Na vertigem dos dias, não julguem que ando alheada.
Passeio-me silenciosa e solitariamente algures entre a expectativa e a esperança de que os sacrifícios feitos em nome da coerência, da protecção do bem maior que são os alunos, do desenvolvimento de projectos (educativos) com sentido, do meu crescimento profissional e melhor desempenho junto dos alunos, não tenham sido em vão. Ainda possuo uma réstia de crença de que não me será oferecido apenas mais desencanto para além do já vivido, a que se juntaram coisas tristes como uma certa notificação, a não avaliação (por conta da não entrega de ois e não entrega da FAA formal, mas sim de um documento alternativo acompanhado do meu currículo), a estagnação ("financeira") na carreira por não ter alinhado com o concurso (injusto e arbitrário) para titular (com lugar garantido nas vagas disponíveis).
Às vezes dou comigo a pensar que esses títulos (apesar de mais bem remunerados e valorizados hierarquicamente na escola) não contam em lado nenhum do planeta como válidos... Ser titular será critério para aceder a mestrados e doutoramentos neste ou noutro país? Garante convites de instituições de ensino superior? É fundamentação para solicitar acreditação como formador? Será garantia de qualidade e de competência profissional aceite com confiança pela sociedade, sem qualquer sombra de dúvida?
Pois...
Fica clara a farsa de um sistema que apenas tem serventia neste medíocre e empobrecido sistema escolar, potenciando e sustentando míseros e promíscuos poderes, hierarquias estranhas... que têm colocado frequentemente o menos competente a avaliar, a controlar e a mandar no mais competente.
Absurdo mas real.
Por tudo isso... já só consigo aguardar.
É uma espécie de silêncio ferido.
Por enquanto vou fazendo tudo o que precisa de ser feito, porque os alunos não têm culpa e precisam de ser protegidos de tão estranhas e arbitrárias (economicistas?) leis e mantidos o mais a salvo possível de tão bizarras, desinteligentes, e perigosas governações.
Depois?
Veremos...
(Obrigada, Pai, por me teres enviado o artigo)
6 comentários:
Teresa,
Partilho contigo o que acabei de escrever para um jornal:
«A nova ministra da Educação é Isabel Alçada. Esperei algum tempo até escrever este texto para ouvir as primeiras palavras e as primeiras ideias da nova equipa. Verdade seja dita, os “dossiês” que herdou não são propriamente simples e o tempo de apropriação e reflexão para a acção neste campo exigem alguma ponderação e análise de contexto que não se coadunam com reacções imediatas. Será um bom sinal este compasso de espera até uma primeira acção? Os sindicatos e grupos de professores pressionaram para ouvir um sinal de mudança. Associaram à data limite de definição do calendário para a avaliação dos docentes uma espécie de ultimato para saber quais as palavras que saiam do gabinete de Isabel Alçada. A verdade é que surgiu um silêncio em resposta que augura uma mudança efectiva de estilo e de acção. De facto, a lista de assuntos em cima da mesa é complexa e pesada. Começando pelo Estatuto da Carreira Docente, dividida agora em professores e professores titulares que, se vier a ser alterada, coisa que desconfio difícil, será um passo atrás numa política dos últimos 4 anos. Associada a este estatuto, a avaliação. Associada à avaliação, o modelo de gestão das escolas. Associado ao modelo de gestão das escolas, a qualidade, exigência e a indisciplina. Associada à qualidade, exigência e indisciplina os desafios de uma escola de qualificação mais do que uma escola de inclusão. Os dilemas são, de facto, grandes demais para uma só pessoa ou para uma só equipa. Ou Isabel Alçada tem a capacidade de gerar consensos, lançar desafios, mobilizar os docentes e as escolas para um fórum nacional de definição do caminho para os próximos tempos (e digo aqui para o tempo de uma geração) ou o desafio será perdido antes mesmo de começar. A verdade é que muitos comentadores e analistas políticos referem que Isabel Alçada foi chamada para a Educação para fazer o que Ana Jorge fez após a gestão conturbada de Correia de Campos. Mas aqui o terreno é outro. Há expectativas de mudança e não apenas de um diálogo que mantenha o rumo mas mude o estilo. Para mudar o rumo é preciso mobilizar os agentes sociais e integrados da escola. Não é preciso diálogo. É preciso reflexão, definição de objectivos e de um caminho. Não será mudando o modelo de avaliação ou gerindo conflitos que Isabel Alçada deixará uma marca no Ministério da Educação. Será antes pela capacidade de coordenar esforços, visões e mudanças com os actores do plano educativo, inovando, gerando um projecto válido e confiante (como o fez com o Plano Nacional de Leitura) e mobilizando esforços que sejam recompensados com capacidade de intervenção. Esperemos pois, que esta aventura que agora inicia possa ter o sucesso que todas as restantes que já fez nascer tiveram. A verdade é que o desafio não é fácil.»
Veremos se muda, não o modelo mas o caminho.
Gostei do texto de quem ainda acredita poder fazer algo de diferente.
João Lima
Muito Obrigada pela partilha...
O caminho é estreito. Mas poderá ser possível singrá-lo. Veremos.
Veremos...
Teresinha, sem a tua licença ampliei lá no jardim.
Beijinhos
E eu agradeço as tuas palavras e a partilha de mim no vosso jardim.. :)
Beijinhos
Enviar um comentário