quarta-feira, agosto 01, 2007

Turista na minha cidade...

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.
(...)


Alexandre O' Neill



Manhã com nuvens. Praia adiada.
Era preciso cumprir tarefas para os lados da baixa Lisboeta. Lá fomos.

Há tanto tempo. Saudades de ti, minha porção rasteira e bela de cidade a lavar-se no Tejo.
Saudade.
As lembranças dos passeios de infância. Mais tarde os passeios nos intervalos das aulas da Faculdade. Namorar e comer um Banana Split no Rossio. Comprar discos e livros.

Mais tarde ainda, num tempo sem centros comerciais, passear, namorar sempre e fazer compras. Beber café, comer bolas de Berlim... umas chamussas também, pingos de tocha... scones quentes. Mais livros. Aguarelas. Um vestido. Uns sapatos. Umas luvas.

Acho que não te visitava há mais de um ano e tinha saudade do burburinho, do quadriculado das ruas, das lojas antigas que não morrem, dos Porfírios que deixaram de existir (desilusão).

Hoje café e queques na confeitaria Nacional a sentir-me quase uma estranha, turista em terra alheia com vontade de fotografar os recantos perdidos na memória, tentando matar as saudades de tantos meses nuns breves minutos. Assim fiz. E fui pelas vielas adentro a escolher com os olhos e a prender com a máquina o que me apeteceu. Às vezes faz-me falta o ar pesado da cidade.

Depois regresso à leveza da serra, do verde e do canto dos pássaros e lá fico aninhada até a saudade seguinte me arrastar...

Foi bom rever-te, minha cidade.
Quase quase na mesma.
Quase quase diferente.















Aguarelas feitas a partir das fotos da manhã com o Corel Photo-Paint (última versão do Corel 13 - X3 encontrada na FNAC - software edição de educação em inglês, muito mais em conta).

7 comentários:

Teresa Pombo Pereira disse...

olha miúda, as fotos não só estão geniais como este post vai de encontro a uma série de coisas que tenho pensado e de que preciso para a minha sanidade mental. Que raios!!! Tens a certeza de que não fomos separadas à nascença? ehehe.... beijinhos

Teresa Pombo Pereira disse...

DE facto.... penso... penso.... sabes que cá em casa adoramos lanchar na Confeitaria Nacional? que coisa esquisita ;-)

Anónimo disse...

Pois... Teresinha... Há mais coisas entre o céu e a terra... já viste que se não fosse esta coisa da Internet... provavelmente nunca nos teríamos cruzado (se tivessemos vivido noutros tempos)? É caso para dizer que até nesta coisa de vivermos na época das tecnologias e gostarmos ambas dos desafios das ditas há qualquer coisa... Essa da confeitaria... também lá ia no tempo da faculdade e já depois de casada... curioso... provavelmente já nos cruzámos por lá! :) Beijinhos

Cristina Gomes da Silva disse...

Eu também. Costumo descer ao Chiado, atravessar a a rua do Ouro e a rua Augusta e sentar-me a tomar um café de saco e um austríaco. Será que tudo isto também faz parte das afinidades electivas?

Bjs e boas férias para as duas

Cristina Gomes da Silva disse...

esqueci-me de dizer que as fotografias estão belíssimas. Até nos imaginei de leque, chapéu, vestido comprido e luvas. Bem no meio do séc. XIX, a tomar chá na Nacional...

armanda disse...

Estão realmente muito lindas as fotografias!
Boas férias!

Teresa Martinho Marques disse...

Bem que podíamos... sempre sonhei com vestidos compridos de princesa... Obrigada pelas visitas e mimos
Boas férias!