Ora bem.
Depois de estar o dia inteiro em duas reuniões - manhã e tarde, como previsto já ontem em boletim anunciando a chuva de quarta (a última, que se encerrou depois das 19:30, um Conselho Pedagógico para ratificar umas dezenas de propostas relacionadas com a avaliação... se soubessem as árvores mortas por conta de tantas resmas de folhas ali acumuladas...) só me apetece mesmo um bocadinho de filosofia doce nascida dentro do Nuno Júdice.
Gosto das cascatas que ele pinta.
Esta bem podia tê-la pintado eu no dia de hoje.
Mas como não pintei, peço-a emprestada...
FILOSOFIA
Mas que queremos da vida? É a vida? O
que se procura em cada segundo para se perder
em cada segundo? O tempo, assim, de nada
nos serve. Um dia, dando por nós próprios,
perguntamo-nos o que fizemos, por onde
andámos, que cidades e casas percorremos,
sem que uma resposta nos satisfaça. A
vida, então, limita-se a ser o que fez
de nós, sem que o tenhamos desejado, e
nada pode ser feito para voltar atrás, nem
para restituir os passos trocados de
direcção, as frases evitadas no último
extremo, o olhar que se desviou quando
não devia.Ah, sim - e o amor? É isso
que queremos da vida? É verdade: cada um
dos abraços que se deram, contando cada
instante; o rosto lembrado no auge do
prazer, quando um súbito sol desponta
dos seus lábios; os cabelos presos nas
mãos, como se elas prendessem o feixe
da eternidade... Assim, a vida poderá
ter valido a pena. É o que fica: o que
nos foi dado e o que damos, sem que nada
nos obrigasse a dar ou a receber, o puro
gesto do acaso na mais absoluta das
obrigações. Então, volto a perguntar: que
outra coisa queremos da vida?
NUNO JÚDICE
In- Cartografia de Emoções
Votos de Boas Festas
Há 6 anos
1 comentário:
Boa pergunta.
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