Aqui afogada em papéis e relatórios, sonho com saudade(s) do mar. Outro afogamento eu queria. Podia ser em poesia. Merecia. Aqui presa por invisíveis fios do dever sei da(s) reunião(ões) de amanhã, de manhã e toda a tarde e mais papéis afogando, fios invisíveis e saudade(s) de azul na escola, mais sentido(s) permitidos. Ai vou ter de os inventar, ai vou sim. Cansada dos insorrisos das caras em volta, eu que tanto gosto de rir. Saudade(s) de partir, de ir, de fugir. Nunca brinquei muito na vida, sempre certa, sempre sossegada, sempre à hora esperada, saudade(s) de não ser eu um bocadinho, um minutinho, só um segundinho. E escapar e voar e ter o prazer de não cumprir um dever. E ir escrever qualquer coisa menos direita, menos harmonia, mais desafinada. Desatinada. Saudade(s), sim, de tudo e de nada. As horas passam aqui só por mim e mais ninguém. Muitas horas, imensas. Saudade(s) exactamente dessas do fado. De alguém. Um eco. Uma voz de volta. Um abraço. Um beijo. E depois passa. Afogada em papéis, companhia branca e plana, tão intensa que até tenho saudade(s) de conseguir ter saudade(s). Ah, sim, morrer de saudade(s) sabia bem se houvesse tempo. Saudade(s) do tempo, então. Por que não? Do que se podia fazer com ele e não se faz. Do que não se consegue, do que não se é capaz. "Come chocolates pequena, come chocolates" que isso passa...
Votos de Boas Festas
Há 6 anos
3 comentários:
:)
(eu fazia-te inveja mas não posso - seria muito muito desonesto... :/)
O texto?...
É lindo... reconheci-o na nossa conversa de há uns tempos... ;)
Beijinhos. Até breve.
Curioso... pensei nela... na conversa... pois claro...
Até breve!
Beijinhos
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