domingo, agosto 26, 2007

Viagem de/dos sentidos


Têm tempo?

Hoje precisam de ter algum, se quiserem fazer a viagem completa. Arrisquem-se.

A palavra adeus na ideia, o receio de tão depressa não voltar, o sol como estrela guia, fizeram-me partir novamente sozinha com destino ao azul.
Não consigo levar só parte de mim comigo... Não consigo não fazer uma mala de viagem. Livros, artigos, um caderno, uma caneta, misturados com uma garrafa de água, umas barras de cereais e um paneau para cobrir a areia (um não, vários). Roupa leve. Mas também camisola, casaco, sempre preparada para a nortada final (mas não... oh soberba tarde a deste Domingo!)
Lá fui eu.
Preparada para tudo. Como sempre. Há gramas (quilos) que transporto com prazer.
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Como a companhia encontrada foi boa... bem... confesso: li apenas uma entrevista a Seymour Papert (retirada do site www.edutopia.org ), outro artigo vizinho, folheei um novo livro do Jonassen... e depois conversa, divagação, deambulação verbal. Muita sobre educação (se por entre a companhia se encontra um professor... lá se instala o fenómeno habitual).
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A lapiseira? Sim... de estimação. Encomendei há dois anos umas quantas à NCTM (http://www.nctm.org/) quando comprei os Standards para o currículo de Matemática (se disserem que eu encomendo lapiseiras e post'its e blocos com frases sobre a matemática, eu desminto).







A música de ida foi doce. Não sei porquê, mas na RFM devem saber a que horas viajo e lá me oferecem a Mafalda, o Jorge Palma... eu encostada a eles afinando e desafinando em voz alta.

Mas o regresso...
Ai o regresso (leia-se um suspiro e uma exclamação como ponto final aqui neste espaço)

O regresso foi pleno de contrastes, de magia, de sentidos.

Saí da praia ao som de Freddy Mercury. A minha canção preferida.

Too much love will kill you. Sabias?
Tenho saudades tuas. Sabias?



Já a caminho do nosso atalho secreto pelo verde, que me faz chegar à Cotovia sem passsar pelo terrível cruzamento de Santana para Sesimbra, a Esfera de Pedro Khima. Já canto com ele alguns pedaços sem que o imagine. (...) esconde esse sorriso que me faz querer matar por mais...



Na recta da Maçã... perdi o controlo.
Dancei, dancei, dancei agarrada ao volante.
(Ai que bom quem se cruza comigo passar a correr sem olhar...)
Óculos escuros, bem disfarçada, acompanho, com tudo o que do corpo se pode mexer sem comprometer a concentração na estrada, esse momento de loucura. Canto bem alto o refrão e confesso que me rio feliz com a figura que imagino que faço walking on sunshine sem ninguém ver.




Foi quase a chegar a casa que fiquei em silêncio e me apeteceu o dobro da viagem, o dobro da música das duas vozes inesperadas. Não conhecia. E fiquei presa. Presa. I belong to you. (Posso pedir mais um bocadinho? De música? De viagem? Quero mais...)



Dentro do carro as cores vão mudando sucessivamente.
Do riso à comoção. Da memória ao futuro. Da contenção à euforia. Do desejo ao esquecimento.

Nunca sei, depois de chegar a casa, se viajei numa estrada ou dentro de mim.


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5 comentários:

Teresa Pombo Pereira disse...

Fizeste ambas. E as duas saborosas. Também adoro! Agora parece que vivo a correr :) beijos

Anónimo disse...

:) Beijinhos

Anónimo disse...

Isto de nos "introduzirmos na vida das outras pessoas" é difícil, ó, ó se é!

Pois. Não consegui ficar indiferente, como quase sempre, à tua escrita. Posso acrescenter uma música? Posso?

"All the things you are"

Bj

matilde disse...

é bom sentir o tempo, sentir a música, sentir a estrada...
simplesmente ser.
sentimo-nos leves, seguros, felizes...
sentimo-nos nós.
na mais autêntica face de nós.
naquela em que só nós mesmos conseguimos ver.
apenas ver.
nada mais.



Bjnhos.
Boa semana :)

Teresa Martinho Marques disse...

Podes Margarida :)
E se é linda!
Bem verdade, Matilde, como sabemos...
Boa semana para vocês!
Beijinhos