Vem de muito longe esta história de que me servia nas aulas de Ciências para abordar o método científico. Por alguma razão, nem sei bem qual, veio-me hoje à mente.
É uma história algo violenta e advirto sempre os alunos para não fazerem em casa aquilo que nela se descreve... é uma história, explico.
Um pretexto para reflectir!
A história começa com uma centopeia. Trata-se de uma espécie de experiência que se realiza com o objectivo de ser possível, através dela, chegar a conclusões sérias e rigorosas.
A ela, centopeia, se ordena: anda!
E a centopeia faz o que lhe mandam.
(Curioso, mas é assim mesmo. Este pequeno animal faz sempre o que lhe mandam.)
Em seguida, é-lhe retirada uma pata.
Centopeia, anda! E ela, ainda assim, anda.
Já estão a ver o que se segue.
Uma a uma as patas da centopeia vão sendo arrancadas (cortadas... decepadas... não sei já que eufemismo usar para que a história não se transforme em filme de terror) e de cada vez que o número se reduz, alguém ordena: anda, centopeia!
E ela anda.
Abrevio o sofrimento (o meu, o vosso, o da centopeia) caminhando rapidamente para o final.
Com uma pata a centopeia ainda consegue, nem sei bem por que artes, arrastar-se penosamente caminho fora, ignorando a dor, a humilhação, a sua condição de cobaia. Anda, centopeia, anda! E ela sempre a olhar em frente para chegar nem sabe exactamente onde.
Até que o inevitável acontece.
É-lhe retirada a última pata.
Anda, centopeia, anda! E ela nada. Imóvel. Aflita.
Anda! Anda! Nada... a imobilidade está para o movimento como o silêncio para o som.
Anda! A centopeia parada.
É nesse momento que o especialista se vira para a assembleia silenciosa e afirma com todas as certezas deste mundo: Viram bem? Estamos em condições de concluir rigorosamente e sem qualquer margem para dúvidas que uma centopeia sem patas... fica surda!
É uma história algo violenta e advirto sempre os alunos para não fazerem em casa aquilo que nela se descreve... é uma história, explico.
Um pretexto para reflectir!
A história começa com uma centopeia. Trata-se de uma espécie de experiência que se realiza com o objectivo de ser possível, através dela, chegar a conclusões sérias e rigorosas.
A ela, centopeia, se ordena: anda!
E a centopeia faz o que lhe mandam.
(Curioso, mas é assim mesmo. Este pequeno animal faz sempre o que lhe mandam.)
Em seguida, é-lhe retirada uma pata.
Centopeia, anda! E ela, ainda assim, anda.
Já estão a ver o que se segue.
Uma a uma as patas da centopeia vão sendo arrancadas (cortadas... decepadas... não sei já que eufemismo usar para que a história não se transforme em filme de terror) e de cada vez que o número se reduz, alguém ordena: anda, centopeia!
E ela anda.
Abrevio o sofrimento (o meu, o vosso, o da centopeia) caminhando rapidamente para o final.
Com uma pata a centopeia ainda consegue, nem sei bem por que artes, arrastar-se penosamente caminho fora, ignorando a dor, a humilhação, a sua condição de cobaia. Anda, centopeia, anda! E ela sempre a olhar em frente para chegar nem sabe exactamente onde.
Até que o inevitável acontece.
É-lhe retirada a última pata.
Anda, centopeia, anda! E ela nada. Imóvel. Aflita.
Anda! Anda! Nada... a imobilidade está para o movimento como o silêncio para o som.
Anda! A centopeia parada.
É nesse momento que o especialista se vira para a assembleia silenciosa e afirma com todas as certezas deste mundo: Viram bem? Estamos em condições de concluir rigorosamente e sem qualquer margem para dúvidas que uma centopeia sem patas... fica surda!
Correio da Educação, 299, 28 de Maio ASA
3 comentários:
Gostei muito e muito! Vou usar com o meu povo.
~CC~
Só conheci esta história, quando a li no Correio da Educação e está mesmo gira. Também a hei-de usar um dia destes...
Presta-se para tanta coisa......
Mas é mesmo verdade que comecei a usá-la no tempo do estágio!
Agora lembrei-me... mas, como fica óbvio, por outras razões..
Beijinhos
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