Hoje podia falar dos belos e inesperados poemas de amor que alguns alunos resolveram escrever e partilhar na aula de matemática... de estudo acompanhado...Dos projectos de autocolantes/marcadores para a semana do Amor na BE... aqui os mais simples... muitos deles com excertos de poemas de amor...
Do momento de elaboração, em texto colectivo - 5ºano, da sequência à proposta de poema do escritor João Pedro Mésseder (projecto de escrita colaborativa)...Do projecto de um dos autocolantes para a semana da leitura, em que, lado a lado na BE-CRE com um aluno de 8º e outro de 7º, a cumplicidade deu origem a um produto de que ficámos orgulhosos... .
Do trabalho facultativo da Raquel, na sequência da aula bola de cristal, sobre o cálculo da área dos triângulos que não faz parte dos conteúdos a leccionar no programa... .
Da continuação dos exames dos monitores (que pedem para se apresentar aos ditos), a elaboração do primeiro cartão, o entusiasmo ao ser-lhes comunicado que integram a equipa e de que disporão de um placard inteirinho para dinamizarem....
Dos poemas de uma turma da noite (10º ano) para a semana do amor. Um amor adulto e especial partilhado num espaço que é de todos. E da aluna de 3º C que se sentou perto de mim... lendo o que eu afixava e me pediu: posso copiar alguns que são lindos? Podes... e lá a deixei a escrevê-los no telemóvel...
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Do texto "Leve um livro para a cama" que hoje a BE-CRE espalhou pela sala dos professores... pela sala dos auxiliares, pela secretaria...
Dos seis alunos de 9º ano que nos estão a ajudar com o levantamento das estatísticas de entrada na BE...
Da colega que me viu na mão os poemas de escritores especiais, cortadinhos, prontinhos para colocar em cartões na semana que vem, descobriu o do Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) O Amor é uma companhia... se comoveu e arrepiou e me pediu para ficar com um... Já ganhei o dia, disse ela.
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O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir
vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que
está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as
árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que
sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol
com a cara dela no meio.
Podia...
Podia explicar que é nestes momentos (esta colecção em apenas dois dias) que vou encontrando a força, a energia, o entusiasmo para acordar bem cedo de manhã e recomeçar uma vez mais, mais um dia. (Os outros momentos uso-os como cubos de gelo para me manter acordada na luta por dias menos escuros, por mais momentos destes e cada vez menos do absurdo fardo de papéis que vem entranhando, encharcando o nosso quotidiano... ontem um CP de mais de 3 horas a prová-lo. Desse momento não me apetece falar, nem dos que se lhe vão seguir por conta de legislação que breve breve levará um número no topo e será publicada para a perdição do nosso precioso tempo...)
Este calorzinho bom dos bons momentos não me amolece os sentidos.
Só o coração...
Podia falar de outras coisas hoje.Podia.
Mas hoje falo disto.
(Efeito da época... )