sexta-feira, março 13, 2009

Perfect day... (not so much perfect future...)

A caminho da escola: duas andorinhas a beijar-se num fio alto entre dois postes de electricidade.

Na escola:

- Uma estratégia improvisada, pensada em minutos, aplicada e organizada ontem (hei-de partilhar com calma) para tentar a recuperação de mais de metade dos alunos da turminha mais complicada (resolução de problemas e também procedimentos matemáticos - notas a descer) incendiou positivamente a turma e hoje a animação e avanço do processo trouxeram esperança primaveril aos próximos tempos... Será? Tenho de ser optimista. Há ali "casos" em que só a escola poderá fazer a diferença... nada mais. E eu, embora (re)conheça a importância do "meio" nestas coisas, não descanso na desculpa, no lavar de mãos, no sacudir da água... e continuo a acreditar que até ao lavar dos cestos... é preciso reinventar formas de chegar ao topo da montanha... Foi um dia feliz de muito trabalho e muito entusiasmo depois do meu desalento com as últimas avaliações. Sei como estas coisas às vezes se desvanecem depois do fogo inicial, portanto, terei de dedicar tempo, carinho e sorrisos ao seu esforço para que não seja algo passageiro, para que persista e os efeitos sejam duradouros...

- A minha Teresinha Lopes (da Turbêturma... saudades!... ), agora no 7º ano, disse-me que hoje vai cantar no Mesa de Frades... e eu, que não tenho conseguido ir onde ela vai, hoje vou tentar não faltar a esse momento importante (ai o tempo sempre a fugir!)... Algures entre as 10:30/11 e a meia-noite será a voz dela (13 anos completados este Março) que ecoará naquela que é considerada a melhor casa de fados de Lisboa.

Não... o sorriso que me acompanhou durante o dia (e que também não é alheio à subida da temperatura e à diminuição do número de quilos de roupa sobre o corpo) não me faz esquecer nem por um minuto os cinzentos tempos que vivemos nem o facto de ser previsível o progressivo escurecimento num intervalo de tempo curto com consequências graves... não é difícil perceber quais. Se tudo for acontecendo como previsto, qualquer dia nem teremos sequer a chance de utilizar o nosso corpo para proteger os alunos dos perigosos governantes que tudo fazem para transformar a Educação numa coisa barata, superficial e cada vez menos exigente. Já não acredito que seja por acaso... Há uma intenção clara e vai ferir de morte o futuro.

Só que estes miúdos à minha frente, hoje, neste presente sem nome, não têm culpa. A muitos já lhes chega o acumular de abandonos vários e de várias formas (tenho sabido de histórias que magoam e comovem) na vida que é a sua. Se também eu os abandonar, se não guardar um sorriso suave, uma gargalhada e um colo quente para os dias frios, quem zelará por eles? Quem lhes dará a mão e os puxará para o lado exigente, rigoroso e seguro que lhes possa garantir dias de amanhã mais justos, mais possíveis?

Era suposto isto ser assim uma espécie de redacção sobre a Primavera: afinal, tudo começou com um beijinho de andorinhas... e acabou com 26 andorinhas empenhadas até às 18:30 de volta de exercícios vários. O mais difícil de todos? O da solidariedade, o da entreajuda, o da partilha. Alguns dos milagres que presenciei sem esperar, dia fora, deram-me o alento de mil Primaveras e a força para continuar a resistir... das formas possíveis.


(...)
Oh its such a perfect day,
I'm glad I spent it with you.
Oh such a perfect day,
You just keep me hanging on,
You just keep me hanging on.

(a pensar nos alunos)

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