quinta-feira, maio 10, 2007

ENTRELAÇOS



Na livraria espreitei os segredos.
Rendi-me ao som que saía de dentro dele.
Foi há tempo que aconteceu.
Há livros com destino. Estou claramente no dele.
Não explico nem quero nem consigo o que nos abraça e convoca nas palavras de quem de repente está ali à nossa frente e parece vir com precisão ao nosso encontro. Explica-se um Amor? Não.
Explicam-se outros Amores depois desse? Amores desejos paralelos sem conflito em prateleira comum que é a minha?
Não.

São tudo coisas de partir, coisas de ficar, coisas de nem sequer estar a estar.

Explica-se um desejo súbito de poesia?
Não.


A quem devo a explicação do prazer de deixar tudo ali de lado por fazer e beber de va gar estes


ENTRELAÇOS (?)

Uma imensa paciência aqui me trouxe,
um alvoroço de apostar o que não tenho:
como contar feijões ou jogar a
feijões.

De solidão também
as músicas que faço quando caio,
o estar aqui tão íntima
como os feijões pequenos, em trança
os seus barulhos.

Ana Luísa Amaral




Explica-se um desejo súbito de poesia?
Não.



4 comentários:

Teresa Lobato disse...

Sou uma fã de Ana Luísa Amaral, há uns bons anitos. Posso emprestar-te outros livros dela. Alguns desses poemas são uma delícia... Ela tem uma escrita muito particular. Boa escolha... essas coisas de partir...

Anónimo disse...

Sim sim sim sim... empresta-me!!!!!
Estou mesmo precisada de intercalar poesia por entre as horas dos dias... a única que cabe lá nesses espaços intocáveis.
Beijinhos

Cristina Gomes da Silva disse...

Bom dia 3za, eu diria que é mesmo uma sede, mais do que um desejo. Podíamos fazer um banco...de poesia claro. Um abraço com poemas dentro

Anónimo disse...

.. sede, sim... Às vezes imensa.
Abraço enorme