domingo, setembro 30, 2007
Project-based learning - Recursos no ISTE
Your Learning Journey begins now, with a focus on Project-Based Learning. In the coming months, the Journey will cover new territory—stay on board for what is certain to be a great ride.
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Domingo, coração "mole", sim. E então?
(A música distrai o silêncio...)
sábado, setembro 29, 2007
Pensamento e Formação Ético-deontológicos de Professores
Nas palavras dos responsáveis:
Este site destina-se à apresentação e divulgação do projecto de investigação Pensamento e Formação Ético-deontológicos de Professores, inserido na Unidade de Investigação e Desenvolvimento de Ciências da Educação da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.
Pretendemos através dele não só ir dando conta do desenvolvimento do Projecto, como promover uma interacção com os potenciais visitantes no sentido de recolher outras perspectivas de investigadores e docentes que possam contribuir para alargar o âmbito do nosso trabalho. http://eticadocente.uidce.fpce.ul.pt/
Os docentes e investigadores podem participar na primeira discussão, sobre o Bem do Aluno, disponível até 25 de Outubro no Fórum de Discussão .
PRÉMIO LITERÁRIO ADOLFO SIMÕES MÜLLER 2007
Obra inédita vencedora? CONTOS DE JANELA
Autor? Pistas:
Exactamente! Foi o Eugénio Roda (Emílio Remelhe)
O grande companheiro de Luís Mendonça (Gémeo Luís) na Editora Eterogémeas
Este prémio não podia ficar em melhores dedos. Percebem por que fiquei tão contente?(Já antecipo a leitura desta nova obra... avisarei quando chegar!)
sexta-feira, setembro 28, 2007
Programa... é o quê?
Sim, claro.
Ontem eu ia lanchar... e eu normalmente como uns chocolates. Mas lembrei-me das conversas aqui da aula e fui com a Mãe comprar fruta ao supermercado para comer ao lanche.
Já mais dedos no ar.
Professora, eu fiz um esforço (e olhe que eu não gosto nada de alface e nunca como) e comi umas folhas de alface ontem ao almoço!
Professora eu experimentei ontem bróculos e até gostei!
Professora eu agora comecei a comer a sopa...
Sabe professora, como agora ando a fazer o diário alimentar que a professora pediu, parece que sinto necessidade de mudar coisas. Às vezes penso em comer um alimento mas, depois, penso que tenho de escrever lá o que comi e troco por um mais sudável...
Fiquei tão contente com a partilha espontânea... Disse-lhes isso mesmo e lá gastámos mais um bocadinho a pensar numa actividade nova: vão colocar por escrito pequenos progressos/mudanças deste tipo e entregar-me sempre que quiserem, para falarmos em grande grupo das conquistas.
O tempo gasto em conversas e "preâmbulos" genéricos e menos estruturados sobre saúde e alimentação, o tempo de resposta às mil dúvidas, às curiosidades iniciais sobre a disciplina que gosto de apresentar com calma (ai o tempo a correr!) nunca é perdido, mas não contava com estas pequeninas mudanças já tão cedo. Normalmente os pais começam a notar algumas diferenças mais para a frente, se eu conseguir fazer o meu trabalho bem feito... (Que não é, confesso, debitar os imensos conteúdos em cerca de duas horas semanais, explicá-los depressa, levá-los a compreender e a produzir respostas que provem que a "aprendizagem do programa" se deu.)
Costumo insistir nas Ciências da Natureza de 6º ano, logo que apresento a disciplina, que de nada me servem respostas bonitinhas nos testes, sobre os conteúdos trabalhados, se nas suas vidas não se produzir nenhuma alteração importante e consistente de algum hábito prejudicial à saúde.
Conversamos muito logo nas primeiras aulas sobre os erros alimentares, a obesidade, os seus efeitos, os perigos das dietas nestas idades (não coloco panos quentes, exponho a realidade cruamente com os devidos fundamentos e aconselho a ida a nutricionistas, sempre que sinto que há justificação), mesmo antes de aprofundarmos outras questões que ajudarão a esclarecer melhor as razões destas conversas. E insisto com eles (oh se insisto!) que podem acontecer "Muito Bons" nos testes de alunos que saberão na ponta da língua tudo o que se deve e não se deve fazer, e nada alteram na sua vida, e Suficientes e Insuficientes de alunos que entendem o essencial e resolvem autonomamente alterar comportamentos passando a ter uma vida muito mais saudável, mesmo não dominando de forma perfeita os conteúdos.
Pergunto-lhes: o que é melhor? A resposta é óbvia, o que nos deixa sempre baralhados a todos (a mim e a eles). Afinal não andamos na escola para ter Muito Bons nos testes? Para cumprir os programas todos sem muita conversa pelo meio, garantindo a prova em exame que tudo está devidamente memorizado e até "compreendido"? Provavelmente, com estes assuntos na mesa, a melhor resposta é não. Por isso contarei também com os pais para me ajudarem a perceber se algumas competências são realmente desenvolvidas e aplicadas de forma significativa na sua vida.
São conversas um pouco subversivas para ter com alunos, eu sei... mas digo-lhes claramente que prefiro muito mais vê-los a não fumar, comer sopa, fruta, legumes, a fazer exercício, a praticar sexo seguro... do que a ter boas notas nos testes de Ciências por saberem explicar tim-tim por tim-tim as funções dos nutrientes, a mensagem da Roda dos Alimentos, por que razão não podemos abusar das gorduras, por que devemos usar preservativos... e fazendo no dia-a-dia exactamente o contrário.
E o M., que comprou fruta para lanchar e no início do ano me havia dito que não lhe parecia que a disciplina de Ciências do 6º ano tivesse muito interesse, ainda acrescentou: pois, professora, eu até achei que não ia gostar quando vi o manual e os assuntos, mas depois com estas conversas comecei a interessar-me e agora acho que é importante e até estou a gostar...
Sente-se o interesse geral a crescer. Não preciso de mais.
Para a semana, trabalho de grupo: vamos investigar os nutrientes. Apresentá-los à turma. Combinem o que vão e como vão fazer e tragam os materiais de que precisarem.
Hei-de acelerar algures... por exemplo, nos caminhos confusos do sangue pelo coração, deste aos pulmões e ao corpo, mas não pouparei tempo nas formas de proteger este órgão vital... abaixo as gorduras do sangue!
E já a caminho de casa, cruzo-me ainda na rua com a P., que ontem comeu pão com manteiga e fiambre, mais um ice tea (claramente desaconselhados para a sua estrutura física a precisar de intervenção):
professora, hoje comi arroz com feijão e salada ao almoço!
São pequeninos passos. Sei.
A minha função é manter vivas as boas intenções que vão nascendo nos alunos, a partir das sementes lançadas ao seu espírito, e enraizar, tornando automáticos, espontâneos e naturais os gestos que poderão um dia salvar a sua vida, através da necessária prevenção que os hábitos saudáveis de vida promovem. Se o conseguir um pouco à custa do "grau de cumprimento do programa" terei má avaliação no tal parâmetrozinho, mas dormirei de consciência tranquila, com a certeza de que cumpri com rigor e seriedade a minha missão.
quinta-feira, setembro 27, 2007
Tempo
que o faço parar... no tempo
Voltar à "Escola"...
Acabei de me tornar formalmente aluna. Nunca o deixei de ser, sei.
Mas agora tem gostinho especial de miúda em escolinha nova, neste regresso à minha Universidade, só que noutro edifício diferente do que foi meu durante cinco anos (não, não foi traição à Faculdade de Ciências... foi mesmo o destino com as suas curvas e meandros que me colocou nesta este ano... e eu gosto de me deixar ir com as voltas da vida.)
Lá fui então matricular-me no segundo ano/tese do Curso de Mestrado em Ciências da Educação - Área de Especialização de Tecnologias Educativas, com ar assustado de primeira vez, passando por entre grupos imensos de caloiros em exercício de praxe ao longo da Alameda. Uns cantavam, outros pintados marchavam e eu, já com ar meio maduro, passei, claro, por aluna mais velha ou até "stora"... (nem sei se ria se desria... hummm)
Bem recebida, bem acolhida, cumpridas as formalidades já me sinto a pertencer à casa. E que bela casa é esta!
Orgulho em poder chamá-la minha, durante algum tempo.
Ao edifício da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa foi atribuído, em 1991, o Prémio Valmor. O Arquitecto Manuel Taínha viu também o seu trabalho reconhecido com a atribuição do prémio 1991 da Secção Portuguesa da Comissão Internacional dos Críticos de Arte, prémio em que mereceu destaque o projecto desta Faculdade. Também a Pintora Menez recebeu a Menção Honrosa do Prémio Municipal "Jorge Colaço" de Azulejaria de 1991 pelo painel de azulejos da sua autoria e que constitui, poder-se-á dizer, o "ex-libris" da Faculdade.
http://www.fpce.ul.pt/faculdade/imagem/
Este ano não vai ser (nada) fácil, com tantos constrangimentos na escola, na vida dos professores e a tese para fazer (vou andar um pouco sumidinha, não estranhem). Mas não podia perder esta oportunidade depois de ter sido dispensada de toda a parte curricular do primeiro ano, entrando directamente no segundo. Medo? Sim. Entusiasmo? Sim. Aflição? Muita. Adrenalina? Pois...
Estranhamente, mesmo com todos os contras, dúvidas, atritos e desagradáveis surpresas de um sistema que diz aos professores terem o dever (e o direito?) de continuar a sua formação, quando as condições de exercício da profissão se agravam de dia para dia, saí para o sol contente como criança sabe estar. Só contente, sem pensar em mais nada. Um dia de cada vez.
Darei o melhor de mim. Não posso prometer-me mais.
quarta-feira, setembro 26, 2007
Não fiquem na teia nem mais um minuto...
Grelha! Grelha! Grelha!
Grelhados! - A Saga Continua
Paulo Guinote
A Educação do meu Umbigo
ADENDA (27/9):
E Agora, La Pièce de Résistance…
Como Grelhar Titulares em 24 (Ou Mais) Quadradinhos
Materiais autoinstrucionais (computador)
Hoje teríamos feito diferente, sabemos isso. Mas se os materiais aparentemente reproduzem um modelo instrucional que em nada renova o paradigma escolar tão enraizado, a verdade é que por terem sido concebidos com a colaboração dos alunos (no nosso Laboratório de Multimédia - Nónio) mudaram, nesse contexto de trabalho, o dito paradigma: os alunos foram construtores antes de consumirem o seu próprio trabalho e de o oferecerem a outros.
Sara e Elisabete... se passarem por aqui, esta entrada é, também, uma homenagem à vossa colaboração preciosa na altura... Doces alunas agora já "tão cresciiiidas"... Os vossos nomes constam na ficha técnica.
ADENDA: para ficar a saber a história completa... ir até AQUI
terça-feira, setembro 25, 2007
Choro outra Teresa
Há tempos falei dela aqui. E aqui também (apetecia-me sempre regressar...).
Uma Teresa especial que me descobriu agora, mas já habitava a minha vida há muito.
Fui a Beja na esperança de a encontrar. De a ver. De a abraçar.
Pressentia os laços, os fios já criados tão repentinamente em trocas de palavras doces. As afinidades. Esta mania de sonhar, este vício de criar na ponta dos dedos. Teresas letra a letra, não apenas geometricamente semelhantes.
Ela não havia conseguido estar presente. Por razões que me afligiram.
Acabei de receber a notícia que não queria receber. Entregue pela voz comovida de um grande amigo seu:José António Gomes.
A saudade que sinto agora do som da tua voz, que não chegarei a ouvir, tem sabor a sal.
Há pessoas que não deviam partir nunca.
Releio-te, que é uma forma de te abraçar e às palavras que semeaste.
Mas queria palavras novas, Teresa, queria o teu sopro continuado, esse sonho iluminando, inspirando. Queria...
Releio-te, que é uma forma de te abraçar e às palavras que semeaste. Repito-me na esperança de acreditar que chega.
Queria que chegasse. Mas hoje não me basta.
Fica aqui connosco, por favor. Fica.
(Nem te digo adeus porque se não disser adeus, tu não podes ir-te embora, verdade?)
Dinossáurios num frasco de "maionnaise"...
Oh professora, havia uns animais diferentes, uns tubarões com dentes parecidos com fósseis! Eu sei que havia os tigres com dentes de sabre e os mamutes.
Sabe professora, ao princípio era assim uma coisa com aspecto de gelatina branca no mar... quer dizer... não não, não era isso que eu queria dizer, era assim uma coisa que parecia um micróbio...
E havia os dinossauros, não era professora?
Bem... Isto é que é recuar no tempo! Estamos quase quase a chegar ao princípio da vida. E antes? O que aconteceu antes de haver vida?
... O tempo gastou-se e adiámos a discussão. Nos cinco minutos finais ainda consegui dizer: vou ensinar-vos uma receita para prepararem uma "poção" malcheirosa que, se tudo correr bem, permitirá que tragam para a aula uns seres parecidos com os primeiros que habitaram a Terra, que observaremos depois com o...
Oh professora! (Olhos abertos cheios de entusiasmo) É uma receita para fazer dinossauros?
Calma! Não! Ri-me. Para isso (ainda) não tenho uma receita! Podes sempre escrever uma história imaginando que é isso que vai acontecer... e depois, de repente, acordas na história e era um sonho!
Deixem-me continuar. Agarram num boião de vidro, daqueles das compotas grandinho, com tampa (a tampa é para depois poderem transportar o caldo até à escola)... Pode ser um de "maionnaise", professora? Sim, pode. Tem é de ser grandito. Colocam água, um bocadinho de palha, de salsa, de coentro, umas ervitas e deixam ao ar livre no quintal, ou numa varanda, até ficar uma coisa mesmo muito malcheirosa e com mau aspecto... (as carinhas contorciam-se a imaginar o cheiro)
E depois?
Depois eu digo quando devem trazer, para podermos ir ao laboratório e observar com o microscópio o que se passa no líquido...
Oh professora, vamos ver micróbios?
Nunca respondo. Eles que vejam com os seus próprios olhos...
(Antes de sair ainda ouço o F. suspirando baixinho: giro giro era a gente conseguir mesmo fazer dinossauros no frasco...)
Revista Sísifo - TIC e Inovação curricular
Revista de Ciências da Educação
Unidade de I&D de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa
Direcção de Rui Canário e Jorge Ramos do Ó
in english -----> HERE
Educational Sciences Journal Educational Sciences
R&D Unit of the University of Lisbon
Edited by Rui Canário and Jorge Ramos do Ó
Current Issue ICT and Curriculum Innovation
segunda-feira, setembro 24, 2007
Grelhas de avaliação do desempenho docente
Ora vamos lá a ver onde se vai encaixar o absurdo, nos absurdos já descritos da organização actual da escola...
Ora vamos lá a ver quem consegue preencher com rigor científico e precisão esta miscelânea de parâmetros desconexos...
Ora continuemos descansadamente a dizer sim, a ajustar-nos, a acomodar-nos, a encontrar as margens de infidelidade normativa que nos permitem ir sobrevivendo sem reclamar muito, em vez de gritar sem receio os nossos limites, denunciar em voz alta o desrespeito e a destruição da acção educativa fundamentada, cuidada e com sentido...
Ora continuemos a aplicar a chapa 5 para cumprir ordens mecanicamente, na linha de montagem, dentro do tempo estipulado...
A Escola cada vez mais transformada em resmas de tarefas avulsas registadas em listas infindáveis de supermercado. Não a reconheço. Cada vez me reconheço menos nela. Não sei trabalhar assim flutuando de nenúfar em nenúfar sem mergulhar com seriedade nas imensas águas que sempre me convidaram e desafiaram em contextos muito difíceis, mas com mais tempo para pensar nos problemas e resolvê-los com a ponderação necessária.
Estamos a falar de gente! De crianças reais ao nosso cuidado! Não são números para estatísticas! Como foi possível acontecer o que está a acontecer?
Vou ter de solicitar uma acção de formação que me prepare para a escola superficial, a escola do faz-de-conta. Será uma área prioritária de intervenção. Sinto-me perdida. Não sei, muito sinceramente, se conseguirei ser a péssima professora que esperam que seja e ter boa avaliação nessa missão. Não sei.
(Também me ocorre que não seriam mal pensadas umas grelhas para avaliar o trabalho do Ministério da Educação e da Sra Ministra, máxima titular e coordenadora da equipa que orienta esta Escola sem sentido... onde estão essas grelhas? Quem avaliará os danos causados? Hummm.. já sei. A culpa será inteiramente nossa. Estava a esquecer-me desse sagrado e já habitual princípio.)
Para intervenções/reflexões mais esclarecidas e ponderadas do que as minhas (que eu ando mais fora que dentro de mim):
http://olhardomiguel.blogspot.com/2007/09/grelhas-de-avaliao-do-desempenho.html
http://terrear.blogspot.com/2007/09/cenrio-de-um-desastre-anunciado.html
http://terrear.blogspot.com/2007/09/grelhas-de-avaliao-guerras-de.html
http://educar.wordpress.com/2007/09/22/o-esplendor-burocratico/
Boas práticas...
Deixo aqui um exemplo, sugerido pela autora, de como se podem explorar as Histórias com Matemática. Neste exemplo é utilizada a primeira história do livro (para uma turma do 9.º ano). Vejam AQUI
domingo, setembro 23, 2007
Para me animar...
Uma edição limitada: ”The Very Best of” da Diana Krall, composta por CD + DVD, onde para além dos maiores êxitos da pianista/cantora/compositora (de quem sou fã), se podem também encontrar três músicas inéditas nunca gravadas em CD. O DVD contém nove temas, três dos quais gravados em Lisboa.
O CD abre com 'S WONDERFUL
(Deixo aqui outra versão: uma forma de agradecer o carinho e os votos que foram chegando...)
Um dos temas inéditos gravado em CD pela primeira vez é este:
Peel me a grape
(bem saboroso...)
sábado, setembro 22, 2007
sexta-feira, setembro 21, 2007
quinta-feira, setembro 20, 2007
Poesia, Matemática e Ensino (muito pouco) Especial...
Para quem, como eu, gosta de ler.
Para quem, como eu, acredita que até a matemática serve para contagiar para a leitura...
...deixo aqui ligação para dois poemas matemáticos que não são recentes e estão algures lá para os lados do Sabor e Saber:
RAIO DO DIÂMETRO
"PI"RÍMETRO DO CÍRCULO
Os usos possíveis são muito variados... Divirtam-se!
A propósito de actividades menos convencionais na aula de Matemática, deixo aqui um apontamento que me fez sorrir.
Oh N.! Ensinei o hino da Matemática à tua direcção de turma e hoje descobri que o M. (asperger) quase o decorou por completo e canta-o, com entoação e alegria!
Não me digas! Eu perguntei à professora anterior, do 1ºC, se ele cantava e ela respondeu que não!
Mas canta, acredita. Voltei a repetir hoje e cantámos os dois a canção para a turma, no finalzinho da aula, com o poema à frente. Ele estava feliz! Quando chega à parte do "Insiste, pratica..." ri com gosto!
Ainda no início, primeira semana-duas aulas, encontrei felizmente uma primeira janelinha para o coração do M. Agora é preciso continuar o difícil caminho... Recordo o Zé, há muitos anos, autista profundo que tive numa das minhas aulas, depois de ter insistido com a mãe, colega nossa, que o deixasse frequentar Matemática - não estava previsto no PEI. No final do ano, o trabalho do CT - todos inexperientes, mas cheios de amor para dar (que reuniam voluntariamente na sua componente não lectiva, num tempo com mais tempo)- foi elogiado e os progressos foram muito evidentes. A Mãe abraçou-nos chorando, nós dissemos que havíamos feito o possível, com todas as limitações de recursos, condições e conhecimento... Ela retorquiu: fizeram o mais importante...deram colo, acolheram, exigiram.
E cresci muito, sempre imenso, quando tive ocasião de trabalhar com crianças com diferença um pouco mais acentuada. Será mais um ano de aprendizagem, embora muito difícil pelas condições em que sou obrigada a trabalhar.
(O que me leva à eterna questão - que vou persistentemente fazendo, para que não se pense que são tudo rosas e me esqueço dos erros graves cometidos: como se espera que um professor, com a distribuição de serviço que é a minha e a de muitos outros, trabalhe com todo o rigor e exigência necessários, quer para os alunos em geral, quer para estes casos tão especiais, integrados em turma, que exigem um cuidado extremo e um tempo grande de preparação de estratégias e materiais específicos? O aluno em causa está a meu cargo em Matemática, Ciências e Estudo Acompanhado. A turma de sexto também é "especial"... )
Cito o Terrear, que se questiona sobre as medidas anunciadas pelo ME para criar condições para que os alunos com necessidades educativas especiais beneficiem de um apoio mais efectivo e eficaz ('palavra de ME').
Nem sei se chore, se ria. Em todo o documento (dirigido essencialmente aos profissionais do ensino especial) são esquecidos os professores dos Conselhos de Turma que trabalham TAMBÉM com essas crianças. Ora como muitos alunos passam TAMBÉM MUITO tempo com esses professores dos Conselhos de Turma... seria de esperar alguma indicação especial para a distribuição de serviço dos mesmos... assim... sei lá... (que eu sei tão pouco) Menos sobrecarga? Um tempito para reunirem? Para prepararem materiais específicos? Para irem melhorando a sua formação? Não. Em vez disso o absurdo de que já vos dei conta. O horário dos professores transformado em enchido de má qualidade.
No documento em causa pode ler-se esta frase (única referência à integração no ensino regular): A inclusão destes alunos nas escolas do ensino regular deverá processar-se de forma a garantir a todos os estudantes uma resposta às suas necessidades educativas em igualdade de circunstâncias.
Lá fico eu sem saber se hei-de rir, ou chorar.
Bonito na teoria... Mas na prática... Experimentem dar uma vista de olhos pelas escolas. Eu estou como sabem. A Directora de turma do M. tem 8 turmas a seu cargo. É caso para dizer, como Yogi Berra (que, para além da fama desportiva, se destacou pelas suas muitas frases 'especiais' ao bom estilo Bush):
In theory there is no difference between theory and practice. In practice there is.
(Teoricamente, não há qualquer diferença entre a teoria e a prática. Mas, na prática, a diferença é enorme - Tradução que encontrei no livro: Matemática para aprender a pensar, da ASA)
O texto completo do ME pode ser lido AQUI.
"ME reforça apoio a alunos com necessidades educativas especiais
O Ministério da Educação (ME) lançou diversas medidas no âmbito da Educação Especial, com o objectivo de criar condições nas escolas e nos agrupamentos para que os alunos com necessidades educativas especiais beneficiem de um apoio mais efectivo e eficaz."
quarta-feira, setembro 19, 2007
Finalmente!
Estava prometido... (estes empreendimentos do Joaquim Lopes nunca são coisa simples... Nunca!)
Mas vale bem a pena esperar todo o tempo que for preciso!
A edigital chegou finalmente ao vosso convívio! (Ao meu já havia chegado antes... esta coisa dos amigos beta-testers...). Não precisa de mais palavras... Vão até lá!
Junto com ela, chega também, finalmente, o Nexus... o blogue que já fazia falta para agitar os neurónios digitais da malta! O Joaquim deixou-se apanhar, finalmente, pela blogosfera! Área de intervenção? Tecnologias na Educação... este bichinho é uma espécie de "bírus" muito "birulento"....... quando se (a)pega à gente..... já não se des(a)pega! (Coisa sem cura...)
É um Professor.
Pois.
ADENDA: a edigital já existia (foi divulgada há tempo na teia, o autor recordou em comentário)... esta é a versão "2.0" revista e aumentada...
terça-feira, setembro 18, 2007
ADENDA... Direitos e Deveres...
Artigo 6º
Direito à formação e informação para o exercício da função educativa
1 - O direito à formação e informação para o exercício da função educativa é garantido:
a) Pelo acesso a acções de formação contínua regulares, destinadas a actualizar e aprofundar os conhecimentos e as competências profissionais dos docentes;
b) Pelo apoio (???) à autoformação dos docentes, de acordo com os respectivos planos individuais de formação.
(...)
Artigo 7º
Direito ao apoio técnico, material e documental
O direito ao apoio técnico, material e documental exerce-se sobre os recursos necessários à formação e informação (???) do pessoal docente, bem como ao exercício da actividade educativa.
Artigo 10º
Deveres profissionais
(...)
2 - Decorrendo da natureza da função exercida, cujo desempenho deve orientar-se para níveis de excelência, são deveres profissionais específicos do pessoal docente:
(...)
j) Actualizar e aperfeiçoar os seus conhecimentos, capacidades e competências, numa perspectiva de desenvolvimento pessoal e profissional; (como? com que condições? com que tempo? em que tempo?...)
(...)
Palavras para quê?
É (mais) uma utopia (à) portuguesa...
Vida, Língua, Poesia, Matemática e Ciência
Era uma vez uma Escola e Eu
e um mar enorme para navegar.
Páginas e ondas, palavras e flores
e livros e bolas, lápis e cores
amigos antigos, outros a chegar.
Era uma vez a Escola e Eu
e um céu imenso para voar.
As respostas aguardam
por entre as estrelas...
só é preciso
saber perguntar.
Era uma vez esta Escola e Eu
e o dia de hoje
para começar...
.
Na outra aula de Matemática dos pequeninos... bem... já é costume, quase tradição (depois dos registos habituais): colam no caderno o hino e aprendem a cantá-lo...
- os começos são pontas de laços doces que têm de ficar bem presos ao coração...
- a língua portuguesa (as palavras, a poesia), a matemática, a ciência não vivem em casas diferentes... (con)vivem entrelaçadas entre si e com a vida.
Amostra sem valor
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
Foi então que alguém me disse /recordou (que eu ando mesmo a precisar de ser recordada, claro, armada em enfant-terrible), que "isto-escola é que é o meu emprego", que não podia argumentar com o mestrado nas tardes de quarta que é "uma coisa privada"... não faz parte do meu horário/distribuição de serviço... etc. que uns também podiam argumentar com os filhos (por exemplo aquela colega ali teve um filho há pouco tempo), outros com outras coisas...
Hummmm... ora bem... deixem cá ver se percebi: um mestrado que será um projecto de intervenção directa numa turma de quinto ano, em didáctica da matemática, com novas tecnologias, programa nunca experimentado em Portugal com potencialidade para mudar o paradigma da aula, que pode vir a revelar-se bem útil para, exactamente estas reuniões de partilha e procura de estratégias para o sucesso, para o plano de acção de matemática e tal, é algo "privado"... e não é "o meu emprego"? A escola "não tem de ter em conta" nem "ter em atenção" a formação do seu funcionário numa área de intervenção que é prioritária? Hummm... as coisas que eu estou a descobrir. Lá se vai a minha doce e infantil ingenuidade...
Pensava eu até (pensava mal, já percebi agora) partilhar neste espaço os avanços, a experiência do mestrado... como sempre tenho feito com tudo o que descubro e experimento nas minhas horas "privadas" de auto-formação para o ensino da matemática, frequentemente ao fim-de-semana... Mas não. Seria como partilhar a minha vida privada... e ninguém vai para estas reuniões partilhar detalhes da coisa não pública da sua vida, ou vai? Partilhei com todos este meu raciocínio... Durmo melhor. Talvez com custos no futuro (de repente pensei na avaliação) mas continuarei a dizer o que me parece justo sem receio.
Os miúdos não percebem nem sentem nada desta coisa paralela (oh o que já ri e sorri hoje com os meus meninos de manhã e de tarde! O tempo que já lhes dediquei! Que saudades tinha dos meus 28 na sala, a minha turbêturma! Que bom o reencontro com os pequeninos! Que feliz me sinto do lado deles e que cansada estou de muitos adultos...)
Regresso ao Gedeão... sim... sou amostra sem valor, que as estatísticas se fazem de muito mais gentes. E se as gentes não gritam... sou (somos alguns de nós) amostra sem qualquer peso ou significado. Mas...
...repito as palavras sábias e deixo-as ecoar na memória infinitamente, para acreditar que vale sempre a pena. Que sou importante. Que não posso aceitar ser só mais um e apagar-me, secar-me, reduzir-me... dissolver-me.
(...)
Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
segunda-feira, setembro 17, 2007
Hoje é o primeiro dia...
Agarro os já mil papéis e venho rente à vedação, passo a passo diminuindo a distância às carinhas novas, aos corações batendo depressa que nos olharão com sede de descoberta, com receio do desconhecido.
Ouço correr atrás de mim. Não resisto a olhar. Uma voz de menino diz-me: olá!
Não o conheço mas, quem sabe é um dos meus, um para acolher mais junto ao peito por um ano? E respondo, perguntando: Olá! De que turma és?
Sou do 5ºD
Ah... então não vais ser meu este ano. Mas a recepção é só às 9:30!
Mas nós temos de estar lá às 9 e um quarto. E...
Olho para o ar esbaforido, os olhos abertos, o sorriso aflito.
E eu estou muito nervoso e prefiro ir já a correr e estar lá mais cedo!
(Eram 9:05)
Então força! Vai lá a correr!
Ele, aliviado por não ter de esperar mais, continuou a corrida em direcção ao portão da escola.
Eu, devagar, lá fui seguindo o seu rasto.
Desejo-te, do fundo do coração, que a escola nunca te faça querer correr... em sentido oposto.
Prometo que tentarei, sempre, até ao limite das forças, conservar em ti a magia deste primeiro dia.
domingo, setembro 16, 2007
Palavras Andarilhas 2007
(Cito aqui o texto do blogue
Ideias Soltas)
Promovido pela Biblioteca Municipal de Beja e pela Associação de Defesa do Património de Beja arranca já no próximo dia 17 e decorrerá até 22 de Setembro.O Palavras Andarilhas é um Encontro/Festival de Contadores de histórias ou, como a organização gosta de designar, um Encontro de Aprendizes do Contar.Este ano abrem-se outras portas de Beja - a Praça da República, a Igreja da Misericórdia e A Casa - e mais eventos:- Festival da Narração Oral;- Estafeta de Contos;- Feira do Livro e da Leitura;- Oficinas (oficinas de narração e oficinas sobre mediação leitora);- Momentos Musicais.
O programa completo pode ser descarregado a partir do sítio da Câmara de Beja (LINK directo).
sábado, setembro 15, 2007
De Rerum Natura...
Descubram porquê... > AQUI.
(Sim, pois... é uma coisa, como direi, genética?)
Regresso às aulas... e dedo na ferida
Fundamentais estas vozes sérias, inteligentes e de referência (já que aos professores ninguém ouve) apontando o dedo às medidas danosas do Ministério da Educação. Registo excelente a não perder! Espero que a tutela leia. Leia e pense. Pense e compreenda. Compreenda e aja. A tempo de evitar o pior.
Tenho apenas que comentar a referência ao eduquês e aos "autores" do anterior/actual currículo de Matemática... e, talvez, estender a pertinência da intervenção de CF, completando/pormenorizando/divulgando absurdos que não estão à vista e precisam de continuar a ser expostos (preparem-se, que com a minha disposição, a coisa será longa e... confusa... tipo... catarse).
Na minha muito modesta opinião (23 anos destas coisas de escola e educação bem pertinho dos acontecimentos) o problema essencial do insucesso na matemática não reside nas orientações metodológicas dos currículos (ainda que possa residir, em parte, na extensão da lista prescritiva de conteúdos). As orientações produzidas desde há anos por equipas de onde se destacou sempre o nome de Paulo Abrantes - leia-se o livro "A Matemática na Educação Básica" - são internacionalmente reconhecidas. Nunca será de mais louvar o excelente trabalho do Paulo e gostava de ver mais vezes a sua memóra enaltecida (acho injustas certas acusações nas entrelinhas de um ou outro comentário e até mais explícitas, como as feitas por Nuno Crato - que, não me esqueço, em entrevista no canal 2 tinha justificação pronta, e "extrínseca", para o insucesso dos seus próprios alunos na universidade... investigado e exposto brilhantemente pela jornalista.)
Não foram os nossos investigadores que inventaram as linhas metodológicas englobadas na designação de "eduquês". Basta consultar o MIT e o trabalho desenvolvido actualmente no Media Lab, as orientações do NCTM, o Currículo do Ontário - país que possui dos melhores resultados do PISA, o Currículo da Finlândia (nem comento os resultados...), para perceber que não é numa matemática "centrada" no aluno e numa concepção incorrectamente chamada "eduquesa" que o problema reside. Penso que não seria difícil provar que apenas uma minoria dos professores consegue aplicar as ditas e correctas orientações inscritas internacionalmente nos curricula dos países com melhores resultados (mas que criaram as condições para que metodologias activas pudessem realmente ser aplicadas com exigência, boa preparação e qualidade) e esses são os que acabam, em Portugal, por conseguir alunos motivados, bem preparados e com resultados satisfatórios. (Os professores que ficam com os meus alunos no 3º Ciclo, não se queixam, pelo contrário. Nem os alunos, nem os pais, nem a escola... Desculpem a imodéstia, mas sou considerada uma boa professora de matemática e não vale a pena estar aqui com meias palavras.) Os restantes professores, a maioria, (pelas mais diversas razões... tantas...) reproduzem o modelo mais confortável e mais naturalmente convocado pela forma como o sistema educativo se organiza - o modelo transmissivo com mais ou menos adaptações pontuais e pouco significativas.
No fundo, a maioria, "dá" tudo, exigentemente cumprindo todo o programa (tal como nos é exigido agora - tendo que justificar se não conseguirmos) como sempre se "deu". Isto só pode resultar no exemplo de uma história educativa (Miguel A. S. Guerra) do cientista que ensinou o cão a falar (cão que nunca pronunciou uma palavra, durante a conferência de apresentação do fenómeno): eu ensinei-o, ele é que não aprendeu! E alguém se surpreende depois com os maus resultados? A culpa não é da existência do "eduquês" é da ausência generalizada dele, por falta de condições e de formação para o aplicar correctamente. Acham que o mundo de hoje, as crianças de hoje são iguais às de outros tempos? Experimentem umas horas de aulas numa escola de hoje e perceberão rapidamente a diferença... Os métodos que funcionaram na geração dos meus pais e da minha, não funcionam mais. Esqueçam. Não precisei de 23 anos de experiência para o perceber... e olhem que partilhava uma ou outra destas ideias conservadoras, mas encontrei o equilíbrio metodológico possível, não cedo na exigência e procurei sempre ir melhorando de ano para ano... enquanto me deixaram e me deram tempo para tal.
O que acontece, penso eu com os meus modestos botões, como sempre acontece neste país (e noutros), é que as leis e as orientações são sementes lançadas a solo estéril nunca regado nem cuidado convenientemente. Da formação inicial deficiente dos professores (não são exames, nem falta de confiança que vão resolver isso), à falta de tempo para uma formação e qualificação contínuas de qualidade (até isso nos retiraram), ao número excessivo de alunos/tarefas atribuídos a cada professor, à carga horária mínima da disciplina de matemática (das menores no mundo - realmente o discurso valoriza, mas depois na prática é tratada como se fosse uma disciplina qualquer e os resultados devessem surgir magicamente), ao excesso de funções atribuídas à escola, à gradual recente desqualificação do tempo, que cada vez menos permite o encontro de pares para reflexão e produção de materiais, o tempo pessoal para estudo e formação, um tempo extra com alunos seus, e é ocupado por tarefas estéreis que vão desde a substituição de professores noutras turmas, a apoios a alunos que não os seus, reuniões infindáveis para preencher mais um papel... mais um plano, mais um relatório (imagino então quando tivermos de reunir com os avaliadores... alguém pensou de onde sai esse tempo?)... Turmas enormes (no Ontário uma das medidas prioritárias no primeiro ciclo foi a redução do número de alunos por turma, reconhecendo-se que as crianças são diferentes, o mundo é diferente e que para fazer o que realmente as orientações preconizam é preciso alterar o sistema e a organização da escola, permitindo um acompanhamento mais individualizado).
Tudo se junta e conspira, penso eu, para que o ensino (em geral e da matemática em particular) se mantenha, mais do que nunca, igual ao que sempre foi... centrado no professor, assente num modelo de transmissão que nunca mudou uma linha e que apenas foi diminuindo a exigência por conta da falta de condições e das pressões (políticas) para o sucesso... Ah, sim, as tecnologias... pois.. na maioria dos casos têm sido usadas para reproduzir os mesmos modelos: se hei-de estar para aqui a falar ou a escrever no quadro, bem posso apresentar um slide show e eles copiam... Ah! E que tal um quadrozito interactivo para eles fazerem os exercícios lá, que é tão divertido, em vez de fazerem com giz no quadro? Boa ideia, hem? Há lá tempo para fazermos formação e aprendermos a fazer diferente? Há lá tempo para pensar como fazer diferente! Há lá tempo para de forma generalizada fazer diferente! Há lá tempo sequer para pensar! Tudo o que acontece de comprovadamente bom, com excelentes resultados, são experiências pontuais, de excepção, sem condições para serem generalizadas, suportadas, como sempre e agora ainda mais, na carolice de um ou outro entusiasta (que também começam a rarear... nem os mais motivados sobreviverão se continuarmos como estamos...).
...
Professores com excesso de atribuições... vejamos... Eu sou um exemplo no presente ano lectivo:
Mat 5º, Ciências 5º, Mat 6º, Ciências 6º (as turmas - duas, cerca de 100 alunos, possuem crianças com necessidades educativas especiais: um deles uma criança com o síndroma de Asperger, o outro um atraso que implica acompanhamento individualizado e apoio, ambos implicando adaptações curriculares e condições especiais de avaliação), Estudo Acompanhado 5º e 6º, Apoio Pedagógico Acrescido de Matemática a alunos com dificuldades, Centro de Recursos Educativos, Projecto dos Portáteis, Plano de Acção de Matemática (a tutela quer reuniões semanais dos professores... mas o mais provável é a escola não atribuir horas porque não as tem - são precisas para o plano de ocupação, para dar apoios... e os professores terem de dar mais tempo ou recusar-se a fazê-lo - o que recomendarei). E não acabou! Como integro dois departamentos e um grupo curricular que reúne fora do departamento, tenho reuniões regulares a triplicar, sem falar nos Conselhos de Turma que reúnem para preparação dos trabalhos com as turmas (sou secretária permanente de um deles) , pois é preciso fazer os Projectos Curriculares das Turmas, planos de recuperação e afins... Explico apenas que nos são atribuídos dois tempos de 45 minutos semanais por semana para reuniões (rio-me) e 10 tempos de 45 minutos (cerca de 7 horas e pouco) para a componente não lectiva individual... onde se prepara tudo, vêem testes, estudamos, concebemos materiais, planificamos, avaliamos... Feitos os descontos com os tempos dessa componente logo gastos nas voltinhas da escola nos tempos sem aulas, enfiados no meio dos horários - e sem gabinetes ou condições/materiais para trabalhar, sobram cerca de 5 HORAS por semana... UMA HORA por dia (útil) para tudo...
E, isto já é um extra, mas não deveria ser, pois temos direito a continuar a nossa formação, avanço como posso para a tese de mestrado que decidi fazer este ano sem saber o que me aguardava... mas nem sei exactamente o que vai acontecer...
E já que estou em movimento de desabafo, recordo para que não se esqueça: eu, (e quantos como eu?) com 23 anos de serviço, 45 anos de idade (daqui a uns dias), como fui apanhando todas as mudanças de leis, estou congelada desde há muito muito tempo a receber ordenado de 8º escalão, quando pertenço ao 9º (fui das que ficou no limbo, por uma semana e só voltarei a ganhar aquilo a que tenho realmente direito, uma semana depois de descongelarem as carreiras... falamos de cerca de 250 euros multiplicados por muitos meses, mais de um ano, dois anos... ) e, como as regras se vão alterando, continuo com apenas 2 tempos de 45 minutos de redução da componente lectiva... e assim estarei até aos 55 (a lei mudou novamente). Nas escolas convivem lado a lado, professores que, separados por dois dias de tempo de serviço, recebem ordenados de 8º ou de 9º escalão, professores que têm a redução máxima antes dos 50 e professores que, como eu, esperarão mais 10 anos para ter... apenas mais dois tempos. Não, não quero os tempos para descansar, para brincar. Não, não quero o dinheiro para férias (embora tivesse direito a ele para o que quisesse... só que gasto muito dinheiro comprando livros, materiais, tinteiros, papel, computador decente - que os da escola são um atraso - e investindo na minha formação, quantas profissões assim?). Se olharem para o meu currículo percebem que na componente individual que tinha antes destas absurdas medidas, e era mais adequada - embora sempre tivesse ido além das 35 nas minhas ambições - não brinquei mesmo nada durante toda a minha vida... e agora sinto que estou no limite do que posso dar (nem falo da motivação, ou da vontade, pois com todos estes argumentos, muitos já teriam baixado - baixaram?- os braços e eu não os condenaria, não os condeno)... digo-o sem vergonha. Os professores andam cheios de medo de dizer que não conseguem... porque têm fama de preguiçosos e receiam que por cada desabafo surja o pronto: vocês não querem é fazer nada!
Mas eu não sou preguiçosa e não estou a conseguir. Assumo. Atire pedras quem quiser.
Regressando ao raciocínio. Que alternativas tenho com estas atribuições? Uma pessoa normal que se dispusesse apenas a trabalhar as suas 35 horas, avançava para uma linha de montagem expositiva, ficha aqui, ficha acolá...talvez até diminuisse um pouco a exigência para não ter muitos problemas... talvez nem preparasse grande coisa... manual, uns exercícios etc... como fazer melhor?
E o mundo que determina os resultados estatísticos é feito de gente normal com direito a viver, a ter família. Por isso os resultados vão piorando, eu acredito até que piorarão muito mais (falo dos exames... porque as notas da escola... ui!... essas vão subir por conta de avaliações que também se relacionam com resultados, como se avaliar um prof. fosse o mesmo que avaliar um enchedor de salsinhas... ora vamos lá a ver quem foi o trabalhador que encheu mais salsichas? Ohhhh... encheu pouquitas hoje... vai ter de apanhar um não satisfaz! Ohhh estes dois até encheram muitas, muito bem... mas... hummm... não posso dar excelente aos dois...deixa ver... ohhh... aquela salsichita ali tem menos um milímetro de comprimento... que pena!...).
Os resultados vão piorar porque o desfasamento entre o que é pedido, entre as orientações metodológicas de, por exemplo, currículos e Planos de Acção de Matemática, são completamente impossíveis de concretizar para a maioria dos professores, da forma como os tempos, o serviço atribuído e as escolas se organizam, com as actuais normas administrativas.
Exemplos como o meu há muitos... Alguém acredita que uma pessoa normal dá conta do recado com o panorama que vos descrevi? Tentarei fazer o que puder e só conseguirei um pouco mais aqui e ali porque: sacrifico muito do meu tempo pessoal para além das 35, porque tenho saúde (... como me revoltam e repugnam as histórias sobre os professores doentes...), porque não tenho filhos (não há medida do governo que me convença... digamos até que, agora, estou bastante aliviada por essa ter sido uma opção de vida... uma vez um pai disse numa reunião, a propósito de uma professora que estava a faltar porque tinha o seu bebé em risco de vida no hospital, as professoras n'áveram de ter filhos!.....), porque tenho de me manter fiel à vocação e a princípios de que não abdico: os alunos em primeiro lugar.
Mas notem como estou diferente... como a minha mágoa já não se consegue calar e salta para as palavras em certos momentos! Como o meu instinto de sobrevivência (poderia dizer maternal, para proteger os alunos que dependem de mim) desperta e começa a colocar, com sucesso, a escola e as suas tarefas/exigências/papeladas absurdas em segundo e indiferente plano. Sorriso sim, em frente com coragem, sim, escusam de me dizer, eu sei e faço, pelos meninos (eles não notam diferença no brilho do olhar, e até partilho com eles as dificuldades - são os meus melhores aliados e os mais certos motores de alegrias), mas calar é que não. Incomoda-me o silêncio que se instalou. As conivências.
Como se tudo estivesse bem.
O que é que aconteceu aqui hoje?
Nem sei bem... mas ainda bem que aconteceu. Sinto-me um grama mais leve.
Seria bom que alguém escutasse e se sentisse mais pesado muitas toneladas por conta de estar a comprometer perigosamente o futuro.
Mas até essa esperança de que tenham a inteligência de perceber começa a faltar-me...
ADENDA: se descobrirem erros ou gralhas, desculpem... estou cansada de rever o texto e tenho de ir preparar umas aulas e materiais para os meninos...
Saudades de viver de brisa...
Vamos viver de brisa Anarina
Vamos viver no Nordeste
Deixarei aqui, meus amigos, meus livros
Minhas riquezas, minha vergonha
Deixarás aqui, tua filha, tua avó, teu marido
Teu amante
Aqui faz muito calor
No Nordeste faz calor também
Mas lá tem brisa
Vamos viver de brisa Anarina
Vamos viver de brisa.
Manuel Bandeira
Maria Bethania