quinta-feira, março 01, 2007

Bipolar

Olhos inchados como se andasse a chorar todo o dia (há vírus que não deviam ser permitidos)... mas não é verdade. Não chorei. Ainda arranjo forças para me rir, apesar do corpo me ir gritando que adopte a horizontal por algum tempo, que fuja a sete pés, e eu lhe diga que não, que não pode ser, que se vá aguentando como puder...


Chegar à escola e ficar a saber que estarei sem auxiliar dois dias, porque estão a faltar duas funcionárias e a minha indispensável Isabel precisou de ser deslocada... isto exactamente nos dias críticos de preparação da Semana da Leitura (PNL). BE enooooorme... nestes dias ainda parece maior. Eu e a minha Teresinha L da Península (obrigada Amiga por teres ficado mais tempo do que o que está inscrito no teu horário!) tentando desdobrar-nos no atendimento e, ao mesmo tempo, ir tratando do resto que é tanto. A paciência no fio, mas alguns alunos ajudando a aguentar o barco com toda a energia e carinho. Das 9 às 13:30 sem um único intervalo, sem descer para comer ou descansar... quantas profissões assim?



E dou comigo a recordar um destes dias uma ida a um centro comercial onde encontrei uma aluna que não é minha, mas reconheci da BE... tive direito a beijinho. E pela rua, pela escola, sucedem-se olás de dezenas de crianças e jovens que têm passado pela BE este ano e que não são meus alunos, mas são.
Por isso a zanga dirigida ao sistema, à forma de funcionar das coisas, intercala-se com os mil sorrisos do dia e, em vez de ser brusca, ou desagradável, dando forma à impaciência que parece querer saltar-nos para a cara e gestos, escolho explicar-lhes as dificuldades do dia, a minha aflição e acabamos todos a olhar para os PCs que não funcionam, que não querem imprimir, ou cujos ratos morrem sem direito a rato novo, abanando a cabeça, queixando-nos em uníssono e encontrando outras respostas quando possível, ou desistindo já acomodados.


Arrasto com um aluno um enorme placard até à sala de professores, arranco a cobertura inteira de um placard velho, coloco DVDs, rearranjo placards sabendo que daí a pouco há-de chegar uma aula de Matemática e já levo o mundo às costas...


... ainda assim, quando lá chego, é inesgotável e comunicativa aquela alegria deles. Vírus da melhor espécie! Eu primeiro murcha, eles carinhosos, cuidadosos com a s'tora que percebem menos bem. Não cedo à tentação fácil dos registos que me deixariam respirar um segundo (nunca gasto tempo obrigando os alunos a fazer algo que podem fazer sem mim... copiar coisas, por exemplo). Pergunto: o que acham? Fazem os registos em casa para podermos aqui resolver mais problemas e tirar dúvidas? Eles, já habituados, concordam. Fazemos em casa... preferimos a metralhadora de problemas! (A metralhadora de problemas é o momento de resolução oral de várias situações problemáticas, ficando depois a cargo deles a resolução por escrito... discutidas que foram as estratégias de acção... Em vez de passarmos imenso tempo com um... há dias em que nos apetece... muitos!!!).

Pronto. Lá estou eu de nariz entupido, olhos lacrimejantes, rindo com eles, avançando em aventuras pelos problemas que se podem traduzir em expressões numéricas. O que é que estes miúdos têm que me faz melhor que um comprimido?


Bem. Páro.
Vou horizontalizar-me agora, portátil por companhia. Continuar a imaginar de que formas não me perderei no encontro de sábado...
E ao reler algumas das últimas entradas... começo a perceber que, com todos estes atropelamentos recentes e passados, estou a ficar um pouco bipolar no meu discurso...
...jeitinho de interruptor: umas vezes para cima, outras para baixo.

Mas com saldo sempre positivo para a luz (verde), é claro...


Atchimmmmmmm!
(Levem lá com alguns vírus que não me apetece tomar conta de todos...)

imagens retiradas de: http://www.fotosearch.com/

4 comentários:

Teresa Lobato disse...

Obrigada pelas tuas palavras, 3za, mas temos de ser uns pelos outros, não? Qualquer dia vais andar tu a arrastar os pés, eu a mancar, e a dizermos tolices a torto e a direito!... As tuas forças ainda vão dando, as minhas já deram o que tinham a dar.
Até quando, 3za? Até quando?...

Anónimo disse...

Não reparaste nesta entrada? NAs imagens? Já andam aqui umas tolices pelo ar? Será a demência a chegar? Cruzes!!!!!
Até quando for possível...
Beijinhos e Obrigad eu

Anónimo disse...

...mais uma vez me deliciei com as suas palavras...com uma professora assim como é q os miudos nao lhe hão-de retribuir e ser o seu comprimido....só podem...colhe-se aquilo q se semeia ;)
...beijinhus e as melhoras :)**

Teresa Martinho Marques disse...

:)
Beijinhos