segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Ameaça de bomba e perturbações sem ameaça...

Um telefonema apenas fez a escola em peso proceder a um exercício real de evacuação de emergência. Mais de duas horas na rua. Bombeiros, ambulância, polícia, cães. Acalmando os meninos mais sensíveis. Os choros de ansiedade, mesmo tentando nós que não percebessem o que se passava. Procurando, gota a gota, entregar as crianças às mães, pais, avós, reconhecidos pelo cuidado e paciência com que os ajudámos nos telefonemas ao longo da tarde (a maioria deixou os telemóveis nas salas, eu própria deixei numa sala aberta equipamento de filmagem e informático, porque estava a ter dificuldade em convencer o meu menino autista a sair da sala... acabei mentindo: é um jogo M, é um jogo! Vamos todos para o jardim, os amigos já lá estão! E assim, trazendo também a mochila dele - último argumento de peso - consegui quebrar o desejo do M de persistir na sua habitual rotina de se a aula começou, não acaba ao fim de 15 minutos...).
A escola é gente que vive e respira junta. Ou devia ser. Nestes momentos temos essa clara noção.
Entregue a minha última menina (fui pela rua fora até encontrarmos a mãe, pois os carros não podiam circular no perímetro da escola) entrei na escola por entre polícias e cães, retirei o meu equipamento e fechei a sala.

A caminho de casa pensei irritada no desvario irresponsável de quem assim decide perturbar o quotidiano de tanta gente com um telefonema falso.
E não pude deixar de pensar, também, no desvario irresponsável de quem, continuadamente, por todos os meios, insiste em perturbar gratuitamente, todos os dias, esse quotidiano. Um pouco como colocar vírgulas a mais entre as pessoas, para ver se perdemos o ritmo e o entusiasmo a ler a escola e deixamos de saber onde temos de respirar...

Tempos estranhos estes...

3 comentários:

tsiwari disse...

Enquanto for, "apenas", isto...vamos indo.

A América está cada vez mais próxima :(

Teresa Martinho Marques disse...

Pois...
Tive crianças comigo deveras perturbadas hoje. Sinais dos tempos: estas crianças vêem muita televisão... começam a aperceber-se cedo dos cinzentos riscos do mundo. Inocência perdida...

Raul Martins disse...

E assim nos retiram daquilo que é fundamental... mas fica a experiência - a escola é viva e respira... tudo acabou bem e é o que interessa. Mas é incrivel!

Aproveito a visita para lhe dizer que a Catarina já se meteu ao trabalho e já fez um trabalhinho... fartamo-nos de rir... depois ela dá noticias.

Agora vou ver o que dá o Prós e Contras...