Tinha eu uma hora muito arrumadinha de manhã, à segunda (entro às 8:15 e saio às 15), para o projecto dos portáteis, onde pouco podia fazer, visto que todo o trabalho e todo o material dos projectos em curso com as turmas está... em casa. Não vale a pena contar com as duas salas tic (ocupadas), ou com os PCs da Biblioteca (fracos e ocupados), nem os da sala de professores (poucos e material impróprio para cardíacos, de tanto tempo que tudo leva para acontecer... é que o meu universo tecnológico tem mais vida para além do word)... tão pouco neles se encontram todas as pastas de que preciso para trabalhar. É o tal tempo tonto de estar e ficar sem condições. Não gosto.
Poderia sempre fingir que fazia o que não fazia, descansar, que mereço, posto que depois tenho de gastar esse tempo e muito mais em casa a fazer tudo. Não. Também não gosto. Tentei ir fazendo outras coisas úteis... mas 45 minutos mal chega para aquecer os motores... é um tempo de interrupções, sem gabinete, que se escoa sem eficácia num local pouco adequado ao trabalho individual. Acabei por me cansar e senti que era necessária uma alternativa útil.
Assim... pensei, pensei e falei com a minha GTurma do 5º.
Oh meninos! Depois da vossa aula de inglês, à segunda às 15:15, quando eu acabo o apoio de Matemática do 6º, para onde vão? Para casa como eu? Se eu criar ali um tempinho tipo "Scratch time" (foi o que me saíu), alguns de vocês querem aparecer para esclarecer umas dúvidas, aprender coisas novas, sem estarmos aflitos com as aulas? Acham que os pais não se importam?
Eu, eu, eu, eu!!!!
Muitos dedinhos no ar...
Hummmm. Passarei a sair mais tarde, reflecti, num dia que já é pesado. Mas a causa é boa e eles parecem entusiasmados. 'bora lá!
Dali para o CE. Combinar a possiblidade de utilização dos portáteis (ocupados a essa hora... tive de negociar com outro professor... é que o choque tecnológico é giro e tal, mas sempre que preciso de alguma coisa, lá está a sala de informática e os portáteis ocupados com TIC, com Área de projecto do 8º, com CEF de informática... Se muitos mais professores - todos, como seria desejável, trabalhassem com as TIC nas aulas regulares, não seria possível dar resposta a tudo). Já não é. Só uma gestão bem feita pela nossa coordenadora TIC, de agora tu e depois eu, time sharing, vai permitindo uma coisa assim à vez, distribuindo o bem pelas aldeias. No início do ano tive de alterar o meu horário na turma para poder ir com eles à sala de informática duas vezes por semana...
Primeiro Scratch time na semana que passou - quase a turma toda!
Segunda sessão, novamente imensos alunos (os que não puderam ficaram tristes, mas foi o dia das fortes chuvas e alguns pais receosos levaram-nos). Ficou uma dúzia, à qual se juntaram duas alunas do 6º ano (que estão no apoio na hora anterior) e me ajudaram com os pequeninos. Bonito de ver e viver.
Saio cansada, já depois das quatro, claro. Mas é um cansaço de que gosto. Como o cansaço do exercício físico: produtivo e produtor de endorfinas boas.
Depois, aqui sentada, vou recebendo as mensagens de correio deles, os projectos para corrigir, as informações de como vão as galerias e os blogues. Vendo testes ao mesmo tempo. Preparando mais uns materiais. (Nem falo do mestrado, sempre deixado para o fim... Às vezes sem conseguir tocar-lhe).
E vou tecendo, muitas horas, noutra teia em conjunto com eles a partir deste escritório, prolongamento da escola, que é um universo real mas invisível aos olhos de quem ignora a essência do trabalho educativo.
Se quiserem ver o que temos construído com os nossos afectos e tecnologias bem entrelaçados... é só ir ali ao lado a:
http://gtscratch.blogspot.com/
ou a
http://turbeturma.blogspot.com/
Deixo apenas aqui o segundo projecto do meu menino autista, feito na aula de Matemática há algum tempo (preparado na aula de Ciências) com o apoio da Dalila, a professora dos apoios educativos-ensino especial, dedicada e extraordinária, que está com ele na aula, duas vezes por semana. Gostava que o vissem a trabalhar no Scratch. A alegria de ir conseguindo dar instruções ao computador e colocar tudo a mexer... e o que a Dalila tem aprendido para o poder acompanhar e estimular!
Aulas assistidas? Rio-me com ela. Sabe mais de mim e do meu trabalho que qualquer avaliador que lá vá duas vezes observar aulas esporadicamente... Enfim...
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Há 6 anos
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