You... You.... You and... You! ...
Sim. Os demais professores avaliadores que desdobram a suprema missão do "the chosen one"...
As caras não eram nem de satisfação nem de regozijo.
Procurei descansar os nomeados... olhem que há o tal despachozinho a dizer que podem faltar às vossas aulitas para assistir às minhas!
Há momentos onde volto a confirmar com imensa satisfação que fiz bem em ler as letras miudinhas do contrato antes de enveredar por caminhos que não desejava. Serei penalizada. Sim. Mas nunca da forma como será quem vai fazer estes caminhos. Ser titular parece que oferece mais castigo que recompensa para muitos (embora admita que poderão existir almas que se sintam fortemente motivadas, abençoadas e recompensadas por poderem fazer a avaliação dos seus pares não importa como, nem com que tristes regras e grelhas). E eu que, por sorte, até não tenho nem muitos cabelos brancos nem muitas rugas, acho que compensará no futuro a falta de verba pela eterna não progressão na carreira, porque não precisarei de gastá-la nem em tinta de cabelo, nem numa qualquer clínica espanhola de estética e correcção plástica das consequências nefastas do stress elevado a várias potências, provocado pelo simplex à base de grelhas e contas com que alguns terão de avaliar outros.
Só me custa ver esta maré a avançar como se estivesse tudo certo e bem no reino da educação. Quase se falando a sério de uma coisa sem pés nem cabeça.
(Já me havia custado a aceitação e a adesão à divisão... embora muitos usassem argumentos de segurança para o futuro, ou luta de dentro para fora, que procurei entender... a que se acrescentaram outros como: não dou dinheiro meu ao Governo... que francamente me custaram mais a digerir.)
E agora vem aí uma grelha... está aviso em mais do que um local da escola... que devo levantar e preencher antes de partir. Diz que é uma espécie disto de que se fala AQUI e AQUI... Diz que a avaliação que não era para ser já, afinal tem retroactivos por efeito de um diplomazito de há tempos (mais um) e que convém deixar já os papelitos todos preenchidos e arrumadinhos para que a avaliação no próximo ano seja suave e confortável e não dê muito trabalho a quem tem de a fazer. Como se...
E lá vamos andando certinhos e direitinhos, empenhados em produzir os melhores papéis do mundo para dar cobro ao que prova diariamente não ser coisa séria, em cada desconcerto posto a descoberto (um exemplo aqui de como as grelhas produzem nas escolas efeitos perversos, por serem elas próprias atentatórias, até do direito da igualdade no processo de avaliação).
Eu sempre fui menina certinha e direitinha. Acreditam? Os meus Pais podem atestar. Todos os colegas também. Daquelas a roçar o "betito" que estão ao toque na sala de aula, nunca faltam, levam a sério todas as reuniões e funções e papéis e reformas e orientações. Sempre cheia de ideias e projectos, empenhada em melhorar o menos bom, em lutar com muita serenidade e compostura para corrigir os errados e valorizar os certos. Sorriam se quiserem: até me dei ao trabalho há muitos anos de corrigir os textos das competências de Ciências do Currículo Nacional - incorrectamente formuladas - aguardando a avaliação e revisão anunciada para o final de dois anos de vigência, que nunca aconteceu, para dar o meu contributo na melhoria do documento. Ah! E quando saíu a legislação nova sobre a selecção de manuais escolares com grelhas de pormenor, dei-me ao trabalho de analisar exaustivamente 12 manuais de Matemática do 5º ano, enviando os erros científicos para o ME, como era pedido, para depois de mais uns anos verificar que havia feito o trabalho de revisora científica, sem paga, que os os papéis haviam sido jogados para o lixo e os erros nos manuais continuavam iguais aos de sempre... Muitas horas deitadas fora.
É por tudo isto que sinto que corro o risco de me tornar numa rebelde (suave e educada, mas rebelde assim mesmo) com este acumular de nonsense dos últimos anos.
Portanto, neste momento de balanço, preparo já as minhas formas de intervenção para o ano que vem. Serei a melhor professora para os meus meninos e não farei nada que transporte tempo deles para tarefas sem nexo, ligadas ao processo de avaliação ou a outros sem sentido... (a não ser aquelas em que sou obrigada a estar presente, como encontros e reuniões).
Reparem no absurdo.
Se eu não mexer nem um braço, não posso ficar pior do que já estou. Progredir não progrido. Excelente não tenho (nem Muito Bom, provavelmente).
Ajuizarei seriamente em cada momento o tempo necessário para o que me for imposto, para o que será escolha minha fazer ou não fazer e seguirei a minha consciência. Nos processos de auto-avaliação e de eventual recurso, gastarei então tempo a fundamentar as razões pelas quais considero todo este processo um absurdo no qual não investirei nem preocupações nem tempo. A bem da saúde e, consequentemente, do tempo de qualidade que poderei dispensar aos meus meninos.
E isto faz de mim uma rebelde? Hummmm... afinal acho que não. Ohhhhh...
Não vale a pena estar aqui a armar-me em heroína. Não sou.
Sou apenas sensata, porque quero continuar a ser uma boa professora. Tento ser coerente neste caminho que iniciei quando decidi que queria apenas ser exactamente isso e ficar do lado onde sempre estive. Apenas a lei diz que não posso ter os cargos que sempre ocupei ou contribuir de outra forma. Azar de quem a escreveu. Perdeu muita gente válida nesse caminho de divisão. E nem sempre ficaram os melhores do outro lado a desempenhar as funções que lhes vão ser atribuídas.
É por isso que acredito que um dia se escreverá esta história com pesar e se encontrarão caminhos mais adequados, mais humanos, mais justos e menos controlados por merceeiras intenções.
(A bem dizer... se resolverem correr-me do ensino por não levar a sério o que não é sério... não concorrerei a outro emprego com as grelhas e pareceres da escola... mas sim com o meu currículo, a minha experiência e a minha voz. Esta avaliação vale o que vale e vale muito pouco, para não ser completamente desagradável e dizer que vale nada.)
Money makes the world go around...
Votos de Boas Festas
Há 5 anos
6 comentários:
Teresa do Lindo Nome, chamaste as coisas pelo nome. Vais trabalhar em coerência com a tua consciência. Ganharás menos, provavelmente. Mas nada paga esse "andar de cabeça erguida" a que tens todo o direito. Ainda bem que entre os que enchem a minha Caixinha de Afectos julgo que todos o podem fazer. E escrever com maiúscula a sua Profissão. Aproveita bem a viagem, minha Querida. And everything you are entitled to...
Beijo, Avó Pirueta
Pois...
Tentarei aproveitar... em todos os sentidos. Obrigada! Muitos Beijinhos
No essencial, assino por baixo.
Pena termos de gastar tanto tempo (discutindo sobre e fazendo) com algo que não acredito venha abeneficiar os alunos, o ensino, o sucesso...
Abraço
Excelente texto, Teresa, em que me revejo completamente.
bjs
Obrigada Anabela... É pena que tenhamos de nos rever em textos destes e não noutros... :(
Abraço e boas férias!
Enviar um comentário