quinta-feira, setembro 03, 2009

Chave de Ignição (e mais caminhos do Ruy)

escrevo-te cartas que nunca irás receber.
a morada desaparece
sempre que tentamos encontrar
não uma porta, mas uma casa inteira.
desligo tudo dentro deste quarto.
ouço, incompleto, - com a janela
entreaberta ao fresco da noite –
cada pequeno ruído,
como se fosse um código para nos entendermos.


(Ruy Ventura in sete capítulos do mundo, Black Sun Editores, 2003)



Conheci o Ruy Ventura há uns anos, quando pertenci, com ele e outros colegas, ao segundo júri do Festival de Poesia de Santana (foi no primeiro júri que conheci a minha Teresinha da Península, organizadora do evento). A Teresinha, pouco tempo depois, veio para a escola de Azeitão. O Ruy (professor de Língua Portuguesa e Francês do 2ºC... escritor e poeta) chegou este ano. Bem-vindo!

Acaba de editar mais um livro de poesia. Partilho convosco esse nascimento.



Vestígios do Ruy no ciberespaço...

http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/rventura.htm (Projecto Vercial)

http://ruyventura.blogspot.com/

http://alicerces1.blogspot.com/


Um breve destaque...(encontrado aqui)


Jorge Listopad

“22 de Setembro – 46 poemas”
Jornal de Letras, Artes e Ideias, nº 861, 1 de Outubro de 2003: 44.


Saramos as feridas? Tentamos suturá-las? Ou deixamo-las à vista, completando a nossa obrigatória incompletude?
Que prazer é ler este caderno de poesia: diga-se já, poesia reservada, contida e sabida, como que sem passado, sem futuro, nada além do presente, leitura nesse momento exacto. Lido por alguém. Concretamente: fala-se da recolha publicada pelo teimoso editor Black Sun Editores, e o opúsculo, naturalmente tem identidade: sete capítulos do mundo, de Ruy Ventura.

“um rasgão nas calças.
o excremento dos pombos sobre o passeio.
tudo registo.
até a sujidade no vidro.
(marca de água?)
– a comunicação entre a mão e o mundo.

a planta permanece imperfeita.
apenas um altar,
e algumas paredes.”


Nenhum retrato. Nenhuma silhueta. Nenhuma poética declaração. Mas convence. Quanto mais se lê, mas se encurta a distância entre o verso e o leitor casual de cada um dos 350 exemplares, longe das discussões e antologias. Em síntese: tensão inteligente e simpatia térmica. Tenho escrito.

3 comentários:

Teresa Lobato disse...

Belo! O Ruy merece.

Bj
13A

Teresa Martinho Marques disse...

Merece sim... :)
Bj

Ruy Ventura disse...

Obrigadinho, colegas e amigas!