles são mais precisos. Quantos teriam coragem para estar ali diariamente com o coração pesado por não poderem estender a mão a todos? Quantos teriam sequer a coragem de aguentar ali mais do que um dia? Por certo, muitos dos que discursam de longe sobre educação e sobre métodos infalíveis para resolver todos os problemas, e que parecem desconhecer o mundo para além das suas redomas, não colocariam o dedo no ar e se ofereceriam para a dura experiência. Recordei-me, de repente, dos mais de 20 anos na Luísa Todi...
As meninas do currículo alternativo fizeram um trabalho bonito e ainda as convenci a ajudar os mais pequeninos que me vinham perguntar se as figuras se podiam juntar assim... Pergunta-lhes a elas, que elas são especialistas e como são crescidas sabem melhor. Elas olhavam e diziam com ar orgulhoso e importante: Podes... Essa podes... Está bem construída. No fim mostraram-me o seu trabalho, muito bem colorido e organizado.

Admiro estas mulheres, Professoras, Mães de todos os abandonados pela vida...
A formação é essencialmente sentarmo-nos ao lado delas, fazer o que fazem, oferecer ideias para gerir a diversidade... não apenas com textos, livros (nunca com burocracias distantes, mais papéis, sugestões impraticáveis) mas com exemplos, gestos, universos possíveis de criar... É do que mais precisam. Formar é, antes de qualquer coisa, ser solidário, escutar, ajudar a crescer na acção.






(Turma de primeiro ciclo, num bairro difícil)
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Vinte e cinco anos acabados de fazer. Mais uma das excepções (que não chega à TV) em que um aluno agride verbalmente aos gritos o professor (de forma absolutamente violenta e imprópria) por conta de um telemóvel que, a meio da aula, foi usado para tirar uma foto (já depois de uma primeira advertência) e devido à coragem da jovem professora na resolução da situação, primeiro pedindo, depois enviando o aluno para a Direcção. Confessou-me mais tarde o receio. Justificado. Eu estava lá e sei da histeria e do descontrolo. Da violência do olhar ameaçador. As nossas medidas disciplinares aplicadas como a lei manda: é um aluno que veio "transferido" de outra escola, por conta de um processo disciplinar, e foi integrado na turma (difícil) desta professora numa escola não fácil.
De repente, a Matemática foi a coisa menos importante do dia...
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Ainda algumas imagens de outras tantas viagens feitas na semana que passou...



À hora do almoço de sexta... fui a correr comer qualquer coisa num café onde ia quando era professora na Luísa Todi. A cara da jovem que me atendeu não me era estranha...
Não é a professora Teresa Marques? Sou! E tu foste minha aluna!
Tem agora 19 anos... e quando lhe perguntei em que altura havia sido minha respondeu:
Foi a altura em que a professora estava a cuidar de um pintassilgo bebé que caíu do ninho aqui na escola e levava a gaiola para a aula de Ciências e o soltava para ele voar entre nós e pousar nos nossos cadernos e o alimentava à nossa frente explicando coisas... Eram as aulas de que eu mais gostava.

(identifiquei logo a turma... deu-me notícias de quase todos... )

De repente, todo o cansaço acumulado da semana (ainda por terminar, com os acompanhamentos de aulas à tarde) desapareceu...