Olho através dela e só pareço parada.
Porque a viagem por dentro é grande e sempre nova.
Olho como quem pergunta. Sento-me à beira do mundo imaginando quem mora do outro lado.
São paisagens que quase toco. Que um dia toco mesmo. Que bebo. Que guardo no mais dentro dos olhos. Lá onde se esconde a memória.
Mesmo sabendo que tocar é bom, que temos de tocar para verdadeiramente viver, sei que esta janela alcança dez mil abraços e que só poderia esperar infinitamente menos se ela não fosse estrada à minha frente quando assim o quero. Isso é fazer do colo possível um ninho enorme aberto ao melhor. Viajar sem vento. Matar a saudade sem corpo.
Dar e receber muito mais do que seria permitido num mundo sem teias.
Olho para além da janela.
Gosto de sonhar e de me encontrar ao espreitar por ela.
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