sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Cantas-me uma canção?

Eles cantaram...

A song for you

Ray Charles - Leon Russell - Willie Nelson

APEDE - Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino

Recebi há uns minutos. Partilho com satisfação.
Passem a palavra.

profsemluta@hotmail.com
Subject: Já temos Associação!


Já temos Associação!

Às dez horas seis minutos e vinte e sete segundos recebi das mãos duma simpática e compreensiva (pela nossa luta) funcionária pública o certificado de admissibilidade e o cartão provisório de identificação da nossa associação:

APEDE – Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino

A partir de agora já temos personalidade jurídica, já não somos somente um movimento de professores o que nos permitirá prosseguir os nossos objectivos que ficaram estabelecidos na nossa reunião das Caldas da Rainha de dia 23 do corrente mês.
O mais difícil está ainda para vir, não tenhamos ilusões de nenhuma espécie em relação a isso! Unidos poderemos conseguir! Vamos a isso!

Francisco Trindade

Amanhã, concentração em Setúbal

15 horas
Praça do Bocage

ADENDA: estarei, juntamente com alguns colegas de Azeitão, por volta das 14:45 junto da Antecipação. Se algum colega da L Todi estiver por lá... podemos matar saudades!!!!!! Digam coisas. Quem vai?

Diálogos "do crescer"...

Aula de EA - 6º ano (durante um trabalho de reforço relacionado com a resolução de problemas em que alunos autonomamente, em grupo, procuraram identificar as dificuldades sentidas na ficha de avaliação e corrigir os erros, entreajudando-se, com o nosso apoio).
Professora, acabei de perceber que consegui resolver todos os problemas que errei na ficha. Vês? Vocês têm de confiar que quando eu digo que o que vos proponho, sem ser demasiado fácil, está ao vosso alcance. E importante não é uma nota aqui e ali, é a atitude, é o que depois conseguem fazer, é perceberem se a dificuldade se relaciona com nervoso miudinho, falta de conhecimentos, insegurança... Também tenho de treinar os vossos "nervos"... Um dia em vez de um teste como este, é um exame de que depende a vossa vida e precisam de aprender a ficar calmos nessas alturas, para a cabeça poder estar concentrada e focada no que importa. Claro que o estudo é fundamental, a preparação dá segurança, mas depois é preciso treino para não nos irmos abaixo nos momentos de avaliação escrita. Por isso vos exijo tanto e vos ajudo depois a lidar com os resultados.
Conversamos muito. De mesa em mesa lá se orienta, se ajuda, se conforta, se faz pensar, se anima...
Os que têm tudo certo, ou quase tudo, acabam depressa a primeira tarefa e vão buscar um portátil para avançar nos trabalhos com recurso ao Scratch. Reparo que a M faz um projecto sobre classificação de triângulos... hei-de usar com os mais pequeninos... A T (que também está a trabalhar nesse com ela) diz:
Professora, já fiz um projecto sobre a SIDA para a campanha.
Sim? Está publicado?
Está.
Fomos ver.
Começa de forma perfeita e depois... A solução que encontraste é pobre T. Pouco criativa e sem força. Temos de reflectir um pouco.
Pois é professora. Eu também não gostei muito do fim...

(Sou muito franca com eles e eles estão habituados a sinceridade, a verdade e não a falinhas mansas, mão sobre a cabeça, coitadinho que é pequenino e não pode fazer melhor... Também sei como o fazer, a quem, em que momentos, em que dose... Perrenoud tem um livro cujo título e conteúdo me fascinam: Ensinar: agir na urgência, decidir na incerteza. O meu instinto de acção e reacção na hora é feito de experiência, sim. Mas uma experiência enriquecida pelo amor genuíno, pelo cuidado e amizade que nutro pelas pessoas a meu cargo que são os alunos. Aprendo... não acumulo apenas experiência estéril ao longo dos anos. E leio. Quer dizer, lia muito. Estudei sempre muito enquanto tive tempo para isso. Era, como é hoje, uma exigência na componente não lectiva. Antes podia cumpri-la. Agora já não.)

Tu começas com uma imagem fortíssima em fundo negro e uma pergunta que marca a acção. O primeiro écran é perfeito. Depois... Dizeres apenas "não à sida"... no segundo, não só não responde à pergunta inicial, como não lhe dá sequência e não tem impacto. À pergunta que tu fazes, responderias como? A pergunta dá-nos opção?
Não... Quer dizer... dá... mas se as pessoas não usarem preservativos sofrem a consequência...
Sim... e então T? A mensagem do teu anúncio quer que as pessoas tenham opção ou não?
Não, professora. Quero dizer que elas não têm escolha, pois se responderem "não" podem apanhar sida ou outras doenças.
Então pensa como poderias colocar isso no segundo écran, de forma a que quem vê sinta que é mesmo melhor não experimentar a alternativa de não usar preservativo.
Oh professora, eu podia dar a resposta por eles e dizer primeiro "Sim!" e depois "Não tens escolha". E nem falava da SIDA.
(Ela ultrapassou-me. Na minha cabeça eu ainda estava a ver a palavra sida no segundo écran como uma necessidade, mas nem falei do assunto. A T tinha encontrado a solução perfeita. Há mais força na ameaça implícita do "não tens escolha" sem dizer porquê... do que explicar que é por causa da sida... um pouco como o medo do desconhecido...) . Disse apenas:
Encontraste! Agora vê como queres fazer isso graficamente.
A T e o F trabalharam juntos... passado algum tempo a T chamou-me.
Professora, não consigo alterar o tamanho da letra só para a palavra "Sim".
Tentámos e nada... Ao construir um sprite o scratch assume o texto integral como sendo o elemento a mexer e não permite separação (apercebi-me disso hoje pela primeira vez). Antes mesmo de eu pensar numa solução, a T diz:
Só se eu fizer dois sprites diferentes... e até ficava giro! Primeiro aparecia o Sim! E só depois o "Não tens escolha" a deslizar no écran até encostar ao lado direito...
Boa! Vá... avancem...
Regressei mais tarde depois de mais umas voltas pela sala a ajudar quem pedia. Ainda o problema de resolver como parar as letras para que parecesse que o écran era o limite da escolha. As letras caminhavam e desapareciam. Rapidamente o F ajudou dizendo que havia uma instrução que servia para evitar que isso acontecesse.
Oh F, pediu a T, explica-me que essa eu nunca usei.
Ainda a escolha de sons... Meninos, todos em silêncio para ouvirmos aqui uma coisa!
Antes do final da aula o projecto estava concluído (as palavras ainda podem andar um pouco mais) e colocado na galeria da T.
Pode ser visto aqui e quem tiver tempo, veja mesmo. (Repito que são alunos do 6º ano... estão comigo há um ano e dois períodos... chegaram-me tão pequeninos e cresceram tanto!):

Scratch Project

Percebem por que estou de luto quando saio da sala de aula e a realidade me agride ao tentar dizer-me que o tempo tem de chegar para tudo menos para eles?
Percebem por que luto eu?

Não tenho escolha.

A ler...

via 'Umbigo:

Aforismos Para a Posteridade
A Tragédia da Ministra
Não é ter contra si muitos professores. É ter contra si os melhores.
(José Luiz Sarmento)


João Gobern Em Força

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Hit the road...

Depois da sugestão da Idalina no Aragem, na versão original, apeteceu-me fazer eco e encontrei esta versão dos Acappella ExpreSSS. Excelente e apropriada para fechar as cortinas sobre o palco de hoje e subtrair melancolia ao dia, antes do recolher...

Dois pesos, duas medidas... (n)um Portugal?

Ilhas... um universo à parte...

Madeira - novo ECD

O Estatuto da Carreira Docente da Madeira entra hoje em vigor, com claras diferenças em relação ao Estatuto em vigor no Continente, devido ao carácter específico da autonomia das Regiões autónomas.

O decreto legislativo regional, ontem publicado em Diário da República, apenas se aplica aos docentes que dão aulas na Madeira. De acordo com o Estatuto, não é exigida uma prova de avaliação de conhecimentos e competências para o ingresso na carreira, não há hierarquização da carreira em duas categorias (professor e professor titular) e não há quotas no escalão máximo (oitavo) da carreira docente (no Continente, foi estabelecido um limite de Professores Titulares por escola).O Estatuto dos Professores da Madeira estipula que o ingresso na carreira faz-se por concurso, quando no Continente é obrigatória a realização de uma prova de avaliação.

Correio da Manhã

"Desculpem se me enganei..."

Descubra as diferenças:


.

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Cold cold heart

...

Why can't I free your doubtful mind and melt your cold cold heart?

Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino

Recebi esta mensagem que partilho, para que partilhem e de partilha em partilha estendam a teia levando os fios mais longe...

Caros colegas

A projecção mediática do nosso movimento e da associação que decidimos constituir já nos deu uma pequena, mas significativa, vitória: organizações como a Associação Nacional de Professores, que têm estado tradicionalmente ausentes dos combates socioprofissionais dos professores e da confrontação com o Ministério, começam agora a aderir à movimentação nacional que se está a erguer contra estas políticas educativas pautadas pelo desprezo em relação a todos nós, aqueles sem os quais a escola não consegue funcionar. A referida Associação Nacional de Professores acaba de anunciar a adesão à manifestação do dia 8.
Somos, portanto, a pedra que fez agitar o charco de inércia e de impotência em que nos julgávamos mergulhados. Amanhã, eu e o Francisco Trindade iremos ser entrevistados para o telejornal da RTP, à entrada do Registo Nacional de Pessoas Colectivas onde iremos registar o nome da nossa associação: Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino. O sonho passará a ser uma realidade. E os nossos trabalhos, que são muitos, irão também principiar. Contamos com o vosso empenhamento.

Mário Machaqueiro

Boas razões para esquecer as duas razões da última entrada...

Não há cores cinzentas quando estou com eles, quando lhes lanço desafios, quando os agarram. CN, FC, AP, LP, EVT, I, HGP juntas... prepara-se a campanha pela saúde e a de Portugal... Dia 13 de Março os alunos vão dar uma aula de Scratch às duas professoras de AP que não dominam a ferramenta... conseguiram convertê-las ao seu entusiasmo.(Estarei lá para registar esse momento). Em AP trabalharão depois no desenvolvimento de projectos para a campanha de saúde e para a divulgação de Portugal e da sua História ao mundo.

Deixo aqui duas das primeiras experiências publicitárias para a campanha de saúde (o segundo ainda tem erritos, mas brevemente será corrigido). Se quiserem sorrir, sigam os fios de seda até onde eles vos levarem.

Scratch Project

Scratch Project

Duas entre várias razões pelas quais não poderei ser avaliada com excelente no meu primeiro momento de avaliação com esta legislação...

PRIMEIRA RAZÃO: 15 minutos de distracção, uma falta e 30 minutos de aula.

A história: Nunca falto. Curo de pé as maleitas. Tenho tido sorte... e não tenho filhotes. Até no estágio (em1985) depois de um grave acidente de automóvel, costelas e pulso partido, cinco dias depois, mesmo com dores e deslocando-me com dificuldade de autocarro(s) (Azeitão - Lisboa), fui trabalhar. Mas, um dia destes, que a idade já não é o que era (nem a memória funciona bem com semanas seguidas a trabalhar mais que 50 horas) dirigi-me ao meu carro, convencida que era um dia da semana em que já teria terminado o horário da manhã e não outro em que teria 45 minutos de aula com uma turma. Descobri subitamente a falha ainda a tempo de regressar a correr em absoluta aflição e chegar quase 15 minutos atrasada. Já havia um professor a substituir-me. Informei o CE de que mesmo tendo falta iria pedir ao professor para sair e daria eu os restantes 30 minutos. Foi a primeira falta do ano na actividade lectiva, com implicações para a diferença entre o número de dadas e assistidas - o que inviabilizará os 100% na assiduidade. Claro que ninguém contabiliza os tempos extra gastos com os meninos... Nesse dia fiquei com a maioria deles mais de 20 minutos depois do toque de saída, como sempre faço. Pormenores técnicos. O que conta são os indicadores externos rigorosa e objectivamente estabelecidos para avaliar tecnicamente, friamente, momentos pontuais e não a pessoa que eu sou, que demonstro ser sempre todos os dias com o meu desempenho de anos.Talvez até tenha tido sorte por não ver a falta injustificada...

SEGUNDA RAZÃO: candidatei-me ao mestrado em Ciências da Educação - Tecnologias Educativas e as aulas da cadeira de Seminário de Apoio I e II do segundo ano (com avaliação de 0 a 20) coincidem com algumas das reuniões de Departamento.
(Esclareço apenas que a FPCE da Universidade de Lisboa, depois de analisar o meu currículo dispensou-me da frequência das dez disciplinas do primeiro ano, transitando-me de imediato para a tese - 2º ano... Foi-me dito há pouco tempo por um dos responsáveis pela turma de doutoramento, que eu reunia condições para me candidatar directamente ao dito e se o tivesse feito, teria sido aceite.)

História - As reuniões na escola são ao fim do dia à quarta-feira (em Azeitão). Coincidem com as aulas de mestrado na faculdade em Lisboa (das 18 às 21). Já aqui o disse e repito: os critérios de avaliação da cadeira são a assiduidade, a participação e o trabalho desenvolvido para cada sessão - contínuo e distribuído sessão a sessão ou em grupos de sessões, a que acresce um relatório de progresso final e uma parte da redacção da tese. Não havendo provas escritas de avaliação, as faltas vão penalizar a minha avaliação na escola, por se destinarem à frequência de aulas. Sou trabalhadora-estudante (investimento na formação pago por mim) e a tese é um projecto de investigação-acção, em contexto de aula, matemática, ciências, AP e EA... melhoria de práticas... recurso às tecnologias... com uma ferramenta lançada pelo MIT em Maio passado, que ninguém testou em contexto formal de aula, mas curiosamente já aparece recomendada no novo programa de Matemática no site do ME. (É claro que faz todo o sentido ser prejudicada por este esforço de investigação, inovação e melhoria da qualidade do sucesso educativo e pessoal dos meus alunos e do meu desempenho profissional... não podendo ser excelente na escola por causa deste pormenor técnico, apesar de aparentemente o meu currículo - que não apenas de 7 anos - conter algum valor para uma instituição universitária como a que frequento... Pois... Comentários para quê?)


O que me vale?
O que sempre me valeu (e à maioria). Uma elevada consciência profissional que se traduz numa motivação intrínseca à prova de MEs e de medidas (des)motivadoras envoltas no mel de um discurso falso sobre a valorização do mérito e a motivação para se ser excelente...

Excelente já não sou. Veremos quantas razões descobrirei para não poder ser Muito Boa...
...pelo que já ouvi, e com a minha exigência (de que não abdicarei), cheira-me que os indicadores de sucesso dos alunos a matemática e os patamares de progresso estabelecidos (e diferenças para provas e exames das avaliações atribuídas) me poderão vir a trair... ao que se acrescenta o facto de ser muito limitado (inexistente) o tempo para qualquer contributo na área da escola - tenho de canalizar o pouco disponível para os meus alunos, que são o mais importante e para o mestrado que se relaciona directamente com eles.

E aposto (daqui a uns anos veremos) que a maioria vai ter Bom.
Bombons. É o que seremos quase todos. A ver vamos se o tempo não me dará razão.
M&Ms coloridos, todos com o mesmo sabor.
Sem grandes dramas...
Sem grandes complicações, sem talões, nem cartões, nem preocupações.
Um simplex administro-avaliativo, disfarçado com uma capa de elevada complexidade e exigência, que na prática é impraticável e nada dirá sobre as reais qualidades e competências dos avalia(n)dos. Culpas?
Serão todas nossas, o sistema até era bom, os professores é que falharam, mais uma vez, na sua implementação... até houve uns avaliadores que se recusaram a faltar a aulas para inspeccionar as dos colegas, depois de lhes termos oferecido na lei essa excelente oportunidade!
(gosto de inventar futuros a falar de passados que teria orgulho em recordar...)

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Todo o tempo do mundo...

... para o que for verdadeiramente importante.


Ping pong...

E o Renascimento....
Se o Correio da Educação morreu, ele já aqui existe em projecto... como dava a entender a
3za. Vai ser só uma questão de organização. Que não vai demorar.
(JMA, Terrear)

Isto a propósito disto, que deixei na teia uns andares mais abaixo:

JMA no seu Terrear fez um apelo à partilha do lado mais doce e azul (e verde) desta vida de professor e das escolas.Tenho prática da coisa boa. Nunca a esqueço aqui na teia por entre os cinzentos que tentam abafar a educação. Enviei o que se segue. E ontem tive o prazer de ver o texto partilhado no Terrear. Sabem o que senti? Que visão súbita tive?Que o Correio da Educação havia mudado de endereço e continuava a existir... :)
Não deixem de participar!

Eu bem suspeitava...
(E o sexto sentido feminino é infalível :)

o DESPACHO

Recebi da minha escola, via correio electrónico, o "DESPACHO" (sem número ou coisa que o identifique, assegurando que tudo será despachado em conformidade com a dança do delega aqui, delega acolá conforme puder ser e tal, mesmo que isso signifique mais uns atropelos ao funcionamento do quotidiano escolar).

Pessoas bem mais esclarecidas do que eu já falaram desta questão. E sei que voltarão a fazê-lo. A do ponto 9*, pois. Quem sabe depois de ter número o despacho sem número mude de conteúdo... (optimismo em roda livre)

Eu só vou referir-me à visão de ensino implícita neste (projecto de?) normativo que não tem nada a ver com o que é suposto ser o trabalho numa escola, tão pouco tem a ver com as próprias exigências de outros decretos e despachos, como o da própria avaliação de professores.

Ora parece que as crianças, seres apáticos, assépticos, indiferentes e insensíveis não dão conta de quem lhes dá as aulas. Tanto pode ser um hoje, amanhã outro, depois outro, que isso não perturba nada, não lhes traz qualquer prejuízo... É que dar aulas é chegar, debitar uma matéria na sequência de qualquer outra que ficou lá atrás, e depois mais outra, tudo seguidinho, como vem no manual, que nem é preciso preparar nada de especial, depois "fazer um teste". Sem mais. Basta ter vários professores em fila à espera para a função (se se tiver a sorte de encontrar à mesma hora um professor disponível para "dar a mesma matéria" do professor em falta)... Claro que, da maneira como as coisas estão a ser feitas, se qualquer um pode avaliar qualquer um, na disparidade de áreas de um departamento e na ausência de professores titulares em quantidade, então também se conseguirá pôr um professor de LP, por exemplo, a dar umas aulinhas de substituição de Mat sem prejuízo das crianças. Bastará apenas um despacho a "delegar" a função: ... sempre que não seja possível encontrar um professor da disciplina que... então...

Portanto, essa coisa da relação pedagógica com o aluno aparece na avaliação para quê? Não faz falta! E a da individualização e ajuste das estratégias ao conhecimento das crianças e às suas dificuldades e perfis? Não é necessário fazer? E estratégias inovadoras? Uma linha de acção diferente? Uma abordagem dos conteúdos por imersão interligada (como eu faço, pouco dada a respeito por sequências estupidificantes e recolhendo elementos de avaliação formativa, com retorno para auxílio das dificuldades, em todas as aulas)? Não interessa nada! E se, por exemplo, eu que avanço num "processo inovador de investigação com tecnologias" (não querem que eles existam?) tiver de ir avaliar outros, quem entra na minha aula e continua esse meu método, ajusta o trabalho à presença de um autista, de uma outra criança que fica parada quase à espera que lhe ponha a mão a mexer? Ou orienta os alunos nos computadores com um programa que nenhum professor da escola domine (é o caso neste momento)?


De cada vez que leio palavras/ideias destas, só consigo pensar que quem as pensa e escreve não entende o que é a escola, quanto mais uma aula ou um aluno. Logo, não conseguem entender em profundidade as consequências e a instabilidade para o funcionamento do grupo/turma devidas à ausência do seu professor (ainda por cima por motivos injustificáveis/mas legislados, como seja fazer a avaliação de colegas... até ver a nossa primeira função na escola não é essa).

Faltar para dar mais uns filhotes ao país é pecado para a nossa avaliação, faltar para ir espreitar as aulas dos colegas tem a benção misericordiosa da tutela, tudo escritinho no papel e nem prejudica nada os alunos. Palavra de lei!
Sem referir, como é óbvio, que alguém terá de arcar, num tempo sem tempo, com mais umas aulas por semana para que os avaliadores possam não dar aulas e dedicar-se a ver as aulas que outros dão. Faz sentido? Desculpem, preciso de um chá para começar o dia de trabalho e ir ter com os meus meninos, que me esperam a mim e não a outra pessoa qualquer.
Não os tratem como se eles fossem transparentes, acéfalos, como se eles não fossem gente, por favor! Haja respeito!

*9- O presidente do conselho executivo ou o director assegura a organização, de acordo com os recursos humanos do agrupamento, incluindo os que exercem funções nos órgãos de administração e gestão, sempre que necessário, da substituição dos docentes nas funções lectivas quando se encontram em observação de aulas, por professores da respectiva disciplina ou grupo de recrutamento, por forma a que não se verifique qualquer prejuízo para os alunos e se mantenha em funcionamento a unidade do grupo/turma.

ADENDA (Março) - afinal já tem número
Despacho n.º 7465/2008...Despacho de delegação de competências de avaliador - 22/02/2008

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Ameaça de bomba e perturbações sem ameaça...

Um telefonema apenas fez a escola em peso proceder a um exercício real de evacuação de emergência. Mais de duas horas na rua. Bombeiros, ambulância, polícia, cães. Acalmando os meninos mais sensíveis. Os choros de ansiedade, mesmo tentando nós que não percebessem o que se passava. Procurando, gota a gota, entregar as crianças às mães, pais, avós, reconhecidos pelo cuidado e paciência com que os ajudámos nos telefonemas ao longo da tarde (a maioria deixou os telemóveis nas salas, eu própria deixei numa sala aberta equipamento de filmagem e informático, porque estava a ter dificuldade em convencer o meu menino autista a sair da sala... acabei mentindo: é um jogo M, é um jogo! Vamos todos para o jardim, os amigos já lá estão! E assim, trazendo também a mochila dele - último argumento de peso - consegui quebrar o desejo do M de persistir na sua habitual rotina de se a aula começou, não acaba ao fim de 15 minutos...).
A escola é gente que vive e respira junta. Ou devia ser. Nestes momentos temos essa clara noção.
Entregue a minha última menina (fui pela rua fora até encontrarmos a mãe, pois os carros não podiam circular no perímetro da escola) entrei na escola por entre polícias e cães, retirei o meu equipamento e fechei a sala.

A caminho de casa pensei irritada no desvario irresponsável de quem assim decide perturbar o quotidiano de tanta gente com um telefonema falso.
E não pude deixar de pensar, também, no desvario irresponsável de quem, continuadamente, por todos os meios, insiste em perturbar gratuitamente, todos os dias, esse quotidiano. Um pouco como colocar vírgulas a mais entre as pessoas, para ver se perdemos o ritmo e o entusiasmo a ler a escola e deixamos de saber onde temos de respirar...

Tempos estranhos estes...

Porque é importante passar a palavra...

Faço eco.
(Façam vocês também...)

Docentes criam associação (JN)
(...)
Seja no interior das escolas, seja no universo electrónico, seja por troca de mensagens de telemóvel (sms), os professores portugueses parecem ter encontrado uma nova forma de manifestar a revolta que sentem em relação às políticas educativas.
“São acções de luta que não vão contra os sindicatos. Temos uma posição crítica contra as estruturas sindicais, porque podiam ter ido mais longe e feito melhor, mas a verdade é que estamos aqui para acrescentar algo ao trabalho deles e não dividir”. A afirmação é de Mário Machaqueiro, porta-voz da recém criada (mas ainda sem estatuto jurídico) Associação Nacional de Professores em Defesa da Educação.

Blogosfera? Sim.

via 'Umbigo


(Correio da Manhã - hoje)


Paulo Guinote, professor na Baixa da Banheira e autor do “blog” mais visitado sobre questões educativas - “A Educação do Meu Umbigo” - é de opinião que estes movimentos “surgem um pouco por todo o país porque o mal-estar docente é generalizado e deixou de ser um mero estado de alma para se tornar algo muito concreto que surge como reacção perante sucessivas medidas do ME que ultrapassaram largamente o limiar do tolerável para qualquer grupo profissional que preze a sua dignidade”.Entende, também, que se trata de fenómenos espontâneos, com um suporte quase virtual, “porque as novas tecnologias permitem um mobilização em rede, com base em ideias e objectivos comuns e não necessariamente a partir de estruturas organizativas instaladas no terreno”.
(JN, em resposta a questões de Fernando Basto)

Propaganda e Peter Pan

Um bocadinho atrasado, mas...

ler AQUI

(PÚBLICO, 20-02-2008, Opinião por Santana Castilho, via SPN)

Borboletas e contágios...

JMA no seu Terrear fez um apelo à partilha do lado mais doce e azul (e verde) desta vida de professor e das escolas.
Tenho prática da coisa boa. Nunca a esqueço aqui na teia por entre os cinzentos que tentam abafar a educação. Enviei o que se segue. E ontem tive o prazer de ver o texto partilhado no Terrear.
Sabem o que senti? Que visão súbita tive?
Que o Correio da Educação havia mudado de endereço e continuava a existir... :)

Não deixem de participar!
...

Quando me apaixonei por borboletas e tinha tempo, partilhei depois com os meus alunos do 5º ano essa paixão e participámos, no ano lectivo que passou, no dia B da Associação Tagis - saída de campo e contagem de espécies observadas.
Há muito que desapareceu da minha vida o tempo lento e doce para criar e observar as minhas borboletas. Tenho pena. Um dia reconhecerão as mil formas de se ser professor, de cultivar fascínios partilháveis que enriquecem o curriculo escolar e a própria escola e devolverão o tempo que lhe roubaram.

O Francisco foi o discípulo mais devotado nesta área (outros alunos foram-no noutras) e já me ultrapassou há muito! (Como deve acontecer com todos os bons discípulos.) Desenvolveu um fascínio grande e aplicou-se no seu aprofundamento.
Visitas ao Lagartagis (a família rendeu-se à sua paixão, passeios pelo campo, construção de um borboletário, criação de um blogue pessoal sobre o tema:
http://borboletasemazeitao.blogspot.com/ , descoberta na internet de pessoas com os mesmos interesses e diálogo com elas http://borboletas-aveiro.blogspot.com/ (curiosamente, este último, que fiquei a conhecer através do Francisco) havia bebido parte da paixão na teia - círculos de sedução e encontro que a 'net tece...
O Francisco escrevia com muitos erros. Muitas vezes corrigi comentários na teia (é visitante assíduo), entradas no seu blogue, escritos que deixava aqui e ali. Conversámos muitas vezes sobre isso. Vamos conversando todos os dias um bocadinho, sempre que podemos. Põe-me ao corrente de tudo o que vai fazendo e descobrindo. Do que planeia fazer. As paixões partilhadas têm outro sabor.
Aos poucos, a sua escrita tem vindo a evoluir. O professor de LP disse-me que os progressos são notórios. É o que dá escrever muito falando daquilo que amamos. Esta é a escola que eu imagino no meu sonho... Cheia de pontes, cheia de tempo para atender verdadeiramente as necessidades de cada um e aproveitar os interesses para construir sobre eles as competências necessárias, com exigência (não prescindo dela nunca...)
Se já é tudo perfeito? Não. O Francisco tem 12 anos, está a crescer (estará sempre) e tem desenvolvido em paralelo outras competências muito importantes. Mas sei bem o que evoluíu desde os textos cheios de erros em todas as palavras, frases sem sentido, inexistência de pontuação. E o que ainda vai crescer. Só passou um ano. E ralho todos os dias por causa da Matemática e ainda dos erros e gralhas no blogue. Ele bem sabe. Há dias disse-me que já estudou e percebeu as expressões numéricas e que está preparado para a próxima avaliação. Acho que a minha exigência não os incomoda, só estimula.
Todos os dias aprendo com ele. Sabe bem mais do que eu agora. Descobre lagartas de várias espécies que recolhe e cria com as plantas adequadas. Tem já crisálidas e mais lagartas a caminho delas. Vai ao Lagartagis frequentemente, fez-se sócio da Tagis e já tem oferecido lagartas e crisálidas a este Borboletário do Jardim Botânico. Hoje falou-me de um programa que passou na RTP2... Pedi que partilhasse e enviou no próprio dia a
ligação para o vídeo.
Só me sinto responsável por uma pequenina semente e alguma água. Porque o resto está dentro dele há muito. Essa curiosidade imensa pelo mundo que o rodeia, esse fascínio pela vida, essas perguntas nos olhos dele. Cruzámo-nos na hora certa e foi só. O resto é mérito dele. Eu vou pela sombra empurrando aqui, amparando acolá. Deixando-o fazer o caminho que escolheu.
E é como ver-me ao espelho. Fui assim. Acho que ainda sou.
Talvez seja isso que contagia quem já tem lá dentro a disponibilidade para o contágio.

E a Escola é, deveria ser, o local de eleição para nos contagiarmos mutuamente com o melhor que temos dentro de nós.

Assédio moral no trabalho...

Foi na televisão. Ontem. Ouvi atentamente. Dizia a jornalista que esse tipo de assédio podia ser exercido através da atribuição de tarefas em excesso, impossíveis de concretizar...

AQUI e AQUI pode ler-se: (...)até 2010, os inspectores do Trabalho vão incidir a fiscalização sobre situações de assédio sexual, moral ou mobbing (pressões psicológicas) no local de trabalho(...) Aparentemente, vai ser uma prioridade. (Esta era a questão central da notícia.)

Renasceu uma esperança em mim.

domingo, fevereiro 24, 2008

Sabem o sabor que me sabe melhor?

O...

... sabor a asa

A ler...

Da Razão dos Professores e do Défice Democrático Nacional
Fernando Cortes Leal
kosmografias

De costas para a janela... mas perto do céu

É como vivem as aves. A maioria.
Por isso me parece bem seguir-lhes o exemplo.

Comecem por ir até à janela. Abri-la. Respirar o ar fresco que vem de fora.
Perceber finalmente que não estão sozinhos. Que há vida para além dos muros de culpa que erguemos à nossa volta. Escutemo-nos uns aos outros. Partilhemos os exemplos, as palavras. O cenário será descrito com maior rigor escutando a visão especial de cada um e construindo a visão plural no encontro de todas.
Se ficares de costas para uma janela, procura ter a certeza de que já estás na rua e não há vedações entre ti e o céu.
Ao tomar consciência de nós, das razões de que se constrói a razão, é mais fácil revelá-la aos outros. A inteligência propaga-se com mais dificuldade do que a ignorância, a prepotência e a arrogância. Mas é infinitamente mais duradoura no tempo e dá bons e perfumados frutos. Porque tem/faz sentido. Porque é dotada de uma lógica simples que se compreende sem precisar do muito gesticular de que necessita o absurdo para se explicar e defender.

Agarremos o momento com consciência cidadã, com consciência cívica.
Ajudemos a propagar a razão, a inteligência, usando todos os meios ao nosso alcance e que se vão abrindo como leque por todo o lado. Somos professores. É essa a nossa missão, sempre foi. Agora a sala de aula está também fora das escolas, no palco da vida. Precisam de nós lá.
Sejamos exigentes connosco, com os outros. Ajudemos quem ainda não percebeu, a perceber. A reflectir, a conhecer, a crescer.
Faremos um caminho. Um caminho sem chão, elevado. Um caminho de asas. Um caminho de aprendizagem nosso e de todos. Eu acredito que é possível.

Um caminho que abrirá todas as janelas e nos fará chegar longe por ter explicado e defendido o que há de mais essencial dentro da Escola-mãe: o embrião do futuro que desejamos. O melhor dos futuros.

We shall overcome (versão feminina...)





Copiando PG, mas usando a versão feminina - Woodstock - que cantei muitas vezes (no liceu e na Faculdade percorria, com a minha inseparável guitarra - uma folk Ibanez de 12 cordas, o reportório da J. Baez entre outros... ).
E a saudade de um tempo com tempo para cantar fez-me ir buscar essa companheira, sempre aqui do meu lado, para cantar esta mesma canção.
Soube mesmo muito muito bem começar o Domingo assim.
Um dia, quem sabe, perco a vergonha e faço um vídeo caseiro musical... ;o)


Todos juntos somos muitos...

Resistências Colectivas: Caldas, Leiria, Porto
via 'Umbigo



Mais de dois mil professores em protestos organizados por sms e email
(Última hora - Público)

sábado, fevereiro 23, 2008

As palavras não deixam de cantar...

mesmo com

A ler...

Mas os nossos legisladores e respectivos assessores não saberão fazer contas?
Ainda o Despacho de Delegação de Competências que prescreve aulas de substituição (mas sem qualquer prejuízo para os alunos - é preciso levar tão longe a hipocrisia?) ...


via Terrear

Loop - A Snail Odyssey

Gostei...

Advanced Teaching Methods for the Technology Classroom

Curriculum & Instruction for Technology Teachers - Um livro inteirinho à vossa disposição AQUI
.

Depois da descoberta, procurei na Amazon mais trabalhos do autor e... dei com este livro: Advanced Teaching Methods for the Technology Classroom


Editorial Reviews (Amazon)
Product Description:
Because of the nature of their subject, technology teachers have found ways to make learning active and exciting, often through new activities and projects that have real-world relevance. As technology fields grow, the success of technology teachers is tied in with innovation rather than the accomplishments of the past. Advanced Teaching Methods for the Technology Classroom provides a comprehensive, critical approach to meeting the new challenges of technology in the classroom. This book gathers together research on technology methods, principles, and content, and acts as a reference source for proven and innovative methods. Advanced Teaching Methods for the Technology Classroom presents an introduction to teaching educational technology, design, and engineering. It also contains strategies for innovation by examining the what, why, and how of technology education.

About the Author: Stephen Petrina is an associate professor of technology studies in the Department of Curriculum Studies at the University of British Columbia (UBC), Canada. He completed M.A. and Ph.D. degrees at the University of Maryland, USA. His responsibilities at UBC include teaching curriculum and instruction in the teacher education program along with graduate courses in science & technology studies, research methods, curriculum, new media, cognition, cultural studies, and the commercialization of education He coordinates the Technology Studies teacher education and graduate programs. He is publishing a book and co-authoring another, and his recent articles appear in Workplace, Technology & Culture, History of Psychology, History of Education Quarterly and International Journal of Technology and Design Education, and the Journal of Technology Education.

Como foi possível "espreitar" para o seu interior, acredito que se trata do mesmo livro que foi encontrado disponível gratuitamente na internet, ainda que possa ter sofrido algumas alterações para além do título, por ser uma versão posterior (ou ser exactamente a mesma versão, não investiguei). Em todas as páginas do livro encontrado na 'net pode ler-se: © Stephen Petrina. (in press).

(entrada repetida no muito mais)

Não sou (somos) o(s) único(s) a olhar o céu...

A ler...

Estranha Forma de Legislar

via 'Umbigo

Ensino especial... puxei por um fiozinho e pronto, não consegui conter a teia

DN online
"Lei exclui 90% dos alunos"
Entrevista. No dia em que as alterações no ensino especial chegam ao Parlamento, Miranda Correia, um dos maiores especialistas nacionais do sector, diz ao DN que houve precipitação da tutela e que só uma minoria das necessidades educativas é abrangida ...
LER

Eu defendo a inclusão. Na minha anterior escola, quando todas as escolas de Setúbal não o faziam, já acolhíamos a diferença, muito antes sequer das leis o proporem. Já trabalhávamos com a APPACDM e desenvolvemos de raiz um Projecto IN há muitos anos...
O que não gosto é de demagogia, promessas vãs e falta de seriedade.
É fantástico quando nos vêm dizer que tudo se resolverá, que vamos fazer muita formação, que vão chegar muitos recursos. Recursos? Desculpem rir. Passei mais de vinte anos à espera deles na Luísa Todi - promessa de uma escola nova que só agora está a ser construída, depois de ser provisória em barracões do tempo de 1975... Hoje em dia, com tanto apregoado recurso e choque tecnológico, tento desenvolver trabalho regular com computadores e entre lentidão, equipamento desadequado e em pouca quantidade, falhas frequente na internet, é um desperdício de tempo só a tentar resolver problemas... Scanner? Impressora? Na sala de Informática? Não existem. Em casa imprimo tudo e faço tudo o que é impossível fazer na escola. Com o meu dinheiro, os meus recursos. Sim, porque quero. Felizmente posso, até ver... E os meninos? Quem tem hipótese de ter em casa, tem e faz. Quem não tem... (É a chamada igualdade de oportunidades...)
Recursos? Só acredito quando os vejo e os tenho. Nem comento esse tipo de promessas. Um pouco como: primeiro fecho a urgência e depois prometo que vem aí um apoio de primeira!

Parece-me também leviano achar que com umas horas de formação (que nunca podem ser muitas... está onde o tempo?) ficamos preparados para acompanhar qualquer tipo de diferença (e de diferença dentro de cada diferença), à medida que for sendo necessário lidar com elas. É não ter a noção da realidade. É não conhecer, ignorar, desrespeitar o direito a uma educação de qualidade para todas as crianças. TODAS. É disso que trata a inclusão.

Muitas vezes deixo os meninos da turma para tentar acompanhar o M na sala de aula. Alguns precisam de mim e acabo por não conseguir atendê-los, porque não consigo estar em dois locais ao mesmo tempo. Se o dia é mau e o M se recusa a trabalhar, as opções são:
- deixá-lo sossegado entregue a si e tentar não me atrasar no cumprimento do programa, ajudar a esclarecer dúvidas, apoiar os que estão a baixar o aproveitamento e precisam de mim, andar de volta de outro menino que acabou de ser transferido para esta turma (319) e tem graves problemas emocionais e de aprendizagem
ou
- dar-lhe a atenção que merece e precisa e abandonar os restantes enquanto não consigo encontrar uma solução de tarefa adequada para não o votar ao alheamento.

Não há meio termo. A não ser que a formação me dote de superpoderes de clonagem em plena sala de aula, sempre que necessário. Por muito que eu tente autonomizar as crianças, individualizar, trabalhar em grupo, só estando dentro de uma sala de aula se percebe (5º e no 6º - realidade que conheço) que eles chamam por nós a todo o momento e precisam realmente de apoio com frequência, para poder avançar. O que é perfeitamente natural. Acabaram de chegar ao 5º ano. Se não precisassem de mim para nada... estaria a fazer o quê lá dentro? Só a cuidar do M - nos momentos de crise é difícil fazê-lo sozinha - com o resto dos meninos em auto-gestão? E falo de uma turma deliciosa que não tem problemas de comportamento... por isso mesmo, empenhada e muito solicitadora da intervenção educativa do professor. Um prazer estar com eles todos.
As melhores aulas são, duas vezes por semana, uma em Ciências e outra a Matemática, aquelas em que tenho presente outra professora (equipa de ensino especial). Ou Estudo Acompanhado, por existirem duas professoras na sala e a integração se fazer de forma simples, mesmo em momentos de crise. Mas sobram duas aulas de M e uma de CN sem apoio e não é nada fácil a gestão dessas aulas, agora que a matéria se adensa e se evidenciam as dificuldades de algumas crianças e que as reuniões de CT estão à porta com a espada do "cumpriste todos os conteúdozinhos para eu dizer aos pais porque o ME manda?" em cima da cabeça. Acresce que a colega do ensino especial não vai às aulas de Ingês, História, Ed. Musical, Ed. Física... apenas a LP, uma aula, para além das que já referi. Resolve-se com formação? Mostrem-nos. Exemplifiquem. Com mais professores de apoio? Estão onde? Pareceu-me que cada vez havia menos e cada vez estão mais sobrecarregados.

Confesso uma ansiedade crescente que, às vezes, misturada com um já grande cansaço acumulado, se traduz em alguma impaciência nos finais de semana. Ontem senti-o pela manhã. E logo logo recuo, acalmo, tomo consciência dela, apago-a com um sorriso e um carinho (as crianças não têm culpa da sobrecarga em que vivemos) e tento serenar, procurando confiar que não sou eu que estou errada e que há limites para a minha actuação, por mais que tente dar o melhor. Que não sou má professora, que não tenho de conseguir encontrar respostas para tudo com o horário que tenho, sem tempo nenhum para fazer as coisas com a qualidade a que me habituei, leccionando esta enorme quantidade de disciplinas diferentes que me calhou em sorte este ano, à qual se acrescenta o M, esta criança doce e diferente de quem quero cuidar com carinho e qualidade (nota: tal como referi, esta semana foi transferida para a turma do M outra criança 319 - eu sei que já não é este o nº - com MUITAS dificuldades e que já exigiu acompanhamento individualizado na aula, várias vezes, em prejuízo do M e dos outros meninos - mas não quis deixar ao acaso a sua integração na turma e fui sensível aos argumentos que levaram à transferência de turma depois de conhecer a história desta criança - fez-me lembrar as histórias com que convivi durante muitos anos na anterior escola). Com mais esta entrada (turma passou a 21) distribuirei o bem pelas aldeias como for conseguindo... mas sei que ficará sempre aquém do que eu própria considero ser direito de todos eles num país a sério e não neste faz-de-conta que temos leis maravilhosas impossíveis de cumprir na prática - areia deitada aos olhos de quem não quiser parar, escutar e ver.
Tenho de me convencer que serei sempre penalizada de uma forma ou de outra: ou porque não cumpro programas, ou porque cumprindo o insucesso aumenta, ou porque não apoio bem o M, ou porque não apoio bem a turma, ou porque não consigo ler, estudar o suficiente, ou porque...
Concentro-me então nas pequenas-grandes conquistas com cada menino, no carinho deles, no apreço dos pais e colegas, evidências de que os meus gestos têm, apesar de todas as minhas dúvidas, algumas boas consequências aqui e ali. Mas sabendo que com as condições certas e este meu amor tão grande os poderia levar bem mais longe. Com essa dor da impotência não convivo nada bem.Confesso. Saber que tenho condições pessoais para fazer melhor e não ser possível elevar todos ao seu máximo potencial, por deficiência do contexto, pesa-me na alma mais do que a conta. É coisa minha.

Nós, professores, carregando todas as culpas do mundo, temos apenas que ser perfeitos (excelentes não, que há cotas para isso), super-poderes com rexina agora rexona (quem sabe um desodorizante ajuda?) mantendo um sorriso cinéfilo e imaculado (ou podemos ser acusados de desestabilizadores por organizações extensoras do braço do ME, de independência duvidosa e que está por provar tenham a representatividade que apregoam ).
E se não conseguirmos ser perfeitos, tudo se resolverá com leis e com mais formação para ver se aprendemos... a avaliar colegas de qualquer área científica, tratar de todas as deficiências deste e do outro mundo, a produzir grelhas, tirar feijões do nariz, amparar os aflitos, fazer projectos de investigação inovadores, trabalhar com computadores, ensinar melhor...

E, repito, defendo a integração, a inclusão, quando é feita com dignidade e respeito pelas necessidades de todos, crianças (com ou sem deficiência), as suas famílias, os profissionais envolvidos. Não sou especialista no assunto, mas acho que tenho o coração no lado certo e sei do carinho e do amor e do amparo e do cuidado de que as crianças e suas famílias necessitam. Já trabalhei muitas vezes com a diferença e nessas questões do coração, sei do que falo.

Assim, desta forma, não.

Rigor e excelência?

O despacho* da avaliação a qualquer preço.
* Delegação de competências

via outròólhar

Vamos lá delegar, com tranquilidade, que isto está garantido que vai haver muita formação (e imenso tempo para a fazer... podem fazer-se pacotes e juntar-lhes a imensa formação prometida que dotará os professores de competências para o ensino especial) dos responsáveis, dos delegados e dos subdelegados (quando não se verifica isto e aquilo e aqueloutro) e assim sucessivamente. Claro que já conhecemos os critérios de base que transformaram casualmente apenas alguns em avaliadores... a mesma casualidade que agora levará apenas alguns a prolongar o braço da lei...
A primeira avaliação séria para determinar quem poderia efectivamente ser avaliador nunca foi feita, nem será. Tudo foi fruto de um monumental acaso que fez contas a sete anos de vida de alguns, pontuando quantidades e não qualidades.
A avaliação pelos pares deveria ser sempre e apenas formativa. Nunca conducente à expressão de juízos com implicações na carreira de cada um. Por razões óbvias. Prevejo o céu em alguns locais, o inferno noutros e uma espécie de assim-assim na maioria deles (vamos lá combinar como é que isto vai ser para ficarmos todos satisfeitos e ninguém sair prejudicado).
O acaso e a sorte ditarão os rumos de cada um em cada escola.

Só por curiosidade, vejam aqui a diversidade do megaDep de Matemática e Ciências experimentais. Qualquer um pode facilmente avaliar qualquer um... verdade?

230 - Matemática e Ciências da Natureza
500 - Matemática
510 - Física e Química
520 - Biologia e Geologia
530 - Educação Tecnológica
(Abrange exclusivamente os docentes que foram recrutados para os seguintes grupos de docência dos ensinos básico e secundário:
2º Grupo - Mecanotecnia
3º Grupo – Construção civil
12º Grupo A – Mecanotecnia
12º Grupo B – Electrotenica
540 - Electrotecnia
550 - Informática
560 - Ciências Agro-Pecuárias


Viva o rigor! Viva a excelência! Viva!

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Amanhã, encontro nas Caldas da Rainha

Resistências Colectivas - Amanhã Nas Caldas da Rainha
(via 'Umbigo)

Todas as informações necessárias.

António Torrado, hoje, com a GTurma...

Aproveitámos o facto deste escritor ser amigo da família de um dos alunos desta turma (5º). Vai de entrar pela obra adentro. Vai de lhe escrever uma carta colectiva a convidar. O F. leva a carta em mão, passadinha com letra bonita em envelope a condizer. O tão desejado sim. A matéria de que se tem feito o Estudo Acompanhado neste período, comigo e com a professora de Língua Portuguesa e História. E agora? Como o vamos receber?
Aproveitando um reconto, feito por uma aluna, da História do Bolo-Rei... podíamos dramatizar... E se tu fizeses os bolos todos? Ias mudando de voz... e ela podia ser a narradora! Isso! Eu posso fazer assim uns papéis que ponho atrás dela para saberem que bolo está a falar? Vai já tratar disso. De improviso em improviso, acabámos com um momento de um imenso humor, onde uma "designer" muito melga interrompe as personagens (com imensos improvisos e papelinhos a explicar quem é quem - a aluna, habitualmente muito sossegada, revelou-se uma actriz excelente) com um sentido de oportunidade excepcional para esta idade.
Olha lá, lembrei-me agora... e se naquela parte em que o Bolo de Amêndoa diz ao Bolo-Rei "Lata a tua! Também eu perdi uma amêndoa torrada a semana passada e não me ando por aí a queixar!", tu interrompesses a rir dizendo: só faltava agora dizerem que caíu uma amêndoa ao Torrado... rindo rindo rindo.
Oh professora, ele não vai ficar zangado?
Confia em mim. Se ficar eu digo que a culpa é minha...
Ela confiou. O momento é inesperado e funciona muito bem. Arrisco dizer que o António Torrado vai rir mais do que todos nós.
Ao mesmo tempo o grupo de rappers desenvolve o hip-hop/rap do Torrado... iô Torrado, tá-se bem... com um poema engraçado e uma interpretação muito especial. Pois... O nosso doce menino autista integra o grupo e foi finalmente possível, a uma semana do evento, conseguir que entre no momento certo, cante a sua estrofe, organizando a sua actuação em função da dos colegas. Percebe-se a felicidade na cara e nos risos. Custou, mas a integração é isso: o mais próximo possível se possível for. Não ceder à acomodação. Fazê-lo dar os passos possíveis. É maravilhoso vê-los todos juntos, cada um fazendo a sua parte, o M sempre envolto no carinho da turma. E grupos a fazer cartazes e grupos a fazer marcadores e outro aluno preparando entrevista.
Depois um excerto da peça Verdes são os Campos... Duas lavadeiras e um pescador que dizem de cor (o pescador ainda arrasta uns papéis na mão para as aflições), com mestria, o difícil, subtil e irónico texto.
Casar? Eu? Ná... não quero prisões...
Lençóis? É o que mais se gasta no casamento...
E jeitosas as meninas! Fosse eu mais novo...
Tudo começa com a canção, letra de Camões... a turma inicia "Verdes são os campos..." e, mais uma vez, o nosso M integra o momento, concluindo a canção sozinho no seu jeito especial.
Na quarta-feira que passou, ensaio geral na Biblioteca. Até as alunas do 9º ano pararam a ver e gostaram muito. E eles riram-se também e divertiram-se, levando a sério cada sorriso.
Aprenderam muito durante o processo. Leram, desafiaram a memória, escreveram.
Hoje o grande dia do encontro com o escritor. Devem estar nervosos.
Mas felizes.

E eu...
o que eu quero principalmente (tal como Sebastião da Gama queria)
... é que vivam felizes.



Para quem esteja esquecido: o site na Internet
http://www.historiadodia.pt
continua activo e com histórias novas de António Torrado, todos os dias.
A não perder!


Adenda:

guardar na memória dos olhos o que não sai mais do coração. Foi muito especial.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

De como tive sorte em não ser DT e de como valeu a pena não ter perdido tempo com "ele"...

Acho que houve alguém que brincou pouco com o LEGO em jovem e agora se entretém a tentar encaixar umas coisas nas outras, na esperança de obter um boneco qualquer com tino, à custa do tempo de terceiros. Umas vezes prende assim assim, outras nem à martelada. Parece ter sido o caso.
Se soubessem as reuniões já havidas, o tempo já gasto por conta destas "coisas" que hoje são muito importantes, depois passam a ter carácter vinculativo fraco e a seguir se desvanecem por completo...
Decididamente... alguém anda a brincar com coisas sérias.

Estatuto do Aluno Suspenso?
(via 'Umbigo)

Ecos...

Questões que me são caras:
A Avaliação Como Ficção De Má Qualidade
Proponho O Dia De 30 Horas (Para Começar) Para Os Docentes

Avaliação: perguntas, perguntas...

Eu já me havia questionado na teia há uns dias (13/2 e 16/2)

aqui...
(...)Para além das fundamentais questões de legalidade dos processos em implementação, ainda tenho dúvidas básicas como:No MegaDep que integro, podem coexistir professores de todas as formas e feitios. Uns mais matemáticos, uns mistos (ESE Mat e CN), uns geólogos, uns químicos, uns físicos, uns economistas, uns biólogos, uns engenheiros, uns informáticos... e tudo o mais que cabe no saco das habilitações e formações profissionais adequadas a esta super área (Físico-Química, Ciências Naturais, Matemática 3º Ciclo, Ciências da Natureza e Matemática 2º Ciclo, TIC). Como é que um qualquer destes, sendo titular, tem condições para avaliar todos os outros, com rigor científico-pedagógico, em todas as outras áreas que não a sua, ou próxima? Como é que um professor coordenador de 2º ciclo analisa a dinâmica do trabalho no terceiro ao assistir a uma aula? Não havendo, por exemplo, nenhum titular de físico-química, será correcto durante anos a fio este grupo ser sempre avaliado por pessoas que desconhecem em profundidade os conteúdos trabalhados naquela disciplina, os métodos usados? Ou caminhamos para um ponto de entendimento em que nem valia a pena ter feito estágios, nem cursos, nem formação, que isto é tudo mais ou menos a mesma coisa, mais coisa, menos coisa?(...)

e
aqui...

(...)É que, nesta lógica inovadora, curricula feitos com caminhos sem densidade ou com a soma (muito relativa) de pontos (consoante as escolas, podemos ter titulares de 60 que são avaliadores e professores de 200 que são apenas avaliandos... as cotas, pois...) são o único atestado de competência exigido para avaliar/comandar os destinos de terceiros. Ora se nos foi vendido que os pontos mediam com rigor 7 anos de capacidades de cada um, como explicar estas disparidadezinhas? Ou bem que os pontos se sustentam em indicadores de valor absoluto, ou bem que não!(...)

Entre as muitas razões do desgoverno, esta parece-me uma questão fundamental que corrói nos alicerces uma estrutura que continua a ser construída afincadamente, pelas escolas, sobre fundamentos frágeis e sem sentido.
Foi bom encontrar aqui idêntica preocupação

Três perguntas pertinentes que mostram a incoerência deste processo de avaliação de desempenho

E foi bom porquê?
Porque há questões que devem ser repetidas até que alguém lhes dê resposta.
E porque há vozes que podem e vão chegar mais longe. Há vozes que encontrarão ouvidos.
Esta voz será, sem dúvida, uma delas.

A ler...

Algumas das razões porque os professores estão condenados a avaliar mal o desempenho docente e a ser mal avaliados enquanto docentes, e o Ministério da Educação e uma Comissão Científica para a avaliação de desempenho, sendo científica, hão-de saber...

Idalina Jorge
(Paideia)

ProfAvaliação

Mais um espaço útil.
(Serviço público...)

ProfAvaliação

de Ramiro Marques

Blog centrado na divulgação de informação sobre estatuto dos professores, avaliação do desempenho e depoimentos sobre a vida nas escolas

(Podem enviar materiais, perguntas e comentários para o meu email: marques.ramiro@gmail.com)

...

O outro recanto de Ramiro Marques

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Everyday I have the blues...

... most of the time: jumpy and happy kind of blues! :o)

Antes de ser, já fomos...

Copiando a descoberta/destaque no 'Umbigo, deixo aqui um texto a ler:

A excelência é rara
Helena Damião

de rerum natura

A ler...

via outròólhar

Premiar o mérito ou premiar a superação das dificuldades?

A ler...

Via 'Umbigo

2009 Na Mira:
Ministra cede no ensino especial

Marcha-Atrás Em Grande Força:
“Trapalhada” na avaliação admitida pelo ministério

Exemplos...

A T. veio aqui à teia informar que o trabalho sobre simetria estava pronto. Optou por concebê-lo em Scratch (a escolha do suporte era facultativa...)
Também partilho o trabalho de um outro aluno - jb - para Ciências da Natureza.

Exemplos de como há mais vida nas escolas para além de papéis e fichas e reuniões e fichas e papéis e mais reuniões. Exemplos da razão pela qual o tempo investido com os alunos deve ser a primeira prioridade... (um princípio óbvio e simples que o actual ME não consegue perceber.)


Scratch Project

Scratch Project

Do tempo, das tecnologias, dos afectos...

Tinha eu uma hora muito arrumadinha de manhã, à segunda (entro às 8:15 e saio às 15), para o projecto dos portáteis, onde pouco podia fazer, visto que todo o trabalho e todo o material dos projectos em curso com as turmas está... em casa. Não vale a pena contar com as duas salas tic (ocupadas), ou com os PCs da Biblioteca (fracos e ocupados), nem os da sala de professores (poucos e material impróprio para cardíacos, de tanto tempo que tudo leva para acontecer... é que o meu universo tecnológico tem mais vida para além do word)... tão pouco neles se encontram todas as pastas de que preciso para trabalhar. É o tal tempo tonto de estar e ficar sem condições. Não gosto.
Poderia sempre fingir que fazia o que não fazia, descansar, que mereço, posto que depois tenho de gastar esse tempo e muito mais em casa a fazer tudo. Não. Também não gosto. Tentei ir fazendo outras coisas úteis... mas 45 minutos mal chega para aquecer os motores... é um tempo de interrupções, sem gabinete, que se escoa sem eficácia num local pouco adequado ao trabalho individual. Acabei por me cansar e senti que era necessária uma alternativa útil.
Assim... pensei, pensei e falei com a minha GTurma do 5º.
Oh meninos! Depois da vossa aula de inglês, à segunda às 15:15, quando eu acabo o apoio de Matemática do 6º, para onde vão? Para casa como eu? Se eu criar ali um tempinho tipo "Scratch time" (foi o que me saíu), alguns de vocês querem aparecer para esclarecer umas dúvidas, aprender coisas novas, sem estarmos aflitos com as aulas? Acham que os pais não se importam?
Eu, eu, eu, eu!!!!
Muitos dedinhos no ar...
Hummmm. Passarei a sair mais tarde, reflecti, num dia que já é pesado. Mas a causa é boa e eles parecem entusiasmados. 'bora lá!
Dali para o CE. Combinar a possiblidade de utilização dos portáteis (ocupados a essa hora... tive de negociar com outro professor... é que o choque tecnológico é giro e tal, mas sempre que preciso de alguma coisa, lá está a sala de informática e os portáteis ocupados com TIC, com Área de projecto do 8º, com CEF de informática... Se muitos mais professores - todos, como seria desejável, trabalhassem com as TIC nas aulas regulares, não seria possível dar resposta a tudo). Já não é. Só uma gestão bem feita pela nossa coordenadora TIC, de agora tu e depois eu, time sharing, vai permitindo uma coisa assim à vez, distribuindo o bem pelas aldeias. No início do ano tive de alterar o meu horário na turma para poder ir com eles à sala de informática duas vezes por semana...

Primeiro Scratch time na semana que passou - quase a turma toda!
Segunda sessão, novamente imensos alunos (os que não puderam ficaram tristes, mas foi o dia das fortes chuvas e alguns pais receosos levaram-nos). Ficou uma dúzia, à qual se juntaram duas alunas do 6º ano (que estão no apoio na hora anterior) e me ajudaram com os pequeninos. Bonito de ver e viver.

Saio cansada, já depois das quatro, claro. Mas é um cansaço de que gosto. Como o cansaço do exercício físico: produtivo e produtor de endorfinas boas.

Depois, aqui sentada, vou recebendo as mensagens de correio deles, os projectos para corrigir, as informações de como vão as galerias e os blogues. Vendo testes ao mesmo tempo. Preparando mais uns materiais. (Nem falo do mestrado, sempre deixado para o fim... Às vezes sem conseguir tocar-lhe).
E vou tecendo, muitas horas, noutra teia em conjunto com eles a partir deste escritório, prolongamento da escola, que é um universo real mas invisível aos olhos de quem ignora a essência do trabalho educativo.

Se quiserem ver o que temos construído com os nossos afectos e tecnologias bem entrelaçados... é só ir ali ao lado a:
http://gtscratch.blogspot.com/
ou a
http://turbeturma.blogspot.com/

Deixo apenas aqui o segundo projecto do meu menino autista, feito na aula de Matemática há algum tempo (preparado na aula de Ciências) com o apoio da Dalila, a professora dos apoios educativos-ensino especial, dedicada e extraordinária, que está com ele na aula, duas vezes por semana. Gostava que o vissem a trabalhar no Scratch. A alegria de ir conseguindo dar instruções ao computador e colocar tudo a mexer... e o que a Dalila tem aprendido para o poder acompanhar e estimular!
Aulas assistidas? Rio-me com ela. Sabe mais de mim e do meu trabalho que qualquer avaliador que lá vá duas vezes observar aulas esporadicamente... Enfim...

Clicar...
Scratch Project

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Sim?

Dei comigo a ir mais cedo para as aulas esta semana...
Não sei que pensar deste novo hábito... desta fuga ao universo de todas as tristezas.

Um destes dias abri a porta às 13... aulas às 13:30. Eles brincavam do lado de fora e muitos quiseram entrar comigo. Hoje às oito abri a primeira sala às 8 (toca às 8:15) e entrei com clientes... também não me apeteceu intervalo depois - fui directa para a sala (barracão) do jardim. Viram-me... entraram (mais de metade). Ou é o frio na rua, ou é outra coisa qualquer.

Tenho umas coisas para fazer, meninos... não podem fazer barulho, está bem?
Podemos fazer o TPC? É que eu esqueci-me ... faz de conta a professora não sabia...
Riu-se. Ri-me
Faz-de-conta... pode ser.
Boa!

Oh professora!
Sim?
Sabia que a minha avó anda a fazer um projecto no scratch? Ela pediu para eu lhe ensinar a mexer.
Que engraçado! Tens de a convidar para a nossa galeria na internet!

Professora!
Siiim?
Eu vou ter um computador novo, agora é que já posso trabalhar! O meu irmão nunca me deixava ir para o outro!

Professora, professora!
Sim?
Tenho aqui uma dúvida...

Gosto de bocadinhos sem as grades da aula e do currículo.
Ar fresco. Ar puro. Ar livre.
Paz.
Faz-me bem. Sabe bem.

Resistências...

Via 'Umbigo:

Resistências Colectivas - Educação Especial
Aqui fica o endereço da petição a decorrer sobre a situação da Educação Especial, nomeadamente as limitações introduzidas pelo Decreto-Lei 3/2008.

Resistências Colectivas - O Movimento das Caldas da Rainha

Resistências Colectivas - O Manifesto PROmova