segunda-feira, dezembro 04, 2006

Faz de conta...



Fui buscar um desenho antigo. Feito com aguarela para ilustrar um qualquer poema também antigo, sem pretensão. Sei bem os meus limites, a minha ignorância, mas gosto, tal como os miúdos, de sujar as mãos de tinta, de experimentar, de brincar e tenho de voltar urgentemente a esse meu canto ali no quarto ao lado, ou as tintas acabam por secar de saudade. Ou seco eu... e não quero.

Confesso apenas que lhe alterei digitalmente um pormenor... Descubram as diferenças.

Esta recordação inspirou novo poema, que agora vai ali para o lado misturar-se com os sabores que já lá estão (percebem porque gosto do olhar infantil das imagens do site vladstudio?). O poema antigo já não me apetece. E assim se prova (como se fosse preciso) que o tempo não deixa pedra sobre pedra. Que a vida muda, nós mudamos, tudo se altera e renova à nossa volta.

Umas vezes ganha-se com as mudanças, outras, sabemos tão bem, a vida perde. E os tempos que nos atravessam agora (que nós atravessamos) demonstram-no com clareza. Mas não é hora ainda. Hei-de voltar e dizer o que quero sobre um optimismo com receio do futuro. Um dia destes.

Vou, então, ali ao lado depositar um poema novo.
Chamei-lhe: Faz de conta (quem sabe ensaiando uma fuga à realidade, uma vontade de brincar de que sinto necessidade (depois de um denso fim-de-semana cheio de trabalho ainda por acabar) para manter algum sonho vivo e poder continuar a ser, mesmo contra a vontade de alguns, melhor pessoa, mais feliz, logo, melhor professora.
Ou não fosse a lógica uma coisa matemática... e poucos (dos que deviam) percebessem esse lado meio (inteiro) criança de quem é professor por coração.

"Agora eu era o herói, e o meu cavalo só falava inglês...
http://www.youtube.com/watch?v=qGCL-CK_yDc

JOÃO E MARIA (Sivuca e Chico Buarque)

Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock
Para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Sim , me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá desse quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim


5 comentários:

Anónimo disse...

Olá Teresa,

se eu tivesse tido uma Stora de matemática assim, de certeza que teria sido muito melhor aluna. Relativamente aos dois desenhos, o "pacagaio" como disse a minha filha mais nova (3 anos) faz toda a diferença.

Bem haja

Teresa Martinho Marques disse...

Obrigada Cristina! As palavras amigas são aquele bom ventinho que nos faz avançar contentes e de vela aberta sem desistir! Tal como o "pacagaio", fazem toda a diferença... Um beijinho.

Anónimo disse...

Um destes dias bem podíamos, acrescentar um anel à teia e tomarmos um cafézinho aqui eplas bandas da ESE de Setúbal. Assim, ficávamos a conhecer o rosto de quem nos lê ainda que não seja para ler...mais para sentir. O que acha?

Teresa Martinho Marques disse...

Cheira-me que seria um café a... 4 (que "ninguém" tomaria... :)... Quando surgir uma aberta era giro. Eu é que sou uma condutora de meia tijela e acho que nem consigo chegar aí sem um mapa muito muito preciso. A alternativa: Setúbal sim, zona mais central... era para eu não me perder!!!
Deixem a carga aliviar... Tenho tanta coisa no bolso ao mesmo tempo que quase nem saio (para além da escola... uma desgraça! Até a família reclama). Mas gostava muito! Beijinho

Cristina Gomes da Silva disse...

Ok! ficamos à espera da aberta. E entretanto o João há-de conseguir postar um croqui para a ajudar a chegar a terras (não do nunca) mas, que ninguém lê...
Bjs