É repetido, sei.
Mas a memória já não é o que era. Faz de conta esqueci que já aqui deixei estas vozes. Este som. Este sentimento. E, ainda por cima, estão todos misturados e perdidos várias vezes lá no fundo de uma teia densa, onde começa a ser difícil encontrar seja o que for. Gaveta funda, desarrumada, como é a vida e a lembrança. Quando tudo corre veloz e as rosas se atrasam a abrir e depois atrasamo-nos nós e as pétalas caem antes de as cheirarmos. E dizemos: passou tão depressa. E às vezes ficamos com saudade do que não bebemos.
Não queiras saber de mim. Deixa-me ficar um bocadinho assim. Com pena do destino feito de papel. Logo eu que tenho alma de princesa encantada e sonhava estar agora passeando num jardim, vestido branco e longo, esperando um príncipe, conversando com aves e coelhos brancos, contando estrelas, evitando maçãs envenenadas e escolhendo não me picar em rocas de bruxas malvadas...
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Há 6 anos
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