PRIMEIRA RAZÃO: 15 minutos de distracção, uma falta e 30 minutos de aula.
A história: Nunca falto. Curo de pé as maleitas. Tenho tido sorte... e não tenho filhotes. Até no estágio (em1985) depois de um grave acidente de automóvel, costelas e pulso partido, cinco dias depois, mesmo com dores e deslocando-me com dificuldade de autocarro(s) (Azeitão - Lisboa), fui trabalhar. Mas, um dia destes, que a idade já não é o que era (nem a memória funciona bem com semanas seguidas a trabalhar mais que 50 horas) dirigi-me ao meu carro, convencida que era um dia da semana em que já teria terminado o horário da manhã e não outro em que teria 45 minutos de aula com uma turma. Descobri subitamente a falha ainda a tempo de regressar a correr em absoluta aflição e chegar quase 15 minutos atrasada. Já havia um professor a substituir-me. Informei o CE de que mesmo tendo falta iria pedir ao professor para sair e daria eu os restantes 30 minutos. Foi a primeira falta do ano na actividade lectiva, com implicações para a diferença entre o número de dadas e assistidas - o que inviabilizará os 100% na assiduidade. Claro que ninguém contabiliza os tempos extra gastos com os meninos... Nesse dia fiquei com a maioria deles mais de 20 minutos depois do toque de saída, como sempre faço. Pormenores técnicos. O que conta são os indicadores externos rigorosa e objectivamente estabelecidos para avaliar tecnicamente, friamente, momentos pontuais e não a pessoa que eu sou, que demonstro ser sempre todos os dias com o meu desempenho de anos.Talvez até tenha tido sorte por não ver a falta injustificada...
SEGUNDA RAZÃO: candidatei-me ao mestrado em Ciências da Educação - Tecnologias Educativas e as aulas da cadeira de Seminário de Apoio I e II do segundo ano (com avaliação de 0 a 20) coincidem com algumas das reuniões de Departamento.
(Esclareço apenas que a FPCE da Universidade de Lisboa, depois de analisar o meu currículo dispensou-me da frequência das dez disciplinas do primeiro ano, transitando-me de imediato para a tese - 2º ano... Foi-me dito há pouco tempo por um dos responsáveis pela turma de doutoramento, que eu reunia condições para me candidatar directamente ao dito e se o tivesse feito, teria sido aceite.)
História - As reuniões na escola são ao fim do dia à quarta-feira (em Azeitão). Coincidem com as aulas de mestrado na faculdade em Lisboa (das 18 às 21). Já aqui o disse e repito: os critérios de avaliação da cadeira são a assiduidade, a participação e o trabalho desenvolvido para cada sessão - contínuo e distribuído sessão a sessão ou em grupos de sessões, a que acresce um relatório de progresso final e uma parte da redacção da tese. Não havendo provas escritas de avaliação, as faltas vão penalizar a minha avaliação na escola, por se destinarem à frequência de aulas. Sou trabalhadora-estudante (investimento na formação pago por mim) e a tese é um projecto de investigação-acção, em contexto de aula, matemática, ciências, AP e EA... melhoria de práticas... recurso às tecnologias... com uma ferramenta lançada pelo MIT em Maio passado, que ninguém testou em contexto formal de aula, mas curiosamente já aparece recomendada no novo programa de Matemática no site do ME. (É claro que faz todo o sentido ser prejudicada por este esforço de investigação, inovação e melhoria da qualidade do sucesso educativo e pessoal dos meus alunos e do meu desempenho profissional... não podendo ser excelente na escola por causa deste pormenor técnico, apesar de aparentemente o meu currículo - que não apenas de 7 anos - conter algum valor para uma instituição universitária como a que frequento... Pois... Comentários para quê?)
O que me vale?
O que sempre me valeu (e à maioria). Uma elevada consciência profissional que se traduz numa motivação intrínseca à prova de MEs e de medidas (des)motivadoras envoltas no mel de um discurso falso sobre a valorização do mérito e a motivação para se ser excelente...
Excelente já não sou. Veremos quantas razões descobrirei para não poder ser Muito Boa...
...pelo que já ouvi, e com a minha exigência (de que não abdicarei), cheira-me que os indicadores de sucesso dos alunos a matemática e os patamares de progresso estabelecidos (e diferenças para provas e exames das avaliações atribuídas) me poderão vir a trair... ao que se acrescenta o facto de ser muito limitado (inexistente) o tempo para qualquer contributo na área da escola - tenho de canalizar o pouco disponível para os meus alunos, que são o mais importante e para o mestrado que se relaciona directamente com eles.
E aposto (daqui a uns anos veremos) que a maioria vai ter Bom.
Bombons. É o que seremos quase todos. A ver vamos se o tempo não me dará razão.
M&Ms coloridos, todos com o mesmo sabor.
Sem grandes dramas...
Sem grandes complicações, sem talões, nem cartões, nem preocupações.
Um simplex administro-avaliativo, disfarçado com uma capa de elevada complexidade e exigência, que na prática é impraticável e nada dirá sobre as reais qualidades e competências dos avalia(n)dos. Culpas?
Serão todas nossas, o sistema até era bom, os professores é que falharam, mais uma vez, na sua implementação... até houve uns avaliadores que se recusaram a faltar a aulas para inspeccionar as dos colegas, depois de lhes termos oferecido na lei essa excelente oportunidade!
(gosto de inventar futuros a falar de passados que teria orgulho em recordar...)
Votos de Boas Festas
Há 6 anos
5 comentários:
Terceira razão: tens razão!
É desgostante, é angustiante, mas verdade...
Declarações denunciantes nas actas, acompanhadas pelas dos demais elementos reunidos, talvez aliviem a consciência dos que bem cumprem. Talvez o futuro traga a justiça, como a verdade, ao de cima!...
Teresa,
Tb sou daqueles que raramente tenho faltas(8 desde 1996)
Há CEs que flexibilizam e não contabilizam essas faltas. Pemitem que conpensações através das substituições. Aconteceu-me isto duas vezes no ano passado.
errata:
Pemitem compensações
Teresa,
não sei se toda a gente virá a ter Bom (como este tipo de avaliação desperta o pior que há em algumas pessoas prevejo muitos avaliadores a fazerem uma little revenge, género "Toma lá que é pra aprenderes").
Pois... nas actas no ano passado, no CP, bem que deixei algumas... preparo-me agora para as de Departamento. Parece-me bem a questão referida pelo Daniel... revela sensibilidade da Direcção e conhecimento dos seus docentes. É bom saber que ela existe. Veremos como as escolas ficarão no futuro... não sei se será uma prática que vá ser generalizada a muitas. Porque... como diz o HM... ha escolas e escolas, há pessoas e pessoas... ainda assim... apostamos na maioria de Bons? É que mesmo com essas pessoas e tal toda a gente sabe que o mundo dá muitas voltinhas... e ninguém sabe o que o futuro reserva. Veremos... E depois há aclausulazinha dos avaliados avaliarem os avaliadores... em moldes a estabelecer no RI... contem como se vai passar nas vossas escolas essa parte... Estou curiosa... Os pobres dos avaliadores serão ainda, em muitos casos, as vítimas maiores (os avaliadores em primeira mão e os obrigados?-delegados... a quem vão nascer mais cabelos brancos...
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