Assim recebi os meninos pequeninos na aula de Ciências...
Era uma vez uma Escola e Eu
e um mar enorme para navegar.
Páginas e ondas, palavras e flores
e livros e bolas, lápis e cores
amigos antigos, outros a chegar.
Era uma vez a Escola e Eu
e um céu imenso para voar.
As respostas aguardam
por entre as estrelas...
só é preciso
saber perguntar.
Era uma vez esta Escola e Eu
e o dia de hoje
para começar...
Era uma vez uma Escola e Eu
e um mar enorme para navegar.
Páginas e ondas, palavras e flores
e livros e bolas, lápis e cores
amigos antigos, outros a chegar.
Era uma vez a Escola e Eu
e um céu imenso para voar.
As respostas aguardam
por entre as estrelas...
só é preciso
saber perguntar.
Era uma vez esta Escola e Eu
e o dia de hoje
para começar...
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E na outra aula de Ciências dos crescidos... o mistério da máquina humana a seduzir-lhes o apetite... Oh professora, é que gostei mesmo desta aula! Vou gostar muito de aprender sobre as coisas do corpo! Oh professora, podemos já hoje começar a fazer o diário alimentar?
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Na aula de matemática dos crescidos: a stora não perdoa! Eu bem dizia à minha mãe que era melhor trazer já o material todo! Começámos logo a valer! Disse-lhes: chega de férias! Julho, Agosto, Setembro... toca a marchar! Risota. E uma bolinha de cristal, vai? De repente coordenadas no quadro, x e y, até números negativos... Olha, pois.. é como as temperaturas negativas, não é stora?
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Na outra aula de Matemática dos pequeninos... bem... já é costume, quase tradição (depois dos registos habituais): colam no caderno o hino e aprendem a cantá-lo...
Na outra aula de Matemática dos pequeninos... bem... já é costume, quase tradição (depois dos registos habituais): colam no caderno o hino e aprendem a cantá-lo...
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Porque:
- os começos são pontas de laços doces que têm de ficar bem presos ao coração...
- a língua portuguesa (as palavras, a poesia), a matemática, a ciência não vivem em casas diferentes... (con)vivem entrelaçadas entre si e com a vida.
- os começos são pontas de laços doces que têm de ficar bem presos ao coração...
- a língua portuguesa (as palavras, a poesia), a matemática, a ciência não vivem em casas diferentes... (con)vivem entrelaçadas entre si e com a vida.
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O António Gedeão/Rómulo de Carvalho é que sabia...
Amostra sem valor
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
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Ah como ele sabia!
Foi então que alguém me disse /recordou (que eu ando mesmo a precisar de ser recordada, claro, armada em enfant-terrible), que "isto-escola é que é o meu emprego", que não podia argumentar com o mestrado nas tardes de quarta que é "uma coisa privada"... não faz parte do meu horário/distribuição de serviço... etc. que uns também podiam argumentar com os filhos (por exemplo aquela colega ali teve um filho há pouco tempo), outros com outras coisas...
Hummmm... ora bem... deixem cá ver se percebi: um mestrado que será um projecto de intervenção directa numa turma de quinto ano, em didáctica da matemática, com novas tecnologias, programa nunca experimentado em Portugal com potencialidade para mudar o paradigma da aula, que pode vir a revelar-se bem útil para, exactamente estas reuniões de partilha e procura de estratégias para o sucesso, para o plano de acção de matemática e tal, é algo "privado"... e não é "o meu emprego"? A escola "não tem de ter em conta" nem "ter em atenção" a formação do seu funcionário numa área de intervenção que é prioritária? Hummm... as coisas que eu estou a descobrir. Lá se vai a minha doce e infantil ingenuidade...
Pensava eu até (pensava mal, já percebi agora) partilhar neste espaço os avanços, a experiência do mestrado... como sempre tenho feito com tudo o que descubro e experimento nas minhas horas "privadas" de auto-formação para o ensino da matemática, frequentemente ao fim-de-semana... Mas não. Seria como partilhar a minha vida privada... e ninguém vai para estas reuniões partilhar detalhes da coisa não pública da sua vida, ou vai? Partilhei com todos este meu raciocínio... Durmo melhor. Talvez com custos no futuro (de repente pensei na avaliação) mas continuarei a dizer o que me parece justo sem receio.
Os miúdos não percebem nem sentem nada desta coisa paralela (oh o que já ri e sorri hoje com os meus meninos de manhã e de tarde! O tempo que já lhes dediquei! Que saudades tinha dos meus 28 na sala, a minha turbêturma! Que bom o reencontro com os pequeninos! Que feliz me sinto do lado deles e que cansada estou de muitos adultos...)
Regresso ao Gedeão... sim... sou amostra sem valor, que as estatísticas se fazem de muito mais gentes. E se as gentes não gritam... sou (somos alguns de nós) amostra sem qualquer peso ou significado. Mas...
...repito as palavras sábias e deixo-as ecoar na memória infinitamente, para acreditar que vale sempre a pena. Que sou importante. Que não posso aceitar ser só mais um e apagar-me, secar-me, reduzir-me... dissolver-me.
(...)
Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
4 comentários:
A escola "não tem de ter em conta" nem "ter em atenção" a formação do seu funcionário numa área de intervenção que é prioritária?
Já para não falar do facto de a actualização científica/pedagógica ser um dos deveres dos professores. Mas, parafraseando o célebre anúncio da Pasta Medicinal Couto (passe a publicidade): "Palavras para quê?". O resto da frase abstenho-me de dizer...
Hummm... as coisas que eu estou a descobrir.
Alegra-te. Pelo menos tu ainda vais descobrindo alguma coisa :-).
Eh eh eh eh... e... até já consigo rir! Não está nada nada mal! :0) Por conta deste teu comentário... lá teve de nascer uma breve adenda...
"Que feliz me sinto do lado deles e que cansada estou de muitos adultos"
Teresa amiga, que verdade tão verdadeira aqui dizes!
Começo a sentir necessidade de aqui vir encontrar-te quase sempre ao fim do dia. Consegues, como já te disse anteriormente, colocar em palavras os sentimentos. Isso é arte, amiga.
Um beijo,
Emília.
Obrigada Amiga! É um prazer sentir-te aqui na minha companhia todos os dias. Esta casa é tua, é vossa... é nossa... Muitos beijinhos
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